quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Depois da Chuva - 03

“Eu ligo. Ela atende. Eu quase choro de gratidão do meu lado da linha. Ela gentilmente sugere que eu morra.” — Gabito Nunes.

  Sophia parecia ainda mais aturdida com Demi. Achava que já estava acostumada com esse comportamento rebelde da filha, mas percebia que ela só se surpreendia.
Mesmo sem querer, todos do estúdio já acompanhavam a discussão das duas. Demi, vestida em um roupão rosa, enquanto o rosto de Sophia ficava cada vez mais vermelho.
— Vai botar uma roupa. — Sophia mandou mais uma vez, dessa vez trincando os dentes.
Demi agiu como se não tivesse escutado.
— Eu já disse que não vou, mãe. — ela jogou o roupão no chão e cruzou os braços, decidida a não obedecer.
Sophia colocou as mãos na cabeça. Seu rosto transparecia o próprio desespero.
— Você quer acabar com a minha carreira. — ela arfou — Com a minha vida inteira, filha. — ela olhou para o fotógrafo e imediatamente correu até ele — Fofo, por favor, diz pra ela que não pode sair assim como uma ordinária! Isso vai ser um escândalo! — ela deu bastante destaque á palavra "escândalo".
— Ah, fala sério. — Demi resmungou.
Para surpresa de Sophia, o fotógrafo sorriu.
— Vai ser um escândalo, o que nos daria muito dinheiro! — os olhos dele pareceram ganhar um brilho diferente, muito ambicioso — Eu acho que devemos fazer as fotos.
Sophia ficou boquiaberta, completamente pasma. Demi murmurou um "Está vendo, mãe?" e riu da situação. Sophia olhou em volta pela primeira vez e viu que todos sorriam, provavelmente concordando com o fotógrafo. Estiveram se divertindo com a situação o tempo todo.
— Como você quer que eu pose? — disse Demi após se sentar na poltrona onde sua mãe estava, fazendo várias poses mal feitas e biquinhos para o fotógrafo.
— Eu quero você bem natural, Demi. — ele sorriu, parecendo achar aquilo o máximo — Vamos fazer uma coisa com as duas, vão ficar lindas!
Ele começava a ajeitar a câmera em seu pescoço enquanto Sophia continuava imóvel.
— Lindas e sorrindo pra câmera. — ele disse mais uma vez.
Depois de algum tempo, Sophia finalmente se moveu e se livrou do choque de ser contrariada. Ela se sentou na poltrona branca com Demi atrás do cenário e, aos poucos, as duas se soltaram e fizeram fotos realmente magnificas. Apesar de serem bastante diferentes, não se podia negar algumas semelhanças entre as duas. O mesmo nariz, o mesmo sorriso contagiante, e as duas eram extremamente lindas, apesar de Demi ser um pouco "da pesada".
A tarde que se seguiu arrancou muitas risadas das duas, que souberam conviver bem sem mais nenhuma briga. E, de acordo com todos do estúdio, as fotos estavam belíssimas. Com o tempo, Sophia havia esquecido completamente de como Demi estava vestida.

  O clima estava meio tenso para Nick após ele saber que sua casa finalmente fora vendida. Apesar de saber que se mudariam para um apartamento pequeno e que suas dívidas seriam pagas, ele já perdera as contas de quantas vezes havia andado sobre aqueles cômodos nas horas que se seguiram, tentando absorver cada detalhe que ela lhe dava, cada lembrança de tudo que havia passado ali. Não seria fácil esquecer, não estava sendo fácil deixar tudo.
Já era quase noite quando Nick estava na garagem, sentado em cima da moto de seu pai, que agora era sua. Era uma moto belíssima, não era de última geração, mas tinha uma beleza incrível. Ele e o pai a haviam consertado juntos, para que fosse de Nick no futuro. Isso já faz tempo, mas a memória ainda continuava viva.
Ele examinava a corrente de prata que havia na moto. Não era bem uma corrente, na verdade era um cordão que era de seu pai, que agora estava no chaveiro. O cordão era de prata e havia um pingente nele, como uma esfera prateada com algumas linhas que passavam por ela. Era raro os dias que Nick andava sem ela no pescoço.
Absorto demais em seus pensamentos, Nick não percebeu a chegada de sua mãe a seu lado.
— Lembra muito do seu pai, não é? — falou ela.
Nick não se assustou e nem se mexeu ao ouvir sua mãe. Parecia hipnotizado olhando a correntinha.
— Vou vender a moto. — disse ele finalmente.
A sra. Jonas cruzou as sobrancelhas, como se Nick tivesse falado outro idioma.
— Não, meu filho, você não precisa vender a moto. Com o que recebi pela casa, temos dinheiro suficiente pra pagar as coisas aos poucos. — sua voz não era convincente, mas foi bem objetiva.
Nick bufou, e se virou para olhar a mãe pela primeira vez.
Nick tinha a expressão cansada, como se estivesse naquela garagem o tempo todo sem comer.
— Eu vou estudar em Nova York, mãe. — disse ele, em tom completamente firme.
A mulher revirou os olhos, como se já tivesse escutado aquilo mil vezes.
— Você insiste nisso. — ela suspirou — Nick, agora eu não posso pagar uma universidade, mas também não vou poder se você for embora!
— Mãe, com o dinheiro que eu receber pela moto, posso conseguir uma bolsa. — seus olhos brilhavam, parecia que ele pensava em tudo imediatamente, como se tivesse pensado naquilo a tarde toda.
A sra. Jonas bufou com certa impaciência.
— Meu filho, entenda, mesmo se você vender a moto, isso não vai solucionar nenhum problema. Nova York é um lugar perigoso, eu não quero que...
— Mãe, já falamos sobre isso mil vezes! — Nick aumentou o tom de voz, se levantando da moto.
A sra. Jonas pareceu avaliar o rosto do filho. Raramente havia visto Nick tão determinado a fazer algo, principalmente nos últimos anos.
— É por isso, filho. Porque já falamos sobre isso mil vezes, e eu não entendo porque insiste em ir embora! — disse ela. Nick bufou — E já tinha me falado que queria estudar em Harvard, você recebeu a carta, porque de repente mudou de ideia e quer ir pra Nova York?
Nick apertou os lábios e pensou nas próximas palavras a dizer. Ele não sabia ao certo. Só conseguia pensar que algo muito mais forte o perigoso o puxava a Nova York, além de simplesmente estudar. Mas ele queria ir, estava tão motivado a isso que era capaz de passar por cima de todos!
— Mãe... A gente muda de opinião. — Nick deu de ombros, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo — Eu já disse que posso conseguir uma bolsa.
— Mas você já está praticamente dentro da Universidade de Harvard. E também, se quiser, pode conseguir uma bolsa aqui. — ela deu um sorriso fraco, que logo sumiu, enquanto passava os dedos no rosto do filho — É muito mais fácil.
Nick abaixou a cabeça. Não pensou que seria fácil. Mais um sofrimento a sua frente não seria fácil, mas ele só sabia de uma coisa: estava determinado. Estava decidido. E mais do que nunca, estava pronto.
— Então ainda não concorda comigo? — disse ele, olhando diretamente nos olhos da mãe.
— É. — ela assentiu com a cabeça — E tenho certeza de que seu pai também discordaria.
Nick sentiu como se novamente apertassem seu coração. A sra. Jonas nada mais falou e subiu novamente para casa, deixando Nick novamente sozinho.
Mas agora ele não queria pensar em mais nada. Ele sabia exatamente o que fazer. Parecia que tudo o que havia pensando passava por sua mente naquele momento, como se seu plano fosse o mais perfeito de todos. Sua mente se aguçou de forma impressionante e ele de repente tinha um caminho a seguir. Pela primeira vez em muitos anos, ele sabia pra onde ia.
Ele ia pra Nova York. Nada o impediria, nem mesmo sua mãe. Era lá. Era lá que ele estava. Era lá que o assassino que arruinou a vida de Nick e sua família estava.

