quinta-feira, 21 de março de 2013

Um Dia de Cada Vez - 07

 “A noite enorme, tudo dorme, menos teu nome.” — Paulo Leminski.

Mansão Walker
Nova York

 — Você vai falar agora mesmo com o pessoal do sindicato. — Disse Alex com um de seus advogados, pegando um de seus inseparáveis cigarros no bolso. — Não posso mais contratar o pessoal, vão ter que fazer essas horas extras sem ganhar um centavo.
 O homem ali riu, parecendo um pouco incrédulo.
 — Mas, doutor, isso é impossível. — Falou ele. Alex deu de ombros.
 — Diga que é para fazer um esforço patriótico. Ameaçe-os, qualquer coisa. Mas consiga isso.
 — Sim, doutor.
 Os dois chegaram até o centro do hall, onde se localizava uma das maiores partes da enorme mansão. Alex e o homem pararam ali, enquanto observavam que naquele momento Joe, com uma extrema expressão de cansaço, descia as enormes escadas em formato de caracol.
 — Pai. — Chamou ele, segurando um bocejo, se encostando no corrimão. — Pra que mandou me acordarem?
 — Pode ir. — Alex olhou para o advogado, gesticulando até a porta. O homem assentiu de leve para o político e saiu pela porta da frente. Em seguida, olhou para o relógio e em seguida para Joe. — Já viu que horas são?
 — É bem cedo, não é? — Joe levantou as sobrancelhas. Alex riu.
 — Não é possível que você tendo o fim de semana livre, em vez de sair com seus amigos, fique na cama dormindo. — Alex balançou a cabeça, dando uma tragada em seu cigarro.
 — Pai, eu não tinha vontade de sair. — O garoto desceu as escadas, indo ao encontro do pai.
 — Posso saber porque eu pago o clube esportivo mais caro do país? — Alex foi caminhando até o jardim, sendo seguido por Joe.
 — Tive uma semana complicada.
 — E que complicações você pode ter na sua idade? Meu Deus, filho. — Deu um riso irônico.
 — Pai, mais do que você imagina.
 — É, eu imagino. — Os dois pararam no meio do jardim. — Deve ser porque o seu computador deu defeito, ou então você manchou a sua camisa preferida. — Alex revirou os olhos, irônico. — Anda, filho, me conta. — Recomeçou a andar, tragando seu cigarro.
 — Pai, se vai debochar, não vale nem a pena contar.
 — Não. Quem decide se vale a pena ou não, sou eu. — Os dois se sentaram na mesa de madeira na beira da piscina.
 — Ok. — Suspirou.
 — Anda, estou escutando. Senta aí. — Apontou para a cadeira em sua frente.
 — Não quero, pai.
 — Está bem, está bem. — Alex suspirou, jogando seu cigarro em um canto da grama. — Se você não quer contar os seus problemas para o seu pai, você tem todo o direito.
 Joe abriu a boca para falar, mas foram interrompidos por um toque de celular. Joe rapidamente tateou os bolsos, pegando seu iPhone e olhando para a tela, com as sobrancelhas cruzadas. Em seguida, o garoto bufou e colocou o celular na mesa.
 — Quem era? — Perguntou Alex, revirando os olhos.
 — Não sei, desligou. — Ele deu de ombros, se levantando. — Bom, eu já vou. — Se aproximou de Alex e lhe deu um beijo no rosto. — Depois eu falo.
 Alex esperou até que Joe desaparecesse de vista, e então pegou seu celular do bolso, olhando pra ver se o filho voltava. Visando que isso não aconteceria, ele discou alguns números no iPhone, colocando-o na orelha em seguida.
 — Elizabeth. — Disse ele á sua esposa. — Você tem o código da caixa postal que demos para o Joe? ... Procure e me ligue em seguida. — Ele desligou, bufando alto.

 — Bom... Dia.
 Nick adentrou no escritório de Jayden, vendo que não havia alma nenhuma naquele lugar. Ele olhou para os lados, tentando ver se achava-o, mas ele não estava. Nick estranhou. Jayden não o deixaria sozinho naquela mansão gigantesca logo em seu segundo dia de trabalho, e ainda mais tinha Selena! Nick tinha que pensar na garota, e pensava a cada vez mais nela agora que tinha plena consciência de que ela estava a metros dele, e ela nem sabia disso, para o alívio do garoto. Nick parou os olhos na mesinha de centro na frente da poltrona vermelha, a qual se sentara ontem o dia inteiro. Havia ali o café-da-manhã mais bem preparado que ele já vira na vida. Pães, torradas, café, leite, suco, bolo... Era um típico café-da-manhã que ele nunca sonhara em ter na vida. Percebera que seu laptop estava posta também sobre a mesinha, já aberto. Nick bufou e sorriu disfarçadamente. Não que aquilo fosse ruim, mas parecia que Jayden queria fazer todos os agrados á Nick. E ele não perdia a diversão.
 — Cortesia do senhor Gomez. — Nick murmurou, rindo, enquanto se encaminhava para a mesa.
 Nick se sentou e por alguns segundos ele encarou a mesa farta á sua frente. Não podia negar que aquilo era realmente demais, ele não esperava. Aproveitou e pegou uma xícara de café, decidindo não desperdiçar tanta comida posta ao seu favor. Nick encarou também algumas coisas sobre a mesa. Havia um caderno aberto ao lado do laptop e uma caneta já posta em cima da folha de papel. Ele balançou a cabeça, sorrindo mais uma vez. Havia mais um tubo de lápis mais acima do caderno, e foi quando ele olhou para a frente. Nick quase cuspiu todo o café que ele havia acabado de ingerir. A sua frente, a enorme janela de vidro, que ia do chão até o teto, estava sem as cortinas e completamente despida. Dela se podia ver o enorme quintal de gramado lá fora, junto com a enorme piscina. Mas não foi isso que assustou Nick. Lá fora, exatamente á sua frente, encontravam-se Selena e as meninas, que estavam viradas para a janela, fazendo movimentos que Nick não entendera.
 Rapidamente, o garoto largou a xícara na mesa e cautelosamente se locomoveu para atrás da parede, saindo das vistas da janela de vidro transparente. Seu coração pulava naquele momento. Se Selena o visse ali, ou até mesmo qualquer uma das meninas, ele estaria muito encrencado. Jayden não estava ali, então suas tentativas de explicar seriam inúteis, ele sabia disso. Mas ele não podia ficar escondido ali simplesmente, então Nick arriscou olhar para fora de novo, com o medo invadindo em si, se perguntando se alguém o havia visto.
 Olhando para fora, ele viu realmente o que as meninas faziam. Elas não estavam muito longe da janela, mas também não estavam tão perto a ponto de se preocuparem em olhar para dentro do escritório. Isabella estava sentada em uma das cadeiras dobráveis que havia perto da piscina e comia algo, que Nick interpretou como algum tipo de fruta; enquanto Selena e Emily pareciam dançar, ou se alongar, mas faziam muitos movimentos com as pernas e com os braços. Ele balançou a cabeça.
 As meninas estavam com roupas minis! A atenção de Nick realmente foi prendida. Isabella estava com roupas normais, uma bermuda simples e uma camiseta, sentada. Emily usava um shortinho e um top, e ela e Selena rebolavam em um ritmo de alguma dança enquanto conversavam ao mesmo tempo. Mas Selena... Nick abriu um sorriso involuntariamente. A garota estava linda! Sempre era, sempre foi, Nick sabia disso, mas naquela hora, olhando-a tão de perto e ao mesmo tempo tão longe fez borboletas baterem asas com força em seu estômago, e dessa vez ele não as impediu. Não as mandou embora, como sempre fazia quando elas atacavam. Seus olhos pareceram se fixar somente na garota, e mais ninguém. O jeito como Selena se balançava, o fez se lembrar do jeito como se olharam no clube de férias. O jeito como Selena o olhava era de um jeito único. Ele nunca iria se esquecer da primeira vez que viu a garota nos corredores do Highland, da primeira vez que se dirigiu a ele e em como a decepção inundou seu pensamento ao saber que ela era uma Gomez.
 Aquilo fez com que o sorriso de Nick desaparecesse, e mais uma vez ele ordenou as borboletas a saírem. Selena era um caso impossível pra ele, ele jamais poderia tê-la e já havia aceitado isso a muito tempo, mas seu coração era teimoso. Ele jurava que o desejo havia se esmaecido, mas não era bem assim. Ele ainda continuava ali, quieto, á espreita, esperando a primeira oportunidade em que Nick e Selena se encontrassem novamente pra ele atacar. Nick balançou a cabeça forte, tentando afastar esses tipos de pensamentos. Era o melhor a se fazer. Também porque, praticamente, estava com o nariz quase torcido no vidro.
 — Isabella, chega! — Falou Selena, parando com a "dança". — Para de comer e vem trabalhar!
 Isabella pareceu ignorar a ordem da amiga e apenas revirou os olhos, dando mais uma mordida na maçã. Nick suspirou e voltou a olhar. Não conseguia, ele estava completamente centrado nas garotas. Ou melhor, na garota. Selena também ignorou a teimosia de Isabella e ela e Emily recomeçaram a dançar. As duas conversavam enquanto se mexiam, algo também sobre a dança, pois Selena parecia estar ensinando Emily a dar alguns passos. Nick deixou escapar um sorriso. Ele não podia ficar ali, ele tinha que trabalhar, mas no momento não via sentido. Jayden não estava ali, e ele corria risco de ser visto pelas garotas por causa da enorme janela de vidro. E, acreditem, ser visto por elas não iria ser bom, Nick sabia disso. Mas seus olhos não se desviavam para outro lugar, parecia uma missão impossível. E ele também não estava muito afim de parar de encarar Selena.

 — Ok, obrigado. — Alex desligou o telefone, pondo seus óculos de grau.
 Ele novamente pegou o celular de Joe que ainda estava posto sobre a mesa, e dessa vez não havia tentado colocar os códigos, como havia feito da outra vez. Ele agora conseguira o código da caixa postal. Ele, agora com um ar de vitorioso, ligou para o número. "Por favor, digite o número de sua senha", falou a vozinha no telefone. Alex digitou, os dedos correndo rápido pela tela. "Você tem uma mensagem nova", avisou novamente a voz. Ele esperou, esperançoso. Depois, ele rapidamente conseguiu identificar a voz de Jacob na mensagem: "Joe, sou eu, Jacob. Temos que conversar, cara, eu juro que eu não sei o que aconteceu. É verdade, eu fiquei com a Emily, mas... Eu não sei como foi.", o tom de voz dele demonstrava certo nervosismo. "... Eu queria te contar, mas não queria falar na frente de todos! Por favor, Joe, me liga!" Alex desligou o telefone ao fim da mensagem, encarando o celular em suas mãos. Várias coisas se passavam por sua cabeça naquele momento.

 Selena e as garotas haviam acabado de tentar criar a dança, e agora queriam se divertir, mais por mando de Selena. Isabella, por sua vez, só queria ficar sentada e comer, como sempre. Emily já era mais elétrica, e isso entusiasmava Selena, fazendo com que a garota fizesse de tudo e mais um pouco para se mexer. As garotas colocaram um bíquini, mas a tentativa de tomar um banho na piscina não foi lá bem sucedida.
 — A gente não devia ter colocado bíquini. — Falou Selena, recolocando seu short jeans claro. — A piscina está gelada.
 Emily bufou, se sentando na borda da piscina.
 — Isabella! — Chamou Selena, sorrindo. — Não está afim de nadar?
 — Não, não. — Respondeu ela, rapidamente. — É que eu... Estou com frio.
 Emily riu, e olhou de soslaio para Selena, um olhar de provocação. Ela se levantou e caminhou até Isabella, com Selena.
 — Ou você mergulha — começou Emily. —, ou a gente atira você.
 — Não quero. — Isabella balançou a cabeça. — Não quero...
 Selena bufou.
 — Porque você é tão baixo-astral ás vezes? — Ela ergueu uma sobrancelha. — Agora que está emagrecendo, você tem que se cuidar, fazer exercícios físicos... Olha só, vou te dar uma dica! — Ela pegou uma garrafa d'água e um copo, erguendo-o na frente de Isa. — Você vai beber toda essa água sem respirar. Ajuda a enganar o estômago. — Ela deu um copo á garota, agora cheio.
 — Sem respirar? — Isabella arfou.
 — Pois é, isso é bom. Vai, amiga, não podemos deixar esses 3 centímetros voltarem de novo.
 Isabella balançou a cabeça e largou o copo em cima da mesinha.
 — Não vão ser só três... Vão ser quatro, amigas, eu prometo! — Ela sorriu, fazendo Selena dar um gritinho.
 — Mas se você continuar comendo... — Disse Emily, mexendo nas unhas.
 — Ah, Emily, não fala assim! — Interrompeu Selena. — Ela vai conseguir, tá se esforçando. Porque não ensaiamos um pouco a coreografia? — Sorriu.
 — É, vamos lá. — Disse Emily.
 — Ok, eu vou lá pegar a câmera. — Isabella se levantou. — Eu volto logo.
 — Isso, amiga. Se movimentando! — Selena riu, contagiando as garotas.

 E de repente ele já estava lá. Andou um pouco pela casa, e de repente abriu uma porta chamativa. Nick sabia exatamente onde estava entrando, era óbvio. Em qual casa haveria uma porta rosa cheia de glitter com uma placa escrita "Princesa" bem na frente, em letras berrantes? Ele sabia que aquele era o quarto de Selena. De quem mais poderia ser? Mas quando colocou a planta dos pés ali, seu coração pareceu dar um surto de susto.
 Era o maior quarto que já vira na vida. E, meu Deus, nunca vira tanto rosa em sua frente. Ele podia jurar que o quarto era maior do que sua casa inteira, se isso não fosse um exagero. Uma enorme cama de casal estava posta no meio do quarto, com tapetes felpudos e outra grande porta intiltulada "Closet". Não, ali ele não iria entrar de jeito nenhum. Quantas milhares de roupas deveriam haver ali? Ele seria capaz de se perder, conhecia Selena bem nesse ponto, sabia que a garota era a maior patricinha que já vira. Mas ele se focava em cada parte do quarto. Parecia impecável, tudo organizado e muito cheiroso. Ele praticamente se embriagou com o cheiro do quarto, aquilo era bom. Ele deu os primeiros passos para dentro do cômodo, rolando os olhos, admirando cada detalhe. Era lindo, ele não podia negar.
 Parou os olhos na escrivaninha, observando os detalhes. O notbook ali, totalmente rosa e mais alguns apetrechos de estudo, todos organizados. Olhou mais em volta e percebeu o gigantesco espelho ali. Nick quase ficou assustado. Nunca vira um espelho tão grande. Pegava do teto até o chão, igualmente a janela do escritório de Jayden. Ele se sentia pequeno se olhando daquele ângulo. Muito pequeno. Nick bufou e fechou os olhos por algum segundo, só sentindo. O cheiro, a maresia que o quarto parecia difundir... Ele se desligou.

"E de repente ela estava ali. Eu me lembrara de ter aberto os olhos, mas não havia escutado nenhum passo, nenhum barulho. Mas de repente ela estava ali. Na minha frente. Tão real como quando a vejo todos os dias. Estava com uma roupa diferente. Agora ela estava envolta num vestido simples e branco, com os cabelos soltos e com um sorriso lindo e perfeito, olhando para mim. Eu me perdi completamente, minha cabeça pareceu dar vários giros. Como ela não estava gritando e me batendo? Como não estava surtando por saber que eu estava em seu quarto? Isso deveria ser um motivo para anunciar a minha morte, pois ela me mataria, e com muito prazer. Mas naquele momento nada se passava em minha mente, a não ser ela! A não ser que ela estava ali, na minha frente, natural e linda. Parecia tão real, eu deveria estar sonhando.
E de repente ela foi dando passos a frente, foi caminhando lentamente em minha direção, ainda com um sorriso perfeito e angelical. Meu coração, ah, meu coração! Ele parecia estar em uma caminhada de carnaval naquela hora, pois a cada passo que ela dava para chegar mais perto de mim, mais ele se alegrava. Era incrível o que sua presença fazia comigo. É muito mais do que eu imaginava. E quando me dei por mim, quando percebi, ela havia se aproximado tanto que eu havia me sentado na cama. Havia caído ou havia sido empurrado? Eu não sabia. Só sei que agora ela via, quase sensualmente, até mim. Eu balancei a cabeça, começando a ficar trêmulo. Ela se sentou do meu lado na cama, dessa vez se aproximando de mim. A primeira coisa que me passou pela cabeça era que eu deveria sair correndo daquele quarto naquele instante, era que eu estava realmente sonhando e que nada daquilo era real, mas eu não conseguia. Algo estava me prendendo ali, e eu odiava pensar que aquilo era ela! Ela se aproximou de mim e, lentamente, foi se aproximando a cada vez mais. Instantaneamente, eu fechei meus olhos e, em alguns segundos depois, eu pude sentir a leveza e a doçura de seus lábios nos meus. Eu mal podia acreditar. Era muito real, isso que eu não conseguia entender! Eu estava beijando Selena Gomez novamente, e parecia muito real. Nada se passava por minha cabeça naquele momento, a não ser o desejo que eu tinha de tê-la a cada vez mais. Agarrei-a pelo pescoço e pelos braços e aproximei mais nossos corpos, enfiando minha língua violentamente em sua boca. O que era aquilo? Eu estava louco? Havia prometido a mim mesmo que aquilo jamais se repetiria em minha vida, aquilo era um pecado, eu havia prometido a mim! Prometi que nunca mais trataria meu coração como prioridade, pois ele estava me levando a caminhos que eu não podia. Mas aquele momento era demais pra mim. Eu sabia que sentia algo por ela, algo que eu não podia sentir, que deveria ser rejeitado por mim desde o início. E naquele momento eu me lembrei daquele nosso primeiro dia, de como eu queria ela a cada vez mais e tive que me conter a cada vez que a via, mesmo de longe. Eu tinha que me conter! Eu tinha ódio disso, tinha ódio de me conter. E de repente minha mente pareceu dar um impacto, e eu pareci acordar..."

 Nick abriu os olhos e olhou em volta. Estava sentado na cama de Selena, agarrando ou abraçando algo no ar que ele na hora não compreendeu. Depois bufou e pareceu querer se matar. O que ele estava fazendo? Não, ele não havia acabado de sonhar acordado com a garota que ele deveria desprezar. Aquilo era o cúmulo, ele não podia. Seu coração parecia martelar naquele momento, de tanto que batia. Sua cabeça também deveria estar doendo, mas não estava.
 E então ele ouviu os passos. Seu coração foi a mil, e a adrenalina correu por suas veias. Ele podia ouvir que os passos estavam rápidos, alguém parecia correr para o quarto. Nick se levantou rapidamente, olhando para os lados, procurando uma solução, algo a se fazer, não poderia ficar ali. Ele viu uma enorme pilastra no meio do quarto e não pensou duas vezes. Bateu de peito com ela e esperou, bufando.
 Isabella entrou no quarto, parecendo olhar para todos os lados, procurando algo. Nick se sentiu meio aliviado ao saber que era sua suposta "namorada", mas isso não o relaxou. Isabella, por fim, pegou uma filmadora em cima da escrivaninha e saiu rapidamente do quarto, nem virando os olhos para a pilastra. Nick suspirou após ouvir a porta bater, e nunca havia se sentindo tão aliviado em toda sua vida.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Um Dia de Cada Vez - 06

“Ninguém deveria ter tanto medo da tristeza assim.” — Zaluzejos.

Casa de Selena, mansão Gomez
Nova York

 Nick já se encontrava no escritório de Jayden, estimulante como sempre, oferecendo sorrisos e ajuda para o empresário. Jayden se alegrava ao ver o garoto, como ele se esforçava para tal assunto e ia bem. Nick queria mostrar á ele o quanto estava interessado, e na maior parte das vezes em que estava com Jayden, não se esquecia um minuto do motivo que o levara a estar ali. O acidente de alguns minutos atrás não saía de sua mente, Nick não podia negar que estava meio apavorado com o que a Seita poderia fazer com ele, mas logo retirava esse pensamento. Após passar pela Times Square, Nick nem se lembrava mais disso, por enquanto.
 Após alguns minutos, Jayden se retirou da sala, o que deu uma brecha enorme que Nick esperava. Ele, sorrateiramente, começou a vasculhar entre as tantas gavetas algo que era de seu interesse. Mas não foi muito longe, e com um pulo, ele já escutava a voz de Jayden vindo pelo corredor. Nick voltou-se á poltrona vermelha ao lado da enorme mesa de vidro, pegando novamente seu laptop.
 — Não, eu é que sinto muito. — Falou Jayden ao telefone enquanto adentrava novamente na sala. Nick o observou pelo canto do olho. — Ok, obrigado. — Ele desligou o telefone, se sentando em sua cadeira e voltando sua atenção para Nick. — E aí, como está?
 — Muito bem! — Ele sorriu, entusiasmado. Na mesma hora, pegou o laptop em seu colo e o colocou na mesa, na frente de Jayden. — Olha só.
 — Puxa vida. — Jayden suspirou, olhando para a tela com admiração. — Esse gráfico está muito bem desenhado. — Ele virou-se para Nick. — Como sabe tanto?
 — Bom, o meu pai era um expert em marketing e comércio exterior. — Ele deu de ombros, olhando para Jayden. Seu olhar sempre mudava ao falar do pai, ainda mais quando estava na presença da pessoa que o havia matado, pensava Nick com muita repulsa. Sentia nojo de Jayden ao pensar nesse ponto das coisas. — As pessoas também diziam que ele era um expert em relações humanas. — Nick deu um riso fraco, e rapidamente voltou a expressão séria. — Mas infelizmente ele morreu. — Sussurrou.
 Jayden encarou o garoto, soltando um suspiro. Nick revirou os olhos, não querendo olhar para Jayden naquele momento. Ele parecia nem lembrar de seu pai, pensava Nick. Parecia um total ignorante com um fato desses.
 — Eu sinto muito. — Jayden suspirou, colocando uma das mãos no ombro de Nick. — Gostaria de tê-lo conhecido.
 Jayden voltou os olhos para o computador e Nick pareceu ter levado um tapa na cara. Sua dúvida foi respondida naquele momento: Jayden não se lembrava de seu pai. Nick balançou a cabeça, de repente arfando por alguns segundos. Um ódio súbito subiu em si naquele instante, mais ódio ainda do que sentia pelo empresário. Nick balançou a cabeça e se afastou, antes que cometesse uma loucura.
 — Hum... E a Selena? — Perguntou Nick, e de repente uma onda de borboletas invadiram seu estômago. A pergunta saiu de seus lábios rápido demais e ele não fazia ideia do porquê havia perguntado logo de Selena, mas não conseguia pensar em mais nada.
 — Selena deve estar pra chegar com as amigas. — Respondeu ele, com um sorriso. — Selena, Emily e Isabella. O trio invencível.
 O sangue sumiu do rosto de Nick. Como assim as três? Já seria bem difícil se tivesse que lidar a estar a poucos metros de Selena, ainda mais que as amigas estariam juntas. Dessa vez seu estômago embrulhou, e ele decidiu não estar ali. Ele pensou em Isabella. Se ela o visse ali... Depois de algum tempo, Nick percebeu que havia torcido o nariz em sinal de nojo. Jayden riu.
 — Não se preocupe. — Disse ele. — Eu já disse que a casa é muito grande. Ela nunca aparece por aqui quando sabe que eu estou trabalhando. Odeia meu trabalho. — Jayden abriu um sorriso e Nick riu forçado. Aquilo não o reconfortava nem um pouco. — Mas e então, me explique isso. — Ele apontou para o gráfico na tela.

Quarto de Selena, mansão Gomez
Nova York

 — Eu acho horrível o que você fez com o Joe. — Murmurou Isabella para Emily, enquanto a loira corria em uma esteira no enorme quarto de Selena. Isabella penteava os cabelos no enorme espelho.
 — Ele me traiu primeiro, ok? — Emily bufou, revirando os olhos.
 — Mas você conseguiu a sua vingança. — Falou Selena, deitada na cama gigantesca de casal cor-de-rosa. — Porque você fez com que ele fosse considerado o maior idiota do colégio.
 — Espera aí, ele não me dava a menor bola! — Emily balançou a cabeça. — Ele me humilhou. Ele disse que colocou um chifre em mim, ok? To fora!
 — Você podia ter terminado com ele. — Isabella bufou.
 — Aprende uma coisa: os homens feito o Joe tem que ser enganados antes que eles enganem você. Eles sempre te põe um chifre.
 — Nem todos. — Isabella suspirou, balançando a cabeça. — O Nick não é assim.
 Emily deu um pigarro, sorrindo irônicamente.
 — Fala sério, tolinha. — Murmurou ela. — Porque você acha que não está saindo esse fim de semana com o seu... Namoradinho? — Ela torceu a última palavra em uma voz anasalada. Isabella a encarou, parecendo pensar nas palavras certas.
 — Ele tinha muita coisa pra fazer. — Respondeu ela, revirando os olhos de Emily.
 — E você acreditou nisso?
 — Mas é claro.
 — Fala sério, Isabella! — Ela grunhiu. — Coloca a mão na testa, você está cheia de chifre! — Ela deu um tapinha na testa de Isabella. A garota abriu a boca para protestar, mas Selena interrompeu.
 — Já chega de falar desse caipira! — Gritou ela, bufando. — Já chega, eu não suporto ele. Por favor, meninas, temos que começar a trabalhar. Temos que ver esse lance da canção, a seleção do novo grupo de dança, tudo isso. — Suspirou.
 — Nós já temos tudo isso. — Disse Emily. — Nós já temos a nossa coreografia. Dançamos aquela e passamos.
 — Não, vocês têm que ver isso, meninas. — Selena deu um sorriso falso e se levantou da cama, indo até sua escrivaninha próxima á janela e pegando um papel cuidadosamente, onde era visível o enorme logotipo do Highland. — Eu tinha que ter mostrado. Isso aqui é o que a professora vai avaliar. E nós temos que ser as melhores, por isso temos que mudar tudo pra fazer do jeito que ela quer.
 — Onde você conseguiu isso, Selena? — Emily sorriu, parecendo ter ignorado tudo o que Selena havia falado.
 — Eu tenho os meus métodos. — Selena deu um sorriso vitorioso e as três riram animadas.
 — E é muito difícil o que ela pede? — Perguntou Isabella, se virando para Selena.
 — Isabella. — Selena bufou, se prostando ao lado da amiga. — Pra Selena Gomez, não tem nada difícil. — Ela riu, contagiando Isabella. — Simplesmente temos que mudar a coreografia. E só temos que ser as melhores. — Deu de ombros. — Porque quero me livrar da estúpida da Demi e do grupinho dela pra sempre.
 — Tudo bem, e o que você tem em mente? — Falou Emily.
 — Nada, só vamos mudar a coreografia, mudar a canção e muitas...
 — Olhem! — Gritou Isabella, fazendo Selena a olhar meio assustada.
 — O que foi?
 — Eu estou com 3 centímetros á menos! — Bradou Isabella, segurando a borda da calça.
 — É claro. — Selena bufou. — Por causa da sua bebedeira daquele outro dia.
 Emily riu, saindo da esteira, se olhando no espelho. Isabella fechou a cara.
 — Mas isso então quer dizer que eu emagreci com um ataque de vômitos. — Ela balançou a cabeça.
 — O que? — Selena juntou as sobrancelhas, encarando Isabella. Com certeza, o que se passava na cabeça da garota naquele momento não era bom. Não o que Selena estava tentando dizer. — Não. Você só fala besteira. — Ela revirou os olhos, de repente voltando a sorrir. — Vem cá, porque vocês não me ajudam a procurar o que o meu pai comprou pra mim? Sabe, uns vestidos novos. — Seus olhos brilharam. — E é com eles que a gente vai se apresentar.
 — Então vamos logo! — Emily bateu palmas, animada.
 — Eu não lembro onde eu coloquei. Me ajuda, Emily! — Falou enquanto as duas andavam pelo quarto gigante.

