terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Depois da Chuva - 07

“Tem coisa que dá vontade de viver de novo. E de novo. E de novo.” — Clarice Lispector.

   No gabinete do diretor Ethan, o clima estava bem tenso. Ambos os dois, Ethan e Sophia, pareciam muito desconfortáveis depois de terem um tipo de "reencontro" depois de mais de 10 anos. Sophia parecia nervosa e apertava o forro da cadeira tão forte que seus dedos quase ficavam brancos. E o coração de Ethan não desacelerava, não importa no que ele pensasse.
 Apesar disso tudo, eles decidiram ter uma conversa completamente profissional.
 — Minha filha Demi é hiperativa. — começou Sophia — É um verdadeiro tanque de guerra.
 — Eu vou adorar conhecê-la. — Ethan sorriu, e sorriu de verdade. Ainda não lhe caíra a ficha de que estava vendo Sophia novamente.
 — O único problema é que quando ela mete uma coisa na cabeça, não desiste enquanto não consegue. — ela bufou, se lembrando das inúmeras vezes que Demi fazia aquilo — E está decidida a não ficar nessa escola.
 — Não se preocupe. — ele deu de ombros, ainda sorrindo. Algo dentro dele simplesmente gritava, berrava, ele não conseguia parar de sorrir — Nós vamos ajudá-la a se adaptar. É meu trabalho. Ainda mais nesse caso...
 Ele pareceu olhar para Sophia de cima a baixo, apesar da mulher estar sentada. Mais uma vez, ela se sentiu desconfortável e recomeçou a apertar a cadeira. "Obrigada", falou ela.
 — Quer mais café? — perguntou ele, se levantando e pegando a xícara da mão de Sophia.
 — Eu agradeço, mas não, obrigada. — ela suspirou enquanto via Ethan se virar de costas e postando a xícara em sua mesa.
 Ela se levantou, ainda balançando as mãos, em sinal de nervosismo.
 — A Demi não é má. — ela disse quase em um sussurro — Digamos que seja um pouco intensa. Me entende?
 Ethan riu, voltando a pregar os olhos nos de Sophia.
 — Eu entendo perfeitamente. — ele suspirou — O que você me contou me fez lembrar de uma linda adolescente que conheci uma vez... Uma menina que era fogo puro. — ele falou baixo, e simplesmente começou a se aproximar de Sophia.
 Seu coração batia tão rápido que era impossível captar a que velocidade. Ela não recuou ao ver que Ethan se aproximava.
 — E, mesmo já sendo um homem... — ele sussurrou — Me apaixonei como um adolescente.
 Seus olhos estavam cravados, aquilo era evidente. De repente torrentes de lembranças antigas foram desenterradas com tal brutalidade que Sophia não pode aguentar. De repente ela sentiu, e sentia, tudo que sentiu a 10 anos atrás por Ethan: paixão e raiva.
 — Mas não se apaixonou o suficiente pra largar tudo e... Ir embora com ela. — ela falou em tom firme.
 Aquilo foi como um tapa no diretor. Ele abaixou a cabeça, bufando.
 — Ah... Eu não podia. — ele balançou a cabeça — Eu tinha uma carreira, uma família...
 Ele colocou as mãos nos bolsos da calça social, meio nervoso e com os dedos trêmulos, e caminhou até sua mesa novamente, colocando as mãos em um porta-retrato que tinha a foto de uma garota.
 — Sabia que eu tenho uma filha da idade da sua? — ele falou baixo.
 — É claro que eu sei. — ela revirou os olhos — Eu sumi quando descobri que a sua mulher estava grávida.
 Ethan fechou os olhos.
 — Você não me perdoa, não é?
 — Não. — ela balançou a cabeça, lutando contra uma mágoa antiga louca para sair — Eu não vim aqui criticar nem nada. Pra mim, você é só uma lembrança. Uma linda lembrança.
 — Eu nunca te esqueci. — ele suspira e encara Sophia, se sentando em sua cadeira de diretor — Acompanhei sua carreira pelas revistas... Procurei tudo que podia para saber sobre o pai da sua filha, mas... Nunca soube nada dele.
 Aquilo pareceu pegar Sophia de surpresa.
 — Não se preocupe. — ela ergueu uma sobrancelha — Demi não é sua filha. O pai dela é um homem que vive muito longe, e... A única coisa boa que me deu foi essa princesa. Mas agora quer me separar dela.
 — Como assim? — Ethan juntou as sobrancelhas — Porque?
 — Ele disse que eu não sou boa mãe. — Sophia abaixa a cabeça, baixando o tom de voz — E se Demi não ficar neste colégio, ele vai levá-la com ele para a Europa. Tem que me ajudar que ela fique aqui, por favor! — ela implorava em seu tom de voz, olhando para Ethan com certo desespero.
 — Fique tranquila. — ele pareceu desconcertado, mas com compaixão nos olhos.
 Ethan se levantou e foi até Sophia.
 — Porque ela não vai poder ficar? — ele pegou nas mãos dela.