Demi e Sophia pareciam esgotadas depois de tantos sorrisos e flashes. Demi mais do que Sophia, é claro. As duas ainda riam ao final do ensaio, e todos pareciam bem satisfeitos com o desempenho das duas. O fotógrafo estava mais feliz do que nunca, ele não parava de olhar a câmera e admirar as duas divas que havia fotografado.
Demi se virou para Sophia enquanto esta se olhava no espelho mais uma vez e perguntou:
— Mãe, será que podem me trazer um refrigerante?
— Xiu! Fica quietinha, criança, a estrela aqui sou eu. — respondeu Sophia, mexendo nos cabelos loiros em tom de deboche para a filha.
Demi apenas riu e se sentou na outra poltrona, achando tudo aquilo mais divertido do que pensava.
De repente, a morena assistente de Sophia entrou outra vez no estúdio, a qual havia sido. Ela foi diretamente ao fotógrafo, com uma expressão não muito boa.
— Com licença, desculpe interromper. — ela falou baixo, apenas para que o fotógrafo a olhasse — Temos problemas.
Ele revirou os olhos, claramente seu sorriso desaparecera e seu tom se tornava quase raivoso.
— Eu já disse que quando estou trabalhando, não me interrompa. — ele falou entredentes.
— É que... Tem um homem que insiste em entrar.
— E quem é?
— Eu sou o pai da Demi!
Todos se viraram ao ouvir a voz grave do homem de terno que acabava de entrar. Ele era forte e parecia ter uns 40 anos de idade. Seus cabelos eram baixos, mas percebia-se cachos tentando saltar para cima, exatamente como os cachos de Demi. Ele parecia estar em forma para um homem de sua idade, e não se podia negar que era bonitão.
A primeira a se manifestar foi Demi, que se levantou da poltrona completamente enraivecida.
— Quem doou o espermatozóide, melhor dizendo! — ela disse, com a cara emburrada.
A expressão no rosto do homem era indescritível. Não sabia se dizer se estava mais chocado por ver a roupa de Demi ou pelo que ela havia dito.
Sophia rapidamente se levantou, e não parava de encarar o homem a sua frente.
— Demi, deixa isso comigo, ok? — ela disse, se virando um pouco para a filha — Cuida dela pra mim, por favor.
Sophia não tirava os olhos do homem até ir ao seu encontro. Ela gesticulou para que fossem a um canto afastado no estúdio, e suas mãos pareciam já estar fechadas em punho.
O pai de Demi foi o primeiro a falar:
— Não vou permitir que a minha filha viva essas experiências imorais. — ele disse, com certo tom de desprezo.
— Imoral aqui é você! — Sophia disse entredentes — Você sumiu pouco depois que a garota nasceu, e nunca mais sequer telefonou. Isso eu não vou permitir, você não tem nenhum direito de estar aqui!
— Essa menina tem o meu sobrenome! — ele disse, com certo tom de autoridade — E lembre-se que nunca lhe faltou um centavo.
Sophia encarou-o, como se tivesse ouvido uma ofensa.
— O seu dinheiro nunca foi tocado. — ela disse, já com a voz falha — Está numa conta, e se quiser, eu te devolvo agora mesmo. Mas some daqui!