Escritório de Jayden, mansão Gomez
Nova York

 Nick e Jayden já haviam trabalhado bastante. Jayden gostava do jeito de Nick, o garoto era estimulante, dedicado, fazia de tudo para as coisas com que se interessava dessem certo. Pelo menos era isso que Nick demonstrava ao empresário. Jayden o olhava como um filho, realmente gostava do garoto, e se perguntava onde estavam seus pais ou responsáveis, que aparentemente Nick não tocava muito no nome deles. Essa pergunta rondava sua mente constantemente.
 — Jayden. — Chamou Nick, enquanto mexia no laptop em cima da poltrona vermelha. — Ér...
 — Algum problema?
 — Onde está o último status desse ponto? — Ele colocou o laptop diante de Jayden, na mesa. — Porque eu não o encontro em lugar nenhum, e tem que colocar no computador.
 — Ah sim, a pasta deve ter ficado no quarto lá de cima. — Suspirou. — Eu ainda tenho coisas lá. Eu tenho que terminar de arrumar, mas nunca tenho tempo.
 — Quer que eu vá lá pegar? — Nick deu de ombros.
 — Sim. — Respondeu rapidamente. — Está lá no quarto á primeira porta á direita.
 — Primeira porta? Obrigado. — Caminhou para fora da sala.
 — Não tem de quê.

Área abandonada
Próximo ao Highland PS
Nova York

 Madison e Samuel estavam agora do lado de fora do caminhão, sentados em meio á bagunça, e Madison tentava distrair a atenção do garoto para que conseguisse esperar Demi chegar. Depois da brincadeira dos socos e dos pontapés, os dois conversavam sobre coisas aleatórias, e Samuel sorria muito na presença de Madison.
 — Agora que você me ensinou a dar uns socos e pontapés, você não vai conseguir me dar uma surra. — Falou Samuel, sorrindo.
 Madison levantou as sobrancelhas, rindo em seguida.
 — Olha aqui, brocólis, eu bato em você com um dedo. — Falou ela.
 — É? — Ele riu. — Mas eu vou treinar muito e vou deixar você que nem pastel.
 Madison gargalhou.
 — Olha só, eu vou trazer um saco pra você treinar de verdade.
 — Sério? — Seus olhos brilharam.
 — Sério.
 Samuel correu para os braços de Madison, se enroscando em um abraço. Madison se assustou, como se aquele abraço a pegasse de surpresa. Samuel era tão minúsculo que só chegava á sua cintura, e no entanto o local em seus braços era perfeito pra ele. Madison passou as mãos pelas costas do garoto delicadamente, percebendo o quanto se parecia com ele. Os dois haviam começado do mesmo jeito, e ela desejava mais do que tudo que ele não terminasse como ela. Ela não queria que ele terminasse em um orfanato, como ela havia terminado. E agora ele tinha a chance de ter um destino diferente e Madison estava disposta a fazer de tudo pra que aquele simples garotinho tivesse um destino de outra forma, e ela se achava capaz disso. Demi também, apesar de não demonstrar, não iria deixar que o garoto tivesse o destino em um orfanato.
 Madison foi tirada de seus pensamentos quando olhou pra frente e se assustou. Um enorme colchão estava sendo carregado, com muita dificuldade. Madison se assustou por alguns segundos, mas logo pôde ouvir o gemido da outra pessoa detrás do colchão. Ela respirou aliviada, sabendo quem era.
 — Olha só. — Ela cutucou Samuel, e o garoto olhou para o colchão "andante".
 Os gemidos continuaram, e os dois puderam perceber que estava sendo carregado com dificuldade. Depois de 2 segundos, o colchão caiu no chão, e detrás dele eles puderam ver uma Demi cansada e ofegando de cansaço.
 — Surpresa. — Ela arfou, e em seguida se jogou em cima do colchão, de barriga pra baixo.
 Samuel se soltou dos braços de Madison rapidamente, mais entusiasmado do que nunca.
 — Demi! — Ele gritou, se jogando no colchão e indo pra cima da garota. — Você comprou meu colchão! Você conseguiu um colchão novo! — Seus pequenos olhos verdes brilhavam ainda mais.
 Demi e Madison riram. Sabiam o quanto aquilo deixava Samuel feliz. Elas podiam sentir a alegria irradiando dele, o que as deixava consequentemente felizes também.
 — Ah, tira esse carrapato daqui! — Gritou Demi, rindo.
 Eles continuaram rindo até ouvirem mais passos se aproximando. Pareciam estar correndo. Todos viraram a cabeça ao mesmo tempo para ver quem era.
 — Miley! — Samuel gritou, correndo para os braços da garota, que estava cheia de sacolas.
 — Oi, meu amor! — Ela sorriu, dando um beijo na testa do garotinho.
 Samuel se soltou rapidamente da garota, voltando ao seu tão amado presente novo. Miley se ajoelhou no colchão.
 — Olha o que eu trouxe. — Disse ela, pegando as sacolas. — Comidinha pra todo mundo!
 Todos gritaram, animados.
 — Que bom! — Falou Madison, se sentando no presente de Samuel. — Eu tô morrendo de fome.
 Enquanto pegavam as comidas, todos conversavam animadamente. Existia um grande clima de comunhão entre eles. Todos riam e conversavam bem, Samuel estava mais animado do que nunca. Estava mais animado do que um dia poderia se sentir. E entre tantas outras conversas, ouviram um celular tocando de repente. Todos se olharam por uns minutos e logo Demi, que parecia ter "acordado", tateou os bolsos do short, pegando seu iPhone, que parecia gritar naquela hora. Ela olhou o número, e praticamente arregalou os olhos, de surpresa.
 — Alô! — Ela praticamente gritou. Os outros ao seu redor voltaram a atenção para a conversa e a comida. — Até que enfim! Onde você se meteu? Eu mandei mil mensagens... Aham... Ele está aqui, porque? — Ela olhou de canto de olho para Samuel. — Sim... — Ela juntou as sobrancelhas, de repente sua cabeça girou. — O QUE?!
 Demi gritou tão alto que fez os outros olharem pra ela, de repente meio assustados. Os olhos de Demi pareciam concentrados em outras coisas, e o telefone ainda estava em sua orelha, mas ela estava em silêncio. Pareciar arfar de repente.
 — O que houve? — Perguntou Madison, praticamente sussurrando.
 Demi desligou o telefone, bufando. Não sabia mais o que fazer.

Mansão Gomez
Nova York

 — Me perdi. — Sussurrou Nick á si mesmo.
 O garoto andava pelos corredores compridos da mansão, parecendo andar em círculos, pensava ele. Nada era igual, e também ele não encontrava o tal quarto. Ele não iria voltar á sala e pedir para que Jayden disesse novamente a localização do quarto, ele iria conseguir achar, havia botado em sua cabeça. Haviam várias portas, e a casa era realmente enorme, Jayden não estava brincando. Mas Nick não iria perder a paciência, iria continuar procurando.
 Depois, ele entrou em uma sala. Nick soltou um suspiro. A sala era grande demais. E bonita demais. Ele nunca vira coisa tão linda na vida. Só a sala de Jayden era relativamente o tamanho de sua casa inteira. Ele queria, mas não podia ignorar os detalhes daquela sala. Os sofás, brancos como a neve, o tapete impecável de plumas, a enorme TV que o fazia se sentir em um cinema, as paredes de um branco lindo. Ele estava maravilhado. Não tivera tempo de perceber as coisas na casa, mas sabia que ainda tinha muita coisa a conhecer. Por um momento, ele se esqueceu dos detalhes e voltou á andar, percebendo uma porta na lateral da parede, e ali poderia estar o que ele procurava.
 Só que Nick parou repentinamente, quando estava a alguns passos de entrar na porta. Uma voz fez seu coração gelar, e Nick sentiu o sangue sumir de seu rosto.
 — Eu não sei porque não consigo achar a calça de ginástica. — Ouviu-se a voz de Selena. — Eu não entendo!
 A voz se aproximava a cada vez mais. O coração de Nick pulou. Ele não poderia ficar ali! Selena se aproximava, e pela sincronia de passos, ela não estava sozinha. Ele podia ouvir bem claramente a voz de Emily e Isabella que a seguiam. Nick arfou, olhando para os lados, tentando pensar em alguma coisa. Depois, ele viu o sofá e a única coisa que pensou - e que podia fazer - era se esconder. Ele não podia correr, Selena e as outras ouviriam seus passos. Nick se abaixou atrás do grande sofá, pegando algumas almofadas e as jogando em cima de si. Ok, era ridículo, mas a cabeça dele girava tão rápido que ele não conseguia pensar em nada melhor.
 — Droga! — Agora ele ouvia claramente que Selena já entrava na sala. — Onde essas empregadas guardaram?
 — Calma, Selena! — Ouviu a voz de Isabella. — Você pode ter deixado lá no colégio.
 — Não, eu não deixei lá no colégio. — Ela suspirou. — E como você quer que eu fique calma?
 Os passos pararam, para o pânico de Nick. Ele não podia vê-las, mas podia ouvir que as vozes delas estavam cada vez mais perto, parecia que Selena estava ao seu lado.
 — Que droga. — Selena bufou mais uma vez. — Eu não gosto que peguem as minhas coisas!
 E de repente ela se atirou no sofá. Nick percebeu ao sentir o peso em suas costas. Seu coração parecia que ia pular do peito. E se Selena percebesse algo estranho e retirasse as almofadas? Nick fez o máximo para não respirar ou emitir algum som.
 — Avery! — Gritou Selena. — Leah!
 Nick sentiu o peso em suas costas relaxar, e percebeu que Selena havia se levantado. Ele suspirou baixo.
 — Viram como não me escutam? — Ela se queixou. — Essas duas não me obedecem. A semana toda eu passo sem empregada doméstica, eu chego aqui e elas se escondem mim. Não querem me fazer nenhum favor. Vem, meninas, me ajudem a procurar.
 Ele ouviu os passos saindo da sala, e ele consequentemente também se levantou, aos poucos, vendo se as garotas ainda pudessem voltar. Ele ouviu a voz de Selena gritando pelas empregadas ao longe, então Nick foi, sorrateiramente, pelos corredores, agora não tão preocupado com o quarto indicado por Jayden. Mas pior pra ele foi perceber que o corredor seguinte era o que as garotas estavam escondidas. Nick rapidamente se escondeu atrás de uma parede, bufando.
 — O escritório do seu pai não é aqui em cima? — Perguntou Isabella.
 — Não, é lá embaixo.
 — Vamos falar com ele.
 — Não! — Selena grunhiu.
 Isabella juntou as sobrancelhas.
 — Mas o seu pai é super legal.
 Selena revirou os olhos.
 — Isabella, um pai que deixa sua filha sem cartões de crédito, não merece nem um bom dia.
 As garotas riram um pouco, fazendo Selena balançar a cabeça.
  — Me ajudem a procurar, meninas! — pediu ela mais uma vez. — Venham comigo, deve estar lá no meu quarto.
 Nick ouviu os passos, e eles eram direcionados novamente para a sala. Nick bufou e uma onda de nervoso se passou pelo seu corpo. Ele correu novamente para atrás do sofá, jogando as almofadas em cima dele, sabendo que as garotas passariam por ali novamente.
 — Se vocês me ajudarem a procurar, de repente eu acho. — Falou Selena, aparentemente entrando na sala.
 — A gente pode revirar tudo. — Falou Emily.
 — Isso! A gente vai revirar tudo, mas vai encontrar, tenho certeza...
 A voz da garota foi sumindo, e Nick percebeu com alívio que elas haviam sumido de vista. Ele esperou mais uns minutos e se levantou, olhando para os lados, quase trêmulo. Que perrengue havia acabado de passar! Ele se recusava a imaginar o que aconteceria se as garotas o vissem ali... Ele chegava a tremer a pensar nisso. Não iria ser nada legal, principalmente para Selena, que não podia vê-lo sem querer matá-lo. Por fim, ele afastou qualquer tipo de lembrança e saiu da sala, tentando não se perder novamente.

 Demi não contou aos outros o que escutara no telefone. Na sua cabeça, era melhor assim. Ela também não queria preocupar ninguém, mas foi exatamente isso que ela havia conseguido fazer. Ela mudou de assunto e todos voltaram a conversar animadamente naquela tarde, sem nem se importar mais com o assunto de Demi, mas a garota não havia esquecido o que havia escutado no telefone. Ao anoitecer, ela sorrateiramente se encostou na parede de um dos corredores, enquanto todos já fossem dormir. Ela praticamente apertava o telefone em suas mãos, ansiosa.
 — Ai, como demora. — Ela bufou. Aparentemente a garota esperava uma ligação urgente.
 No momento em que dissera isso, o telefone vibrou em suas mãos, fazendo seu coração pular de susto.
 — Alô! — Ela arfou. — Até que enfim. Pensei que tinha esquecido.
 "E então, já pode falar?"
 — Já, as meninas levaram ele pra dar uma volta. — Suspirou, se referindo á Samuel. — Escuta, eu espero ter entendido mal e que você me explique bem. O que você disse não é verdade, ou é?
 "É verdade, eu tenho que viajar."
 Demi balançou a cabeça, parecendo perplexa.
 — Ryan, como pode viajar assim de repente?
 "Me desculpe, Demi, é uma oportunidade única. Não posso desperdiçar, é pelo meu trabalho."
 — Oh! — Demi exclamou, arregalando ainda mais os olhos. — E o Samuel, como fica? Acha que é só dar um pontapé nele?
 "Olha, me perdoa, o garoto realmente me comoveu. Mas não posso levá-lo em uma viagem, onde vou mantê-lo?"
 — Espera aí, o que você quer? — Ela bufou. — Que eu esconda ele aqui até completar 18 anos e ficar maior de idade?
 "Não. Eu vou te dar uma ideia, leva ele pra um orfanato. Diga que o encontrou na rua."
 O impacto das palavras de Ryan pareceram acertar Demi como um tiro. Orfanato? A cabeça de Demi girou a um milhão. Essa era a última coisa que a garota faria. Tudo bem que cuidava do garoto a mando e pedido de Ryan, mas ela conhecia bem o sofrimento de um orfanato. Não conhecia por ter passado, mas tinha Madison ao seu lado, e a amiga conhecia bem. Demi era contra isso totalmente, não conseguia nem passar pela sua cabeça essa ideia. Era completamente ridícula.
 — Tá maluco? — Ela quase sussurrou. — Como vamos fazer isso com o pobre menino?
 "Tudo bem", ele suspirou. "Você tem alguma ideia melhor?"

To be continued!

Wooooooooooow *-* Olá, cinderelas! Tudo bom? Eu tô super bem, apesar de estar postando ás 04:51 da manhã '-' Whatever, acontece. Enfim, como está a história? Boa, ruim, péssima, maravilhosa... Ok, fica a critério de vocês. To bastante animada com ela, apesar de que eu acho meus capítulos o Ó :( , enfim, eu melhoro (tento!). Pessoas, alguém aí já chegou a ver As Vantagens de Ser Invisível do nosso lindo Logan? Eu não vi e estou mal ;( ,  alguém pode me contar se ele beija a Emma? Ou o que acontece? Plixxxx! E ah, obrigada pelos comentários e pelas princesas maravilhosas que fazem isso. Sério, thannnnks dobrado! Continuem comentando, irá colocar um lindo sorriso no meu rosto :)))) Só isso por hoje, linnndas.
Mil beijos e tchau ;*

sábado, 26 de janeiro de 2013

Um Dia de Cada Vez - 05

"Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força. Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga. E a gente lembra. E já não dói mais. Mas dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás. Então eu pego o passado, e transformo em poesia ou coisa assim." — Caio Fernando Abreu.

Dormitório de Nick, Highland Private

 Nick rapidamente saiu da cafeteria, voltando ao colégio, fazendo as malas ás pressas para ir logo á casa de Jayden. Não via a hora de chegar, pois uma perspectiva muito grande crescia dentro de si a cada dia. Cada vez mais estava mais perto dos segredos de Jayden, da intimidade dele. Isso o deixava feliz, realmente. Não estava se tornando amigo, não queria isso. Chegando ao quarto encontrou com Aiden e Josh, os dois também fazendo as malas.
— Aí, Josh, valeu mesmo por mandar o diretor pra longe da boate. — Falei enquanto arrumava minha mochila e ele abriu um sorriso. — Você foi legal.
— Mas não adiantou, não é? De qualquer maneira pegaram vocês. — Ele suspirou.
— Pois é, o diretor já está abusando. — Bufei, largando a mochila em cima da cama. — Não vamos ter tempo livre na semana, mas pelo menos não mandaram chamar os nossos pais, o que foi um alívio.
— Então correu tudo bem?
— Melhor do que esperávamos. — Ele suspirou. Nick juntou as sobrancelhas, parecendo avaliar Josh. — Escuta, porque você não fez as suas malas? — Apontou para o armário do garoto.
— Am... Eu não vou sair nesse fim de semana. Eu vou ficar... Lendo. — Ele deu um sorrisinho de canto. Nick o olhou confuso, mas logo balançou a cabeça. O estranho Josh Harris, ele já devia se acostumar.
— Eu não vejo a hora de ir embora. — Falou Nick, colocando sua mochila nas costas, dando um leve sorriso. — E você, Aiden?
— Eu vou pra minha casa. — Aiden deu de ombros enquanto organizava algumas coisas em sua mochila pequena. — Eu te convidaria, mas é que eu tinha que ter avisado. E acabei esquecendo. — Deu de ombros.
— Não, cara, não se preocupe. Eu já tenho algumas coisas pra fazer. Vamos logo? — Gesticulou pra porta.
— Deixa eu só guardar uma coisa... — Ele suspirou. — Pronto, vamos. — Fechou a mochila.
— Até logo, Josh. — Disse Nick enquanto ele e Aiden deixavam o quarto. Aiden deu um aceno para Josh e um sorrisinho antes de sair.
 Aiden saiu primeiro do que Nick, enquanto o mesmo virou-se de costas para olhar Josh. Nick nunca entendeu Josh. Não só Nick, mas todos ali. Tudo bem que Josh era meio excluído do grupo dos adolescentes, o breguinha, o fraquinho, o frutinha, mas Nick o via de modo diferente. Eram do mesmo quarto, estavam perto, mas a mente de Josh estava sempre distante. O garoto estava sentado imóvel ao pé da cama, olhando para o nada por entre seus óculos de grau. Suas calças boca-de-sino voavam enquanto ele balançava as pernas na forma de ter o que fazer.
— Ei. — Chamou Nick, fazendo Josh se virar meio sobrassaltado. — Pelo menos leva a gente até a porta.
— Ah, ok! — Respondeu Josh rapidamente, se levantando. — Vamos!
 Os garotos saíram. Não demorou 2 segundos até que o indivíduo vestido de roupa militar e com uma máscara que só via parte de seus olhos saísse de trás de algum armário. O integrante da Seita andou cautelosamente pelo quarto, procurando ver se havia mais algum movimento. Vendo que estava seguro, correu rapidamente até o armário de seu maior interesse. Abrindo-o, seus olhos lampejaram. Ele rapidamente pegou as caixas que ali haviam e as tampou no chão, causando um estrago enorme. Pegou objetos, variados, tampando-os no chão e os pisando. Estavam furiosos. Nick deveria ter saído na escola naquela sexta como prometera. Mas não saiu. E a Seita não estava nada satisfeita.

Saguão (área de lazer), Highland

— Isabella, deixa eu passar perfume em você. — Selena torceu o nariz ao olhar pra amiga, ainda com o rosto abatido pelo mau-estar. — Porque estou sentindo daqui o cheiro da coisa que você comeu ontem, amiga. — Ela deu um risinho curto.
 Isabella a olhou sem graça. Nenhum sorriso podia se formar em seu rosto naquele momento. As duas andavam pelo saguão, agora vazio, logo após a confusão com as cartas. Ninguém parecia se lembrar mais daquilo, pelo menos era o que demonstravam.
— Tem que ficar cheirosa. — Selena ainda brincava, agora que Isabella passava um de seus braços em seus ombros. — O que eu não sei é como a Emily vai fazer pra resolver esse problemão. — Ela suspirou, de repente toda a brincadeira de 1 segundos se esvaindo. Isabella bufou.
— Pra dizer a verdade, eu acho que isso não tem mais nenhum... — A garota parou no meio da frase, de repente colocando a mão na boca, seu rosto ficando verde novamente. Selena pareceu ficar em pânico, com medo de que Isabella soltasse tudo pra fora ali.
— Isabella, cuidado! — Selena quase gritou. — Espera, vem cá.

— Vocês deviam ir pra minha casa comigo. — Demi jogou as malas com brutalidade no chão enquanto terminava de descer as escadas. Seu rosto ainda não havia mudado: estava com raiva. De tudo, pensava ela. — Podemos fazer uma hidro, ou uma massagem. Podemos ver uns filminhos, ficar bem a vontade. O que acham?
— Acho que seria muito bom. — Respondeu Madison. — Mas sinceramente eu prefiro treinar.
— É verdade, muito obrigada. — Falou Miley, mexendo nas unhas, acanhada. — Mas eu sinto muita saudade da minha irmã. Eu prefiro passar uns dias por lá.
— Tudo bem, ok. — Demi deu de ombros, enquanto as três se encaminhavam para uma mesa do saguão. — Fica pra próxima então.
— Isabella! — As três olharam para ver que Selena gritava, a apenas alguns metros delas, parecendo carregar Isabella em seus ombros. — Dá pra parar um pouquinho?
— Meu Deus, ela está com gases?! — Gritou Demi, fazendo com que Selena a fuzilasse com os olhos.
— Senta aí. — Falou Selena, colocando Isabella em uma cadeira de uma mesa a 2 de Demi.
— Qual é o problema da sua amiga? — Perguntou Demi, se aproximando das duas.
— Não mexa com ela, Demi. — Selena rangeu os dentes.
— Bom... — Começou Demi, mas Selena revirou os olhos, parecendo abanar Isabella. — Ei! Selena! — Selena a olhou, com certa repulsa. Demi suspirou, encontrando as palavras. — Eu queria agradecer por você ter se apresentado ao diretor. Meio tarde né, mas se apresentou. — Deu de ombros. Selena pareceu rir sem humor.
— E além de tudo tarde. — Selena riu, ajeitando a ponta dos cabelos. — Olha, eu tenho que dizer que eu não fiz por você. Eu fiz porque era o correto, e foi o que ensinaram na minha casa. É claro que você não teve educação...
— O correto é agradecer a você, ok? E ponto final! — Demi interrompeu, começando a sentir a mesma repulsa que sempre sentira pela patricinha. Aquilo não iria mudar. Demi revirou os olhos e olhou para Madison e Miley. — Então vamos pra minha casa?
 Madison balançou a cabeça e Miley foi dar um abraço em Selena em forma de cumprimento, quando uma irrompeu entre elas, a mulher branca de cabelos castanhos e encaracolados que estavam presos em um rabo-de-cavalo.
— Meninas! — Disse a professora de dança, fazendo as garotas ali a olharem instantaneamente. — Que bom que não foram embora ainda. Acabei de falar com o diretor sobre o grupo de dança e... Ele não quer que tenham dois grupos. — Ela deu de ombros, claramente decepcionada.
 Houve um momento de silêncio. Depois, Selena sorriu.
— Ah, não tem problema! — Disse ela, mostrando seu belo sorriso. — Fica o meu grupo, que tem mais tempo. E assunto encerrado.
 Demi deu um sorriso cínico para Selena, sentindo ainda mais nojo da garota.
— Infelizmente, eu tenho más notícias pra você. — Falou á professora á Selena, que a mesma sumiu com seu sorriso.
— Como assim más notícias? — Selena foi retórica, e estava sem expressão, mas ela já previa que a resposta não iria lhe agradar.
— O diretor considerou que, com tudo o que aconteceu, você demonstrou imaturidade pra dirigir o grupo.
 A gargalhada de Demi ecoou pelo saguão.
— Imaturidade? — Selena arregalou os olhos. — Como assim? Não estou entendendo!
— Isso mesmo. — Ela deu de ombros. — Eu vou dirigir o grupo á mando da direção.
— Não não, Hannah, isso não é nada justo! Eu estou a muito tempo fazendo isso, eu levo jeito. — Selena arfou.
— Eu sinto muito. — Hannah deu de ombros. — Foi isso que o diretor decidiu.
 Selena bateu o pé, bufando. Não conseguia aceitar aquilo de jeito nenhum. Demi olhou para a garota por alguns segundos, depois se virou novamente para Hannah.
— Bom, então, Hannah, qual grupo vai ficar? O dela ou o meu? — Demi perguntou, apontando de Selena para ela.
— Vou fazer uma seleção e dali eu vou tirar um novo grupo. — Respondeu ela.
— E qualquer um pode se inscrever?
— Claro que sim. — Hannah sorriu. — Só que só vão ficar os melhores.
— Ah, então garanto que vou passar. — Falou Demi e lançou um olhar divertido para Madison, a quais começaram a rir.
 Isabella respirou fundo, se virando com dificuldade para Demi, ainda sentada na cadeira.
— Aqui, não canta vitória. — Falou ela, com a voz meio grogue. — A Selena sempre ganhou porque é uma das melhores.
— Queridinha, você não tem que ir pro hospital? — Demi a olhou com repulsa. Não iria discutir com Isabella ali, ainda mais na frente de Hannah.
— Não se preocupe, Isabella. — Selena suspirou, afagando os ombros da amiga. — Vamos ver quem ganha. — Encarou Demi ferozmente.
— Você... — Começou Demi.
— Garotas, garotas! — Falou Hannah, tomando novamente a atenção das garotas. — Não quero brigas. Vão ficar as que fizerem o maior esforço. Ouviram?
 Hannah lançou um último olhar ás garotas e se retirou do saguão, balançando seus cabelos cacheados.
— Me espera aqui, Isabella. — Selena grunhiu, se afastando da garota. — Tenho uma coisa muito importante a fazer. — Ela encarou Demi, antes de também se retirar do saguão.
— Que coisa é essa que ela vai fazer? — Comentou Demi com Madison. A mesma deu de ombros, olhando as costas de Selena enquanto a mesma se afastava.