 — Já disse que você não pode entrar! — Emma estava parada á frente da porta do gabinete do diretor, parecendo proteger o lugar. Demi estava á sua frente, batendo os pés de raiva — Ninguém pode entrar na sala do diretor sem ser anunciado.
 Demi bufou.
 — Deixa que eu me anuncio, muito obrigada, não tenho a vida toda pra esperar!
 Demi avançou para a porta e simplesmente empurrou Emma dali, como se ela fosse uma criança de 12 anos. Emma gritou e tentou agarrar o braço da garota, mas ela já estava dentro da sala do diretor.
 Demi olhou de Ethan para sua mãe dentro da sala. Pareceu nem reparar que Ethan ainda segurava a mão de Sophia.
 De repente, ela riu.
 — Nossa, a julgar pela aparência do diretor, eu acho que ele tem menos tempo do que eu, não é mesmo? — ela deu uma risada irônica — O senhor já não devia estar aposentado?
 — Demi, por favor, filha! — Sophia rangeu os dentes — Ela é minha filha, senhor diretor. — ela deu um sorriso sem graça — Por favor, cumprimente-o, Demi.
 — Oi, como vai? — Demi sorriu e apertou as mãos de Ethan.
 — Esse senhor é o diretor do colégio. — Emma falou perto de Demi, como se fosse para lembrá-la de que ela não estava falando com um simples homem.
 — Ah, eu tenho um cigarro! Você fuma? — Demi tirou um pacote de cigarros do bolso e estendeu para o diretor, que a olhou pasmo.