O diretor Ethan ajeitou a gravata antes de entrar em seu gabinete, já encontrando seu convidado posto em uma cadeira a frente de sua mesa, não despregando os olhos do celular.
O gabinete do diretor era um local confortável. Era pequeno, comparado a magnitude da escola. Sua mesa era de vidro e em cima dela continham sempre um computador e vários papéis espalhados. O piso era de madeira, mas era escondido por um tapete enorme que cobria quase toda a sala. O teto era extremamente alto, com um lustre pendendo incrivelmente lindo. Em toda parte haviam arranjos de flores, e uma parede da direita era revestida totalmente por retratos dos antigos diretores da Yancy. Haviam duas poltronas a frente de sua mesa, que era de um veludo vermelho vivo. A sua poltrona, a maior e mais magnifíca, era grande e preta, e se podia notar o quanto ele se orgulhava só de sentar nela. Coladas ás paredes, atrás das poltronas, havia um pequeno sofá, também de veludo vermelho vivo.
Ethan pigarreou, como um aviso de que havia chegado, e o convidado se levantou.
— Senhor Gomez. — Ethan sorriu, cumprimentando o homem a sua frente.
— Como vai? — eles trocaram um aperto de mãos, enquanto Ethan indicava a poltrona vermelha a frente de sua mesa.
Era sem dúvida que Jayden Gomez era pai legítimo de Selena. As semelhanças entre os dois eram completamente impressionantes. Jayden tinha um cabelo castanho escuro, parecido com o da filha, e era cortado bem baixo, o deixando ainda mais sério, e estava recentemente nascendo cabelos brancos. Estava posto em um terno cinza, e sua carranca era tão séria que desmanchou o sorriso alegre do diretor. Não se podia negar que sua figura era totalmente autoritária, então o desejo do diretor de agradar ao seu convidado podia até ser entendido.
Os dois se sentaram, cada um em sua cadeira, e a expressão do diretor já não era das melhores. É claro que Jayden já estava ciente do motivo pelo qual estava ali, sabia que Selena aprontara. Na verdade ele já sabia de tudo, tanto que estava tão entediado que não conseguia pensar em porque estava ali.
Ethan bufou, antes de continuar.
— Eu quero pedir que... o senhor me entenda. Isso foi mais do que uma travessura, foi... Vergonhoso. E ela fez na frente dos pais de todos os alunos.
Ethan parecia estranhamente constrangido ao falar. Ele sabia que Jayden já estava ciente do que Selena fizera no dia anterior, mas mesmo assim, aquilo o estava incomodando, pois Jayden não demonstrava expressão alguma. Raiva, decepção, alegria, nada.
Por fim, ele suspirou e disse:
— Eu entendo, Ethan. Pode dar a ela o castigo que quiser e pronto.
— Bem, foi justamente por isso que mandei chamá-lo. — ele deu um sorriso tão fraco que sumiu imediatamente, enquanto se recostava na poltrona — Eu acho que é o senhor quem deve chamar a atenção da sua filha.
Uma coisa pareceu se acender no rosto frio de Jayden pela primeira vez. Surpresa, talvez?
— Mas trata-se de uma questão disciplinar dentro do colégio. — ele disse como se fosse óbvio.
Ethan bufou e colocou as mãos no tampo da mesa.
— Olha, Jayden... Sinceramente, a sua filha tem que ter um limite. — falou Ethan, parecendo reunir toda a sua coragem. Na presença do milionário, ele parecia não saber o que fazer.
Jayden bufou, agora parecendo menor entediado na conversa com o diretor. Dessa vez sua expressão tomou uma nova forma, ele parecia estranhamente aborrecido.
— Perdão, senhor? — arriscou Ethan — Disse alguma coisa inconveniente?
— Não, não. — Jayden respondeu rapidamente, balançando a cabeça — Ao contrário. É verdade que eu sou muito bonzinho com ela. Mas como não tem mãe, eu estou sempre viajando... — ele deu de ombros, parecendo dizer que só aquilo bastava para compreender tudo.
Ethan deu um pequeno sorriso, mostrando certa compaixão.
— Mas faça isso por ela. Mais cedo ou mais tarde, senhor, sua filha vai entender.
Jayden encarou o diretor. O milionário tinha um ego muito orgulhoso, e parecia não ter se deixado abater pelas palavras de Ethan e que não pretendia mudar de ideia. Mas disse:
— Tem razão. — ele comprimiu os lábios, como se fosse duro estar tendo que se render a opinião de alguém que não fosse a dela — O que ela tem que entender agora é que tudo tem limite.

Um vento gelado empapava os cabelos de Nick naquela tarde fria na Flórida. A conversa com sua mãe sobre Nova York ainda pairava em sua mente e o jantar naquela mesma noite não foi um dos melhores. Mas como antes, Nick estava decidido. Nada tiraria aquela ideia de sua cabeça, não adiantava o quanto insistissem. Aquilo poderia não melhorar em nada sua situação e a sua família, mas com certeza iria retirar um peso de 100 toneladas das costas e da mente de Nick. Ele não aguentava mais ter de ficar imaginando onde aquele homem estava e o que faria se o visse, ele iria partir pra ação. Iria fazer.
Na tarde cinzenta e chuvosa, Nick subiu na sua moto e pisou fundo. Não sabia para onde estava indo naquele momento. Ele só queria espairecer, esfriar um pouco as ideias e parar de pensar. Não era fácil, claro. Como não parar de pensar quando tudo que sua mente queria fazer era arquitetar um plano ou qualquer coisa? Fazê-lo lembrar o que devia fazer. O que ele queria fazer.
Então ele se decidiu. Em menos de 20 minutos, ele estava parado a frente da concessionária de motos, pronto a vender uma de suas últimas lembranças com o pai.
E depois ele voltava para casa, mais uma vez pelas ruas cinzentas e com o vento gelado soprando em seu rosto, mas dessa vez estava a pé. Seu bolso mostrava um volume, o que significava o cheque que estava carregando. Suas mãos não saíam do colar em seu pescoço, parecendo que ele o estava sufocando. Nick sabia como aquilo era importante, uma parte de seu plano estava concluída. Aquele dinheiro seria mais importante do que nunca.