Meio-fio, frente do Highland

 Nick se despedira dos amigos e já se encaminhava para seu próximo destino: a mansão de Gomez. A ideia o estava estimulando, a cada vez que se aproximava mais do empresário, maior seu ódio aumentava e isso era ótimo para Nick, assim sua vingança seria perfeita. Não podia negar que sempre quando pensava na filha dele isso assumia um novo lugar, ele se esquecia por alguns momentos o que estava fazendo ali, em Nova York, mas ele agora sempre se fechava quando esse sentimento tentava entrar de novo.
 Ele acenou para o segurança na entrada do Highland, dando um sorrisinho. Estava pensando em pegar um metrô mais rápido para chegar á casa de Jayden. Enquanto Nick se afastava da escola, ele não imaginava o que o esperava do lado de fora. Enquanto subia pelo meio-fio, pela calçada, ele acenou para mais um dos seguranças e supervisores da escola, dessa vez um mais idoso. O homem lhe lançou um sorriso animado e Nick continuou seu caminho.
 Nick fora atravessar para o outro lado da rua. Havia acabado de cumprimentar o segurança quando olhou para os lados e não percebeu nenhum carro. Nick atravessou a rua, de repente mexendo em seus bolsos. Talvez procurava por seu celular. Quando de repente, Nick sentiu um peso em cima de seu corpo. Quando se deu conta, Nick estava no chão e ouvia um barulho estridente de pneus.
 Nick olhou para cima e viu sua mochila a alguns metros a seu lado. Seus olhos rolaram para os lados e ele percebeu que estava no meio da rua. Piscou os olhos algumas vezes, tentando entender aquilo. Foi quando percebeu a pequena pontada que sentira. Mexeu alguma parte do corpo e percebeu que seu braço doía. Nick gemeu e se levantou.
 Seu coração bateu forte quando percebeu que o segurança velhinho, o qual tinha cumprimentado a menos de um minuto atrás estava a seu lado, arfando alto e parecia com os olhos esbugalhados. Nick o encarou, mas logo viu que os olhos dele estavam perdidos, olhando para a frente. Nick viu, mas foi de relance. O grande carro que cantara pneus estava dando meia-volta, voltando para sua direção, pretendendo tentar atropelá-lo de novo.
 Dessa vez foi Nick quem reagiu. Como um jato, pegou sua mochila ao lado e agarrou o braço do segurança, forçando-o a correr e os dois, mais rápido do que antes, pularam para o meio-fio do outro lado da rua, caindo de costas e rolando algumas vezes.
 O carro passou, e Nick pôde ouvir falhadamente alguma coisa como "Mata ele!", mas foi completamente de relance. Nick gemeu e rolou para o lado, ouvindo o velho gemer também. Antes de tentar se levantar, Nick notou que mais um segurança se aproximava dos dois, completamente estupefato. Com certeza havia presenciado a cena do quase-atropelamento. Nick se levantou com dificuldade e percebeu que o estado de seu cotovelo não era dos melhores. Mas aquilo era o de menos. Seu sangue ainda fervia com o que havia acabado de acontecer. Quando atravessara a rua, não havia visto carro nenhum, e do nada um carro descontrolado, que ele reconheceu como um Volvo reluzente, estava tentando atropelá-lo. Isso porque o carro havia dado meia-volta para tentar de novo, já que a primeira tentativa havia sido falha.
— Está machucado? — Perguntou o segurança que havia chegado depois. Ele estava arfando.
— Não, tudo bem. — Respondeu Nick, pegando sua mochila.
— Tem certeza?
— Sim, deveria ser algum bêbado passando por aí.
— Se quiser vou com você até a polícia.
— Não! — Nick interrompeu, erguendo as mãos. Polícia áquela altura? Ele estava fugindo disso. — Por favor, eu não quero que digam pra ninguém o que aconteceu.
— É só dizer que estávamos aqui...
— Não, é sério! Obrigado! — Nick arfou.
 Os seguranças desistiram e se despediram de Nick, o que o deixou feliz. Nada havia acontecido, na cabeça dele. Ele não havia se quebrado inteiro, ele ainda estava vivo. Ao ver os seguranças se afastarem de volta á escola, Nick continuou seguindo pelo meio-fio, mas ainda estava meio elétrico com relação á aquilo tudo. Quem iria querer matá-lo? Quer dizer, estava na cara que queriam matá-lo, senão teriam seguido em frente com o carro, e não dado meia-volta. E Nick sabia que quem estava no carro não era bêbado nenhum, mas não conseguia imaginar quem era.
 Sua resposta talvez foi respondida enquanto ele andava pela rua. Nick observou que uma folha de papel dançava pela rua com o vento, e Nick se aproximou. Pegando a folha de papel nas mãos, seu coração gelou e ele ficou pálido. O desenho da grande mão negra que haviam o perseguido estava ali novamente, o assombrando.
 E de repente ele entendeu tudo.
 O carro. O quase-atropelamento.
 A Seita.
 Nick arfou, deixando a folha cair de suas mãos. A Seita não estava de brincadeira. Seu coração bateu mais forte, e percebeu que sua testa estava molhada. Ele quase fora morto á segundos. Estaria Nick brincando com a sorte? Ele deveria mesmo sair do Highland? Áquela altura?

Dormitório de Joe, Highland Private

— Cadê o meu celular? — Murmurou Joe enquanto entrava em seu quarto mais uma vez, batendo nos bolsos com impaciência quando percebeu a ausência do objeto. Mal percebera Jacob ali no quarto também, que estava arrumando a mala.
— Joe. — Falou Jacob, a voz quase falhando, enquanto se aproximava do amigo que revirava sua escrivaninha. — Nós temos que conversar, cara.
— Não estou afim de falar com você! — Grunhiu Joe, nem se virando para olhar Jacob.
— Joe, pelo menos me deixa explicar! — Jacob bufou. — As coisas não são como parecem.
— Cara, dá um tempo! — Joe balançou a cabeça, e começou a seguir novamente para a porta, colocando algo nos bolsos. Havia achado o celular.
— Joe, me deixa explicar. — Jacob rapidamente se colocou na frente da porta, fazendo Joe parar e revirar os olhos.
— Olha só, você tem que me entender! Não teria rolado nada se não tivesse acontecido o...
— Jacob, eu não quero saber! — Joe rangeu os dentes. — Se você não sair, eu vou tirar você. E não me aborrece, que eu estou chateado.
— Joe, você quer bater em mim, então bate, mas... — Jacob não terminou a frase, pois Joe pegou pelos ombros do garoto e quase o tampou na parede, passando pela porta pisando forte.
— Joe! Espera! JOE!

Caminhão abandonado, próximo ao Highland, Nova York

— E aí? O que você tem? — Perguntou Madison á Samuel, que estava sentado em algum canto, com a cara fechada.
— Estou chateado. — Ele grunhiu, revirando os pequenos olhos verdes.
— Comigo? — Ela franziu o cenho. — Porque? Eu não te fiz nada.
— Com você não. — Ele suspirou. — É com a Demi.
— Com a Demi? — Ela se aproximou de Samuel, largando a lata de tinta que antes mexia nela. Madison estava mais animada com a reforma da "casa" de Samuel do que todos. — Depois de tudo o que ela trouxe? Porque?
— Ela foi embora sem se despedir! — Ele baixou os olhos, mas parecia revoltado. — Não me deu um beijo, nem nada. — Ele cruzou os braços, bufando. Madison riu.
— E você vai começar a chorar? — Ela ergueu uma sobrancelha. Samuel baixou ainda mais a cabeça, para tentar esconder as lágrimas que ele sabia que viria. Madison olhou para seu olhos. — Hein?
— Não estou chorando! — Ele bufou, passando as costas das mãos nos olhos rapidamente. Madison suspirou.
— Sabe porque está de mau-humor? De tanto ficar trancado aqui.
— É. — Ele suspirou, assentindo com a cabeça. — Isso também é uma chatice.
— Olha, não esquenta. Ryan já vai chegar. — Ela deu um sorrisinho. — Aí você vai embora com ele e vai ter uma casa de verdade. E não vai ter mais que se esconder. — Ela se mostrava animada. Samuel não mostrava um pingo de emoção, nem ao menos um sorriso mostrou. Mesmo assim, balançou a cabeça, tentando enfiar aquela ideia na cabeça. — Porque essa cara? Não estou explicando pra você? — Samuel respirou fundo. — Vai, dá um sorriso! — Ela o causou uma crise de cócegas. O garoto riu, mas logo afastou as mãos de Madison. — Olha, já te contei que pratico artes marciais? — Ela sorriu.
— Com esses bracinhos e perninhas tão finas? — Ele ergueu as sobrancelhas.
— Haha! — Ela gargalhou.
— Me ensina então! — Ele a desafiou.

To be continued!

Boa noite, meninas *-* como sempre, horário de verão me matando! Mas e então, como vocês estão? Eu tô bem e bem animada com a história. Espero que vocês também estejam. Pretendo postar a cada dia, todo dia mesmo, mas quero pelo menos uns 3 comentários. O mínimo que posso pedir, meninas, please! Quero ver se estão mesmo gostando. Então, visitem esses blogs: Top Model - Sexy - Just In Love.
Mil beijos e tchau ;*

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Um Dia de Cada Vez - 04

"Sempre fui um pouco áspero, fechado, sempre tive dificuldade de receber amor. (…) Na verdade, eu sempre precisei de afeto, só que antes eu não admitia." — Caio Fernando Abreu. 

Saguão, Highland Private
' Por Selena G.

 Após a conversa com o meu pai, que eu prefiro nem comentar aqui o que ele disse, eu fui até o refeitório, aparentemente procurando Isabella e Emily. A aula já havia acabado e até agora eu não estava acreditando no que eu havia acabado de fazer. Era uma coisa horrível, mas de repente eu não concordava com nada do que Joe e os outros garotos julgavam ser correto. Não conseguia aceitar, e quando não aceito uma coisa eu digo mesmo. Tudo bem que eu não suportava Demi e essas coisas, mas todos nós havíamos aceitado a loucura dela. E ainda mais, havíamos a seguido! Sorry, mas não consigo concordar com as pessoas que a estavam acusando. Ela era louca e tudo mais, metade dos alunos do Highland deveriam ter fotos dela na parede do quarto só para tampar pregos, mas mesmo assim, eu não conseguia concordar. Mas não era aquilo que estava queimando minha cabeça no momento, e sim a minha conversa com meu pai. Aquilo não havia me entristecido, mas sim, ele havia me falado poucas e boas e me cortado algumas coisas. Aliás, muitas coisas. Odiei aquilo mas no fundo eu mereci.
 What?! Não mereci não.
 Cheguei á mesa e encontrei exatamente Isabella e Emily. Emily mexia no celular ao mesmo tempo que comia um doce e Isabella  estava com uma compressa enorme de gelo nas mãos, e a colocava em cima da cabeça. Imaginei a dor que ela ainda sentia pela intoxicação.
— O que aconteceu? — perguntou Emily quando sentei bufando na mesa junto com elas.
— O pior! — resmunguei.
— Expulsaram você do colégio? — ela arregalou os olhos.
— Não me expulsaram, mas meu pai cortou os meus cartões de crédito — gemi, aflita. — Me diz, tem alguma coisa pior que isso?
 Emily balançou a cabeça. Isabella parecia não estar prestando atenção em nossa conversa, só sabia ficar se lamentando pela dor que estava sentindo. Ok, vamos deixá-la em paz, isso é o preço que ela paga por ter bebido demais naquele antro de festa. Emily deu mais uma mordida naquele doce e olhou pra mim novamente.
— O que aconteceu com a idiota da Demi? — perguntou ela.
— Sei lá — suspirei. — Quando fui á direção, estavam lá o diretor e a sem classe da mãe dela. Sei lá.
 Emily ergueu as sobrancelhas e voltou a se concentrar em seu doce e vi que ela só havia me perguntado aquilo pra gastar segundos de sua vida, pois ela não se importava um mínimo com Demi. Na verdade, se Demi fosse embora seria um alívio. Pra mim também, é claro. Só me entreguei pra ser um pouco justa. Olhei para Isabella e vi que a mesma estava com uma cara de doente. Que horror.
— Como se sente, Isabella? — perguntei, com a voz abafada. — Está melhor?
— Não — ela suspirou. — Estou super pra baixo, amiga. O álcool está me matando.
 Pisquei os olhos pra ela, meio abismada. Nunca imaginei ver Isabella naquele estado.
— É que você bebeu tanto que parecia que o álcool iria acabar pra sempre — falei, como se fosse óbvio.
— Eu estava me sentindo muito mal — ela abaixou a cabeça. — E vocês duas de segredinhos pra baixo e pra cima, não me contaram nada.
 Eu suspirei, olhando de canto para Emily.
— Não é nada contra você, amiga — falei. — Mas são coisas que no momento temos que guardar segredo, ok?
 Me lembrei de Emily e Jacob naquela noite e me subiu uma raiva. Não raiva deles, mas por Isabella estar pensando que não quero contá-la. Ainda vou colocar Emily e Jacob no eixo, esses dois não podem continuar assim. Isso uma hora vai ter que acabar.
— Está bem — ela assentiu, suspirando. — Mas o que mais me irritou foi ver a filha daquela cantora sem classe, aquela oferecida! Ela estava dançando com o Nick. — Ela rangeu os dentes, estava realmente nervosa.
 Lembrar daquela cena me causou o mesmo efeito, a mesma onda de ódio por Demi. Nem só por Demi, mas porque Nick também dava bola demais áquela menina, o que causava o sofrimento constante de Isabella. Que ódio daquele garoto. Odiava ter que fingir qualquer ódio por ele. Droga.
— Eu fiquei cheia de cíumes. — Ela bufou.
— Ah, esquece isso! — Tentei forçar um riso, pra ver se conseguia abafar o caso. Aquele não era um assunto bom pra aquele momento. De repente nós 3 ouvimos vozes e, olhando para trás, vimos Joe e Jacob se aproximando de nós. Eles nos cumprimentaram e Joe tascou um enorme beijo em Emily enquanto Jacob beijava minha testa e a testa de Isabella em forma de afeto.
— Então, aproveitando essa situação da Demi, nós vamos falar com o diretor. Vamos pedir pra gente sair, que tal? — supôs Joe, enquanto abraçava Emily.
— E o melhor seria se pedíssemos para sair á tarde — falou Jacob.
— E aí, meninas? — Joe ergueu as sobrancelhas.
— Ok então.

Saguão (área de lazer), Highland Private
' Tarde

 Algum tempo depois, Selena e as meninas, acompanhadas por Joe e Jacob, ainda se encontravam sentados na mesa no mesmo lugar, conversando sobre coisas variadas. Joe ainda estava supondo ideias do que iriam fazer naquele dia, já que todos os alunos iriam para suas casas. Isabella, na maioria das vezes, dava sorrisos forçados aos amigos, pois seu mau-estar ainda a estava atormentando. Várias indicações em sua cabeça pairavam, dizendo para contar á Selena que havia bebido na festa por causa de Joe, mas ela sempre varria essa possibilidade. Não que fosse tão grave assim, mas ela preferia. Era melhor. Emily e Joe estavam abraçados, trocando beijos e carícias, enquanto Jacob ria com eles, mas não deixava de ficar vidrado no olhar Emily. Mesmo com Joe por perto, os dois se encaravam muito, e Jacob não deixava de olhar "apaixonado" pra ela. Emily conseguia disfarçar os olhares, mas sempre acabava dando um terço de seu tempo olhando para o garoto. A culpa não a invadia, é claro. E Selena não prestava atenção nos dois, achava que isso era o melhor que ela fazia. As conversas foram recorrendo até Logan entrar na área de lazer e se deparar com a mesa de seus "amiguinhos". Ao ver Logan, Joe o mandou um olhar furtivo, que só podia ser entendido pelos dois. O incidente de algum tempo atrás no banheiro ainda era lembrado e pela cara de Joe, não iria ser esquecido. Logan apenas observou á todos na mesa, e passou reto. A cabeça de Selena se abaixou automaticamente. Não queria falar com Logan por um tempo, talvez fosse melhor.
 O grupo na mesa ria animadamente quando algo pousou no colo de Selena. Todos olharam ao mesmo tempo quando Selena olhava a carta branca que havia acabado de cair em cima de suas pernas. Ela juntou as sobrancelhas, completamente confusa, pegando o pedaço de papel nas mãos. Automaticamente, Joe e Jacob olharam para os lados, se perguntando como aquilo havia parado no colo de Selena do nada, sem mais nem menos. E, como um rompante, as meninas viram Joe e Jacob se levantando rápido da mesa, após os dois terem trocado alguns olhares como se fosse um tipo de conversa interna entre eles. Os dois correram, para a direção mais afundo da área de lazer, empurrando algumas pessoas no caminho. Com certeza estariam procurando algum indício de alguém ter jogado a carta para Selena, mesmo que isso fosse apenas uma maluquice. Os pés dos garotos pareciam voar, o tanto que corriam. Tinham leves impressões do que poderia ser a carta que Selena segurava, mas não quiseram pensar nisso. Aquilo era o inferno do Highland. Voaram pelas escadas dos banheiros e das saunas e nada. Por fim, os garotos voltaram á mesa.
— Escapou! — murmurou Jacob para Joe enquanto caminhavam até a mesa, onde viram Selena e as garotas olhando com curiosidade para a carta, que estava intacta.
— Espera — Selena falou, de repente "acordando". — É outra daquelas cartas anônimas.
— Ah é — Jacob deu de ombros, de repente não tão interessado como antes pela carta.
 Selena se levantou da mesa, abrindo a carta com cuidado.
— O que diz aí? — perguntou Joe, se aproximando de Selena. Ele sim estava com um interesse agudo nos olhos.
 Selena abriu a carta e logo puderam ver seus olhos arregalados. Todos agora haviam se levantado da mesa e estavam atentos, esperando que Selena lesse o pedaço de papel em voz alta. Joe estava quase sendo capaz de arrancar aquilo da mão de Selena, tamanha era sua curiosidade. Selena bufou e pareceu não estar mais "pálida" e incrédula. Em vez disso, balançou a cabeça e decidiu abafar o caso.
— Ah não. Só diz besteira — ela suspirou, olhando da carta para os outros. — Acho que não devíamos ler — Selena embrulhou a carta de volta no envelope.
 Ouviram-se vozes murmurando e discordando. É claro, naquele momento iriam querer matar Selena.
— Claro que não! — gritou Emily, e tentou pegar a carta da mão de Selena, mas a mesma afastou. — Primeiro nós temos que ler! — ela rangeu os dentes.
— Emily tem razão! — falou Joe, apontando para a namorada. Ele não estava entendo lhufas da atitude de Selena, e sempre tivera uma curiosidade extrema pelas cartas anônimas.
— Mas isso não interessa! — retrucou Selena. — Pra quê continuar com essa brincadeira? Para, Joe! — ela gritou ao ver que Joe puxava o papel de suas mãos. — Não leia...
 Tarde demais, em 2 segundos Joe já estava com o pedaço de papel nas mãos, o que fez a garotaolhar com raiva, mas de certa forma preocupada. Naquela carta havia algo que, da opinião de Selena, ninguém iria querer ler mesmo.
— Vamos ler com calma. — Falou Joe para Selena, tentando amenizar a preocupação dela.
— Muito engraçadinha, você já leu, né? — Jacob levantou as sobrancelhas e Selena o olhou de cara feia.
 Joe abriu a carta, e rapidamente ele mordeu os lábios, abrindo um pequeno sorriso.
"Atenção!" — Joe ditou, rolando os olhos para olhar Jacob com um ar divertido. — "Está formado o novo casal do colégio. Mas dessa vez com um ingrediente adicional." — Ele riu para Jacob, que fez o mesmo. Ao voltar á carta, o sorriso de Joe sumiu, dando lugar á testa vincada. — "Ela tem namorado. Adivinha quem tem os chif..."
— Não, Joe! — Jacob interrompeu a leitura e de repente o garoto estava mais branco do que o normal. Emily e Selena também de repente abaixaram as cabeças, e podia se ver uma certa cara de culpa. O coração de Emily pareceu disparar mais rápido do que o habitual... E se a entregassem na carta? Joe estava ali, Joe e Jacob. — Não precisa continuar, Joe! — Pediu ele mais uma vez, agora tentando agarrar a carta das mãos do amigo.
— Espera aí! — Joe afastou as mãos do amigo, dando um leve riso. — Vamos ver quem é o chifrudo!
 Jacob colocou as mãos na cabeça e, sem perceber, alguma parte dos alunos do saguão já prestava uma atenção na rodinha ali que estavam lendo a carta. Aquilo não era nada normal, e dessa vez a carta anônima faria ridicularizar bastante coisa. Jacob não lutou mais contra o amigo para conseguir pegar a carta, mas estava mais nervoso do que nunca. Emily não conseguia falar, parecia que seus músculos estavam travados. Joe voltou a ler a carta, e logo seu sorriso desapareceu completamente. O rosto do garoto entregava o que Jacob, Selena e Emily mais temiam. Parecia que ele havia levado um choque elétrica, tamanha era sua surpresa.
 Mas logo isso foi substituído por uma expressão de raiva, ódio. Joe dobrou a carta em suas mãos, levemente, ainda de cabeça baixa. Estava mais confuso do que nunca.
— Você está saindo com a Emily? — Disse ele calmamente, enquanto olhava nos olhos de Jacob. Seu rosto era a marca de uma traição.

Sala da direção, Highland Private

 Após a conversa de Emma e Demi, a garotinha saiu da sala, ainda bufando e xingando mentalmente o diretor. Será que havia saída para Demi? Ou será que o diretor Ethan estava cometendo um enorme erro expulsando Lovato do Highland? Minutos depois, Ethan e Emma se sentaram em uma poltrona vermelha na sala da direção, que no meio encontrava uma mesinha de madeira clara que ele havia insistido em colocar um café.
— Eu lamento, mas não tem outra saída a não ser a expulsão. — Concluiu ele após algum tempo de conversa. Emma juntou as sobrancelhas, o encarando agora meio estupefata.
— Ah, você está exagerando. Dramatizando! — Disse ela, com voz abafada. — O caso não é pra tanto.
— Não? — Ethan foi irônico, dando um risinho, logo voltando á expressão séria. — Mas foi sim. E tenho que tomar uma medida por isso.
 Emma suspirou, se levantando da poltrona e começando a dar leves passos pela sala.
— Acho que a melhor medida que você deve tomar é deixar as coisas do jeito que estão. — Falou ela, parando atrás da cadeira do diretor. Ethan sentiu um leve calafrio com o toque de Emma.
— Porque está dizendo isso? — Perguntou ele, sem se virar.
— Imagine só — Começou ela, colocando suas mãos nos ombros de Ethan. —, não se trata um assunto de um grupo de adolescentes desse jeito. Ainda mais se eles fizeram pouco caso de você. — Ethan deu de ombros, o que causou certo nervosismo em Emma. — Se expulsarem minha filha, você vai entrar na boca de todo mundo. Até os jornais e a imprensa vão querer saber o porquê dessa expulsão, imagina? — Ela se afastou de trás da cadeira, indo até a janela.
 Um horror se passou pelo rosto do diretor repentinamente, o que o fez levantar da poltrona rapidamente, se aproximando de Emma.
— Você acha? — Perguntou ele, baixando os óculos de grau.
— É claro. — Ela disse como se fosse óbvio, levantando os ombros. — Imagine só, vai ficar queimado por todo mundo.
— Am... E o que você me aconselha? — Ele perguntou, olhando toda a extensão do corpo de Emma no vestido justo de modo estranho. Emma sorriu.
— Isso me lembra os velhos tempos. Você lembra? — Ela passou as mãos pelo rosto de Ethan, de algum modo estava fingindo.
 Ethan deu um sorriso meio sem graça e meio malicioso. Frashbacks de seu passado lindo e remoto com Emma Brown pareceram vir á sua mente como um furacão. Agora ele nem se lembrava de que a mulher linda á sua frente fora seu amor do passado e que viveram tanta coisa juntos. Do nada, já estava soltando pequenos risinhos junto com Emma.
— Bom, você era uma adolescente. — Ele riu, recolocando seus óculos. — Mas sempre acertava nos seus conselhos.
 Emma deu um sorriso doce.
— O que você tem que fazer é deixar que o fogo se consuma... E que as cinzas sejam levadas pelo vento. — Falou ela. — Ou seja, não faça nada! — Ela riu, contagiando o diretor. Mas logo ele tomou sua expressão séria e carrancuda de sempre.
— Pode ser. — Ele suspirou. — Acho que você tem razão. — Ele abriu um minúsculo sorriso de lado, se afastando uns 2 passos de Emma.
— Eu sempre tenho. — Garantiu ela, sorrindo.
— Mas... Não. — Ele ficou sério, encarando Emma. O sorriso dela desapareceu, agora receosa. — As coisas não podem ficar assim. — Ele se aproximou de Emma novamente, falando com autoridade. — Vou fazer alguma coisa com a sua filha.
 Ethan virou as costas, se encaminhando até sua mesa enquanto Emma o olhava meio perplexa. Jurava que o havia tiçado a deixar essa ideia de lado e agora estava mais nervosa do que nunca.
— Já sei! — Falou ele, se virando para Emma, dando um leve sorriso. — Não vou expulsá-la. Mas... Com uma condição. — Ele se aproximou de Emma, o que a fez ficar receosa. Ethan retirou os óculos e a olhou no fundo dos olhos, o que a causou embrulho no estômago.
— Q-qual? — Gaguejou ela.
— Ela tem que fazer uma terapia. — Respondeu ele simplesmente. Os olhos de Emma se arregalaram e ela se segurou para não dar um tapa em Ethan.
— Está me dizendo que quer que a Demi procure um psiquiatra? — Ela estava pasma.
— Ou um psicólogo. — Ele deu de ombros. — Se não se submeter um tratamento, não pode ficar aqui.

Saguão (área de lazer), Highland Private

— Joe, fala sério! — Jacob se manteve firme e rezou para não gaguejar e não parecer nem um pouco nervoso. Os olhos de Joe estavam tomados por ódio, ele podia ver. Aquilo o causava certo medo, já haviam pessoas olhando meio abismadas, como se presenciassem uma explosão. — Não vai acreditar no que dizem essas cartas anônimas, não é? Sabe que é tudo fofoca...
— Jacob! — Interrompeu Joe, enquanto se aproximava cada vez mais do amigo, que retornava alguns passos. — Aqui diz que Selena e Emily falaram isso no banheiro da boate.
— E você acredita nisso?! — Gritou Jacob. O garoto estava apavorado, via-se em seus olhos. Joe bufou e se virou para as garotas, que estavam tão trêmulas quanto Jacob.
— Isso é verdade? — Perguntou Joe, controlando a calma em sua voz.
— Como você pode acreditar nesse tipo de coisa? — Falou Emily, e sua voz estava pior do que a de Jacob. — Dizem umas mentiras que não tem nada a ver! — Selena apenas abaixou a cabeça.
 Logan assistia de longe o "show". Agradeceu mentalmente por Joe não o ter visto, mas ele estava gargalhando dentro de si. Ver aquilo o agradava. Ele o tinha avisado, essa era a melhor parte. Seu sorriso não sumia do rosto.
— Era isso que não queriam me contar, não era? — Manifestou-se Isabella, olhando para Selena e Emily.
— Isabella! — Gritou Selena, rangendo os dentes.
 Foi o bastante para Joe. O garoto balançou a cabeça e caminhou a passos fortes para fora do saguão, não olhando para ninguém. Parecia que um peso havia se estabelecido pelo corpo de Emily. Aquilo era pra ser uma vingança, mas não tinha como sentir alegria naquela hora.
— Joe, espera! — Jacob pegou no braço do garoto.
— Me solta! — Joe berrou, afastando seu braço de Jacob com brutalidade, e continuou a caminhar.
— Joe, espera, cara! Deixa eu te explicar... — Jacob seguiu Joe para fora do saguão, e os cochichos haviam começado.
— Emily, fala sério. — Selena falou baixo, bufando. — Viu o que você provocou?