����☀

 Selena se debruçava em sua cama várias vezes, procurando uma posição que lhe parecesse correta e confortável. Não conseguia se estabilizar, sabendo que não sairia daquele lugar. Tentava se distrair com tudo que lhe aparecesse, mas parecia impossível.
 Sua atenção foi tirada das unhas recém-feitas por Emma entrando no quarto, estendendo o telefone.
 — Abri a exceção de vir até aqui só porque é o seu pai, e ele está ligando de Albuquerque, ele disse que você não atende o celular. — disse Emma, lançando um olhar para o celular jogado de Selena em cima da cama.
 Selena lançou um olhar de surpresa para o celular.
 — Ah, olha, ele está desligado. — ela riu, dando de ombros — Eu nem tinha percebido. Mas diz pra ele que eu vou ligar agora mesmo.
 Emma a olhou desconfiada.
 — Atende agora, vai. — ela estendeu mais uma vez o telefone.
 Selena olhou de Emma para o telefone. "Tudo bem", ela murmurou, pegando o telefone. Emma coçou o nariz e se virou para ver o quarto. Nesse momento, Selena não perdeu a oportunidade e apertou no botãozinho para desligar o telefone, tão rápido que Emma nunca teria visto.
 — Alô? — Selena colocou o objeto na orelha, sorrindo — Pai? Como você está, paizinho? ... Puxa, eu estou tão feliz, é sério, não vejo a hora de passar as férias no Vacance Club... É, eu juro. — Selena se levantou, caminhando até as escadas — É sério, não é como as ilhas do Caribe, mas eu vou. Todo mundo que eu gosto está no colégio... Claro, pai. Se divirta bastante e não exagere com o trabalho. Tudo bem. Te amo, pai! — ela mandou beijos pelo telefone — Tchau.
 Emma olhava Selena como se fosse maluca. Todos sabiam que Selena deveria estar odiando o pai agora, por causa de tudo que havia acontecido.
 — Pronto. — ela lhe entregou o telefone, sorrindo.
 — Tudo bem? — perguntou Emma pausadamente.
 — Tudo perfeito. — Selena deu um enorme sorriso — Quando nós vamos pro Vacance Club?
 — Quando os bolsistas terminarem de fazer a prova.
 — Que maravilha! — ela falou rapidamente, terminando de subir as escadas — Estou muito feliz por ir ao Vacance Club!
 Emma achou melhor deixar Selena sozinha com sua loucura e bipolaridade e bateu a porta ao sair.
 Selena encarou a porta, dando um urro de raiva. Ela feliz por ir ao Vacance Club? Nem aqui e nem em outra vida.

����☀

 Joe fora mandado imediatamente para um hospital localizado no Queens. O melhor hospital, é claro. O deputado Michael estava posto ao lado do médico, com a sua esposa passando o braço por um dos seus.
 — Doutor, com relação aos jovens que estavam no carro, diga aos familiares deles que eu vou arcar com todas as despesas. — disse Michael — Mas eu quero que mantenham discrição sobre tudo, é lógico.
 — Creio que não haverá nenhum problema, senhor. — falou o doutor, enquanto anotava algo em sua prancheta.
 Michael lançou um olhar de esguelha para sua esposa.
 — Ainda bem. — ele sorriu um pouco. Talvez o máximo que conseguia — Isso é o mais importante.
 — Achei que o mais importante fosse a saúde do seu filho. — o doutor levantou os olhos para lançar um olhar de surpresa — Não querem vê-lo?
 Michael se segurou para não demonstrar desânimo ao ouvir falar em Joe. Sua esposa acariciava seus ombros e seus cabelos ralos, sabendo imediatamente da resposta de Michael.
 — Ér... Não, não. — ele balançou a cabeça — Prefiro esperá-lo aqui. Vai você, meu amor.
 A mulher ao seu lado sorriu e se virou para o doutor.
 — Onde é o quarto dele?
 — Por aqui, senhora, me acompanhe. — ele apontou para um corredor largo e os dois seguiram juntos.