Sophia havia decidido repentinamente ficar em Los Angeles aquela noite. Depois da sessão de fotos da tarde anterior, parecia mais seguro não pegar um avião imediatamente pra casa. Certamente já havia um quarto no melhor hotel da cidade quando ela se apresentou, tentando ser discreta, com a filha e a assistente. Mas ela também havia ficado por outros motivos.
Era quase meia noite quando ela finalmente chegara ao quarto de hotel, parecendo extremamente cansada. Seus cabelos loiros estavam soltos, com os cachos teimosos rebeldes e vestia um vestido verde solto, que pegava até metade das coxas. Ele tinha um cinto no meio, deixando o vestido mais largo, e suas mangas eram grandes, quase até os cotovelos e Sophia estava incrivelmente linda.
Demi estava sentada em frente ao espelho, passando algo nos olhos como rímel e sombras. Ela havia prendido os cabelos negros atrás da cabeça com alguma pregadeira que havia encontrado por aí e vestia um vestido rosa de alcinhas florido. Era uma roupa "alegre" demais para o tipo de Demi, que era meio do "mal". Mas Solphia sabia bem que ela nunca sairia de casa assim.
Demi nem pareceu notar quando a mãe chegara.
— Demi, para de usar as minhas coisas, ok? — Sophia bufou ao ver que Demi usava suas maquiagens.
Ela jogou sua bolsa na cama, bufando de cansaço.
— Como foi com o velhinho? — perguntou Demi enquanto fechava um tubo de rímel.
— Mais respeito, mocinha. — Sophia franziu as sobrancelhas — É o seu pai.
Demi deu uma risada irônica.
— Querida, se ele pareceu meu avô, a culpa é sua, não minha. — ela deu um enorme sorriso falso para Sophia enquanto se levantava do espelho — O que ele quer agora?
Ela foi até a mini-cozinha que havia no gigantesco quarto e pegou uma lata de red bull, sua bebida favorita.
— Agora ele veio dizer que... Eu não sou boa mãe. — suspirou Sophia enquanto seguia Demi até a cozinha.
Sophia olhava Demi de modo estranho, como se toda vez que fosse falar algo tinha que pensar muito bem nas palavras certas, como se Demi fosse uma bomba prestes a explodir. Tudo o que conseguia pensar era no jantar que tivera com o pai da menina a algumas horas atrás.
A garota pareceu não perceber isso e se sentou no sofá vermelho ali mesmo, ainda com sua latinha de red bull.
— Bom, nisso ele tem razão. — ela revirou os olhos.
Sophia abriu a boca, meio chocada.
— Como pode dizer uma coisa assim, Demi? — sua voz falhou.
— Mãe, deixa de ser tão sensível! — Demi se levantou e abriu a geladeira, pegando uma taça repleta de chocolates — Olha, por sorte eu sei sobreviver a você, então diz pra esse velho que pode voltar sossegado pra Europa e parar de amolar.
Sophia suspirou.
— É isso que ele vai fazer. Mas impões certas condições...
— O que ele quer que você faça? — disse a menina, com a boca cheia de chocolates.
— A coisa é... É com você, filha. — a voz dela pareceu sumir.
Demi a olhou intrigada e Sophia deu as costas, voltando para a cama.
— Comigo? — Demi largou a taça de chocolates e correu até Sophia — O que esse homem quer comigo?
Sophia bufou. Não sabia o que dizer a Demi. De algum modo, sabia que a filha surtaria, mas não podia esconder isso dela.
— Ele... Tem certos direitos. É seu pai, não é? — ela fungou — Apesar de ter sumido tantos anos, a lei o protege e... Ele pode reclamar a sua guarda, Demi.
Para surpresa de Sophia, Demi soltou uma gargalhada.
— Mãe, se é isso, não se preocupe. — ela continuava rindo — Mandamos os melhores advogado e em um dia teremos um dinossauro fora da nossa vida. — ela se jogou na cama, sorrindo.
— Não, não. — Sophia balançou a cabeça, parecendo perturbada — Não quero problemas com advogados. Com essas fotos que vão sair na revista, e com os juízes que temos, corro o risco de te perder, Demi. — sua voz ficou embargada, e ela estava a ponto de chorar — Prefiro... Fazer o que ele pede.
Demi olhou para a mãe séria. Sabia que Sophia Jones era uma manteiga derretida e que chorava por qualquer coisa, mas ela sempre tinha um motivo para cair no choro.
— O que ele pede? — perguntou ela.
— Quer que... Você tenha uma melhor educação, Demi.
Demi deu mais uma risadinha irônica.
— Diz pra esse homem que eu já sou bem educadinha. E sei muito mais da vida do que qualquer menininha da minha idade. — ela deu de ombros.
Sophia tentava segurar seu nervosismo. Não estava chegando a lugar algum com aquela conversa.
— Ele fala de outro tipo de educação. — disse ela.
Demi juntou as sobrancelhas, confusa.
— Ele quer que eu te matricule num internato. — Sophia bufou.
A latinha de red bull caiu da mão de Demi.
— O que?! — ela gritou, sem se importar com as lágrimas da mãe. Havia levantado da cama em um salto, o choque em seu rosto — É brincadeira, não é?!

4 comentários:

  1. Meu Deus, como eu amo a Ashley \õ
    Nossa, a Selena faz uma pose de nojenta nessa história = /
    Mesmo assim, ela é perfeita *--------*
    Uau, o Joe sofreu um acidente! Coitado!
    Aiin, sua história me vicia :)
    Posta rápido, tá?
    Beeijo.

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  2. hehe' super perfeito *----*
    Eu amei :)
    Own sua Diva . hihi'
    Ficar sem chocolate não dá Selena u.u haha'
    Coitado do Joe ..
    Posta logo flor.
    bjos'

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  3. Coitadinho do Joe :(
    Ele vai ficar bem, né? A história tem que ser Jashley! Essa Cameron que leva o Joe pro mal caminho u_u
    Eu gosto demais da Ashley :]
    Beeijos ;*

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  4. ameiiiiiiiiiiiiiii

    tadinho do joe

    sel chocolate num da kk

    posta logo

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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Depois da Chuva - 03

“Eu ligo. Ela atende. Eu quase choro de gratidão do meu lado da linha. Ela gentilmente sugere que eu morra.” — Gabito Nunes.