Cafeteria One-Eyed Pete's, Nova York

 Nick fora se encontrar com Jayden em uma cafeteria da cidade após a confusão na diretoria. Sua consciência estava limpa, ele achara que fizera o mais certo sendo justo e se entregando, mas aquilo não havia resultado em nada no momento. Nick viu que a One-Eyed Pete's estava cheia. Logo encontrou Jayden sentado em uma das poucas mesas lendo um jornal. O lugar deveria ser batante sofisticado e só bem frequentado, pois sua aparência e as pessoas que o frequentavam já dizia isso. Jayden ficou satisfeito ao ver o garoto, e já começavam uma conversa.
— Bom, agora que o diretor o liberou do castigo, vai lá em casa. Tem trabalho pra você. — Falou Jayden após algum tempo.
— Com muito prazer. — Concordou Nick. — Mas acredito que Selena...
— Não se preocupe. — Interrompeu. — A casa é bem grande para que não se encontrem. Além do mais, Selena nunca vai em meu escritório. Acredita que lá não é muito bom pra sua pele. — Ele riu, contagiando Nick. Selena e suas manias de patricinha, os dois conheciam bem.
— Então tá, tudo bem. — Nick sorriu.
— E depois que ela está furiosa porque tirei os cartões de crédito dela, então não vai sair do quarto, eu acredito. — Falou o empresário e Nick ficou sério. Sinceramente, não queria mesmo encontrar Selena na casa. Se a encontrasse, a garota com certeza iria perder o controle ao vê-lo ali. Mas ao falar de Selena uma sensação estranha passava pela pele dele, pelo estômago... Ele afastava essa sensação mais rápido do que imaginava. Era proibido sentir isso pela garota, ele já colocara na cabeça.
— Perfeito. — Falou Nick. — Então estarei lá.
— Muito bem. Te vejo mais tarde. — Ele se levantou, colocando algumas notas em cima da mesa.
— Ok. — Nick deu um sorriso forçado. Após ver Jayden saindo, seu sorriso desapareceu, e seus pensamentos voaram para a vingança.

Salão principal, Highland Private

 Jacob havia desistido de convencer Joe, e sinceramente ele não queria falar com ninguém. Após receber a notícia de que poderia ir pra casa, ele foi rapidamente ao quarto trocar de roupa e logo mais desceu as enormes escadas do Highland até o salão principal, onde já se podia ver uma aglomeração dos alunos que esperavam ansiosamente seus pais para poderem ir pra casa. Enquanto pegava seu celular do bolso, Joe sentiu algo em sua cabeça. Ouviram-se alguns risos de pessoas ali e ele passou as mãos pela cabeça, agarrando então uma casca de banana. Ele a jogou no chão e olhou pra cima, vendo quem ele menos queria.
— Bom fim de semana, neném! — Falou Demi, escorada em algum corrimão, rindo de Joe. O garoto balançou a cabeça, cansado de se estressar.
— Porque ao invés de zuar da minha cara, não dá um jeito da sua mãe não mostrar a calcinha? — Ele ergueu as sobrancelhas, olhando para cima, com um sorriso furtivo. Demi sorriu.
— Não dá pra ver, porque ela não usa. — Ela deu de ombros. — Mas em todo caso, acho que é mais digno do que vivem os seus chifres. — Ela sorriu e Joe revirou os olhos. — Sabe o que é? Pelo menos a vida é justa. Os garotos com os garotos, as piranhas com as piranhas.
— Porque não dá um tempo, garota?!
— Olha, Joezinho, a algum tempo eu juro que te ajudava. Mas agora, olhando pra você, eu juro... Me dá tanta pena. — Ela fez um biquinho falso. — Imbecil! — Ela riu.
 Só depois que Demi percebeu que Joe rapidamente subia as escadas atrás dela, o que a fez rir mais e sair correndo. Ao chegar no topo, Demi já havia desaparecido, deixando Joe mais nervoso do que já estava.

To be continued!

Avá, gostei do capítulo. Não muito, mas dá pra aguentar. Enfim, agora prometo que posto com mais frequência, mas por favor, cadê os commmmmments? Estou sentindo falta deles, muita mesmo. Me desculpem por não estar respondendo, mas quero agradecer a todas que comentaram, quero agradecer mesmo! Obrigada por tudo, esse blog não existiria sem vocês. Mas e então, gostaram de finalmente o Joe abrir os olhos? Eu adorei rs. Minha internet está um horror e eu vou tentar melhorar os capítulos, prometo. Sempre prometo, mas nunca melhoro, bláaaaa! -n
Vou saindo, comentem, plixxxxxx! *-* mil beijos e tchau.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Um Dia de Cada Vez - 03

“Tudo mudou. As lições já não importam mais, A guerra superou a paz, E a sociedade ficou incapaz de tudo. Inclusive de notar essas diferenças.” — Luís Fernando Veríssimo.


Sala da direção, Highland Private
' Por Demi L.

 Saí da piscina, não me importando com os gritos de Madison que já se tornavam histéricos. Não havia porquê desistir da minha ideia, dessa vez eu havia ferrado com tudo. A ideia da festa parecia ser perfeita no começo, mas depois tudo desmoronou. Pareceu que minha ideia foi absurda, e sinceramente todos agora deveriam estar falando mal não só de mim, mas como da festa inteira. Droga, minha situação nesse momento não estava das melhores. Praticamente corri até a sala do diretor, querendo acabar com aquele pesadelo que estava me atormentando. Parecia que todos os monstros daquela escola estavam se levantando contra mim, e já apontavam suas armas. Mas eu já iria me livrar dali, não eram essas as palavras do diretor? Então pronto, eu daria esse gostinho á todos. Cheguei á porta da sala da direção, encontrando Sophia saindo de lá, ajeitando sua saia e sua blusa, que estavam tortos. Juntei as sobrancelhas e ela me olhou assustada, de repente ficando pálida.
  Fica tranquila, não vou contar pra ninguém.  Falei, apontando para sua roupa e seu cabelo bagunçado.  Avisa ao Hitler que já tem o que queria.
 Me encostei na parede e ela voltou a sua expressão carrancuda de sempre. Ajeitou os óculos em seu rosto, e me olhou de cara feia. A cara que ela sempre fazia pra mim, desde que pisei aqui, aquilo não era novidade alguma.
  O senhor diretor deve ser respeitado.  Ela grunhiu, o que me causou medo.
 Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ou até rir da cara dela, o diretor Ethan apareceu atrás de Sophia, saindo da sala da direção. Arregalei ainda mais meus olhos. Porque Sophia estava com o cabelo bagunçado daquele jeito e sozinha na sala da direção com o diretor? Que estranho. E Ethan pareceu também ficar incomodado por eu ter visto Sophia daquele jeito, mas se os dois estavam em qualquer momento íntimo, eu não estou nem aí pra isso no momento. Quando me viu, Ethan logo fechou a cara, e pareceu estar vendo a pior coisa do mundo. Normal, ok? Ethan já me olhara de formas piores.
 ▬ O que essa aluna faz aqui? ▬ Ele bufou, me olhando com desconfiança.
 Sério mesmo que ele não desconfiava nem um pouquinho? Ou só estava se fazendo de sonso? Porque eu sou a aluna do Highland que mais vivia na sala da direção, isso era um fato mais que óbvio. Eu me desencostei da parede, suspirando. Estava mais do que disposta a enfrentar aquilo, quantas vezes eu já havia enfrentado Ethan Jones? Ah sim, mil vezes!
 - Essa aluna veio dizer que foi ela que organizou a festa. - Dei de ombros.
 Sophia arregalou os olhos e m olhou espantada. Já o diretor caiu na gargalhada, como eu mesma estava prevendo. Ele não iria se assustar se eu chegasse e falasse isso, eu já a suspeita número um dele mesmo. Sua gargalhada ecoava pelo corredor, e ele me olhava com graça. Ok, tive vontade de dar um tapa em seu rosto, mas me conti. Ele não tinha o direito de ficar me zuando agora, sem mais!
 - Eu já sabia. - Ele suspirou, voltando a sua expressão séria. - Nós tínhamos um trato, Demi. Nos conhecemos antes de eu tomar uma decisão. Eu te dei uma oportunidade, mas vejo que não funcionou, não é verdade?
 Eu revirei os olhos, não querendo olhar pra ele naquele momento. Na hora, me lembrei da vez que pisei nessa escola pela primeira vez, e me lembrei de quando minha mãe fez do possível ao impossível pra me colocar aqui dentro. No começo não parecia nada legal, agora então havia ficado pior. Tudo bem que eu havia conhecido pessoas legais aqui, mas não aguentava mais essa escola.
 - É óbvio que não se adapta ao colégio. - ele ergueu as sobrancelhas.
 Eu bufei, automaticamente abaixando minha cabeça. Era o mais certo a se fazer naquele momento. Na verdade, nada parecia certo naquele momento. Eu não estava fazendo nada certo, na verdade. Só fazia o que me dava na telha e estava tudo bem. Foi quando ouvimos passos correndo no corredor, e me virei para ver. Levei um susto ao ver Nick, Miley, Madison e Aiden adentrando no corredor comprido, parecendo desesperados.
 - O senhor não pode fazer isso! - Gritou Nick, ficando ao meu lado. - Nós também estávamos envolvidos na festa! - Apontou para os que estavam ao seu lado. - Eu aluguei a boate!
 - E eu chamei as caminhonetes! - gritou Madison, levantando os braços.
 O diretor olhou confuso para Nick e os outros. Eu cocei a cabeça, olhando meio surpresa para eles. Será que eles já não desconfiavam nem um pouco que eu viria aqui fazer isso? Não eram pra me interromper nisso, não estava nos planos. Ethan parecia não estar entendendo nada da situação, e por um lado, eu muito menos.
 - E se vai castigar ela, tem que castigar a gente também. - falou Aiden, meio acanhado. Com certeza ele foi obrigado a fazer aquilo, o garoto odiava confusões.
 Eu podia ver o tanto de pontos de interrogação que se passavam pela cabeça do diretor Ethan naquele momento. Ele não estava entendendo o motivo da baderna, e eu também não entendia porque aqueles infelizes estavam fazendo aquilo, mas não queria que eles fizessem, não queria mesmo.
 - Espera aí, pessoal! - gritou Ethan, juntando as sobrancelhas. - Vamos esclarecer de uma vez por todas...
 - Não, não! - interrompi, finalmente. O papel de acabar com aquilo era meu e apenas. Me virei para Nick e os outros, dando um sorrisinho fraco. - Muito obrigada, amigos, mas... Não foi isso. - Dei de ombros e me virei para Ethan - Senhor diretor, a culpa é toda minha. - Bufei - Eu só queria repôr o material do Nick que a Seita destruiu!
 Os olhos de Ethan naquele momento pareceram que iriam saltar das órbitas e ele me lançou um dos seus piores olhares. Via-se repentinamente o ódio os invadindo, e eu quase dei um passo pra trás. O diretor havia ficado realmente nervoso ou eu estava vendo errado? O que eu havia falado de errado?
 - Aqui não existe nenhuma Seita, senhorita! - Ele berrou, bufando. Ah sim, ele insistia que aquela história era mentira, como sempre, estava se fazendo de cego e tapando seus olhos diante da verdade. Típico de Ethan Jones.
 - Tudo bem, o senhor pode falar o que quiser! - Ergui minhas mãos, tentando interrompê-lo a começar outro discurso - Tá bom, eu só queria repôr o material no caso de uma emergência!
 Eu suspirei e ele parecia sem expressão. É claro que estava pouco se lixando com o que saía da minha boca, ele não iria dar importância a nada a não ser sua consciência. Mas o pior foi quando ouvi mais passos saindo da sala atrás dele e me deparei com minha mãe com o papaizinho de Selena, Jayden. Eu bufei, querendo naquele momento bater minha cabeça na parede. Pra piorar, minha mãe tinha que aparecer. E ela nem ao menos havia me avisado que iria no colégio hoje. Argh!
 - Era só o que me faltava! - Bufei, revirando os olhos dela. Tudo poderia piorar, minha mãe estava no mesmo ambiente. Emma Brown deveria estar fazendo um show, eu estava desejando aquilo! Queria que ela fosse embora.
 - Você e eu temos que conversar sério, Demi. - Ouvi a voz dela atrás de mim.
 Aquilo era o cúmulo! Eu já podia ouvir o discurso de broncas que ela iria me dar, eu já podia prever tudo o que ela queria me falar. Dessa vez iria mesmo jogar na minha cara que eu sou uma irresponsável, não fazia nada direito e que principalmente não iria me adaptar a lugar nenhum que me colocasse. Ninguém merece eu ter que ouvir isso agora, depois de tamanhas coisas que passei. Mas era o jeito, iria ter que escutar.
 Mas antes que eu pudesse dizer algo, que inicialmente não iria mudar nada, ouvi mais passos inundando o corredor, e vi que Selena chegava até nós, com uma expressão de raiva (?). Êh, que legal, mais uma palhaça pra completar o espetáculo.
 - Se estão pensando em me salvar, esqueçam! Porque também estou envolvida nisso tudo. - Ela se amontoou no meio de todos, praticamente empurrando Nick pra longe e se pondo a frente do diretor, ao meu lado.
 Não acredito! Como Selena conseguia tantas vezes ser mimada e grotesca ao mesmo tempo? O que dera na cabeça sem cérebro da garota agora? Sabia muito bem que os neurônios ali dentro não funcionavam bem, mas aquilo já era demais. Eu revirei os olhos, começando a ficar entendiada. Agora a escola inteira iria se entregar? Que merda era aquela? Olhei para o lado e vi que Jayden, o pai de Selena, havia arregalado os olhos.
 - Como é que é?! - Ele realmente havia se assustado.
 Selena rapidamente se virou e olhou o pai. A garota automaticamente pareceu ficar pálida e ela levou as mãos á boca, balançando a cabeça.
 - Droga! O meu pai! - Ouvi ela sussurrar, e podia sentir a vergonha que ela estava sentindo naquele momento. Que exemplo a filhinha do empresário estava dando! Lindo isso!
 Balancei a cabeça e percebi que aquilo não nos iria levar á nada. Francamente, não estávamos chegando em um ponto. Nick e os outros queriam me salvar, mas sinceramente, não iria dar em nada. Eu iria ser expulsa e ponto final, eles tinham que entender isso. Mas de repente sinto uma mão em meus braços, me puxando para a sala da direção.
 - Venha, vamos sair daqui. - Disse minha mãe, me puxando. Fui com ela, afinal, não havia mais nada a fazer ali mesmo.

Sala de aula, Highland Private
' Por Joe W.

 Saí da piscina e voltei á sala de aula, onde encontrei algumas pessoas, mas poucas. Não sei se vários iriam matar aula, mas naquele dia a escola estava completamente fora do comum. Todos estavam comentando sempre sobre o mesmo assunto da festa e estava se tornando chato. Minha cabeça ainda doía pela bebedeira de ontem, mas principalmente eu tentava esquecer os acontecimentos de ontem. Já havia expulsado muitas vezes o "arrependimento" que me invadia por ter acusado Demi na frente de todos, mas ele insistia em ficar. Merda, eu não poderia me arrepender daquilo. Mas eu imaginava que a cabeça dela agora estava um nó quando se lembrava de mim, e a minha também. Ontem eu a beijo e hoje estou assim... Não posso perder minha pose, apenas isso!
 Me sentei em uma das cadeiras da frente, e várias outras pessoas se juntaram ao redor. Logo mais começou o assunto novamente, o assunto que eu queria fugir, mas não tinha feito. Decidi entrar na conversa, de qualquer maneira.
 - Na minha opinião, a Demi vai ter que se entregar. - Opinei, dando de ombros.
 - Pois é, a Selena se entregou. - Falou Emily, mexendo em suas unhas.
 - Fala sério! - Ri sem humor. Aquilo era ridículo - A Demi é a culpada, a cabeça que a vai rodar é a dela, não é? - Ergui as sobrancelhas.
 Vi Jacob se hesitando, e automaticamente abaixando a cabeça. Não imaginava o que ele estava pensando, mas não gostava de ser contrariado. Jacob sabia disso.
 - Ah, eu acho que ela tem que aguentar. - Falou ele.
 Ouvi Emily bufar, balançando a cabeça.
 - Pessoal, não foi bem assim! - Ela suspirou.
 - Foi como então? - Jacob se virou pra ela, erguendo as sobrancelhas.
 - Como o professor John disse, o culpado somos todos nós! Todo mundo colaborou! - Ela gritou.
 Eu revirei os olhos, começando a ficar abismado com Emily. Agora ela queria mesmo seguir a ideia daquele mero professor? Não estava acreditando que ela defendia aquele ponto de vista, que ela estava a favor do que John havia dito.
 - O que isso tem a ver? - Eu disse como se fosse óbvio - Demi não pertence ao nosso grupo! Além disso, esse colégio precisa de uma limpeza dessa gente. - Dei um sorriso.
 Emily revirou os olhos e não concordou com a minha ideia, pude ver pelo seu rosto. Mas ela tinha que aceitar que eu falava a verdade. Demi tinha que sair daquela escola, aquilo era óbvio, e seria bom pra minha sanidade mental, digamos. Eu bufei e ouvi alguns concordarem comigo, como sempre. Depois, ouvimos alguns gritos do inspetor James e vimos os outros alunos entrarem na classe, praticamente sendo empurrados e carregados pelos cabelos. Ninguém hoje estava muito afim de assistir as aulas, só queriam mesmo era falar do assunto que naquele momento eu queria que acabasse, mas eu sabia que não seria assim tão fácil.
 - Todos sentados! - ordenou James, fazendo todos na mesma hora se aquietarem em suas carteiras.
 Depois de um tempo, a aula já rolava. Não bem que James fosse um professor, mas ele era formado em várias coisas e nós não tínhamos as famosas aulas vagas por causa dele, o que não nos resultava um descanso. Em momento nenhum eu vi Demi ou Nick ou seu grupinho entrando na sala de aula, e o professor James parecia já saber onde os depravados estavam, por isso não me importei. Durante a aula, senti meu celular vibrando no bolso. Peguei-o escondido e vi que era uma mensagem de Logan: "Joe, eu preciso falar com você. Me encontra no banheiro, inventa qualquer coisa, mas vai lá. É com muita urgência." Bufei e fechei o celular. Não estava com tempo pra ficar ouvindo as palhaçadas de Logan naquele momento. Na verdade, não era assim tão divertido ter que ficar ouvindo os problemas dele, mas eu iria dar um crédito.
 - Professor! - Ouvi a voz dele no fundo da sala, e o vi se levantando - Posso ir ao banheiro?
 - É muito urgente? - Perguntou James, distraído.
 - É que eu estou tomando uns complexos vitamínicos e...
 - Corre! - Gritou James - Mas volta antes da aula começar.
 Vi Logan correr pela sala. Que desculpa ridícula ele deu.
 - Tem mais alguém que quer ir ao banheiro?

Sala da direção, Highland Private
' Por Demi L.

 Minha mãe fechou a porta do gabinete, e ficou com os ouvidos na porta em seguida. Meu Deus, como minha mãe pode ser desse jeito? Já não bastou ter me atrapalhado em assumir os meus erros, e agora estava ali, atrapalhando minha vida novamente. Eu realmente mereço! Eu suspirei e me encostei na parede, fechando os olhos. Estava cansada naquela manhã e era um alívio que minha mãe não tinha visto meu machucado na sobrancelha. Eu rapidamente colocava minha franja na frente, senão ela iria surtar. Eu não estava entendendo o que tanto ela olhava pela fresta da porta, aquilo estava ridículo.
     O que está fazendo, mãe?    Perguntei, bufando.
     Shhh!   ▬ Ela fez sinal para eu ficar quieta.    Eu quero escutar o que aquele cara de morto diz pra filha!     Se referiu á Jayden e Selena.
  Eu não acreditava naquilo! Minha mãe conseguia ser ridícula nas mínimas coisas. Cadê a bronca? Aliás, cadê o discurso que eu sabia que já estava preparado em sua mente? Cadê? Eu não conseguia entender porque ela ainda não havia começado a gritar e a me chamar de irresponsável. Cadê os xingamentos que eu sabia que ela seria capaz de soltar naquele instante? Minha mãe estava com sérios problemas,só pode!
     Para de ser enxerida e pode começar!     Falei.    Vamos, briga comigo! Se pergunta novamente, porque você teve uma filha assim e bla bla bla!    Suspirei.
  Ela me olhou confusa. Sim, sua expressão estava completamente confusa. Ela parecia não entender o que eu estava querendo dizer e parecia que eu falava outra língua. Ela saiu de perto da porta, se aproximando de mim.
     Está muito claro o que eu fiz pra merecer uma filha assim.    Começou ela.     Te eduquei como uma pessoa de bem. E você aprendeu muito bem a lição.    Ela deu um enorme sorriso.     Estou muito orgulhosa de você!
  Olhei pra ela, achando realmente que eu não tinha uma mãe normal. Como assim estava orgulhosa? Minha cabeça girou muito naquele momento. Como ela poderia estar orgulhosa? Deveria estar querendo me matar, aí sim eu estaria me sentindo bem mais normal. Ela me lançava um enorme sorriso, e não parecia estar sendo forçado. Ela estava sorrindo mesmo, e parecia feliz de verdade. Eu não conseguia dizer nada, e também não estava entendendo nada.
     Você está usando drogas ou está bêbada?     Foi só o que eu consegui dizer.
  Ela sorriu ainda mais e passou a mão em meu rosto.
     Eu sei bem o que eu digo, filha! Eu achei excelente a ideia que você teve pra arrecadar o material para o seus colegas. É exatamente como eu sonhei desde que te coloquei nesse mundo.
  Eu dei um sorriso fraco. De repente um frio invadiu meu estômago. Minha mãe havia visto a única coisa boa que essa confusão causou, e ela havia valorizado. Na verdade, essa festa era realmente pra arrecadar materiais para ajudar Nick e os outros, e ninguém havia prestado atenção nisso. Ninguém havia se focado nisso, ninguém havia prestado atenção nisso. Minha mãe havia dado valor á isso, á coisa principal da festa. De repente eu sorria, e ela passava a mão em meu cabelo.
     Uma lutadora é capaz de enfrentar todo mundo pra defender os seus ideais.    Ela sorriu.
  Deixei um pequeno sorriso escapar, mas foi fraco. Não conseguia sorrir naquele momento. De que adiantava minha mãe ter visto tudo aquilo de bom que eu havia feito por aquela festa, e ninguém mais enxergar isso? Já havia me entregado, não havia mais chance. Já estava fora do Highland.
     Muito obrigada, mãe.     Sussurrei.     Mas esse colégio me deixa muito pra baixo. Todos aqui são uns egoístas, são uns desunidos, são... São todos maus!     Aumentei o tom.    Sinto falta dos meus amigos!
      Mas aqui tem pessoas muito boas. Um grupo deu a cara por você!     Referiu-se á Nick e os outros.     Até aquela magrinha ridícula nos surpreendeu!
      Mãe, mas só são eles.     Bufei.      É toda a escola que é uma merda. Começando pelo nazista que tem no comando!      Eu tinha que falar de Ethan, ok?
  Minha mãe piscou os olhos, meio perplexa com o que eu tinha dito. Não era pra ela me olhar assim, já estava acostumada com algumas frases que eu dizia que deixariam qualquer um abismado. Eu revirei os olhos, esperando que ela balangasse naquele momento.
     Você sabe porque os nazistas não conseguiram dominar o mundo, filha?     Começou ela. Eu balancei a cabeça, negando.     Porque tinha um pequeno grupo que se rebelou. Mas depois esse grupo foi crescendo e não teve mais jeito de detê-los, filha.
     Isso não me importa!     Interrompi, gritando.     Porque aquele velho nojento me colocou aqui, mãe? Eu não suporto ele! Eu não aguento mais ficar aqui!
     Talvez nem tudo seja tão ruim como você pensa! E a vida tenha te trazido aqui por algum motivo.
     Porque?     Eu ri sem humor. Que ridículo o que ela falava!
     N-não sei.     Ela suspirou.     Talvez você tenha uma missão pra cumprir aqui na terra, filha. Aqui nesse lugar. Não é?     Ela realmente achava que eu iria acreditar nas baboseiras que ela dizia. Tem que pensar nas coisas, filha. Não fique assim.
  Ela me abraçou, e aquilo era tudo que eu precisava naquele momento. Estranho, não é? Nas maiores encrencas eu precisava de um abraço de minha mãe, a pessoa que eu rejeitava.Não fazia isso por querer, mas ás vezes eu admitia que necessitava apenas de um abraço dela. Não de uma bronca ou de gritos, era só de um abraço de Emma Brown. Mas nosso abraço foi cessado após a porta da sala sendo aberta e minha mãe me soltou rapidamente ao ver que era Ethan, o nazista!
     E não quero mais saídas até o fim do ano!     Gritou ela pra mim, de repente formando uma expressão séria no rosto. Não era a toa que ela era uma boa atriz.     Eu já dei uma bronca nessa mocinha, ela tem que aprender! Só me dá desgosto!     Falou com Ethan.
     Tudo bem.     Ele suspirou.     Mas isso é muito mais sério do que você pensa. Temos que conversar.     Ele lançou um olhar temeroso pra mim.     A sós!
  Eu senti nojo ao vê-lo. Dessa vez era realmente nojo de verdade.
     Meu amor, me espere lá fora!     Pediu minha mãe, olhando firme para Ethan.
  Eu o lancei um olhar cínico e saí da sala, me livrando daquele ambiente.

Banheiro masculino, Highland Private
' Por Logan L.

     Joe!     Bati nas costas de um garoto que urinava em uma das cabines.
     Tá me estranhando?!     O garoto se virou e eu vi que não era Joe. Dei um sorriso forçado e ele saiu.
 Onde estava Joe? Será que ele havia vindo mesmo? Eu já esperava a muitos minutos.
     Eu estou aqui!     Ouvi a voz de Joe, que acabava de sair de uma das cabines do banheiro e se aproximava de mim.     O que tinha de tão urgente pra dizer?
 Eu ri por dentro.
     Vem cá, Joe, me responde uma pergunta: Você ainda é o namorado da Emily?
     É claro!     Ele sorriu, dando um soquinho em meu ombro.     Porque a pergunta?
     Porque... Eu acho que... O Jacob quer tirar ela de você...
 Não terminei a frase, pois Joe segurou no colarinho de minha camisa, me imprensando na parede. Quando olhei, ele estava realmente com fúria. Ah, ninguém merece! So me faltava agora ele ficar bravo por eu estar falando a verdade.
     O que está dizendo?!     Ele rangeu os dentes. Eu ri.
     Olha, em primeiro lugar!     Eu o afastei de mim, ajeitando minha roupa.     Tire suas mãos da minha camisa que é importada e foi feita á mão. É de alta costura, ok? E em segundo: Só porque ele não te conta as coisas, não quer dizer...
     VAI EMBORA ANTES QUE EU QUEBRE A SUA CARA!    Ele me empurrou.
     Como quiser, Joe! Mas eu vou te dizer uma coisa, vai ter que me pedir desculpa quando descobrir o que aconteceu!
     SAI DAQUI!

To be continued!

Esse capítulo não está bom, e eu sempre prometo melhorar, sei! Mas agora estou na correria, minha prima quer o pc então como é dela não posso pegar rs. Mas aceitem o capítulo, sei que não tá bem elaborado, não está do jeito que imaginavam, mas obrigada por tudo. E lindas, cadê os comentários? Os comentários que eu tanto espero nos capítulos só teve um poxa ;/ Gente, vamos lá. Sou movida a comentários, por favor! Comentem, gente! Pelo menos 2 para o próximo capítulo. Mil beijos e tchau ;*

quinta-feira, 21 de março de 2013

Um Dia de Cada Vez - 07

 “A noite enorme, tudo dorme, menos teu nome.” — Paulo Leminski.