����☀

  Parecia que tinham se passado horas desde que o diretor havia saído da sala pra se decidir sobre Demi. Dava pra ouvir as batidas do coração de Sophia naquele momento. Demi ria e brincava com os troféis espalhados por um armário no canto da sala. Ela havia se sentado na grande cadeira do diretor com dois deles.
 — Já chega de brincar, Demi, parece uma criança! — Sophia pegou os troféis da mão de Demi, começando a se irritar.
 — Eu estou cansada! — Demi bufou — Que horas o diretor pretende vir?
 — Eu me pergunto exatamente a mesma coisa! Provavelmente, ele já está com a decisão tomada, mas deve ter medo de me dizer que não aceita você nessa escola.
 Demi deu de ombros, como se aquilo fosse a coisa mais insignificante do mundo.
 — Poxa, mas se a escola não me aceita, a culpa não é nossa.
 — Ah, claro! Depois do show que você fez! Porque teve que pegar o cigarro? Você nem fuma, Demi!
 — Ué, sempre tem uma primeira vez, mãe. — ela deu de ombros mais uma vez, revirando os olhos.
 Sophia encarou Demi e se sentou em seguida.
 — Tanto faz. — ela suspirou — Agora as cartas já foram dadas. E eu não tenho mais nenhum trunfo na manga.
 — Ai, para de dramatizar, mãe! — ela subiu na mesa de vidro do diretor e se sentou em borboleta — Olha só, quando o velho descobrir que não me aceitaram nessa escolinha, vai parar de choramingar. A única coisa que ele quer é mostrar que tem poder, é só.
 — Dessa vez não é assim, Demi. Se não aceitarem você aqui, Noah vai reclamar a sua guarda e vão dar pra ele, e vão te separar de mim. — Sophia acariciou o rosto de Demi — Será que você não entendeu, filha?
 Demi olhou dura para a mãe. Pela primeira vez, parecia assimilar algo mais sério do que a si própria. Parecia ver e absorver a importância de tudo aquilo para a mãe.
 — Isso não importa. — ela murmurou — Olha, eu vou deixá-lo louco. Ele não vai me aguentar nem por 3 dias, e vai me devolver. Pronto, mãe.
 — Quem dera se as coisas fossem tão fáceis. — Sophia sussurrou — Não importa por quanto tempo for, ainda assim vai ser longo. Vou perder a sua guarda e não vou recuperar. Talvez isso possa ser bom pra você, não é? Conhecer outras pessoas, uma família... Uma coisa que comigo você nunca teve.
 — Eu não quero ter nenhuma outra família, mãe. — a voz de Demi saiu falha.
 — Agora é tarde, filha.
 Demi a olhou estarrecida. Tarde? Como assim tarde? As coisas seriam assim? Ela simplesmente deixaria sua mãe? E as duas seriam iguais aquelas outras famílias, que só se viam aos finais de semana ou nem isso?
 Não. Demi não conseguia aceitar isso. Ela e Sophia viviam aos berros uma com a outra quase sempre, e ás vezes era um alívio Demi estar sozinha sem a mãe, mas também nunca se imaginou sem ela. Parecia até absurdo pensar em uma coisa dessas.
 Os pensamentos de ambas foram interrompidos pela porta do gabinete sendo aberta. Ethan entrou abotoando o paletó enquanto Demi "acordava" e saía imediatamente de cima da mesa.
 — Bom... — disse ele ao chegar em sua mesa — Eu já tomei a minha decisão.
 — Olha, não importa qual tenha sido sua decisão, está bem? — Demi o encarou, ainda com a voz falha. E odiou que sua voz estivesse daquele jeito — Ainda assim eu quero pedir desculpas, como a minha mãe me ensinou. — ela olhou de esguelha para Sophia — E... Eu nem uso essas porcarias, sabe? Eu só queria escandalizar um pouco. — ela tirou o pacote de cigarros do bolso e os jogou na lixeira ao lado.
 Ethan pareceu desconcertado com a mudança de comportamento da garota.
 — E... Porque queria fazer uma coisa assim?
 — Porque eu não tinha percebido... — ela suspirou — Quanta vontade eu tenho de ficar nesse colégio.
 Ethan assentiu.
 — Não acredito em você, sabia? — ele deu um sorriso duro para Demi — Mas... Acredito que nós dois precisamos de uma oportunidade. Você de conhecer o colégio e o colégio de conhecer você. Bem vinda a Academia Yancy, Demi Lovato.

3 comentários:

  1. Perfeito, amei *---------*
    Deus esse povo só pensa na imagem O.o
    Coitado do Joe :/
    hihi' ownt meu bem, amo você também .
    Posta logo flor.
    bjos'

    ResponderExcluir
  2. tadinho do meu JOSÉ HEHE

    nossa só querem saber deles e da imagem né?

    ta lindo

    SUA DIVA

    POSTA LOGO

    ResponderExcluir
  3. Hehe' a Selena com gordurinha #Maluquinha
    Coitado do Joe, o pai dele deveria dar um melhor exemplo.
    Nossa, dois blogs meus *----*
    Amo-te demais, Rafa. Você é uma das melhores escritoras :)
    Beeijo.