  Sophia parecia ainda mais aturdida com Demi. Achava que já estava acostumada com esse comportamento rebelde da filha, mas percebia que ela só se surpreendia.
Mesmo sem querer, todos do estúdio já acompanhavam a discussão das duas. Demi, vestida em um roupão rosa, enquanto o rosto de Sophia ficava cada vez mais vermelho.
— Vai botar uma roupa. — Sophia mandou mais uma vez, dessa vez trincando os dentes.
Demi agiu como se não tivesse escutado.
— Eu já disse que não vou, mãe. — ela jogou o roupão no chão e cruzou os braços, decidida a não obedecer.
Sophia colocou as mãos na cabeça. Seu rosto transparecia o próprio desespero.
— Você quer acabar com a minha carreira. — ela arfou — Com a minha vida inteira, filha. — ela olhou para o fotógrafo e imediatamente correu até ele — Fofo, por favor, diz pra ela que não pode sair assim como uma ordinária! Isso vai ser um escândalo! — ela deu bastante destaque á palavra "escândalo".
— Ah, fala sério. — Demi resmungou.
Para surpresa de Sophia, o fotógrafo sorriu.
— Vai ser um escândalo, o que nos daria muito dinheiro! — os olhos dele pareceram ganhar um brilho diferente, muito ambicioso — Eu acho que devemos fazer as fotos.
Sophia ficou boquiaberta, completamente pasma. Demi murmurou um "Está vendo, mãe?" e riu da situação. Sophia olhou em volta pela primeira vez e viu que todos sorriam, provavelmente concordando com o fotógrafo. Estiveram se divertindo com a situação o tempo todo.
— Como você quer que eu pose? — disse Demi após se sentar na poltrona onde sua mãe estava, fazendo várias poses mal feitas e biquinhos para o fotógrafo.
— Eu quero você bem natural, Demi. — ele sorriu, parecendo achar aquilo o máximo — Vamos fazer uma coisa com as duas, vão ficar lindas!
Ele começava a ajeitar a câmera em seu pescoço enquanto Sophia continuava imóvel.
— Lindas e sorrindo pra câmera. — ele disse mais uma vez.
Depois de algum tempo, Sophia finalmente se moveu e se livrou do choque de ser contrariada. Ela se sentou na poltrona branca com Demi atrás do cenário e, aos poucos, as duas se soltaram e fizeram fotos realmente magnificas. Apesar de serem bastante diferentes, não se podia negar algumas semelhanças entre as duas. O mesmo nariz, o mesmo sorriso contagiante, e as duas eram extremamente lindas, apesar de Demi ser um pouco "da pesada".
A tarde que se seguiu arrancou muitas risadas das duas, que souberam conviver bem sem mais nenhuma briga. E, de acordo com todos do estúdio, as fotos estavam belíssimas. Com o tempo, Sophia havia esquecido completamente de como Demi estava vestida.

  O clima estava meio tenso para Nick após ele saber que sua casa finalmente fora vendida. Apesar de saber que se mudariam para um apartamento pequeno e que suas dívidas seriam pagas, ele já perdera as contas de quantas vezes havia andado sobre aqueles cômodos nas horas que se seguiram, tentando absorver cada detalhe que ela lhe dava, cada lembrança de tudo que havia passado ali. Não seria fácil esquecer, não estava sendo fácil deixar tudo.
Já era quase noite quando Nick estava na garagem, sentado em cima da moto de seu pai, que agora era sua. Era uma moto belíssima, não era de última geração, mas tinha uma beleza incrível. Ele e o pai a haviam consertado juntos, para que fosse de Nick no futuro. Isso já faz tempo, mas a memória ainda continuava viva.
Ele examinava a corrente de prata que havia na moto. Não era bem uma corrente, na verdade era um cordão que era de seu pai, que agora estava no chaveiro. O cordão era de prata e havia um pingente nele, como uma esfera prateada com algumas linhas que passavam por ela. Era raro os dias que Nick andava sem ela no pescoço.
Absorto demais em seus pensamentos, Nick não percebeu a chegada de sua mãe a seu lado.
— Lembra muito do seu pai, não é? — falou ela.
Nick não se assustou e nem se mexeu ao ouvir sua mãe. Parecia hipnotizado olhando a correntinha.
— Vou vender a moto. — disse ele finalmente.
A sra. Jonas cruzou as sobrancelhas, como se Nick tivesse falado outro idioma.
— Não, meu filho, você não precisa vender a moto. Com o que recebi pela casa, temos dinheiro suficiente pra pagar as coisas aos poucos. — sua voz não era convincente, mas foi bem objetiva.
Nick bufou, e se virou para olhar a mãe pela primeira vez.
Nick tinha a expressão cansada, como se estivesse naquela garagem o tempo todo sem comer.
— Eu vou estudar em Nova York, mãe. — disse ele, em tom completamente firme.
A mulher revirou os olhos, como se já tivesse escutado aquilo mil vezes.
— Você insiste nisso. — ela suspirou — Nick, agora eu não posso pagar uma universidade, mas também não vou poder se você for embora!
— Mãe, com o dinheiro que eu receber pela moto, posso conseguir uma bolsa. — seus olhos brilhavam, parecia que ele pensava em tudo imediatamente, como se tivesse pensado naquilo a tarde toda.
A sra. Jonas bufou com certa impaciência.
— Meu filho, entenda, mesmo se você vender a moto, isso não vai solucionar nenhum problema. Nova York é um lugar perigoso, eu não quero que...
— Mãe, já falamos sobre isso mil vezes! — Nick aumentou o tom de voz, se levantando da moto.
A sra. Jonas pareceu avaliar o rosto do filho. Raramente havia visto Nick tão determinado a fazer algo, principalmente nos últimos anos.
— É por isso, filho. Porque já falamos sobre isso mil vezes, e eu não entendo porque insiste em ir embora! — disse ela. Nick bufou — E já tinha me falado que queria estudar em Harvard, você recebeu a carta, porque de repente mudou de ideia e quer ir pra Nova York?
Nick apertou os lábios e pensou nas próximas palavras a dizer. Ele não sabia ao certo. Só conseguia pensar que algo muito mais forte o perigoso o puxava a Nova York, além de simplesmente estudar. Mas ele queria ir, estava tão motivado a isso que era capaz de passar por cima de todos!
— Mãe... A gente muda de opinião. — Nick deu de ombros, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo — Eu já disse que posso conseguir uma bolsa.
— Mas você já está praticamente dentro da Universidade de Harvard. E também, se quiser, pode conseguir uma bolsa aqui. — ela deu um sorriso fraco, que logo sumiu, enquanto passava os dedos no rosto do filho — É muito mais fácil.
Nick abaixou a cabeça. Não pensou que seria fácil. Mais um sofrimento a sua frente não seria fácil, mas ele só sabia de uma coisa: estava determinado. Estava decidido. E mais do que nunca, estava pronto.
— Então ainda não concorda comigo? — disse ele, olhando diretamente nos olhos da mãe.
— É. — ela assentiu com a cabeça — E tenho certeza de que seu pai também discordaria.
Nick sentiu como se novamente apertassem seu coração. A sra. Jonas nada mais falou e subiu novamente para casa, deixando Nick novamente sozinho.
Mas agora ele não queria pensar em mais nada. Ele sabia exatamente o que fazer. Parecia que tudo o que havia pensando passava por sua mente naquele momento, como se seu plano fosse o mais perfeito de todos. Sua mente se aguçou de forma impressionante e ele de repente tinha um caminho a seguir. Pela primeira vez em muitos anos, ele sabia pra onde ia.
Ele ia pra Nova York. Nada o impediria, nem mesmo sua mãe. Era lá. Era lá que ele estava. Era lá que o assassino que arruinou a vida de Nick e sua família estava.