Mansão Walker
Nova York

 — Você vai falar agora mesmo com o pessoal do sindicato. — Disse Alex com um de seus advogados, pegando um de seus inseparáveis cigarros no bolso. — Não posso mais contratar o pessoal, vão ter que fazer essas horas extras sem ganhar um centavo.
 O homem ali riu, parecendo um pouco incrédulo.
 — Mas, doutor, isso é impossível. — Falou ele. Alex deu de ombros.
 — Diga que é para fazer um esforço patriótico. Ameaçe-os, qualquer coisa. Mas consiga isso.
 — Sim, doutor.
 Os dois chegaram até o centro do hall, onde se localizava uma das maiores partes da enorme mansão. Alex e o homem pararam ali, enquanto observavam que naquele momento Joe, com uma extrema expressão de cansaço, descia as enormes escadas em formato de caracol.
 — Pai. — Chamou ele, segurando um bocejo, se encostando no corrimão. — Pra que mandou me acordarem?
 — Pode ir. — Alex olhou para o advogado, gesticulando até a porta. O homem assentiu de leve para o político e saiu pela porta da frente. Em seguida, olhou para o relógio e em seguida para Joe. — Já viu que horas são?
 — É bem cedo, não é? — Joe levantou as sobrancelhas. Alex riu.
 — Não é possível que você tendo o fim de semana livre, em vez de sair com seus amigos, fique na cama dormindo. — Alex balançou a cabeça, dando uma tragada em seu cigarro.
 — Pai, eu não tinha vontade de sair. — O garoto desceu as escadas, indo ao encontro do pai.
 — Posso saber porque eu pago o clube esportivo mais caro do país? — Alex foi caminhando até o jardim, sendo seguido por Joe.
 — Tive uma semana complicada.
 — E que complicações você pode ter na sua idade? Meu Deus, filho. — Deu um riso irônico.
 — Pai, mais do que você imagina.
 — É, eu imagino. — Os dois pararam no meio do jardim. — Deve ser porque o seu computador deu defeito, ou então você manchou a sua camisa preferida. — Alex revirou os olhos, irônico. — Anda, filho, me conta. — Recomeçou a andar, tragando seu cigarro.
 — Pai, se vai debochar, não vale nem a pena contar.
 — Não. Quem decide se vale a pena ou não, sou eu. — Os dois se sentaram na mesa de madeira na beira da piscina.
 — Ok. — Suspirou.
 — Anda, estou escutando. Senta aí. — Apontou para a cadeira em sua frente.
 — Não quero, pai.
 — Está bem, está bem. — Alex suspirou, jogando seu cigarro em um canto da grama. — Se você não quer contar os seus problemas para o seu pai, você tem todo o direito.
 Joe abriu a boca para falar, mas foram interrompidos por um toque de celular. Joe rapidamente tateou os bolsos, pegando seu iPhone e olhando para a tela, com as sobrancelhas cruzadas. Em seguida, o garoto bufou e colocou o celular na mesa.
 — Quem era? — Perguntou Alex, revirando os olhos.
 — Não sei, desligou. — Ele deu de ombros, se levantando. — Bom, eu já vou. — Se aproximou de Alex e lhe deu um beijo no rosto. — Depois eu falo.
 Alex esperou até que Joe desaparecesse de vista, e então pegou seu celular do bolso, olhando pra ver se o filho voltava. Visando que isso não aconteceria, ele discou alguns números no iPhone, colocando-o na orelha em seguida.
 — Elizabeth. — Disse ele á sua esposa. — Você tem o código da caixa postal que demos para o Joe? ... Procure e me ligue em seguida. — Ele desligou, bufando alto.

 — Bom... Dia.
 Nick adentrou no escritório de Jayden, vendo que não havia alma nenhuma naquele lugar. Ele olhou para os lados, tentando ver se achava-o, mas ele não estava. Nick estranhou. Jayden não o deixaria sozinho naquela mansão gigantesca logo em seu segundo dia de trabalho, e ainda mais tinha Selena! Nick tinha que pensar na garota, e pensava a cada vez mais nela agora que tinha plena consciência de que ela estava a metros dele, e ela nem sabia disso, para o alívio do garoto. Nick parou os olhos na mesinha de centro na frente da poltrona vermelha, a qual se sentara ontem o dia inteiro. Havia ali o café-da-manhã mais bem preparado que ele já vira na vida. Pães, torradas, café, leite, suco, bolo... Era um típico café-da-manhã que ele nunca sonhara em ter na vida. Percebera que seu laptop estava posta também sobre a mesinha, já aberto. Nick bufou e sorriu disfarçadamente. Não que aquilo fosse ruim, mas parecia que Jayden queria fazer todos os agrados á Nick. E ele não perdia a diversão.
 — Cortesia do senhor Gomez. — Nick murmurou, rindo, enquanto se encaminhava para a mesa.
 Nick se sentou e por alguns segundos ele encarou a mesa farta á sua frente. Não podia negar que aquilo era realmente demais, ele não esperava. Aproveitou e pegou uma xícara de café, decidindo não desperdiçar tanta comida posta ao seu favor. Nick encarou também algumas coisas sobre a mesa. Havia um caderno aberto ao lado do laptop e uma caneta já posta em cima da folha de papel. Ele balançou a cabeça, sorrindo mais uma vez. Havia mais um tubo de lápis mais acima do caderno, e foi quando ele olhou para a frente. Nick quase cuspiu todo o café que ele havia acabado de ingerir. A sua frente, a enorme janela de vidro, que ia do chão até o teto, estava sem as cortinas e completamente despida. Dela se podia ver o enorme quintal de gramado lá fora, junto com a enorme piscina. Mas não foi isso que assustou Nick. Lá fora, exatamente á sua frente, encontravam-se Selena e as meninas, que estavam viradas para a janela, fazendo movimentos que Nick não entendera.
 Rapidamente, o garoto largou a xícara na mesa e cautelosamente se locomoveu para atrás da parede, saindo das vistas da janela de vidro transparente. Seu coração pulava naquele momento. Se Selena o visse ali, ou até mesmo qualquer uma das meninas, ele estaria muito encrencado. Jayden não estava ali, então suas tentativas de explicar seriam inúteis, ele sabia disso. Mas ele não podia ficar escondido ali simplesmente, então Nick arriscou olhar para fora de novo, com o medo invadindo em si, se perguntando se alguém o havia visto.
 Olhando para fora, ele viu realmente o que as meninas faziam. Elas não estavam muito longe da janela, mas também não estavam tão perto a ponto de se preocuparem em olhar para dentro do escritório. Isabella estava sentada em uma das cadeiras dobráveis que havia perto da piscina e comia algo, que Nick interpretou como algum tipo de fruta; enquanto Selena e Emily pareciam dançar, ou se alongar, mas faziam muitos movimentos com as pernas e com os braços. Ele balançou a cabeça.
 As meninas estavam com roupas minis! A atenção de Nick realmente foi prendida. Isabella estava com roupas normais, uma bermuda simples e uma camiseta, sentada. Emily usava um shortinho e um top, e ela e Selena rebolavam em um ritmo de alguma dança enquanto conversavam ao mesmo tempo. Mas Selena... Nick abriu um sorriso involuntariamente. A garota estava linda! Sempre era, sempre foi, Nick sabia disso, mas naquela hora, olhando-a tão de perto e ao mesmo tempo tão longe fez borboletas baterem asas com força em seu estômago, e dessa vez ele não as impediu. Não as mandou embora, como sempre fazia quando elas atacavam. Seus olhos pareceram se fixar somente na garota, e mais ninguém. O jeito como Selena se balançava, o fez se lembrar do jeito como se olharam no clube de férias. O jeito como Selena o olhava era de um jeito único. Ele nunca iria se esquecer da primeira vez que viu a garota nos corredores do Highland, da primeira vez que se dirigiu a ele e em como a decepção inundou seu pensamento ao saber que ela era uma Gomez.
 Aquilo fez com que o sorriso de Nick desaparecesse, e mais uma vez ele ordenou as borboletas a saírem. Selena era um caso impossível pra ele, ele jamais poderia tê-la e já havia aceitado isso a muito tempo, mas seu coração era teimoso. Ele jurava que o desejo havia se esmaecido, mas não era bem assim. Ele ainda continuava ali, quieto, á espreita, esperando a primeira oportunidade em que Nick e Selena se encontrassem novamente pra ele atacar. Nick balançou a cabeça forte, tentando afastar esses tipos de pensamentos. Era o melhor a se fazer. Também porque, praticamente, estava com o nariz quase torcido no vidro.
 — Isabella, chega! — Falou Selena, parando com a "dança". — Para de comer e vem trabalhar!
 Isabella pareceu ignorar a ordem da amiga e apenas revirou os olhos, dando mais uma mordida na maçã. Nick suspirou e voltou a olhar. Não conseguia, ele estava completamente centrado nas garotas. Ou melhor, na garota. Selena também ignorou a teimosia de Isabella e ela e Emily recomeçaram a dançar. As duas conversavam enquanto se mexiam, algo também sobre a dança, pois Selena parecia estar ensinando Emily a dar alguns passos. Nick deixou escapar um sorriso. Ele não podia ficar ali, ele tinha que trabalhar, mas no momento não via sentido. Jayden não estava ali, e ele corria risco de ser visto pelas garotas por causa da enorme janela de vidro. E, acreditem, ser visto por elas não iria ser bom, Nick sabia disso. Mas seus olhos não se desviavam para outro lugar, parecia uma missão impossível. E ele também não estava muito afim de parar de encarar Selena.

 — Ok, obrigado. — Alex desligou o telefone, pondo seus óculos de grau.
 Ele novamente pegou o celular de Joe que ainda estava posto sobre a mesa, e dessa vez não havia tentado colocar os códigos, como havia feito da outra vez. Ele agora conseguira o código da caixa postal. Ele, agora com um ar de vitorioso, ligou para o número. "Por favor, digite o número de sua senha", falou a vozinha no telefone. Alex digitou, os dedos correndo rápido pela tela. "Você tem uma mensagem nova", avisou novamente a voz. Ele esperou, esperançoso. Depois, ele rapidamente conseguiu identificar a voz de Jacob na mensagem: "Joe, sou eu, Jacob. Temos que conversar, cara, eu juro que eu não sei o que aconteceu. É verdade, eu fiquei com a Emily, mas... Eu não sei como foi.", o tom de voz dele demonstrava certo nervosismo. "... Eu queria te contar, mas não queria falar na frente de todos! Por favor, Joe, me liga!" Alex desligou o telefone ao fim da mensagem, encarando o celular em suas mãos. Várias coisas se passavam por sua cabeça naquele momento.

 Selena e as garotas haviam acabado de tentar criar a dança, e agora queriam se divertir, mais por mando de Selena. Isabella, por sua vez, só queria ficar sentada e comer, como sempre. Emily já era mais elétrica, e isso entusiasmava Selena, fazendo com que a garota fizesse de tudo e mais um pouco para se mexer. As garotas colocaram um bíquini, mas a tentativa de tomar um banho na piscina não foi lá bem sucedida.
 — A gente não devia ter colocado bíquini. — Falou Selena, recolocando seu short jeans claro. — A piscina está gelada.
 Emily bufou, se sentando na borda da piscina.
 — Isabella! — Chamou Selena, sorrindo. — Não está afim de nadar?
 — Não, não. — Respondeu ela, rapidamente. — É que eu... Estou com frio.
 Emily riu, e olhou de soslaio para Selena, um olhar de provocação. Ela se levantou e caminhou até Isabella, com Selena.
 — Ou você mergulha — começou Emily. —, ou a gente atira você.
 — Não quero. — Isabella balançou a cabeça. — Não quero...
 Selena bufou.
 — Porque você é tão baixo-astral ás vezes? — Ela ergueu uma sobrancelha. — Agora que está emagrecendo, você tem que se cuidar, fazer exercícios físicos... Olha só, vou te dar uma dica! — Ela pegou uma garrafa d'água e um copo, erguendo-o na frente de Isa. — Você vai beber toda essa água sem respirar. Ajuda a enganar o estômago. — Ela deu um copo á garota, agora cheio.
 — Sem respirar? — Isabella arfou.
 — Pois é, isso é bom. Vai, amiga, não podemos deixar esses 3 centímetros voltarem de novo.
 Isabella balançou a cabeça e largou o copo em cima da mesinha.
 — Não vão ser só três... Vão ser quatro, amigas, eu prometo! — Ela sorriu, fazendo Selena dar um gritinho.
 — Mas se você continuar comendo... — Disse Emily, mexendo nas unhas.
 — Ah, Emily, não fala assim! — Interrompeu Selena. — Ela vai conseguir, tá se esforçando. Porque não ensaiamos um pouco a coreografia? — Sorriu.
 — É, vamos lá. — Disse Emily.
 — Ok, eu vou lá pegar a câmera. — Isabella se levantou. — Eu volto logo.
 — Isso, amiga. Se movimentando! — Selena riu, contagiando as garotas.

 E de repente ele já estava lá. Andou um pouco pela casa, e de repente abriu uma porta chamativa. Nick sabia exatamente onde estava entrando, era óbvio. Em qual casa haveria uma porta rosa cheia de glitter com uma placa escrita "Princesa" bem na frente, em letras berrantes? Ele sabia que aquele era o quarto de Selena. De quem mais poderia ser? Mas quando colocou a planta dos pés ali, seu coração pareceu dar um surto de susto.
 Era o maior quarto que já vira na vida. E, meu Deus, nunca vira tanto rosa em sua frente. Ele podia jurar que o quarto era maior do que sua casa inteira, se isso não fosse um exagero. Uma enorme cama de casal estava posta no meio do quarto, com tapetes felpudos e outra grande porta intiltulada "Closet". Não, ali ele não iria entrar de jeito nenhum. Quantas milhares de roupas deveriam haver ali? Ele seria capaz de se perder, conhecia Selena bem nesse ponto, sabia que a garota era a maior patricinha que já vira. Mas ele se focava em cada parte do quarto. Parecia impecável, tudo organizado e muito cheiroso. Ele praticamente se embriagou com o cheiro do quarto, aquilo era bom. Ele deu os primeiros passos para dentro do cômodo, rolando os olhos, admirando cada detalhe. Era lindo, ele não podia negar.
 Parou os olhos na escrivaninha, observando os detalhes. O notbook ali, totalmente rosa e mais alguns apetrechos de estudo, todos organizados. Olhou mais em volta e percebeu o gigantesco espelho ali. Nick quase ficou assustado. Nunca vira um espelho tão grande. Pegava do teto até o chão, igualmente a janela do escritório de Jayden. Ele se sentia pequeno se olhando daquele ângulo. Muito pequeno. Nick bufou e fechou os olhos por algum segundo, só sentindo. O cheiro, a maresia que o quarto parecia difundir... Ele se desligou.

"E de repente ela estava ali. Eu me lembrara de ter aberto os olhos, mas não havia escutado nenhum passo, nenhum barulho. Mas de repente ela estava ali. Na minha frente. Tão real como quando a vejo todos os dias. Estava com uma roupa diferente. Agora ela estava envolta num vestido simples e branco, com os cabelos soltos e com um sorriso lindo e perfeito, olhando para mim. Eu me perdi completamente, minha cabeça pareceu dar vários giros. Como ela não estava gritando e me batendo? Como não estava surtando por saber que eu estava em seu quarto? Isso deveria ser um motivo para anunciar a minha morte, pois ela me mataria, e com muito prazer. Mas naquele momento nada se passava em minha mente, a não ser ela! A não ser que ela estava ali, na minha frente, natural e linda. Parecia tão real, eu deveria estar sonhando.
E de repente ela foi dando passos a frente, foi caminhando lentamente em minha direção, ainda com um sorriso perfeito e angelical. Meu coração, ah, meu coração! Ele parecia estar em uma caminhada de carnaval naquela hora, pois a cada passo que ela dava para chegar mais perto de mim, mais ele se alegrava. Era incrível o que sua presença fazia comigo. É muito mais do que eu imaginava. E quando me dei por mim, quando percebi, ela havia se aproximado tanto que eu havia me sentado na cama. Havia caído ou havia sido empurrado? Eu não sabia. Só sei que agora ela via, quase sensualmente, até mim. Eu balancei a cabeça, começando a ficar trêmulo. Ela se sentou do meu lado na cama, dessa vez se aproximando de mim. A primeira coisa que me passou pela cabeça era que eu deveria sair correndo daquele quarto naquele instante, era que eu estava realmente sonhando e que nada daquilo era real, mas eu não conseguia. Algo estava me prendendo ali, e eu odiava pensar que aquilo era ela! Ela se aproximou de mim e, lentamente, foi se aproximando a cada vez mais. Instantaneamente, eu fechei meus olhos e, em alguns segundos depois, eu pude sentir a leveza e a doçura de seus lábios nos meus. Eu mal podia acreditar. Era muito real, isso que eu não conseguia entender! Eu estava beijando Selena Gomez novamente, e parecia muito real. Nada se passava por minha cabeça naquele momento, a não ser o desejo que eu tinha de tê-la a cada vez mais. Agarrei-a pelo pescoço e pelos braços e aproximei mais nossos corpos, enfiando minha língua violentamente em sua boca. O que era aquilo? Eu estava louco? Havia prometido a mim mesmo que aquilo jamais se repetiria em minha vida, aquilo era um pecado, eu havia prometido a mim! Prometi que nunca mais trataria meu coração como prioridade, pois ele estava me levando a caminhos que eu não podia. Mas aquele momento era demais pra mim. Eu sabia que sentia algo por ela, algo que eu não podia sentir, que deveria ser rejeitado por mim desde o início. E naquele momento eu me lembrei daquele nosso primeiro dia, de como eu queria ela a cada vez mais e tive que me conter a cada vez que a via, mesmo de longe. Eu tinha que me conter! Eu tinha ódio disso, tinha ódio de me conter. E de repente minha mente pareceu dar um impacto, e eu pareci acordar..."

 Nick abriu os olhos e olhou em volta. Estava sentado na cama de Selena, agarrando ou abraçando algo no ar que ele na hora não compreendeu. Depois bufou e pareceu querer se matar. O que ele estava fazendo? Não, ele não havia acabado de sonhar acordado com a garota que ele deveria desprezar. Aquilo era o cúmulo, ele não podia. Seu coração parecia martelar naquele momento, de tanto que batia. Sua cabeça também deveria estar doendo, mas não estava.
 E então ele ouviu os passos. Seu coração foi a mil, e a adrenalina correu por suas veias. Ele podia ouvir que os passos estavam rápidos, alguém parecia correr para o quarto. Nick se levantou rapidamente, olhando para os lados, procurando uma solução, algo a se fazer, não poderia ficar ali. Ele viu uma enorme pilastra no meio do quarto e não pensou duas vezes. Bateu de peito com ela e esperou, bufando.
 Isabella entrou no quarto, parecendo olhar para todos os lados, procurando algo. Nick se sentiu meio aliviado ao saber que era sua suposta "namorada", mas isso não o relaxou. Isabella, por fim, pegou uma filmadora em cima da escrivaninha e saiu rapidamente do quarto, nem virando os olhos para a pilastra. Nick suspirou após ouvir a porta bater, e nunca havia se sentindo tão aliviado em toda sua vida.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Um Dia de Cada Vez - 06

“Ninguém deveria ter tanto medo da tristeza assim.” — Zaluzejos.

Casa de Selena, mansão Gomez
Nova York

 Nick já se encontrava no escritório de Jayden, estimulante como sempre, oferecendo sorrisos e ajuda para o empresário. Jayden se alegrava ao ver o garoto, como ele se esforçava para tal assunto e ia bem. Nick queria mostrar á ele o quanto estava interessado, e na maior parte das vezes em que estava com Jayden, não se esquecia um minuto do motivo que o levara a estar ali. O acidente de alguns minutos atrás não saía de sua mente, Nick não podia negar que estava meio apavorado com o que a Seita poderia fazer com ele, mas logo retirava esse pensamento. Após passar pela Times Square, Nick nem se lembrava mais disso, por enquanto.
 Após alguns minutos, Jayden se retirou da sala, o que deu uma brecha enorme que Nick esperava. Ele, sorrateiramente, começou a vasculhar entre as tantas gavetas algo que era de seu interesse. Mas não foi muito longe, e com um pulo, ele já escutava a voz de Jayden vindo pelo corredor. Nick voltou-se á poltrona vermelha ao lado da enorme mesa de vidro, pegando novamente seu laptop.
 — Não, eu é que sinto muito. — Falou Jayden ao telefone enquanto adentrava novamente na sala. Nick o observou pelo canto do olho. — Ok, obrigado. — Ele desligou o telefone, se sentando em sua cadeira e voltando sua atenção para Nick. — E aí, como está?
 — Muito bem! — Ele sorriu, entusiasmado. Na mesma hora, pegou o laptop em seu colo e o colocou na mesa, na frente de Jayden. — Olha só.
 — Puxa vida. — Jayden suspirou, olhando para a tela com admiração. — Esse gráfico está muito bem desenhado. — Ele virou-se para Nick. — Como sabe tanto?
 — Bom, o meu pai era um expert em marketing e comércio exterior. — Ele deu de ombros, olhando para Jayden. Seu olhar sempre mudava ao falar do pai, ainda mais quando estava na presença da pessoa que o havia matado, pensava Nick com muita repulsa. Sentia nojo de Jayden ao pensar nesse ponto das coisas. — As pessoas também diziam que ele era um expert em relações humanas. — Nick deu um riso fraco, e rapidamente voltou a expressão séria. — Mas infelizmente ele morreu. — Sussurrou.
 Jayden encarou o garoto, soltando um suspiro. Nick revirou os olhos, não querendo olhar para Jayden naquele momento. Ele parecia nem lembrar de seu pai, pensava Nick. Parecia um total ignorante com um fato desses.
 — Eu sinto muito. — Jayden suspirou, colocando uma das mãos no ombro de Nick. — Gostaria de tê-lo conhecido.
 Jayden voltou os olhos para o computador e Nick pareceu ter levado um tapa na cara. Sua dúvida foi respondida naquele momento: Jayden não se lembrava de seu pai. Nick balançou a cabeça, de repente arfando por alguns segundos. Um ódio súbito subiu em si naquele instante, mais ódio ainda do que sentia pelo empresário. Nick balançou a cabeça e se afastou, antes que cometesse uma loucura.
 — Hum... E a Selena? — Perguntou Nick, e de repente uma onda de borboletas invadiram seu estômago. A pergunta saiu de seus lábios rápido demais e ele não fazia ideia do porquê havia perguntado logo de Selena, mas não conseguia pensar em mais nada.
 — Selena deve estar pra chegar com as amigas. — Respondeu ele, com um sorriso. — Selena, Emily e Isabella. O trio invencível.
 O sangue sumiu do rosto de Nick. Como assim as três? Já seria bem difícil se tivesse que lidar a estar a poucos metros de Selena, ainda mais que as amigas estariam juntas. Dessa vez seu estômago embrulhou, e ele decidiu não estar ali. Ele pensou em Isabella. Se ela o visse ali... Depois de algum tempo, Nick percebeu que havia torcido o nariz em sinal de nojo. Jayden riu.
 — Não se preocupe. — Disse ele. — Eu já disse que a casa é muito grande. Ela nunca aparece por aqui quando sabe que eu estou trabalhando. Odeia meu trabalho. — Jayden abriu um sorriso e Nick riu forçado. Aquilo não o reconfortava nem um pouco. — Mas e então, me explique isso. — Ele apontou para o gráfico na tela.

Quarto de Selena, mansão Gomez
Nova York

 — Eu acho horrível o que você fez com o Joe. — Murmurou Isabella para Emily, enquanto a loira corria em uma esteira no enorme quarto de Selena. Isabella penteava os cabelos no enorme espelho.
 — Ele me traiu primeiro, ok? — Emily bufou, revirando os olhos.
 — Mas você conseguiu a sua vingança. — Falou Selena, deitada na cama gigantesca de casal cor-de-rosa. — Porque você fez com que ele fosse considerado o maior idiota do colégio.
 — Espera aí, ele não me dava a menor bola! — Emily balançou a cabeça. — Ele me humilhou. Ele disse que colocou um chifre em mim, ok? To fora!
 — Você podia ter terminado com ele. — Isabella bufou.
 — Aprende uma coisa: os homens feito o Joe tem que ser enganados antes que eles enganem você. Eles sempre te põe um chifre.
 — Nem todos. — Isabella suspirou, balançando a cabeça. — O Nick não é assim.
 Emily deu um pigarro, sorrindo irônicamente.
 — Fala sério, tolinha. — Murmurou ela. — Porque você acha que não está saindo esse fim de semana com o seu... Namoradinho? — Ela torceu a última palavra em uma voz anasalada. Isabella a encarou, parecendo pensar nas palavras certas.
 — Ele tinha muita coisa pra fazer. — Respondeu ela, revirando os olhos de Emily.
 — E você acreditou nisso?
 — Mas é claro.
 — Fala sério, Isabella! — Ela grunhiu. — Coloca a mão na testa, você está cheia de chifre! — Ela deu um tapinha na testa de Isabella. A garota abriu a boca para protestar, mas Selena interrompeu.
 — Já chega de falar desse caipira! — Gritou ela, bufando. — Já chega, eu não suporto ele. Por favor, meninas, temos que começar a trabalhar. Temos que ver esse lance da canção, a seleção do novo grupo de dança, tudo isso. — Suspirou.
 — Nós já temos tudo isso. — Disse Emily. — Nós já temos a nossa coreografia. Dançamos aquela e passamos.
 — Não, vocês têm que ver isso, meninas. — Selena deu um sorriso falso e se levantou da cama, indo até sua escrivaninha próxima á janela e pegando um papel cuidadosamente, onde era visível o enorme logotipo do Highland. — Eu tinha que ter mostrado. Isso aqui é o que a professora vai avaliar. E nós temos que ser as melhores, por isso temos que mudar tudo pra fazer do jeito que ela quer.
 — Onde você conseguiu isso, Selena? — Emily sorriu, parecendo ter ignorado tudo o que Selena havia falado.
 — Eu tenho os meus métodos. — Selena deu um sorriso vitorioso e as três riram animadas.
 — E é muito difícil o que ela pede? — Perguntou Isabella, se virando para Selena.
 — Isabella. — Selena bufou, se prostando ao lado da amiga. — Pra Selena Gomez, não tem nada difícil. — Ela riu, contagiando Isabella. — Simplesmente temos que mudar a coreografia. E só temos que ser as melhores. — Deu de ombros. — Porque quero me livrar da estúpida da Demi e do grupinho dela pra sempre.
 — Tudo bem, e o que você tem em mente? — Falou Emily.
 — Nada, só vamos mudar a coreografia, mudar a canção e muitas...
 — Olhem! — Gritou Isabella, fazendo Selena a olhar meio assustada.
 — O que foi?
 — Eu estou com 3 centímetros á menos! — Bradou Isabella, segurando a borda da calça.
 — É claro. — Selena bufou. — Por causa da sua bebedeira daquele outro dia.
 Emily riu, saindo da esteira, se olhando no espelho. Isabella fechou a cara.
 — Mas isso então quer dizer que eu emagreci com um ataque de vômitos. — Ela balançou a cabeça.
 — O que? — Selena juntou as sobrancelhas, encarando Isabella. Com certeza, o que se passava na cabeça da garota naquele momento não era bom. Não o que Selena estava tentando dizer. — Não. Você só fala besteira. — Ela revirou os olhos, de repente voltando a sorrir. — Vem cá, porque vocês não me ajudam a procurar o que o meu pai comprou pra mim? Sabe, uns vestidos novos. — Seus olhos brilharam. — E é com eles que a gente vai se apresentar.
 — Então vamos logo! — Emily bateu palmas, animada.
 — Eu não lembro onde eu coloquei. Me ajuda, Emily! — Falou enquanto as duas andavam pelo quarto gigante.