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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Depois da Chuva - 07

“Tem coisa que dá vontade de viver de novo. E de novo. E de novo.” — Clarice Lispector.

   No gabinete do diretor Ethan, o clima estava bem tenso. Ambos os dois, Ethan e Sophia, pareciam muito desconfortáveis depois de terem um tipo de "reencontro" depois de mais de 10 anos. Sophia parecia nervosa e apertava o forro da cadeira tão forte que seus dedos quase ficavam brancos. E o coração de Ethan não desacelerava, não importa no que ele pensasse.
 Apesar disso tudo, eles decidiram ter uma conversa completamente profissional.
 — Minha filha Demi é hiperativa. — começou Sophia — É um verdadeiro tanque de guerra.
 — Eu vou adorar conhecê-la. — Ethan sorriu, e sorriu de verdade. Ainda não lhe caíra a ficha de que estava vendo Sophia novamente.
 — O único problema é que quando ela mete uma coisa na cabeça, não desiste enquanto não consegue. — ela bufou, se lembrando das inúmeras vezes que Demi fazia aquilo — E está decidida a não ficar nessa escola.
 — Não se preocupe. — ele deu de ombros, ainda sorrindo. Algo dentro dele simplesmente gritava, berrava, ele não conseguia parar de sorrir — Nós vamos ajudá-la a se adaptar. É meu trabalho. Ainda mais nesse caso...
 Ele pareceu olhar para Sophia de cima a baixo, apesar da mulher estar sentada. Mais uma vez, ela se sentiu desconfortável e recomeçou a apertar a cadeira. "Obrigada", falou ela.
 — Quer mais café? — perguntou ele, se levantando e pegando a xícara da mão de Sophia.
 — Eu agradeço, mas não, obrigada. — ela suspirou enquanto via Ethan se virar de costas e postando a xícara em sua mesa.
 Ela se levantou, ainda balançando as mãos, em sinal de nervosismo.
 — A Demi não é má. — ela disse quase em um sussurro — Digamos que seja um pouco intensa. Me entende?
 Ethan riu, voltando a pregar os olhos nos de Sophia.
 — Eu entendo perfeitamente. — ele suspirou — O que você me contou me fez lembrar de uma linda adolescente que conheci uma vez... Uma menina que era fogo puro. — ele falou baixo, e simplesmente começou a se aproximar de Sophia.
 Seu coração batia tão rápido que era impossível captar a que velocidade. Ela não recuou ao ver que Ethan se aproximava.
 — E, mesmo já sendo um homem... — ele sussurrou — Me apaixonei como um adolescente.
 Seus olhos estavam cravados, aquilo era evidente. De repente torrentes de lembranças antigas foram desenterradas com tal brutalidade que Sophia não pode aguentar. De repente ela sentiu, e sentia, tudo que sentiu a 10 anos atrás por Ethan: paixão e raiva.
 — Mas não se apaixonou o suficiente pra largar tudo e... Ir embora com ela. — ela falou em tom firme.
 Aquilo foi como um tapa no diretor. Ele abaixou a cabeça, bufando.
 — Ah... Eu não podia. — ele balançou a cabeça — Eu tinha uma carreira, uma família...
 Ele colocou as mãos nos bolsos da calça social, meio nervoso e com os dedos trêmulos, e caminhou até sua mesa novamente, colocando as mãos em um porta-retrato que tinha a foto de uma garota.
 — Sabia que eu tenho uma filha da idade da sua? — ele falou baixo.
 — É claro que eu sei. — ela revirou os olhos — Eu sumi quando descobri que a sua mulher estava grávida.
 Ethan fechou os olhos.
 — Você não me perdoa, não é?
 — Não. — ela balançou a cabeça, lutando contra uma mágoa antiga louca para sair — Eu não vim aqui criticar nem nada. Pra mim, você é só uma lembrança. Uma linda lembrança.
 — Eu nunca te esqueci. — ele suspira e encara Sophia, se sentando em sua cadeira de diretor — Acompanhei sua carreira pelas revistas... Procurei tudo que podia para saber sobre o pai da sua filha, mas... Nunca soube nada dele.
 Aquilo pareceu pegar Sophia de surpresa.
 — Não se preocupe. — ela ergueu uma sobrancelha — Demi não é sua filha. O pai dela é um homem que vive muito longe, e... A única coisa boa que me deu foi essa princesa. Mas agora quer me separar dela.
 — Como assim? — Ethan juntou as sobrancelhas — Porque?
 — Ele disse que eu não sou boa mãe. — Sophia abaixa a cabeça, baixando o tom de voz — E se Demi não ficar neste colégio, ele vai levá-la com ele para a Europa. Tem que me ajudar que ela fique aqui, por favor! — ela implorava em seu tom de voz, olhando para Ethan com certo desespero.
 — Fique tranquila. — ele pareceu desconcertado, mas com compaixão nos olhos.
 Ethan se levantou e foi até Sophia.
 — Porque ela não vai poder ficar? — ele pegou nas mãos dela.