Demi e Sophia pareciam esgotadas depois de tantos sorrisos e flashes. Demi mais do que Sophia, é claro. As duas ainda riam ao final do ensaio, e todos pareciam bem satisfeitos com o desempenho das duas. O fotógrafo estava mais feliz do que nunca, ele não parava de olhar a câmera e admirar as duas divas que havia fotografado.
Demi se virou para Sophia enquanto esta se olhava no espelho mais uma vez e perguntou:
— Mãe, será que podem me trazer um refrigerante?
— Xiu! Fica quietinha, criança, a estrela aqui sou eu. — respondeu Sophia, mexendo nos cabelos loiros em tom de deboche para a filha.
Demi apenas riu e se sentou na outra poltrona, achando tudo aquilo mais divertido do que pensava.
De repente, a morena assistente de Sophia entrou outra vez no estúdio, a qual havia sido. Ela foi diretamente ao fotógrafo, com uma expressão não muito boa.
— Com licença, desculpe interromper. — ela falou baixo, apenas para que o fotógrafo a olhasse — Temos problemas.
Ele revirou os olhos, claramente seu sorriso desaparecera e seu tom se tornava quase raivoso.
— Eu já disse que quando estou trabalhando, não me interrompa. — ele falou entredentes.
— É que... Tem um homem que insiste em entrar.
— E quem é?
— Eu sou o pai da Demi!
Todos se viraram ao ouvir a voz grave do homem de terno que acabava de entrar. Ele era forte e parecia ter uns 40 anos de idade. Seus cabelos eram baixos, mas percebia-se cachos tentando saltar para cima, exatamente como os cachos de Demi. Ele parecia estar em forma para um homem de sua idade, e não se podia negar que era bonitão.
A primeira a se manifestar foi Demi, que se levantou da poltrona completamente enraivecida.
— Quem doou o espermatozóide, melhor dizendo! — ela disse, com a cara emburrada.
A expressão no rosto do homem era indescritível. Não sabia se dizer se estava mais chocado por ver a roupa de Demi ou pelo que ela havia dito.
Sophia rapidamente se levantou, e não parava de encarar o homem a sua frente.
— Demi, deixa isso comigo, ok? — ela disse, se virando um pouco para a filha — Cuida dela pra mim, por favor.
Sophia não tirava os olhos do homem até ir ao seu encontro. Ela gesticulou para que fossem a um canto afastado no estúdio, e suas mãos pareciam já estar fechadas em punho.
O pai de Demi foi o primeiro a falar:
— Não vou permitir que a minha filha viva essas experiências imorais. — ele disse, com certo tom de desprezo.
— Imoral aqui é você! — Sophia disse entredentes — Você sumiu pouco depois que a garota nasceu, e nunca mais sequer telefonou. Isso eu não vou permitir, você não tem nenhum direito de estar aqui!
— Essa menina tem o meu sobrenome! — ele disse, com certo tom de autoridade — E lembre-se que nunca lhe faltou um centavo.
Sophia encarou-o, como se tivesse ouvido uma ofensa.
— O seu dinheiro nunca foi tocado. — ela disse, já com a voz falha — Está numa conta, e se quiser, eu te devolvo agora mesmo. Mas some daqui!