Escritório de Jayden, mansão Gomez
Nova York

 Nick e Jayden já haviam trabalhado bastante. Jayden gostava do jeito de Nick, o garoto era estimulante, dedicado, fazia de tudo para as coisas com que se interessava dessem certo. Pelo menos era isso que Nick demonstrava ao empresário. Jayden o olhava como um filho, realmente gostava do garoto, e se perguntava onde estavam seus pais ou responsáveis, que aparentemente Nick não tocava muito no nome deles. Essa pergunta rondava sua mente constantemente.
 — Jayden. — Chamou Nick, enquanto mexia no laptop em cima da poltrona vermelha. — Ér...
 — Algum problema?
 — Onde está o último status desse ponto? — Ele colocou o laptop diante de Jayden, na mesa. — Porque eu não o encontro em lugar nenhum, e tem que colocar no computador.
 — Ah sim, a pasta deve ter ficado no quarto lá de cima. — Suspirou. — Eu ainda tenho coisas lá. Eu tenho que terminar de arrumar, mas nunca tenho tempo.
 — Quer que eu vá lá pegar? — Nick deu de ombros.
 — Sim. — Respondeu rapidamente. — Está lá no quarto á primeira porta á direita.
 — Primeira porta? Obrigado. — Caminhou para fora da sala.
 — Não tem de quê.

Área abandonada
Próximo ao Highland PS
Nova York

 Madison e Samuel estavam agora do lado de fora do caminhão, sentados em meio á bagunça, e Madison tentava distrair a atenção do garoto para que conseguisse esperar Demi chegar. Depois da brincadeira dos socos e dos pontapés, os dois conversavam sobre coisas aleatórias, e Samuel sorria muito na presença de Madison.
 — Agora que você me ensinou a dar uns socos e pontapés, você não vai conseguir me dar uma surra. — Falou Samuel, sorrindo.
 Madison levantou as sobrancelhas, rindo em seguida.
 — Olha aqui, brocólis, eu bato em você com um dedo. — Falou ela.
 — É? — Ele riu. — Mas eu vou treinar muito e vou deixar você que nem pastel.
 Madison gargalhou.
 — Olha só, eu vou trazer um saco pra você treinar de verdade.
 — Sério? — Seus olhos brilharam.
 — Sério.
 Samuel correu para os braços de Madison, se enroscando em um abraço. Madison se assustou, como se aquele abraço a pegasse de surpresa. Samuel era tão minúsculo que só chegava á sua cintura, e no entanto o local em seus braços era perfeito pra ele. Madison passou as mãos pelas costas do garoto delicadamente, percebendo o quanto se parecia com ele. Os dois haviam começado do mesmo jeito, e ela desejava mais do que tudo que ele não terminasse como ela. Ela não queria que ele terminasse em um orfanato, como ela havia terminado. E agora ele tinha a chance de ter um destino diferente e Madison estava disposta a fazer de tudo pra que aquele simples garotinho tivesse um destino de outra forma, e ela se achava capaz disso. Demi também, apesar de não demonstrar, não iria deixar que o garoto tivesse o destino em um orfanato.
 Madison foi tirada de seus pensamentos quando olhou pra frente e se assustou. Um enorme colchão estava sendo carregado, com muita dificuldade. Madison se assustou por alguns segundos, mas logo pôde ouvir o gemido da outra pessoa detrás do colchão. Ela respirou aliviada, sabendo quem era.
 — Olha só. — Ela cutucou Samuel, e o garoto olhou para o colchão "andante".
 Os gemidos continuaram, e os dois puderam perceber que estava sendo carregado com dificuldade. Depois de 2 segundos, o colchão caiu no chão, e detrás dele eles puderam ver uma Demi cansada e ofegando de cansaço.
 — Surpresa. — Ela arfou, e em seguida se jogou em cima do colchão, de barriga pra baixo.
 Samuel se soltou dos braços de Madison rapidamente, mais entusiasmado do que nunca.
 — Demi! — Ele gritou, se jogando no colchão e indo pra cima da garota. — Você comprou meu colchão! Você conseguiu um colchão novo! — Seus pequenos olhos verdes brilhavam ainda mais.
 Demi e Madison riram. Sabiam o quanto aquilo deixava Samuel feliz. Elas podiam sentir a alegria irradiando dele, o que as deixava consequentemente felizes também.
 — Ah, tira esse carrapato daqui! — Gritou Demi, rindo.
 Eles continuaram rindo até ouvirem mais passos se aproximando. Pareciam estar correndo. Todos viraram a cabeça ao mesmo tempo para ver quem era.
 — Miley! — Samuel gritou, correndo para os braços da garota, que estava cheia de sacolas.
 — Oi, meu amor! — Ela sorriu, dando um beijo na testa do garotinho.
 Samuel se soltou rapidamente da garota, voltando ao seu tão amado presente novo. Miley se ajoelhou no colchão.
 — Olha o que eu trouxe. — Disse ela, pegando as sacolas. — Comidinha pra todo mundo!
 Todos gritaram, animados.
 — Que bom! — Falou Madison, se sentando no presente de Samuel. — Eu tô morrendo de fome.
 Enquanto pegavam as comidas, todos conversavam animadamente. Existia um grande clima de comunhão entre eles. Todos riam e conversavam bem, Samuel estava mais animado do que nunca. Estava mais animado do que um dia poderia se sentir. E entre tantas outras conversas, ouviram um celular tocando de repente. Todos se olharam por uns minutos e logo Demi, que parecia ter "acordado", tateou os bolsos do short, pegando seu iPhone, que parecia gritar naquela hora. Ela olhou o número, e praticamente arregalou os olhos, de surpresa.
 — Alô! — Ela praticamente gritou. Os outros ao seu redor voltaram a atenção para a conversa e a comida. — Até que enfim! Onde você se meteu? Eu mandei mil mensagens... Aham... Ele está aqui, porque? — Ela olhou de canto de olho para Samuel. — Sim... — Ela juntou as sobrancelhas, de repente sua cabeça girou. — O QUE?!
 Demi gritou tão alto que fez os outros olharem pra ela, de repente meio assustados. Os olhos de Demi pareciam concentrados em outras coisas, e o telefone ainda estava em sua orelha, mas ela estava em silêncio. Pareciar arfar de repente.
 — O que houve? — Perguntou Madison, praticamente sussurrando.
 Demi desligou o telefone, bufando. Não sabia mais o que fazer.

Mansão Gomez
Nova York

 — Me perdi. — Sussurrou Nick á si mesmo.
 O garoto andava pelos corredores compridos da mansão, parecendo andar em círculos, pensava ele. Nada era igual, e também ele não encontrava o tal quarto. Ele não iria voltar á sala e pedir para que Jayden disesse novamente a localização do quarto, ele iria conseguir achar, havia botado em sua cabeça. Haviam várias portas, e a casa era realmente enorme, Jayden não estava brincando. Mas Nick não iria perder a paciência, iria continuar procurando.
 Depois, ele entrou em uma sala. Nick soltou um suspiro. A sala era grande demais. E bonita demais. Ele nunca vira coisa tão linda na vida. Só a sala de Jayden era relativamente o tamanho de sua casa inteira. Ele queria, mas não podia ignorar os detalhes daquela sala. Os sofás, brancos como a neve, o tapete impecável de plumas, a enorme TV que o fazia se sentir em um cinema, as paredes de um branco lindo. Ele estava maravilhado. Não tivera tempo de perceber as coisas na casa, mas sabia que ainda tinha muita coisa a conhecer. Por um momento, ele se esqueceu dos detalhes e voltou á andar, percebendo uma porta na lateral da parede, e ali poderia estar o que ele procurava.
 Só que Nick parou repentinamente, quando estava a alguns passos de entrar na porta. Uma voz fez seu coração gelar, e Nick sentiu o sangue sumir de seu rosto.
 — Eu não sei porque não consigo achar a calça de ginástica. — Ouviu-se a voz de Selena. — Eu não entendo!
 A voz se aproximava a cada vez mais. O coração de Nick pulou. Ele não poderia ficar ali! Selena se aproximava, e pela sincronia de passos, ela não estava sozinha. Ele podia ouvir bem claramente a voz de Emily e Isabella que a seguiam. Nick arfou, olhando para os lados, tentando pensar em alguma coisa. Depois, ele viu o sofá e a única coisa que pensou - e que podia fazer - era se esconder. Ele não podia correr, Selena e as outras ouviriam seus passos. Nick se abaixou atrás do grande sofá, pegando algumas almofadas e as jogando em cima de si. Ok, era ridículo, mas a cabeça dele girava tão rápido que ele não conseguia pensar em nada melhor.
 — Droga! — Agora ele ouvia claramente que Selena já entrava na sala. — Onde essas empregadas guardaram?
 — Calma, Selena! — Ouviu a voz de Isabella. — Você pode ter deixado lá no colégio.
 — Não, eu não deixei lá no colégio. — Ela suspirou. — E como você quer que eu fique calma?
 Os passos pararam, para o pânico de Nick. Ele não podia vê-las, mas podia ouvir que as vozes delas estavam cada vez mais perto, parecia que Selena estava ao seu lado.
 — Que droga. — Selena bufou mais uma vez. — Eu não gosto que peguem as minhas coisas!
 E de repente ela se atirou no sofá. Nick percebeu ao sentir o peso em suas costas. Seu coração parecia que ia pular do peito. E se Selena percebesse algo estranho e retirasse as almofadas? Nick fez o máximo para não respirar ou emitir algum som.
 — Avery! — Gritou Selena. — Leah!
 Nick sentiu o peso em suas costas relaxar, e percebeu que Selena havia se levantado. Ele suspirou baixo.
 — Viram como não me escutam? — Ela se queixou. — Essas duas não me obedecem. A semana toda eu passo sem empregada doméstica, eu chego aqui e elas se escondem mim. Não querem me fazer nenhum favor. Vem, meninas, me ajudem a procurar.
 Ele ouviu os passos saindo da sala, e ele consequentemente também se levantou, aos poucos, vendo se as garotas ainda pudessem voltar. Ele ouviu a voz de Selena gritando pelas empregadas ao longe, então Nick foi, sorrateiramente, pelos corredores, agora não tão preocupado com o quarto indicado por Jayden. Mas pior pra ele foi perceber que o corredor seguinte era o que as garotas estavam escondidas. Nick rapidamente se escondeu atrás de uma parede, bufando.
 — O escritório do seu pai não é aqui em cima? — Perguntou Isabella.
 — Não, é lá embaixo.
 — Vamos falar com ele.
 — Não! — Selena grunhiu.
 Isabella juntou as sobrancelhas.
 — Mas o seu pai é super legal.
 Selena revirou os olhos.
 — Isabella, um pai que deixa sua filha sem cartões de crédito, não merece nem um bom dia.
 As garotas riram um pouco, fazendo Selena balançar a cabeça.
  — Me ajudem a procurar, meninas! — pediu ela mais uma vez. — Venham comigo, deve estar lá no meu quarto.
 Nick ouviu os passos, e eles eram direcionados novamente para a sala. Nick bufou e uma onda de nervoso se passou pelo seu corpo. Ele correu novamente para atrás do sofá, jogando as almofadas em cima dele, sabendo que as garotas passariam por ali novamente.
 — Se vocês me ajudarem a procurar, de repente eu acho. — Falou Selena, aparentemente entrando na sala.
 — A gente pode revirar tudo. — Falou Emily.
 — Isso! A gente vai revirar tudo, mas vai encontrar, tenho certeza...
 A voz da garota foi sumindo, e Nick percebeu com alívio que elas haviam sumido de vista. Ele esperou mais uns minutos e se levantou, olhando para os lados, quase trêmulo. Que perrengue havia acabado de passar! Ele se recusava a imaginar o que aconteceria se as garotas o vissem ali... Ele chegava a tremer a pensar nisso. Não iria ser nada legal, principalmente para Selena, que não podia vê-lo sem querer matá-lo. Por fim, ele afastou qualquer tipo de lembrança e saiu da sala, tentando não se perder novamente.

 Demi não contou aos outros o que escutara no telefone. Na sua cabeça, era melhor assim. Ela também não queria preocupar ninguém, mas foi exatamente isso que ela havia conseguido fazer. Ela mudou de assunto e todos voltaram a conversar animadamente naquela tarde, sem nem se importar mais com o assunto de Demi, mas a garota não havia esquecido o que havia escutado no telefone. Ao anoitecer, ela sorrateiramente se encostou na parede de um dos corredores, enquanto todos já fossem dormir. Ela praticamente apertava o telefone em suas mãos, ansiosa.
 — Ai, como demora. — Ela bufou. Aparentemente a garota esperava uma ligação urgente.
 No momento em que dissera isso, o telefone vibrou em suas mãos, fazendo seu coração pular de susto.
 — Alô! — Ela arfou. — Até que enfim. Pensei que tinha esquecido.
 "E então, já pode falar?"
 — Já, as meninas levaram ele pra dar uma volta. — Suspirou, se referindo á Samuel. — Escuta, eu espero ter entendido mal e que você me explique bem. O que você disse não é verdade, ou é?
 "É verdade, eu tenho que viajar."
 Demi balançou a cabeça, parecendo perplexa.
 — Ryan, como pode viajar assim de repente?
 "Me desculpe, Demi, é uma oportunidade única. Não posso desperdiçar, é pelo meu trabalho."
 — Oh! — Demi exclamou, arregalando ainda mais os olhos. — E o Samuel, como fica? Acha que é só dar um pontapé nele?
 "Olha, me perdoa, o garoto realmente me comoveu. Mas não posso levá-lo em uma viagem, onde vou mantê-lo?"
 — Espera aí, o que você quer? — Ela bufou. — Que eu esconda ele aqui até completar 18 anos e ficar maior de idade?
 "Não. Eu vou te dar uma ideia, leva ele pra um orfanato. Diga que o encontrou na rua."
 O impacto das palavras de Ryan pareceram acertar Demi como um tiro. Orfanato? A cabeça de Demi girou a um milhão. Essa era a última coisa que a garota faria. Tudo bem que cuidava do garoto a mando e pedido de Ryan, mas ela conhecia bem o sofrimento de um orfanato. Não conhecia por ter passado, mas tinha Madison ao seu lado, e a amiga conhecia bem. Demi era contra isso totalmente, não conseguia nem passar pela sua cabeça essa ideia. Era completamente ridícula.
 — Tá maluco? — Ela quase sussurrou. — Como vamos fazer isso com o pobre menino?
 "Tudo bem", ele suspirou. "Você tem alguma ideia melhor?"

To be continued!

Wooooooooooow *-* Olá, cinderelas! Tudo bom? Eu tô super bem, apesar de estar postando ás 04:51 da manhã '-' Whatever, acontece. Enfim, como está a história? Boa, ruim, péssima, maravilhosa... Ok, fica a critério de vocês. To bastante animada com ela, apesar de que eu acho meus capítulos o Ó :( , enfim, eu melhoro (tento!). Pessoas, alguém aí já chegou a ver As Vantagens de Ser Invisível do nosso lindo Logan? Eu não vi e estou mal ;( ,  alguém pode me contar se ele beija a Emma? Ou o que acontece? Plixxxx! E ah, obrigada pelos comentários e pelas princesas maravilhosas que fazem isso. Sério, thannnnks dobrado! Continuem comentando, irá colocar um lindo sorriso no meu rosto :)))) Só isso por hoje, linnndas.
Mil beijos e tchau ;*

sábado, 26 de janeiro de 2013

Um Dia de Cada Vez - 05

"Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força. Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga. E a gente lembra. E já não dói mais. Mas dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás. Então eu pego o passado, e transformo em poesia ou coisa assim." — Caio Fernando Abreu.

Dormitório de Nick, Highland Private

 Nick rapidamente saiu da cafeteria, voltando ao colégio, fazendo as malas ás pressas para ir logo á casa de Jayden. Não via a hora de chegar, pois uma perspectiva muito grande crescia dentro de si a cada dia. Cada vez mais estava mais perto dos segredos de Jayden, da intimidade dele. Isso o deixava feliz, realmente. Não estava se tornando amigo, não queria isso. Chegando ao quarto encontrou com Aiden e Josh, os dois também fazendo as malas.
— Aí, Josh, valeu mesmo por mandar o diretor pra longe da boate. — Falei enquanto arrumava minha mochila e ele abriu um sorriso. — Você foi legal.
— Mas não adiantou, não é? De qualquer maneira pegaram vocês. — Ele suspirou.
— Pois é, o diretor já está abusando. — Bufei, largando a mochila em cima da cama. — Não vamos ter tempo livre na semana, mas pelo menos não mandaram chamar os nossos pais, o que foi um alívio.
— Então correu tudo bem?
— Melhor do que esperávamos. — Ele suspirou. Nick juntou as sobrancelhas, parecendo avaliar Josh. — Escuta, porque você não fez as suas malas? — Apontou para o armário do garoto.
— Am... Eu não vou sair nesse fim de semana. Eu vou ficar... Lendo. — Ele deu um sorrisinho de canto. Nick o olhou confuso, mas logo balançou a cabeça. O estranho Josh Harris, ele já devia se acostumar.
— Eu não vejo a hora de ir embora. — Falou Nick, colocando sua mochila nas costas, dando um leve sorriso. — E você, Aiden?
— Eu vou pra minha casa. — Aiden deu de ombros enquanto organizava algumas coisas em sua mochila pequena. — Eu te convidaria, mas é que eu tinha que ter avisado. E acabei esquecendo. — Deu de ombros.
— Não, cara, não se preocupe. Eu já tenho algumas coisas pra fazer. Vamos logo? — Gesticulou pra porta.
— Deixa eu só guardar uma coisa... — Ele suspirou. — Pronto, vamos. — Fechou a mochila.
— Até logo, Josh. — Disse Nick enquanto ele e Aiden deixavam o quarto. Aiden deu um aceno para Josh e um sorrisinho antes de sair.
 Aiden saiu primeiro do que Nick, enquanto o mesmo virou-se de costas para olhar Josh. Nick nunca entendeu Josh. Não só Nick, mas todos ali. Tudo bem que Josh era meio excluído do grupo dos adolescentes, o breguinha, o fraquinho, o frutinha, mas Nick o via de modo diferente. Eram do mesmo quarto, estavam perto, mas a mente de Josh estava sempre distante. O garoto estava sentado imóvel ao pé da cama, olhando para o nada por entre seus óculos de grau. Suas calças boca-de-sino voavam enquanto ele balançava as pernas na forma de ter o que fazer.
— Ei. — Chamou Nick, fazendo Josh se virar meio sobrassaltado. — Pelo menos leva a gente até a porta.
— Ah, ok! — Respondeu Josh rapidamente, se levantando. — Vamos!
 Os garotos saíram. Não demorou 2 segundos até que o indivíduo vestido de roupa militar e com uma máscara que só via parte de seus olhos saísse de trás de algum armário. O integrante da Seita andou cautelosamente pelo quarto, procurando ver se havia mais algum movimento. Vendo que estava seguro, correu rapidamente até o armário de seu maior interesse. Abrindo-o, seus olhos lampejaram. Ele rapidamente pegou as caixas que ali haviam e as tampou no chão, causando um estrago enorme. Pegou objetos, variados, tampando-os no chão e os pisando. Estavam furiosos. Nick deveria ter saído na escola naquela sexta como prometera. Mas não saiu. E a Seita não estava nada satisfeita.

Saguão (área de lazer), Highland

— Isabella, deixa eu passar perfume em você. — Selena torceu o nariz ao olhar pra amiga, ainda com o rosto abatido pelo mau-estar. — Porque estou sentindo daqui o cheiro da coisa que você comeu ontem, amiga. — Ela deu um risinho curto.
 Isabella a olhou sem graça. Nenhum sorriso podia se formar em seu rosto naquele momento. As duas andavam pelo saguão, agora vazio, logo após a confusão com as cartas. Ninguém parecia se lembrar mais daquilo, pelo menos era o que demonstravam.
— Tem que ficar cheirosa. — Selena ainda brincava, agora que Isabella passava um de seus braços em seus ombros. — O que eu não sei é como a Emily vai fazer pra resolver esse problemão. — Ela suspirou, de repente toda a brincadeira de 1 segundos se esvaindo. Isabella bufou.
— Pra dizer a verdade, eu acho que isso não tem mais nenhum... — A garota parou no meio da frase, de repente colocando a mão na boca, seu rosto ficando verde novamente. Selena pareceu ficar em pânico, com medo de que Isabella soltasse tudo pra fora ali.
— Isabella, cuidado! — Selena quase gritou. — Espera, vem cá.

— Vocês deviam ir pra minha casa comigo. — Demi jogou as malas com brutalidade no chão enquanto terminava de descer as escadas. Seu rosto ainda não havia mudado: estava com raiva. De tudo, pensava ela. — Podemos fazer uma hidro, ou uma massagem. Podemos ver uns filminhos, ficar bem a vontade. O que acham?
— Acho que seria muito bom. — Respondeu Madison. — Mas sinceramente eu prefiro treinar.
— É verdade, muito obrigada. — Falou Miley, mexendo nas unhas, acanhada. — Mas eu sinto muita saudade da minha irmã. Eu prefiro passar uns dias por lá.
— Tudo bem, ok. — Demi deu de ombros, enquanto as três se encaminhavam para uma mesa do saguão. — Fica pra próxima então.
— Isabella! — As três olharam para ver que Selena gritava, a apenas alguns metros delas, parecendo carregar Isabella em seus ombros. — Dá pra parar um pouquinho?
— Meu Deus, ela está com gases?! — Gritou Demi, fazendo com que Selena a fuzilasse com os olhos.
— Senta aí. — Falou Selena, colocando Isabella em uma cadeira de uma mesa a 2 de Demi.
— Qual é o problema da sua amiga? — Perguntou Demi, se aproximando das duas.
— Não mexa com ela, Demi. — Selena rangeu os dentes.
— Bom... — Começou Demi, mas Selena revirou os olhos, parecendo abanar Isabella. — Ei! Selena! — Selena a olhou, com certa repulsa. Demi suspirou, encontrando as palavras. — Eu queria agradecer por você ter se apresentado ao diretor. Meio tarde né, mas se apresentou. — Deu de ombros. Selena pareceu rir sem humor.
— E além de tudo tarde. — Selena riu, ajeitando a ponta dos cabelos. — Olha, eu tenho que dizer que eu não fiz por você. Eu fiz porque era o correto, e foi o que ensinaram na minha casa. É claro que você não teve educação...
— O correto é agradecer a você, ok? E ponto final! — Demi interrompeu, começando a sentir a mesma repulsa que sempre sentira pela patricinha. Aquilo não iria mudar. Demi revirou os olhos e olhou para Madison e Miley. — Então vamos pra minha casa?
 Madison balançou a cabeça e Miley foi dar um abraço em Selena em forma de cumprimento, quando uma irrompeu entre elas, a mulher branca de cabelos castanhos e encaracolados que estavam presos em um rabo-de-cavalo.
— Meninas! — Disse a professora de dança, fazendo as garotas ali a olharem instantaneamente. — Que bom que não foram embora ainda. Acabei de falar com o diretor sobre o grupo de dança e... Ele não quer que tenham dois grupos. — Ela deu de ombros, claramente decepcionada.
 Houve um momento de silêncio. Depois, Selena sorriu.
— Ah, não tem problema! — Disse ela, mostrando seu belo sorriso. — Fica o meu grupo, que tem mais tempo. E assunto encerrado.
 Demi deu um sorriso cínico para Selena, sentindo ainda mais nojo da garota.
— Infelizmente, eu tenho más notícias pra você. — Falou á professora á Selena, que a mesma sumiu com seu sorriso.
— Como assim más notícias? — Selena foi retórica, e estava sem expressão, mas ela já previa que a resposta não iria lhe agradar.
— O diretor considerou que, com tudo o que aconteceu, você demonstrou imaturidade pra dirigir o grupo.
 A gargalhada de Demi ecoou pelo saguão.
— Imaturidade? — Selena arregalou os olhos. — Como assim? Não estou entendendo!
— Isso mesmo. — Ela deu de ombros. — Eu vou dirigir o grupo á mando da direção.
— Não não, Hannah, isso não é nada justo! Eu estou a muito tempo fazendo isso, eu levo jeito. — Selena arfou.
— Eu sinto muito. — Hannah deu de ombros. — Foi isso que o diretor decidiu.
 Selena bateu o pé, bufando. Não conseguia aceitar aquilo de jeito nenhum. Demi olhou para a garota por alguns segundos, depois se virou novamente para Hannah.
— Bom, então, Hannah, qual grupo vai ficar? O dela ou o meu? — Demi perguntou, apontando de Selena para ela.
— Vou fazer uma seleção e dali eu vou tirar um novo grupo. — Respondeu ela.
— E qualquer um pode se inscrever?
— Claro que sim. — Hannah sorriu. — Só que só vão ficar os melhores.
— Ah, então garanto que vou passar. — Falou Demi e lançou um olhar divertido para Madison, a quais começaram a rir.
 Isabella respirou fundo, se virando com dificuldade para Demi, ainda sentada na cadeira.
— Aqui, não canta vitória. — Falou ela, com a voz meio grogue. — A Selena sempre ganhou porque é uma das melhores.
— Queridinha, você não tem que ir pro hospital? — Demi a olhou com repulsa. Não iria discutir com Isabella ali, ainda mais na frente de Hannah.
— Não se preocupe, Isabella. — Selena suspirou, afagando os ombros da amiga. — Vamos ver quem ganha. — Encarou Demi ferozmente.
— Você... — Começou Demi.
— Garotas, garotas! — Falou Hannah, tomando novamente a atenção das garotas. — Não quero brigas. Vão ficar as que fizerem o maior esforço. Ouviram?
 Hannah lançou um último olhar ás garotas e se retirou do saguão, balançando seus cabelos cacheados.
— Me espera aqui, Isabella. — Selena grunhiu, se afastando da garota. — Tenho uma coisa muito importante a fazer. — Ela encarou Demi, antes de também se retirar do saguão.
— Que coisa é essa que ela vai fazer? — Comentou Demi com Madison. A mesma deu de ombros, olhando as costas de Selena enquanto a mesma se afastava.