 — Já disse que você não pode entrar! — Emma estava parada á frente da porta do gabinete do diretor, parecendo proteger o lugar. Demi estava á sua frente, batendo os pés de raiva — Ninguém pode entrar na sala do diretor sem ser anunciado.
 Demi bufou.
 — Deixa que eu me anuncio, muito obrigada, não tenho a vida toda pra esperar!
 Demi avançou para a porta e simplesmente empurrou Emma dali, como se ela fosse uma criança de 12 anos. Emma gritou e tentou agarrar o braço da garota, mas ela já estava dentro da sala do diretor.
 Demi olhou de Ethan para sua mãe dentro da sala. Pareceu nem reparar que Ethan ainda segurava a mão de Sophia.
 De repente, ela riu.
 — Nossa, a julgar pela aparência do diretor, eu acho que ele tem menos tempo do que eu, não é mesmo? — ela deu uma risada irônica — O senhor já não devia estar aposentado?
 — Demi, por favor, filha! — Sophia rangeu os dentes — Ela é minha filha, senhor diretor. — ela deu um sorriso sem graça — Por favor, cumprimente-o, Demi.
 — Oi, como vai? — Demi sorriu e apertou as mãos de Ethan.
 — Esse senhor é o diretor do colégio. — Emma falou perto de Demi, como se fosse para lembrá-la de que ela não estava falando com um simples homem.
 — Ah, eu tenho um cigarro! Você fuma? — Demi tirou um pacote de cigarros do bolso e estendeu para o diretor, que a olhou pasmo.