O diretor Ethan ajeitou a gravata antes de entrar em seu gabinete, já encontrando seu convidado posto em uma cadeira a frente de sua mesa, não despregando os olhos do celular.
O gabinete do diretor era um local confortável. Era pequeno, comparado a magnitude da escola. Sua mesa era de vidro e em cima dela continham sempre um computador e vários papéis espalhados. O piso era de madeira, mas era escondido por um tapete enorme que cobria quase toda a sala. O teto era extremamente alto, com um lustre pendendo incrivelmente lindo. Em toda parte haviam arranjos de flores, e uma parede da direita era revestida totalmente por retratos dos antigos diretores da Yancy. Haviam duas poltronas a frente de sua mesa, que era de um veludo vermelho vivo. A sua poltrona, a maior e mais magnifíca, era grande e preta, e se podia notar o quanto ele se orgulhava só de sentar nela. Coladas ás paredes, atrás das poltronas, havia um pequeno sofá, também de veludo vermelho vivo.
Ethan pigarreou, como um aviso de que havia chegado, e o convidado se levantou.
— Senhor Gomez. — Ethan sorriu, cumprimentando o homem a sua frente.
— Como vai? — eles trocaram um aperto de mãos, enquanto Ethan indicava a poltrona vermelha a frente de sua mesa.
Era sem dúvida que Jayden Gomez era pai legítimo de Selena. As semelhanças entre os dois eram completamente impressionantes. Jayden tinha um cabelo castanho escuro, parecido com o da filha, e era cortado bem baixo, o deixando ainda mais sério, e estava recentemente nascendo cabelos brancos. Estava posto em um terno cinza, e sua carranca era tão séria que desmanchou o sorriso alegre do diretor. Não se podia negar que sua figura era totalmente autoritária, então o desejo do diretor de agradar ao seu convidado podia até ser entendido.
Os dois se sentaram, cada um em sua cadeira, e a expressão do diretor já não era das melhores. É claro que Jayden já estava ciente do motivo pelo qual estava ali, sabia que Selena aprontara. Na verdade ele já sabia de tudo, tanto que estava tão entediado que não conseguia pensar em porque estava ali.
Ethan bufou, antes de continuar.
— Eu quero pedir que... o senhor me entenda. Isso foi mais do que uma travessura, foi... Vergonhoso. E ela fez na frente dos pais de todos os alunos.
Ethan parecia estranhamente constrangido ao falar. Ele sabia que Jayden já estava ciente do que Selena fizera no dia anterior, mas mesmo assim, aquilo o estava incomodando, pois Jayden não demonstrava expressão alguma. Raiva, decepção, alegria, nada.
Por fim, ele suspirou e disse:
— Eu entendo, Ethan. Pode dar a ela o castigo que quiser e pronto.
— Bem, foi justamente por isso que mandei chamá-lo. — ele deu um sorriso tão fraco que sumiu imediatamente, enquanto se recostava na poltrona — Eu acho que é o senhor quem deve chamar a atenção da sua filha.
Uma coisa pareceu se acender no rosto frio de Jayden pela primeira vez. Surpresa, talvez?
— Mas trata-se de uma questão disciplinar dentro do colégio. — ele disse como se fosse óbvio.
Ethan bufou e colocou as mãos no tampo da mesa.
— Olha, Jayden... Sinceramente, a sua filha tem que ter um limite. — falou Ethan, parecendo reunir toda a sua coragem. Na presença do milionário, ele parecia não saber o que fazer.
Jayden bufou, agora parecendo menor entediado na conversa com o diretor. Dessa vez sua expressão tomou uma nova forma, ele parecia estranhamente aborrecido.
— Perdão, senhor? — arriscou Ethan — Disse alguma coisa inconveniente?
— Não, não. — Jayden respondeu rapidamente, balançando a cabeça — Ao contrário. É verdade que eu sou muito bonzinho com ela. Mas como não tem mãe, eu estou sempre viajando... — ele deu de ombros, parecendo dizer que só aquilo bastava para compreender tudo.
Ethan deu um pequeno sorriso, mostrando certa compaixão.
— Mas faça isso por ela. Mais cedo ou mais tarde, senhor, sua filha vai entender.
Jayden encarou o diretor. O milionário tinha um ego muito orgulhoso, e parecia não ter se deixado abater pelas palavras de Ethan e que não pretendia mudar de ideia. Mas disse:
— Tem razão. — ele comprimiu os lábios, como se fosse duro estar tendo que se render a opinião de alguém que não fosse a dela — O que ela tem que entender agora é que tudo tem limite.

Um vento gelado empapava os cabelos de Nick naquela tarde fria na Flórida. A conversa com sua mãe sobre Nova York ainda pairava em sua mente e o jantar naquela mesma noite não foi um dos melhores. Mas como antes, Nick estava decidido. Nada tiraria aquela ideia de sua cabeça, não adiantava o quanto insistissem. Aquilo poderia não melhorar em nada sua situação e a sua família, mas com certeza iria retirar um peso de 100 toneladas das costas e da mente de Nick. Ele não aguentava mais ter de ficar imaginando onde aquele homem estava e o que faria se o visse, ele iria partir pra ação. Iria fazer.
Na tarde cinzenta e chuvosa, Nick subiu na sua moto e pisou fundo. Não sabia para onde estava indo naquele momento. Ele só queria espairecer, esfriar um pouco as ideias e parar de pensar. Não era fácil, claro. Como não parar de pensar quando tudo que sua mente queria fazer era arquitetar um plano ou qualquer coisa? Fazê-lo lembrar o que devia fazer. O que ele queria fazer.
Então ele se decidiu. Em menos de 20 minutos, ele estava parado a frente da concessionária de motos, pronto a vender uma de suas últimas lembranças com o pai.
E depois ele voltava para casa, mais uma vez pelas ruas cinzentas e com o vento gelado soprando em seu rosto, mas dessa vez estava a pé. Seu bolso mostrava um volume, o que significava o cheque que estava carregando. Suas mãos não saíam do colar em seu pescoço, parecendo que ele o estava sufocando. Nick sabia como aquilo era importante, uma parte de seu plano estava concluída. Aquele dinheiro seria mais importante do que nunca.