Meio-fio, frente do Highland

 Nick se despedira dos amigos e já se encaminhava para seu próximo destino: a mansão de Gomez. A ideia o estava estimulando, a cada vez que se aproximava mais do empresário, maior seu ódio aumentava e isso era ótimo para Nick, assim sua vingança seria perfeita. Não podia negar que sempre quando pensava na filha dele isso assumia um novo lugar, ele se esquecia por alguns momentos o que estava fazendo ali, em Nova York, mas ele agora sempre se fechava quando esse sentimento tentava entrar de novo.
 Ele acenou para o segurança na entrada do Highland, dando um sorrisinho. Estava pensando em pegar um metrô mais rápido para chegar á casa de Jayden. Enquanto Nick se afastava da escola, ele não imaginava o que o esperava do lado de fora. Enquanto subia pelo meio-fio, pela calçada, ele acenou para mais um dos seguranças e supervisores da escola, dessa vez um mais idoso. O homem lhe lançou um sorriso animado e Nick continuou seu caminho.
 Nick fora atravessar para o outro lado da rua. Havia acabado de cumprimentar o segurança quando olhou para os lados e não percebeu nenhum carro. Nick atravessou a rua, de repente mexendo em seus bolsos. Talvez procurava por seu celular. Quando de repente, Nick sentiu um peso em cima de seu corpo. Quando se deu conta, Nick estava no chão e ouvia um barulho estridente de pneus.
 Nick olhou para cima e viu sua mochila a alguns metros a seu lado. Seus olhos rolaram para os lados e ele percebeu que estava no meio da rua. Piscou os olhos algumas vezes, tentando entender aquilo. Foi quando percebeu a pequena pontada que sentira. Mexeu alguma parte do corpo e percebeu que seu braço doía. Nick gemeu e se levantou.
 Seu coração bateu forte quando percebeu que o segurança velhinho, o qual tinha cumprimentado a menos de um minuto atrás estava a seu lado, arfando alto e parecia com os olhos esbugalhados. Nick o encarou, mas logo viu que os olhos dele estavam perdidos, olhando para a frente. Nick viu, mas foi de relance. O grande carro que cantara pneus estava dando meia-volta, voltando para sua direção, pretendendo tentar atropelá-lo de novo.
 Dessa vez foi Nick quem reagiu. Como um jato, pegou sua mochila ao lado e agarrou o braço do segurança, forçando-o a correr e os dois, mais rápido do que antes, pularam para o meio-fio do outro lado da rua, caindo de costas e rolando algumas vezes.
 O carro passou, e Nick pôde ouvir falhadamente alguma coisa como "Mata ele!", mas foi completamente de relance. Nick gemeu e rolou para o lado, ouvindo o velho gemer também. Antes de tentar se levantar, Nick notou que mais um segurança se aproximava dos dois, completamente estupefato. Com certeza havia presenciado a cena do quase-atropelamento. Nick se levantou com dificuldade e percebeu que o estado de seu cotovelo não era dos melhores. Mas aquilo era o de menos. Seu sangue ainda fervia com o que havia acabado de acontecer. Quando atravessara a rua, não havia visto carro nenhum, e do nada um carro descontrolado, que ele reconheceu como um Volvo reluzente, estava tentando atropelá-lo. Isso porque o carro havia dado meia-volta para tentar de novo, já que a primeira tentativa havia sido falha.
— Está machucado? — Perguntou o segurança que havia chegado depois. Ele estava arfando.
— Não, tudo bem. — Respondeu Nick, pegando sua mochila.
— Tem certeza?
— Sim, deveria ser algum bêbado passando por aí.
— Se quiser vou com você até a polícia.
— Não! — Nick interrompeu, erguendo as mãos. Polícia áquela altura? Ele estava fugindo disso. — Por favor, eu não quero que digam pra ninguém o que aconteceu.
— É só dizer que estávamos aqui...
— Não, é sério! Obrigado! — Nick arfou.
 Os seguranças desistiram e se despediram de Nick, o que o deixou feliz. Nada havia acontecido, na cabeça dele. Ele não havia se quebrado inteiro, ele ainda estava vivo. Ao ver os seguranças se afastarem de volta á escola, Nick continuou seguindo pelo meio-fio, mas ainda estava meio elétrico com relação á aquilo tudo. Quem iria querer matá-lo? Quer dizer, estava na cara que queriam matá-lo, senão teriam seguido em frente com o carro, e não dado meia-volta. E Nick sabia que quem estava no carro não era bêbado nenhum, mas não conseguia imaginar quem era.
 Sua resposta talvez foi respondida enquanto ele andava pela rua. Nick observou que uma folha de papel dançava pela rua com o vento, e Nick se aproximou. Pegando a folha de papel nas mãos, seu coração gelou e ele ficou pálido. O desenho da grande mão negra que haviam o perseguido estava ali novamente, o assombrando.
 E de repente ele entendeu tudo.
 O carro. O quase-atropelamento.
 A Seita.
 Nick arfou, deixando a folha cair de suas mãos. A Seita não estava de brincadeira. Seu coração bateu mais forte, e percebeu que sua testa estava molhada. Ele quase fora morto á segundos. Estaria Nick brincando com a sorte? Ele deveria mesmo sair do Highland? Áquela altura?

Dormitório de Joe, Highland Private

— Cadê o meu celular? — Murmurou Joe enquanto entrava em seu quarto mais uma vez, batendo nos bolsos com impaciência quando percebeu a ausência do objeto. Mal percebera Jacob ali no quarto também, que estava arrumando a mala.
— Joe. — Falou Jacob, a voz quase falhando, enquanto se aproximava do amigo que revirava sua escrivaninha. — Nós temos que conversar, cara.
— Não estou afim de falar com você! — Grunhiu Joe, nem se virando para olhar Jacob.
— Joe, pelo menos me deixa explicar! — Jacob bufou. — As coisas não são como parecem.
— Cara, dá um tempo! — Joe balançou a cabeça, e começou a seguir novamente para a porta, colocando algo nos bolsos. Havia achado o celular.
— Joe, me deixa explicar. — Jacob rapidamente se colocou na frente da porta, fazendo Joe parar e revirar os olhos.
— Olha só, você tem que me entender! Não teria rolado nada se não tivesse acontecido o...
— Jacob, eu não quero saber! — Joe rangeu os dentes. — Se você não sair, eu vou tirar você. E não me aborrece, que eu estou chateado.
— Joe, você quer bater em mim, então bate, mas... — Jacob não terminou a frase, pois Joe pegou pelos ombros do garoto e quase o tampou na parede, passando pela porta pisando forte.
— Joe! Espera! JOE!

Caminhão abandonado, próximo ao Highland, Nova York

— E aí? O que você tem? — Perguntou Madison á Samuel, que estava sentado em algum canto, com a cara fechada.
— Estou chateado. — Ele grunhiu, revirando os pequenos olhos verdes.
— Comigo? — Ela franziu o cenho. — Porque? Eu não te fiz nada.
— Com você não. — Ele suspirou. — É com a Demi.
— Com a Demi? — Ela se aproximou de Samuel, largando a lata de tinta que antes mexia nela. Madison estava mais animada com a reforma da "casa" de Samuel do que todos. — Depois de tudo o que ela trouxe? Porque?
— Ela foi embora sem se despedir! — Ele baixou os olhos, mas parecia revoltado. — Não me deu um beijo, nem nada. — Ele cruzou os braços, bufando. Madison riu.
— E você vai começar a chorar? — Ela ergueu uma sobrancelha. Samuel baixou ainda mais a cabeça, para tentar esconder as lágrimas que ele sabia que viria. Madison olhou para seu olhos. — Hein?
— Não estou chorando! — Ele bufou, passando as costas das mãos nos olhos rapidamente. Madison suspirou.
— Sabe porque está de mau-humor? De tanto ficar trancado aqui.
— É. — Ele suspirou, assentindo com a cabeça. — Isso também é uma chatice.
— Olha, não esquenta. Ryan já vai chegar. — Ela deu um sorrisinho. — Aí você vai embora com ele e vai ter uma casa de verdade. E não vai ter mais que se esconder. — Ela se mostrava animada. Samuel não mostrava um pingo de emoção, nem ao menos um sorriso mostrou. Mesmo assim, balançou a cabeça, tentando enfiar aquela ideia na cabeça. — Porque essa cara? Não estou explicando pra você? — Samuel respirou fundo. — Vai, dá um sorriso! — Ela o causou uma crise de cócegas. O garoto riu, mas logo afastou as mãos de Madison. — Olha, já te contei que pratico artes marciais? — Ela sorriu.
— Com esses bracinhos e perninhas tão finas? — Ele ergueu as sobrancelhas.
— Haha! — Ela gargalhou.
— Me ensina então! — Ele a desafiou.

To be continued!

Boa noite, meninas *-* como sempre, horário de verão me matando! Mas e então, como vocês estão? Eu tô bem e bem animada com a história. Espero que vocês também estejam. Pretendo postar a cada dia, todo dia mesmo, mas quero pelo menos uns 3 comentários. O mínimo que posso pedir, meninas, please! Quero ver se estão mesmo gostando. Então, visitem esses blogs: Top Model - Sexy - Just In Love.
Mil beijos e tchau ;*

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Um Dia de Cada Vez - 04

"Sempre fui um pouco áspero, fechado, sempre tive dificuldade de receber amor. (…) Na verdade, eu sempre precisei de afeto, só que antes eu não admitia." — Caio Fernando Abreu. 

Saguão, Highland Private
' Por Selena G.

 Após a conversa com o meu pai, que eu prefiro nem comentar aqui o que ele disse, eu fui até o refeitório, aparentemente procurando Isabella e Emily. A aula já havia acabado e até agora eu não estava acreditando no que eu havia acabado de fazer. Era uma coisa horrível, mas de repente eu não concordava com nada do que Joe e os outros garotos julgavam ser correto. Não conseguia aceitar, e quando não aceito uma coisa eu digo mesmo. Tudo bem que eu não suportava Demi e essas coisas, mas todos nós havíamos aceitado a loucura dela. E ainda mais, havíamos a seguido! Sorry, mas não consigo concordar com as pessoas que a estavam acusando. Ela era louca e tudo mais, metade dos alunos do Highland deveriam ter fotos dela na parede do quarto só para tampar pregos, mas mesmo assim, eu não conseguia concordar. Mas não era aquilo que estava queimando minha cabeça no momento, e sim a minha conversa com meu pai. Aquilo não havia me entristecido, mas sim, ele havia me falado poucas e boas e me cortado algumas coisas. Aliás, muitas coisas. Odiei aquilo mas no fundo eu mereci.
 What?! Não mereci não.
 Cheguei á mesa e encontrei exatamente Isabella e Emily. Emily mexia no celular ao mesmo tempo que comia um doce e Isabella  estava com uma compressa enorme de gelo nas mãos, e a colocava em cima da cabeça. Imaginei a dor que ela ainda sentia pela intoxicação.
— O que aconteceu? — perguntou Emily quando sentei bufando na mesa junto com elas.
— O pior! — resmunguei.
— Expulsaram você do colégio? — ela arregalou os olhos.
— Não me expulsaram, mas meu pai cortou os meus cartões de crédito — gemi, aflita. — Me diz, tem alguma coisa pior que isso?
 Emily balançou a cabeça. Isabella parecia não estar prestando atenção em nossa conversa, só sabia ficar se lamentando pela dor que estava sentindo. Ok, vamos deixá-la em paz, isso é o preço que ela paga por ter bebido demais naquele antro de festa. Emily deu mais uma mordida naquele doce e olhou pra mim novamente.
— O que aconteceu com a idiota da Demi? — perguntou ela.
— Sei lá — suspirei. — Quando fui á direção, estavam lá o diretor e a sem classe da mãe dela. Sei lá.
 Emily ergueu as sobrancelhas e voltou a se concentrar em seu doce e vi que ela só havia me perguntado aquilo pra gastar segundos de sua vida, pois ela não se importava um mínimo com Demi. Na verdade, se Demi fosse embora seria um alívio. Pra mim também, é claro. Só me entreguei pra ser um pouco justa. Olhei para Isabella e vi que a mesma estava com uma cara de doente. Que horror.
— Como se sente, Isabella? — perguntei, com a voz abafada. — Está melhor?
— Não — ela suspirou. — Estou super pra baixo, amiga. O álcool está me matando.
 Pisquei os olhos pra ela, meio abismada. Nunca imaginei ver Isabella naquele estado.
— É que você bebeu tanto que parecia que o álcool iria acabar pra sempre — falei, como se fosse óbvio.
— Eu estava me sentindo muito mal — ela abaixou a cabeça. — E vocês duas de segredinhos pra baixo e pra cima, não me contaram nada.
 Eu suspirei, olhando de canto para Emily.
— Não é nada contra você, amiga — falei. — Mas são coisas que no momento temos que guardar segredo, ok?
 Me lembrei de Emily e Jacob naquela noite e me subiu uma raiva. Não raiva deles, mas por Isabella estar pensando que não quero contá-la. Ainda vou colocar Emily e Jacob no eixo, esses dois não podem continuar assim. Isso uma hora vai ter que acabar.
— Está bem — ela assentiu, suspirando. — Mas o que mais me irritou foi ver a filha daquela cantora sem classe, aquela oferecida! Ela estava dançando com o Nick. — Ela rangeu os dentes, estava realmente nervosa.
 Lembrar daquela cena me causou o mesmo efeito, a mesma onda de ódio por Demi. Nem só por Demi, mas porque Nick também dava bola demais áquela menina, o que causava o sofrimento constante de Isabella. Que ódio daquele garoto. Odiava ter que fingir qualquer ódio por ele. Droga.
— Eu fiquei cheia de cíumes. — Ela bufou.
— Ah, esquece isso! — Tentei forçar um riso, pra ver se conseguia abafar o caso. Aquele não era um assunto bom pra aquele momento. De repente nós 3 ouvimos vozes e, olhando para trás, vimos Joe e Jacob se aproximando de nós. Eles nos cumprimentaram e Joe tascou um enorme beijo em Emily enquanto Jacob beijava minha testa e a testa de Isabella em forma de afeto.
— Então, aproveitando essa situação da Demi, nós vamos falar com o diretor. Vamos pedir pra gente sair, que tal? — supôs Joe, enquanto abraçava Emily.
— E o melhor seria se pedíssemos para sair á tarde — falou Jacob.
— E aí, meninas? — Joe ergueu as sobrancelhas.
— Ok então.

Saguão (área de lazer), Highland Private
' Tarde

 Algum tempo depois, Selena e as meninas, acompanhadas por Joe e Jacob, ainda se encontravam sentados na mesa no mesmo lugar, conversando sobre coisas variadas. Joe ainda estava supondo ideias do que iriam fazer naquele dia, já que todos os alunos iriam para suas casas. Isabella, na maioria das vezes, dava sorrisos forçados aos amigos, pois seu mau-estar ainda a estava atormentando. Várias indicações em sua cabeça pairavam, dizendo para contar á Selena que havia bebido na festa por causa de Joe, mas ela sempre varria essa possibilidade. Não que fosse tão grave assim, mas ela preferia. Era melhor. Emily e Joe estavam abraçados, trocando beijos e carícias, enquanto Jacob ria com eles, mas não deixava de ficar vidrado no olhar Emily. Mesmo com Joe por perto, os dois se encaravam muito, e Jacob não deixava de olhar "apaixonado" pra ela. Emily conseguia disfarçar os olhares, mas sempre acabava dando um terço de seu tempo olhando para o garoto. A culpa não a invadia, é claro. E Selena não prestava atenção nos dois, achava que isso era o melhor que ela fazia. As conversas foram recorrendo até Logan entrar na área de lazer e se deparar com a mesa de seus "amiguinhos". Ao ver Logan, Joe o mandou um olhar furtivo, que só podia ser entendido pelos dois. O incidente de algum tempo atrás no banheiro ainda era lembrado e pela cara de Joe, não iria ser esquecido. Logan apenas observou á todos na mesa, e passou reto. A cabeça de Selena se abaixou automaticamente. Não queria falar com Logan por um tempo, talvez fosse melhor.
 O grupo na mesa ria animadamente quando algo pousou no colo de Selena. Todos olharam ao mesmo tempo quando Selena olhava a carta branca que havia acabado de cair em cima de suas pernas. Ela juntou as sobrancelhas, completamente confusa, pegando o pedaço de papel nas mãos. Automaticamente, Joe e Jacob olharam para os lados, se perguntando como aquilo havia parado no colo de Selena do nada, sem mais nem menos. E, como um rompante, as meninas viram Joe e Jacob se levantando rápido da mesa, após os dois terem trocado alguns olhares como se fosse um tipo de conversa interna entre eles. Os dois correram, para a direção mais afundo da área de lazer, empurrando algumas pessoas no caminho. Com certeza estariam procurando algum indício de alguém ter jogado a carta para Selena, mesmo que isso fosse apenas uma maluquice. Os pés dos garotos pareciam voar, o tanto que corriam. Tinham leves impressões do que poderia ser a carta que Selena segurava, mas não quiseram pensar nisso. Aquilo era o inferno do Highland. Voaram pelas escadas dos banheiros e das saunas e nada. Por fim, os garotos voltaram á mesa.
— Escapou! — murmurou Jacob para Joe enquanto caminhavam até a mesa, onde viram Selena e as garotas olhando com curiosidade para a carta, que estava intacta.
— Espera — Selena falou, de repente "acordando". — É outra daquelas cartas anônimas.
— Ah é — Jacob deu de ombros, de repente não tão interessado como antes pela carta.
 Selena se levantou da mesa, abrindo a carta com cuidado.
— O que diz aí? — perguntou Joe, se aproximando de Selena. Ele sim estava com um interesse agudo nos olhos.
 Selena abriu a carta e logo puderam ver seus olhos arregalados. Todos agora haviam se levantado da mesa e estavam atentos, esperando que Selena lesse o pedaço de papel em voz alta. Joe estava quase sendo capaz de arrancar aquilo da mão de Selena, tamanha era sua curiosidade. Selena bufou e pareceu não estar mais "pálida" e incrédula. Em vez disso, balançou a cabeça e decidiu abafar o caso.
— Ah não. Só diz besteira — ela suspirou, olhando da carta para os outros. — Acho que não devíamos ler — Selena embrulhou a carta de volta no envelope.
 Ouviram-se vozes murmurando e discordando. É claro, naquele momento iriam querer matar Selena.
— Claro que não! — gritou Emily, e tentou pegar a carta da mão de Selena, mas a mesma afastou. — Primeiro nós temos que ler! — ela rangeu os dentes.
— Emily tem razão! — falou Joe, apontando para a namorada. Ele não estava entendo lhufas da atitude de Selena, e sempre tivera uma curiosidade extrema pelas cartas anônimas.
— Mas isso não interessa! — retrucou Selena. — Pra quê continuar com essa brincadeira? Para, Joe! — ela gritou ao ver que Joe puxava o papel de suas mãos. — Não leia...
 Tarde demais, em 2 segundos Joe já estava com o pedaço de papel nas mãos, o que fez a garotaolhar com raiva, mas de certa forma preocupada. Naquela carta havia algo que, da opinião de Selena, ninguém iria querer ler mesmo.
— Vamos ler com calma. — Falou Joe para Selena, tentando amenizar a preocupação dela.
— Muito engraçadinha, você já leu, né? — Jacob levantou as sobrancelhas e Selena o olhou de cara feia.
 Joe abriu a carta, e rapidamente ele mordeu os lábios, abrindo um pequeno sorriso.
"Atenção!" — Joe ditou, rolando os olhos para olhar Jacob com um ar divertido. — "Está formado o novo casal do colégio. Mas dessa vez com um ingrediente adicional." — Ele riu para Jacob, que fez o mesmo. Ao voltar á carta, o sorriso de Joe sumiu, dando lugar á testa vincada. — "Ela tem namorado. Adivinha quem tem os chif..."
— Não, Joe! — Jacob interrompeu a leitura e de repente o garoto estava mais branco do que o normal. Emily e Selena também de repente abaixaram as cabeças, e podia se ver uma certa cara de culpa. O coração de Emily pareceu disparar mais rápido do que o habitual... E se a entregassem na carta? Joe estava ali, Joe e Jacob. — Não precisa continuar, Joe! — Pediu ele mais uma vez, agora tentando agarrar a carta das mãos do amigo.
— Espera aí! — Joe afastou as mãos do amigo, dando um leve riso. — Vamos ver quem é o chifrudo!
 Jacob colocou as mãos na cabeça e, sem perceber, alguma parte dos alunos do saguão já prestava uma atenção na rodinha ali que estavam lendo a carta. Aquilo não era nada normal, e dessa vez a carta anônima faria ridicularizar bastante coisa. Jacob não lutou mais contra o amigo para conseguir pegar a carta, mas estava mais nervoso do que nunca. Emily não conseguia falar, parecia que seus músculos estavam travados. Joe voltou a ler a carta, e logo seu sorriso desapareceu completamente. O rosto do garoto entregava o que Jacob, Selena e Emily mais temiam. Parecia que ele havia levado um choque elétrica, tamanha era sua surpresa.
 Mas logo isso foi substituído por uma expressão de raiva, ódio. Joe dobrou a carta em suas mãos, levemente, ainda de cabeça baixa. Estava mais confuso do que nunca.
— Você está saindo com a Emily? — Disse ele calmamente, enquanto olhava nos olhos de Jacob. Seu rosto era a marca de uma traição.

Sala da direção, Highland Private

 Após a conversa de Emma e Demi, a garotinha saiu da sala, ainda bufando e xingando mentalmente o diretor. Será que havia saída para Demi? Ou será que o diretor Ethan estava cometendo um enorme erro expulsando Lovato do Highland? Minutos depois, Ethan e Emma se sentaram em uma poltrona vermelha na sala da direção, que no meio encontrava uma mesinha de madeira clara que ele havia insistido em colocar um café.
— Eu lamento, mas não tem outra saída a não ser a expulsão. — Concluiu ele após algum tempo de conversa. Emma juntou as sobrancelhas, o encarando agora meio estupefata.
— Ah, você está exagerando. Dramatizando! — Disse ela, com voz abafada. — O caso não é pra tanto.
— Não? — Ethan foi irônico, dando um risinho, logo voltando á expressão séria. — Mas foi sim. E tenho que tomar uma medida por isso.
 Emma suspirou, se levantando da poltrona e começando a dar leves passos pela sala.
— Acho que a melhor medida que você deve tomar é deixar as coisas do jeito que estão. — Falou ela, parando atrás da cadeira do diretor. Ethan sentiu um leve calafrio com o toque de Emma.
— Porque está dizendo isso? — Perguntou ele, sem se virar.
— Imagine só — Começou ela, colocando suas mãos nos ombros de Ethan. —, não se trata um assunto de um grupo de adolescentes desse jeito. Ainda mais se eles fizeram pouco caso de você. — Ethan deu de ombros, o que causou certo nervosismo em Emma. — Se expulsarem minha filha, você vai entrar na boca de todo mundo. Até os jornais e a imprensa vão querer saber o porquê dessa expulsão, imagina? — Ela se afastou de trás da cadeira, indo até a janela.
 Um horror se passou pelo rosto do diretor repentinamente, o que o fez levantar da poltrona rapidamente, se aproximando de Emma.
— Você acha? — Perguntou ele, baixando os óculos de grau.
— É claro. — Ela disse como se fosse óbvio, levantando os ombros. — Imagine só, vai ficar queimado por todo mundo.
— Am... E o que você me aconselha? — Ele perguntou, olhando toda a extensão do corpo de Emma no vestido justo de modo estranho. Emma sorriu.
— Isso me lembra os velhos tempos. Você lembra? — Ela passou as mãos pelo rosto de Ethan, de algum modo estava fingindo.
 Ethan deu um sorriso meio sem graça e meio malicioso. Frashbacks de seu passado lindo e remoto com Emma Brown pareceram vir á sua mente como um furacão. Agora ele nem se lembrava de que a mulher linda á sua frente fora seu amor do passado e que viveram tanta coisa juntos. Do nada, já estava soltando pequenos risinhos junto com Emma.
— Bom, você era uma adolescente. — Ele riu, recolocando seus óculos. — Mas sempre acertava nos seus conselhos.
 Emma deu um sorriso doce.
— O que você tem que fazer é deixar que o fogo se consuma... E que as cinzas sejam levadas pelo vento. — Falou ela. — Ou seja, não faça nada! — Ela riu, contagiando o diretor. Mas logo ele tomou sua expressão séria e carrancuda de sempre.
— Pode ser. — Ele suspirou. — Acho que você tem razão. — Ele abriu um minúsculo sorriso de lado, se afastando uns 2 passos de Emma.
— Eu sempre tenho. — Garantiu ela, sorrindo.
— Mas... Não. — Ele ficou sério, encarando Emma. O sorriso dela desapareceu, agora receosa. — As coisas não podem ficar assim. — Ele se aproximou de Emma novamente, falando com autoridade. — Vou fazer alguma coisa com a sua filha.
 Ethan virou as costas, se encaminhando até sua mesa enquanto Emma o olhava meio perplexa. Jurava que o havia tiçado a deixar essa ideia de lado e agora estava mais nervosa do que nunca.
— Já sei! — Falou ele, se virando para Emma, dando um leve sorriso. — Não vou expulsá-la. Mas... Com uma condição. — Ele se aproximou de Emma, o que a fez ficar receosa. Ethan retirou os óculos e a olhou no fundo dos olhos, o que a causou embrulho no estômago.
— Q-qual? — Gaguejou ela.
— Ela tem que fazer uma terapia. — Respondeu ele simplesmente. Os olhos de Emma se arregalaram e ela se segurou para não dar um tapa em Ethan.
— Está me dizendo que quer que a Demi procure um psiquiatra? — Ela estava pasma.
— Ou um psicólogo. — Ele deu de ombros. — Se não se submeter um tratamento, não pode ficar aqui.

Saguão (área de lazer), Highland Private

— Joe, fala sério! — Jacob se manteve firme e rezou para não gaguejar e não parecer nem um pouco nervoso. Os olhos de Joe estavam tomados por ódio, ele podia ver. Aquilo o causava certo medo, já haviam pessoas olhando meio abismadas, como se presenciassem uma explosão. — Não vai acreditar no que dizem essas cartas anônimas, não é? Sabe que é tudo fofoca...
— Jacob! — Interrompeu Joe, enquanto se aproximava cada vez mais do amigo, que retornava alguns passos. — Aqui diz que Selena e Emily falaram isso no banheiro da boate.
— E você acredita nisso?! — Gritou Jacob. O garoto estava apavorado, via-se em seus olhos. Joe bufou e se virou para as garotas, que estavam tão trêmulas quanto Jacob.
— Isso é verdade? — Perguntou Joe, controlando a calma em sua voz.
— Como você pode acreditar nesse tipo de coisa? — Falou Emily, e sua voz estava pior do que a de Jacob. — Dizem umas mentiras que não tem nada a ver! — Selena apenas abaixou a cabeça.
 Logan assistia de longe o "show". Agradeceu mentalmente por Joe não o ter visto, mas ele estava gargalhando dentro de si. Ver aquilo o agradava. Ele o tinha avisado, essa era a melhor parte. Seu sorriso não sumia do rosto.
— Era isso que não queriam me contar, não era? — Manifestou-se Isabella, olhando para Selena e Emily.
— Isabella! — Gritou Selena, rangendo os dentes.
 Foi o bastante para Joe. O garoto balançou a cabeça e caminhou a passos fortes para fora do saguão, não olhando para ninguém. Parecia que um peso havia se estabelecido pelo corpo de Emily. Aquilo era pra ser uma vingança, mas não tinha como sentir alegria naquela hora.
— Joe, espera! — Jacob pegou no braço do garoto.
— Me solta! — Joe berrou, afastando seu braço de Jacob com brutalidade, e continuou a caminhar.
— Joe, espera, cara! Deixa eu te explicar... — Jacob seguiu Joe para fora do saguão, e os cochichos haviam começado.
— Emily, fala sério. — Selena falou baixo, bufando. — Viu o que você provocou?