����☀

 Selena se debruçava em sua cama várias vezes, procurando uma posição que lhe parecesse correta e confortável. Não conseguia se estabilizar, sabendo que não sairia daquele lugar. Tentava se distrair com tudo que lhe aparecesse, mas parecia impossível.
 Sua atenção foi tirada das unhas recém-feitas por Emma entrando no quarto, estendendo o telefone.
 — Abri a exceção de vir até aqui só porque é o seu pai, e ele está ligando de Albuquerque, ele disse que você não atende o celular. — disse Emma, lançando um olhar para o celular jogado de Selena em cima da cama.
 Selena lançou um olhar de surpresa para o celular.
 — Ah, olha, ele está desligado. — ela riu, dando de ombros — Eu nem tinha percebido. Mas diz pra ele que eu vou ligar agora mesmo.
 Emma a olhou desconfiada.
 — Atende agora, vai. — ela estendeu mais uma vez o telefone.
 Selena olhou de Emma para o telefone. "Tudo bem", ela murmurou, pegando o telefone. Emma coçou o nariz e se virou para ver o quarto. Nesse momento, Selena não perdeu a oportunidade e apertou no botãozinho para desligar o telefone, tão rápido que Emma nunca teria visto.
 — Alô? — Selena colocou o objeto na orelha, sorrindo — Pai? Como você está, paizinho? ... Puxa, eu estou tão feliz, é sério, não vejo a hora de passar as férias no Vacance Club... É, eu juro. — Selena se levantou, caminhando até as escadas — É sério, não é como as ilhas do Caribe, mas eu vou. Todo mundo que eu gosto está no colégio... Claro, pai. Se divirta bastante e não exagere com o trabalho. Tudo bem. Te amo, pai! — ela mandou beijos pelo telefone — Tchau.
 Emma olhava Selena como se fosse maluca. Todos sabiam que Selena deveria estar odiando o pai agora, por causa de tudo que havia acontecido.
 — Pronto. — ela lhe entregou o telefone, sorrindo.
 — Tudo bem? — perguntou Emma pausadamente.
 — Tudo perfeito. — Selena deu um enorme sorriso — Quando nós vamos pro Vacance Club?
 — Quando os bolsistas terminarem de fazer a prova.
 — Que maravilha! — ela falou rapidamente, terminando de subir as escadas — Estou muito feliz por ir ao Vacance Club!
 Emma achou melhor deixar Selena sozinha com sua loucura e bipolaridade e bateu a porta ao sair.
 Selena encarou a porta, dando um urro de raiva. Ela feliz por ir ao Vacance Club? Nem aqui e nem em outra vida.

����☀

 Joe fora mandado imediatamente para um hospital localizado no Queens. O melhor hospital, é claro. O deputado Michael estava posto ao lado do médico, com a sua esposa passando o braço por um dos seus.
 — Doutor, com relação aos jovens que estavam no carro, diga aos familiares deles que eu vou arcar com todas as despesas. — disse Michael — Mas eu quero que mantenham discrição sobre tudo, é lógico.
 — Creio que não haverá nenhum problema, senhor. — falou o doutor, enquanto anotava algo em sua prancheta.
 Michael lançou um olhar de esguelha para sua esposa.
 — Ainda bem. — ele sorriu um pouco. Talvez o máximo que conseguia — Isso é o mais importante.
 — Achei que o mais importante fosse a saúde do seu filho. — o doutor levantou os olhos para lançar um olhar de surpresa — Não querem vê-lo?
 Michael se segurou para não demonstrar desânimo ao ouvir falar em Joe. Sua esposa acariciava seus ombros e seus cabelos ralos, sabendo imediatamente da resposta de Michael.
 — Ér... Não, não. — ele balançou a cabeça — Prefiro esperá-lo aqui. Vai você, meu amor.
 A mulher ao seu lado sorriu e se virou para o doutor.
 — Onde é o quarto dele?
 — Por aqui, senhora, me acompanhe. — ele apontou para um corredor largo e os dois seguiram juntos.