Sophia havia decidido repentinamente ficar em Los Angeles aquela noite. Depois da sessão de fotos da tarde anterior, parecia mais seguro não pegar um avião imediatamente pra casa. Certamente já havia um quarto no melhor hotel da cidade quando ela se apresentou, tentando ser discreta, com a filha e a assistente. Mas ela também havia ficado por outros motivos.
Era quase meia noite quando ela finalmente chegara ao quarto de hotel, parecendo extremamente cansada. Seus cabelos loiros estavam soltos, com os cachos teimosos rebeldes e vestia um vestido verde solto, que pegava até metade das coxas. Ele tinha um cinto no meio, deixando o vestido mais largo, e suas mangas eram grandes, quase até os cotovelos e Sophia estava incrivelmente linda.
Demi estava sentada em frente ao espelho, passando algo nos olhos como rímel e sombras. Ela havia prendido os cabelos negros atrás da cabeça com alguma pregadeira que havia encontrado por aí e vestia um vestido rosa de alcinhas florido. Era uma roupa "alegre" demais para o tipo de Demi, que era meio do "mal". Mas Solphia sabia bem que ela nunca sairia de casa assim.
Demi nem pareceu notar quando a mãe chegara.
— Demi, para de usar as minhas coisas, ok? — Sophia bufou ao ver que Demi usava suas maquiagens.
Ela jogou sua bolsa na cama, bufando de cansaço.
— Como foi com o velhinho? — perguntou Demi enquanto fechava um tubo de rímel.
— Mais respeito, mocinha. — Sophia franziu as sobrancelhas — É o seu pai.
Demi deu uma risada irônica.
— Querida, se ele pareceu meu avô, a culpa é sua, não minha. — ela deu um enorme sorriso falso para Sophia enquanto se levantava do espelho — O que ele quer agora?
Ela foi até a mini-cozinha que havia no gigantesco quarto e pegou uma lata de red bull, sua bebida favorita.
— Agora ele veio dizer que... Eu não sou boa mãe. — suspirou Sophia enquanto seguia Demi até a cozinha.
Sophia olhava Demi de modo estranho, como se toda vez que fosse falar algo tinha que pensar muito bem nas palavras certas, como se Demi fosse uma bomba prestes a explodir. Tudo o que conseguia pensar era no jantar que tivera com o pai da menina a algumas horas atrás.
A garota pareceu não perceber isso e se sentou no sofá vermelho ali mesmo, ainda com sua latinha de red bull.
— Bom, nisso ele tem razão. — ela revirou os olhos.
Sophia abriu a boca, meio chocada.
— Como pode dizer uma coisa assim, Demi? — sua voz falhou.
— Mãe, deixa de ser tão sensível! — Demi se levantou e abriu a geladeira, pegando uma taça repleta de chocolates — Olha, por sorte eu sei sobreviver a você, então diz pra esse velho que pode voltar sossegado pra Europa e parar de amolar.
Sophia suspirou.
— É isso que ele vai fazer. Mas impões certas condições...
— O que ele quer que você faça? — disse a menina, com a boca cheia de chocolates.
— A coisa é... É com você, filha. — a voz dela pareceu sumir.
Demi a olhou intrigada e Sophia deu as costas, voltando para a cama.
— Comigo? — Demi largou a taça de chocolates e correu até Sophia — O que esse homem quer comigo?
Sophia bufou. Não sabia o que dizer a Demi. De algum modo, sabia que a filha surtaria, mas não podia esconder isso dela.
— Ele... Tem certos direitos. É seu pai, não é? — ela fungou — Apesar de ter sumido tantos anos, a lei o protege e... Ele pode reclamar a sua guarda, Demi.
Para surpresa de Sophia, Demi soltou uma gargalhada.
— Mãe, se é isso, não se preocupe. — ela continuava rindo — Mandamos os melhores advogado e em um dia teremos um dinossauro fora da nossa vida. — ela se jogou na cama, sorrindo.
— Não, não. — Sophia balançou a cabeça, parecendo perturbada — Não quero problemas com advogados. Com essas fotos que vão sair na revista, e com os juízes que temos, corro o risco de te perder, Demi. — sua voz ficou embargada, e ela estava a ponto de chorar — Prefiro... Fazer o que ele pede.
Demi olhou para a mãe séria. Sabia que Sophia Jones era uma manteiga derretida e que chorava por qualquer coisa, mas ela sempre tinha um motivo para cair no choro.
— O que ele pede? — perguntou ela.
— Quer que... Você tenha uma melhor educação, Demi.
Demi deu mais uma risadinha irônica.
— Diz pra esse homem que eu já sou bem educadinha. E sei muito mais da vida do que qualquer menininha da minha idade. — ela deu de ombros.
Sophia tentava segurar seu nervosismo. Não estava chegando a lugar algum com aquela conversa.
— Ele fala de outro tipo de educação. — disse ela.
Demi juntou as sobrancelhas, confusa.
— Ele quer que eu te matricule num internato. — Sophia bufou.
A latinha de red bull caiu da mão de Demi.
— O que?! — ela gritou, sem se importar com as lágrimas da mãe. Havia levantado da cama em um salto, o choque em seu rosto — É brincadeira, não é?!

4 comentários:

  1. Meu Deus, como eu amo a Ashley \õ
    Nossa, a Selena faz uma pose de nojenta nessa história = /
    Mesmo assim, ela é perfeita *--------*
    Uau, o Joe sofreu um acidente! Coitado!
    Aiin, sua história me vicia :)
    Posta rápido, tá?
    Beeijo.

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  2. hehe' super perfeito *----*
    Eu amei :)
    Own sua Diva . hihi'
    Ficar sem chocolate não dá Selena u.u haha'
    Coitado do Joe ..
    Posta logo flor.
    bjos'

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  3. Coitadinho do Joe :(
    Ele vai ficar bem, né? A história tem que ser Jashley! Essa Cameron que leva o Joe pro mal caminho u_u
    Eu gosto demais da Ashley :]
    Beeijos ;*

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  4. ameiiiiiiiiiiiiiii

    tadinho do joe

    sel chocolate num da kk

    posta logo

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