Cafeteria One-Eyed Pete's, Nova York

 Nick fora se encontrar com Jayden em uma cafeteria da cidade após a confusão na diretoria. Sua consciência estava limpa, ele achara que fizera o mais certo sendo justo e se entregando, mas aquilo não havia resultado em nada no momento. Nick viu que a One-Eyed Pete's estava cheia. Logo encontrou Jayden sentado em uma das poucas mesas lendo um jornal. O lugar deveria ser batante sofisticado e só bem frequentado, pois sua aparência e as pessoas que o frequentavam já dizia isso. Jayden ficou satisfeito ao ver o garoto, e já começavam uma conversa.
— Bom, agora que o diretor o liberou do castigo, vai lá em casa. Tem trabalho pra você. — Falou Jayden após algum tempo.
— Com muito prazer. — Concordou Nick. — Mas acredito que Selena...
— Não se preocupe. — Interrompeu. — A casa é bem grande para que não se encontrem. Além do mais, Selena nunca vai em meu escritório. Acredita que lá não é muito bom pra sua pele. — Ele riu, contagiando Nick. Selena e suas manias de patricinha, os dois conheciam bem.
— Então tá, tudo bem. — Nick sorriu.
— E depois que ela está furiosa porque tirei os cartões de crédito dela, então não vai sair do quarto, eu acredito. — Falou o empresário e Nick ficou sério. Sinceramente, não queria mesmo encontrar Selena na casa. Se a encontrasse, a garota com certeza iria perder o controle ao vê-lo ali. Mas ao falar de Selena uma sensação estranha passava pela pele dele, pelo estômago... Ele afastava essa sensação mais rápido do que imaginava. Era proibido sentir isso pela garota, ele já colocara na cabeça.
— Perfeito. — Falou Nick. — Então estarei lá.
— Muito bem. Te vejo mais tarde. — Ele se levantou, colocando algumas notas em cima da mesa.
— Ok. — Nick deu um sorriso forçado. Após ver Jayden saindo, seu sorriso desapareceu, e seus pensamentos voaram para a vingança.

Salão principal, Highland Private

 Jacob havia desistido de convencer Joe, e sinceramente ele não queria falar com ninguém. Após receber a notícia de que poderia ir pra casa, ele foi rapidamente ao quarto trocar de roupa e logo mais desceu as enormes escadas do Highland até o salão principal, onde já se podia ver uma aglomeração dos alunos que esperavam ansiosamente seus pais para poderem ir pra casa. Enquanto pegava seu celular do bolso, Joe sentiu algo em sua cabeça. Ouviram-se alguns risos de pessoas ali e ele passou as mãos pela cabeça, agarrando então uma casca de banana. Ele a jogou no chão e olhou pra cima, vendo quem ele menos queria.
— Bom fim de semana, neném! — Falou Demi, escorada em algum corrimão, rindo de Joe. O garoto balançou a cabeça, cansado de se estressar.
— Porque ao invés de zuar da minha cara, não dá um jeito da sua mãe não mostrar a calcinha? — Ele ergueu as sobrancelhas, olhando para cima, com um sorriso furtivo. Demi sorriu.
— Não dá pra ver, porque ela não usa. — Ela deu de ombros. — Mas em todo caso, acho que é mais digno do que vivem os seus chifres. — Ela sorriu e Joe revirou os olhos. — Sabe o que é? Pelo menos a vida é justa. Os garotos com os garotos, as piranhas com as piranhas.
— Porque não dá um tempo, garota?!
— Olha, Joezinho, a algum tempo eu juro que te ajudava. Mas agora, olhando pra você, eu juro... Me dá tanta pena. — Ela fez um biquinho falso. — Imbecil! — Ela riu.
 Só depois que Demi percebeu que Joe rapidamente subia as escadas atrás dela, o que a fez rir mais e sair correndo. Ao chegar no topo, Demi já havia desaparecido, deixando Joe mais nervoso do que já estava.

To be continued!

Avá, gostei do capítulo. Não muito, mas dá pra aguentar. Enfim, agora prometo que posto com mais frequência, mas por favor, cadê os commmmmments? Estou sentindo falta deles, muita mesmo. Me desculpem por não estar respondendo, mas quero agradecer a todas que comentaram, quero agradecer mesmo! Obrigada por tudo, esse blog não existiria sem vocês. Mas e então, gostaram de finalmente o Joe abrir os olhos? Eu adorei rs. Minha internet está um horror e eu vou tentar melhorar os capítulos, prometo. Sempre prometo, mas nunca melhoro, bláaaaa! -n
Vou saindo, comentem, plixxxxxx! *-* mil beijos e tchau.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Um Dia de Cada Vez - 03

“Tudo mudou. As lições já não importam mais, A guerra superou a paz, E a sociedade ficou incapaz de tudo. Inclusive de notar essas diferenças.” — Luís Fernando Veríssimo.


Sala da direção, Highland Private
' Por Demi L.

 Saí da piscina, não me importando com os gritos de Madison que já se tornavam histéricos. Não havia porquê desistir da minha ideia, dessa vez eu havia ferrado com tudo. A ideia da festa parecia ser perfeita no começo, mas depois tudo desmoronou. Pareceu que minha ideia foi absurda, e sinceramente todos agora deveriam estar falando mal não só de mim, mas como da festa inteira. Droga, minha situação nesse momento não estava das melhores. Praticamente corri até a sala do diretor, querendo acabar com aquele pesadelo que estava me atormentando. Parecia que todos os monstros daquela escola estavam se levantando contra mim, e já apontavam suas armas. Mas eu já iria me livrar dali, não eram essas as palavras do diretor? Então pronto, eu daria esse gostinho á todos. Cheguei á porta da sala da direção, encontrando Sophia saindo de lá, ajeitando sua saia e sua blusa, que estavam tortos. Juntei as sobrancelhas e ela me olhou assustada, de repente ficando pálida.
  Fica tranquila, não vou contar pra ninguém.  Falei, apontando para sua roupa e seu cabelo bagunçado.  Avisa ao Hitler que já tem o que queria.
 Me encostei na parede e ela voltou a sua expressão carrancuda de sempre. Ajeitou os óculos em seu rosto, e me olhou de cara feia. A cara que ela sempre fazia pra mim, desde que pisei aqui, aquilo não era novidade alguma.
  O senhor diretor deve ser respeitado.  Ela grunhiu, o que me causou medo.
 Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ou até rir da cara dela, o diretor Ethan apareceu atrás de Sophia, saindo da sala da direção. Arregalei ainda mais meus olhos. Porque Sophia estava com o cabelo bagunçado daquele jeito e sozinha na sala da direção com o diretor? Que estranho. E Ethan pareceu também ficar incomodado por eu ter visto Sophia daquele jeito, mas se os dois estavam em qualquer momento íntimo, eu não estou nem aí pra isso no momento. Quando me viu, Ethan logo fechou a cara, e pareceu estar vendo a pior coisa do mundo. Normal, ok? Ethan já me olhara de formas piores.
 ▬ O que essa aluna faz aqui? ▬ Ele bufou, me olhando com desconfiança.
 Sério mesmo que ele não desconfiava nem um pouquinho? Ou só estava se fazendo de sonso? Porque eu sou a aluna do Highland que mais vivia na sala da direção, isso era um fato mais que óbvio. Eu me desencostei da parede, suspirando. Estava mais do que disposta a enfrentar aquilo, quantas vezes eu já havia enfrentado Ethan Jones? Ah sim, mil vezes!
 - Essa aluna veio dizer que foi ela que organizou a festa. - Dei de ombros.
 Sophia arregalou os olhos e m olhou espantada. Já o diretor caiu na gargalhada, como eu mesma estava prevendo. Ele não iria se assustar se eu chegasse e falasse isso, eu já a suspeita número um dele mesmo. Sua gargalhada ecoava pelo corredor, e ele me olhava com graça. Ok, tive vontade de dar um tapa em seu rosto, mas me conti. Ele não tinha o direito de ficar me zuando agora, sem mais!
 - Eu já sabia. - Ele suspirou, voltando a sua expressão séria. - Nós tínhamos um trato, Demi. Nos conhecemos antes de eu tomar uma decisão. Eu te dei uma oportunidade, mas vejo que não funcionou, não é verdade?
 Eu revirei os olhos, não querendo olhar pra ele naquele momento. Na hora, me lembrei da vez que pisei nessa escola pela primeira vez, e me lembrei de quando minha mãe fez do possível ao impossível pra me colocar aqui dentro. No começo não parecia nada legal, agora então havia ficado pior. Tudo bem que eu havia conhecido pessoas legais aqui, mas não aguentava mais essa escola.
 - É óbvio que não se adapta ao colégio. - ele ergueu as sobrancelhas.
 Eu bufei, automaticamente abaixando minha cabeça. Era o mais certo a se fazer naquele momento. Na verdade, nada parecia certo naquele momento. Eu não estava fazendo nada certo, na verdade. Só fazia o que me dava na telha e estava tudo bem. Foi quando ouvimos passos correndo no corredor, e me virei para ver. Levei um susto ao ver Nick, Miley, Madison e Aiden adentrando no corredor comprido, parecendo desesperados.
 - O senhor não pode fazer isso! - Gritou Nick, ficando ao meu lado. - Nós também estávamos envolvidos na festa! - Apontou para os que estavam ao seu lado. - Eu aluguei a boate!
 - E eu chamei as caminhonetes! - gritou Madison, levantando os braços.
 O diretor olhou confuso para Nick e os outros. Eu cocei a cabeça, olhando meio surpresa para eles. Será que eles já não desconfiavam nem um pouco que eu viria aqui fazer isso? Não eram pra me interromper nisso, não estava nos planos. Ethan parecia não estar entendendo nada da situação, e por um lado, eu muito menos.
 - E se vai castigar ela, tem que castigar a gente também. - falou Aiden, meio acanhado. Com certeza ele foi obrigado a fazer aquilo, o garoto odiava confusões.
 Eu podia ver o tanto de pontos de interrogação que se passavam pela cabeça do diretor Ethan naquele momento. Ele não estava entendendo o motivo da baderna, e eu também não entendia porque aqueles infelizes estavam fazendo aquilo, mas não queria que eles fizessem, não queria mesmo.
 - Espera aí, pessoal! - gritou Ethan, juntando as sobrancelhas. - Vamos esclarecer de uma vez por todas...
 - Não, não! - interrompi, finalmente. O papel de acabar com aquilo era meu e apenas. Me virei para Nick e os outros, dando um sorrisinho fraco. - Muito obrigada, amigos, mas... Não foi isso. - Dei de ombros e me virei para Ethan - Senhor diretor, a culpa é toda minha. - Bufei - Eu só queria repôr o material do Nick que a Seita destruiu!
 Os olhos de Ethan naquele momento pareceram que iriam saltar das órbitas e ele me lançou um dos seus piores olhares. Via-se repentinamente o ódio os invadindo, e eu quase dei um passo pra trás. O diretor havia ficado realmente nervoso ou eu estava vendo errado? O que eu havia falado de errado?
 - Aqui não existe nenhuma Seita, senhorita! - Ele berrou, bufando. Ah sim, ele insistia que aquela história era mentira, como sempre, estava se fazendo de cego e tapando seus olhos diante da verdade. Típico de Ethan Jones.
 - Tudo bem, o senhor pode falar o que quiser! - Ergui minhas mãos, tentando interrompê-lo a começar outro discurso - Tá bom, eu só queria repôr o material no caso de uma emergência!
 Eu suspirei e ele parecia sem expressão. É claro que estava pouco se lixando com o que saía da minha boca, ele não iria dar importância a nada a não ser sua consciência. Mas o pior foi quando ouvi mais passos saindo da sala atrás dele e me deparei com minha mãe com o papaizinho de Selena, Jayden. Eu bufei, querendo naquele momento bater minha cabeça na parede. Pra piorar, minha mãe tinha que aparecer. E ela nem ao menos havia me avisado que iria no colégio hoje. Argh!
 - Era só o que me faltava! - Bufei, revirando os olhos dela. Tudo poderia piorar, minha mãe estava no mesmo ambiente. Emma Brown deveria estar fazendo um show, eu estava desejando aquilo! Queria que ela fosse embora.
 - Você e eu temos que conversar sério, Demi. - Ouvi a voz dela atrás de mim.
 Aquilo era o cúmulo! Eu já podia ouvir o discurso de broncas que ela iria me dar, eu já podia prever tudo o que ela queria me falar. Dessa vez iria mesmo jogar na minha cara que eu sou uma irresponsável, não fazia nada direito e que principalmente não iria me adaptar a lugar nenhum que me colocasse. Ninguém merece eu ter que ouvir isso agora, depois de tamanhas coisas que passei. Mas era o jeito, iria ter que escutar.
 Mas antes que eu pudesse dizer algo, que inicialmente não iria mudar nada, ouvi mais passos inundando o corredor, e vi que Selena chegava até nós, com uma expressão de raiva (?). Êh, que legal, mais uma palhaça pra completar o espetáculo.
 - Se estão pensando em me salvar, esqueçam! Porque também estou envolvida nisso tudo. - Ela se amontoou no meio de todos, praticamente empurrando Nick pra longe e se pondo a frente do diretor, ao meu lado.
 Não acredito! Como Selena conseguia tantas vezes ser mimada e grotesca ao mesmo tempo? O que dera na cabeça sem cérebro da garota agora? Sabia muito bem que os neurônios ali dentro não funcionavam bem, mas aquilo já era demais. Eu revirei os olhos, começando a ficar entendiada. Agora a escola inteira iria se entregar? Que merda era aquela? Olhei para o lado e vi que Jayden, o pai de Selena, havia arregalado os olhos.
 - Como é que é?! - Ele realmente havia se assustado.
 Selena rapidamente se virou e olhou o pai. A garota automaticamente pareceu ficar pálida e ela levou as mãos á boca, balançando a cabeça.
 - Droga! O meu pai! - Ouvi ela sussurrar, e podia sentir a vergonha que ela estava sentindo naquele momento. Que exemplo a filhinha do empresário estava dando! Lindo isso!
 Balancei a cabeça e percebi que aquilo não nos iria levar á nada. Francamente, não estávamos chegando em um ponto. Nick e os outros queriam me salvar, mas sinceramente, não iria dar em nada. Eu iria ser expulsa e ponto final, eles tinham que entender isso. Mas de repente sinto uma mão em meus braços, me puxando para a sala da direção.
 - Venha, vamos sair daqui. - Disse minha mãe, me puxando. Fui com ela, afinal, não havia mais nada a fazer ali mesmo.

Sala de aula, Highland Private
' Por Joe W.

 Saí da piscina e voltei á sala de aula, onde encontrei algumas pessoas, mas poucas. Não sei se vários iriam matar aula, mas naquele dia a escola estava completamente fora do comum. Todos estavam comentando sempre sobre o mesmo assunto da festa e estava se tornando chato. Minha cabeça ainda doía pela bebedeira de ontem, mas principalmente eu tentava esquecer os acontecimentos de ontem. Já havia expulsado muitas vezes o "arrependimento" que me invadia por ter acusado Demi na frente de todos, mas ele insistia em ficar. Merda, eu não poderia me arrepender daquilo. Mas eu imaginava que a cabeça dela agora estava um nó quando se lembrava de mim, e a minha também. Ontem eu a beijo e hoje estou assim... Não posso perder minha pose, apenas isso!
 Me sentei em uma das cadeiras da frente, e várias outras pessoas se juntaram ao redor. Logo mais começou o assunto novamente, o assunto que eu queria fugir, mas não tinha feito. Decidi entrar na conversa, de qualquer maneira.
 - Na minha opinião, a Demi vai ter que se entregar. - Opinei, dando de ombros.
 - Pois é, a Selena se entregou. - Falou Emily, mexendo em suas unhas.
 - Fala sério! - Ri sem humor. Aquilo era ridículo - A Demi é a culpada, a cabeça que a vai rodar é a dela, não é? - Ergui as sobrancelhas.
 Vi Jacob se hesitando, e automaticamente abaixando a cabeça. Não imaginava o que ele estava pensando, mas não gostava de ser contrariado. Jacob sabia disso.
 - Ah, eu acho que ela tem que aguentar. - Falou ele.
 Ouvi Emily bufar, balançando a cabeça.
 - Pessoal, não foi bem assim! - Ela suspirou.
 - Foi como então? - Jacob se virou pra ela, erguendo as sobrancelhas.
 - Como o professor John disse, o culpado somos todos nós! Todo mundo colaborou! - Ela gritou.
 Eu revirei os olhos, começando a ficar abismado com Emily. Agora ela queria mesmo seguir a ideia daquele mero professor? Não estava acreditando que ela defendia aquele ponto de vista, que ela estava a favor do que John havia dito.
 - O que isso tem a ver? - Eu disse como se fosse óbvio - Demi não pertence ao nosso grupo! Além disso, esse colégio precisa de uma limpeza dessa gente. - Dei um sorriso.
 Emily revirou os olhos e não concordou com a minha ideia, pude ver pelo seu rosto. Mas ela tinha que aceitar que eu falava a verdade. Demi tinha que sair daquela escola, aquilo era óbvio, e seria bom pra minha sanidade mental, digamos. Eu bufei e ouvi alguns concordarem comigo, como sempre. Depois, ouvimos alguns gritos do inspetor James e vimos os outros alunos entrarem na classe, praticamente sendo empurrados e carregados pelos cabelos. Ninguém hoje estava muito afim de assistir as aulas, só queriam mesmo era falar do assunto que naquele momento eu queria que acabasse, mas eu sabia que não seria assim tão fácil.
 - Todos sentados! - ordenou James, fazendo todos na mesma hora se aquietarem em suas carteiras.
 Depois de um tempo, a aula já rolava. Não bem que James fosse um professor, mas ele era formado em várias coisas e nós não tínhamos as famosas aulas vagas por causa dele, o que não nos resultava um descanso. Em momento nenhum eu vi Demi ou Nick ou seu grupinho entrando na sala de aula, e o professor James parecia já saber onde os depravados estavam, por isso não me importei. Durante a aula, senti meu celular vibrando no bolso. Peguei-o escondido e vi que era uma mensagem de Logan: "Joe, eu preciso falar com você. Me encontra no banheiro, inventa qualquer coisa, mas vai lá. É com muita urgência." Bufei e fechei o celular. Não estava com tempo pra ficar ouvindo as palhaçadas de Logan naquele momento. Na verdade, não era assim tão divertido ter que ficar ouvindo os problemas dele, mas eu iria dar um crédito.
 - Professor! - Ouvi a voz dele no fundo da sala, e o vi se levantando - Posso ir ao banheiro?
 - É muito urgente? - Perguntou James, distraído.
 - É que eu estou tomando uns complexos vitamínicos e...
 - Corre! - Gritou James - Mas volta antes da aula começar.
 Vi Logan correr pela sala. Que desculpa ridícula ele deu.
 - Tem mais alguém que quer ir ao banheiro?

Sala da direção, Highland Private
' Por Demi L.

 Minha mãe fechou a porta do gabinete, e ficou com os ouvidos na porta em seguida. Meu Deus, como minha mãe pode ser desse jeito? Já não bastou ter me atrapalhado em assumir os meus erros, e agora estava ali, atrapalhando minha vida novamente. Eu realmente mereço! Eu suspirei e me encostei na parede, fechando os olhos. Estava cansada naquela manhã e era um alívio que minha mãe não tinha visto meu machucado na sobrancelha. Eu rapidamente colocava minha franja na frente, senão ela iria surtar. Eu não estava entendendo o que tanto ela olhava pela fresta da porta, aquilo estava ridículo.
     O que está fazendo, mãe?    Perguntei, bufando.
     Shhh!   ▬ Ela fez sinal para eu ficar quieta.    Eu quero escutar o que aquele cara de morto diz pra filha!     Se referiu á Jayden e Selena.
  Eu não acreditava naquilo! Minha mãe conseguia ser ridícula nas mínimas coisas. Cadê a bronca? Aliás, cadê o discurso que eu sabia que já estava preparado em sua mente? Cadê? Eu não conseguia entender porque ela ainda não havia começado a gritar e a me chamar de irresponsável. Cadê os xingamentos que eu sabia que ela seria capaz de soltar naquele instante? Minha mãe estava com sérios problemas,só pode!
     Para de ser enxerida e pode começar!     Falei.    Vamos, briga comigo! Se pergunta novamente, porque você teve uma filha assim e bla bla bla!    Suspirei.
  Ela me olhou confusa. Sim, sua expressão estava completamente confusa. Ela parecia não entender o que eu estava querendo dizer e parecia que eu falava outra língua. Ela saiu de perto da porta, se aproximando de mim.
     Está muito claro o que eu fiz pra merecer uma filha assim.    Começou ela.     Te eduquei como uma pessoa de bem. E você aprendeu muito bem a lição.    Ela deu um enorme sorriso.     Estou muito orgulhosa de você!
  Olhei pra ela, achando realmente que eu não tinha uma mãe normal. Como assim estava orgulhosa? Minha cabeça girou muito naquele momento. Como ela poderia estar orgulhosa? Deveria estar querendo me matar, aí sim eu estaria me sentindo bem mais normal. Ela me lançava um enorme sorriso, e não parecia estar sendo forçado. Ela estava sorrindo mesmo, e parecia feliz de verdade. Eu não conseguia dizer nada, e também não estava entendendo nada.
     Você está usando drogas ou está bêbada?     Foi só o que eu consegui dizer.
  Ela sorriu ainda mais e passou a mão em meu rosto.
     Eu sei bem o que eu digo, filha! Eu achei excelente a ideia que você teve pra arrecadar o material para o seus colegas. É exatamente como eu sonhei desde que te coloquei nesse mundo.
  Eu dei um sorriso fraco. De repente um frio invadiu meu estômago. Minha mãe havia visto a única coisa boa que essa confusão causou, e ela havia valorizado. Na verdade, essa festa era realmente pra arrecadar materiais para ajudar Nick e os outros, e ninguém havia prestado atenção nisso. Ninguém havia se focado nisso, ninguém havia prestado atenção nisso. Minha mãe havia dado valor á isso, á coisa principal da festa. De repente eu sorria, e ela passava a mão em meu cabelo.
     Uma lutadora é capaz de enfrentar todo mundo pra defender os seus ideais.    Ela sorriu.
  Deixei um pequeno sorriso escapar, mas foi fraco. Não conseguia sorrir naquele momento. De que adiantava minha mãe ter visto tudo aquilo de bom que eu havia feito por aquela festa, e ninguém mais enxergar isso? Já havia me entregado, não havia mais chance. Já estava fora do Highland.
     Muito obrigada, mãe.     Sussurrei.     Mas esse colégio me deixa muito pra baixo. Todos aqui são uns egoístas, são uns desunidos, são... São todos maus!     Aumentei o tom.    Sinto falta dos meus amigos!
      Mas aqui tem pessoas muito boas. Um grupo deu a cara por você!     Referiu-se á Nick e os outros.     Até aquela magrinha ridícula nos surpreendeu!
      Mãe, mas só são eles.     Bufei.      É toda a escola que é uma merda. Começando pelo nazista que tem no comando!      Eu tinha que falar de Ethan, ok?
  Minha mãe piscou os olhos, meio perplexa com o que eu tinha dito. Não era pra ela me olhar assim, já estava acostumada com algumas frases que eu dizia que deixariam qualquer um abismado. Eu revirei os olhos, esperando que ela balangasse naquele momento.
     Você sabe porque os nazistas não conseguiram dominar o mundo, filha?     Começou ela. Eu balancei a cabeça, negando.     Porque tinha um pequeno grupo que se rebelou. Mas depois esse grupo foi crescendo e não teve mais jeito de detê-los, filha.
     Isso não me importa!     Interrompi, gritando.     Porque aquele velho nojento me colocou aqui, mãe? Eu não suporto ele! Eu não aguento mais ficar aqui!
     Talvez nem tudo seja tão ruim como você pensa! E a vida tenha te trazido aqui por algum motivo.
     Porque?     Eu ri sem humor. Que ridículo o que ela falava!
     N-não sei.     Ela suspirou.     Talvez você tenha uma missão pra cumprir aqui na terra, filha. Aqui nesse lugar. Não é?     Ela realmente achava que eu iria acreditar nas baboseiras que ela dizia. Tem que pensar nas coisas, filha. Não fique assim.
  Ela me abraçou, e aquilo era tudo que eu precisava naquele momento. Estranho, não é? Nas maiores encrencas eu precisava de um abraço de minha mãe, a pessoa que eu rejeitava.Não fazia isso por querer, mas ás vezes eu admitia que necessitava apenas de um abraço dela. Não de uma bronca ou de gritos, era só de um abraço de Emma Brown. Mas nosso abraço foi cessado após a porta da sala sendo aberta e minha mãe me soltou rapidamente ao ver que era Ethan, o nazista!
     E não quero mais saídas até o fim do ano!     Gritou ela pra mim, de repente formando uma expressão séria no rosto. Não era a toa que ela era uma boa atriz.     Eu já dei uma bronca nessa mocinha, ela tem que aprender! Só me dá desgosto!     Falou com Ethan.
     Tudo bem.     Ele suspirou.     Mas isso é muito mais sério do que você pensa. Temos que conversar.     Ele lançou um olhar temeroso pra mim.     A sós!
  Eu senti nojo ao vê-lo. Dessa vez era realmente nojo de verdade.
     Meu amor, me espere lá fora!     Pediu minha mãe, olhando firme para Ethan.
  Eu o lancei um olhar cínico e saí da sala, me livrando daquele ambiente.

Banheiro masculino, Highland Private
' Por Logan L.

     Joe!     Bati nas costas de um garoto que urinava em uma das cabines.
     Tá me estranhando?!     O garoto se virou e eu vi que não era Joe. Dei um sorriso forçado e ele saiu.
 Onde estava Joe? Será que ele havia vindo mesmo? Eu já esperava a muitos minutos.
     Eu estou aqui!     Ouvi a voz de Joe, que acabava de sair de uma das cabines do banheiro e se aproximava de mim.     O que tinha de tão urgente pra dizer?
 Eu ri por dentro.
     Vem cá, Joe, me responde uma pergunta: Você ainda é o namorado da Emily?
     É claro!     Ele sorriu, dando um soquinho em meu ombro.     Porque a pergunta?
     Porque... Eu acho que... O Jacob quer tirar ela de você...
 Não terminei a frase, pois Joe segurou no colarinho de minha camisa, me imprensando na parede. Quando olhei, ele estava realmente com fúria. Ah, ninguém merece! So me faltava agora ele ficar bravo por eu estar falando a verdade.
     O que está dizendo?!     Ele rangeu os dentes. Eu ri.
     Olha, em primeiro lugar!     Eu o afastei de mim, ajeitando minha roupa.     Tire suas mãos da minha camisa que é importada e foi feita á mão. É de alta costura, ok? E em segundo: Só porque ele não te conta as coisas, não quer dizer...
     VAI EMBORA ANTES QUE EU QUEBRE A SUA CARA!    Ele me empurrou.
     Como quiser, Joe! Mas eu vou te dizer uma coisa, vai ter que me pedir desculpa quando descobrir o que aconteceu!
     SAI DAQUI!

To be continued!

Esse capítulo não está bom, e eu sempre prometo melhorar, sei! Mas agora estou na correria, minha prima quer o pc então como é dela não posso pegar rs. Mas aceitem o capítulo, sei que não tá bem elaborado, não está do jeito que imaginavam, mas obrigada por tudo. E lindas, cadê os comentários? Os comentários que eu tanto espero nos capítulos só teve um poxa ;/ Gente, vamos lá. Sou movida a comentários, por favor! Comentem, gente! Pelo menos 2 para o próximo capítulo. Mil beijos e tchau ;*