����☀

  Parecia que tinham se passado horas desde que o diretor havia saído da sala pra se decidir sobre Demi. Dava pra ouvir as batidas do coração de Sophia naquele momento. Demi ria e brincava com os troféis espalhados por um armário no canto da sala. Ela havia se sentado na grande cadeira do diretor com dois deles.
 — Já chega de brincar, Demi, parece uma criança! — Sophia pegou os troféis da mão de Demi, começando a se irritar.
 — Eu estou cansada! — Demi bufou — Que horas o diretor pretende vir?
 — Eu me pergunto exatamente a mesma coisa! Provavelmente, ele já está com a decisão tomada, mas deve ter medo de me dizer que não aceita você nessa escola.
 Demi deu de ombros, como se aquilo fosse a coisa mais insignificante do mundo.
 — Poxa, mas se a escola não me aceita, a culpa não é nossa.
 — Ah, claro! Depois do show que você fez! Porque teve que pegar o cigarro? Você nem fuma, Demi!
 — Ué, sempre tem uma primeira vez, mãe. — ela deu de ombros mais uma vez, revirando os olhos.
 Sophia encarou Demi e se sentou em seguida.
 — Tanto faz. — ela suspirou — Agora as cartas já foram dadas. E eu não tenho mais nenhum trunfo na manga.
 — Ai, para de dramatizar, mãe! — ela subiu na mesa de vidro do diretor e se sentou em borboleta — Olha só, quando o velho descobrir que não me aceitaram nessa escolinha, vai parar de choramingar. A única coisa que ele quer é mostrar que tem poder, é só.
 — Dessa vez não é assim, Demi. Se não aceitarem você aqui, Noah vai reclamar a sua guarda e vão dar pra ele, e vão te separar de mim. — Sophia acariciou o rosto de Demi — Será que você não entendeu, filha?
 Demi olhou dura para a mãe. Pela primeira vez, parecia assimilar algo mais sério do que a si própria. Parecia ver e absorver a importância de tudo aquilo para a mãe.
 — Isso não importa. — ela murmurou — Olha, eu vou deixá-lo louco. Ele não vai me aguentar nem por 3 dias, e vai me devolver. Pronto, mãe.
 — Quem dera se as coisas fossem tão fáceis. — Sophia sussurrou — Não importa por quanto tempo for, ainda assim vai ser longo. Vou perder a sua guarda e não vou recuperar. Talvez isso possa ser bom pra você, não é? Conhecer outras pessoas, uma família... Uma coisa que comigo você nunca teve.
 — Eu não quero ter nenhuma outra família, mãe. — a voz de Demi saiu falha.
 — Agora é tarde, filha.
 Demi a olhou estarrecida. Tarde? Como assim tarde? As coisas seriam assim? Ela simplesmente deixaria sua mãe? E as duas seriam iguais aquelas outras famílias, que só se viam aos finais de semana ou nem isso?
 Não. Demi não conseguia aceitar isso. Ela e Sophia viviam aos berros uma com a outra quase sempre, e ás vezes era um alívio Demi estar sozinha sem a mãe, mas também nunca se imaginou sem ela. Parecia até absurdo pensar em uma coisa dessas.
 Os pensamentos de ambas foram interrompidos pela porta do gabinete sendo aberta. Ethan entrou abotoando o paletó enquanto Demi "acordava" e saía imediatamente de cima da mesa.
 — Bom... — disse ele ao chegar em sua mesa — Eu já tomei a minha decisão.
 — Olha, não importa qual tenha sido sua decisão, está bem? — Demi o encarou, ainda com a voz falha. E odiou que sua voz estivesse daquele jeito — Ainda assim eu quero pedir desculpas, como a minha mãe me ensinou. — ela olhou de esguelha para Sophia — E... Eu nem uso essas porcarias, sabe? Eu só queria escandalizar um pouco. — ela tirou o pacote de cigarros do bolso e os jogou na lixeira ao lado.
 Ethan pareceu desconcertado com a mudança de comportamento da garota.
 — E... Porque queria fazer uma coisa assim?
 — Porque eu não tinha percebido... — ela suspirou — Quanta vontade eu tenho de ficar nesse colégio.
 Ethan assentiu.
 — Não acredito em você, sabia? — ele deu um sorriso duro para Demi — Mas... Acredito que nós dois precisamos de uma oportunidade. Você de conhecer o colégio e o colégio de conhecer você. Bem vinda a Academia Yancy, Demi Lovato.

3 comentários:

  1. Perfeito, amei *---------*
    Deus esse povo só pensa na imagem O.o
    Coitado do Joe :/
    hihi' ownt meu bem, amo você também .
    Posta logo flor.
    bjos'

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  2. tadinho do meu JOSÉ HEHE

    nossa só querem saber deles e da imagem né?

    ta lindo

    SUA DIVA

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  3. Hehe' a Selena com gordurinha #Maluquinha
    Coitado do Joe, o pai dele deveria dar um melhor exemplo.
    Nossa, dois blogs meus *----*
    Amo-te demais, Rafa. Você é uma das melhores escritoras :)
    Beeijo.

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