“Tenho dificuldade de entrar numa sala cheia de gente e dizer qualquer coisa. Não gosto. Não gosto de fazer conferência. Não gosto de discurso, não tenho a empostação de voz necessária, não tenho a presença de espírito. Geralmente, tenho respostas muito boas em 24 horas depois.”
— Carlos Drummond de Andrade.
O deputado Michael Collins quase soltava fogo pelas narinas na sala da direção. Não se conformava com o fato da facilidade que Joe tivera para sair da escola, assim, na frente de todos e ninguém percebeu. Ethan praticamente tremia de medo ao ver o rosto raivoso do deputado, temendo de que se não achasse uma solução, ele partiria pra cima dele ali mesmo.
— Ainda não entendo como ele conseguiu escapar. — disse mais uma vez o diretor, parecendo ter repetido aquilo várias vezes.
Michael não parava. Andava de um lado a outro na sala, com a carranca ainda mais séria do que o normal. Sua esposa estava sentada em uma das cadeiras á frente da mesa do diretor, fumando seu cigarro, mas ainda com a mesma aparência de preocupação.
— Eu me pergunto a mesma coisa. — Michael grunhiu — Que tipo de seguranças vocês tem nesse colégio?
Ethan assentiu, recebendo toda a culpa de bom grado. Ele não seria louco de tentar se impôr ao deputado.
— Já sei, senhor. — ele murmurou — Estamos fazendo o impossível para encontrá-lo, eu garanto.
— Se souberem que eu não consigo controlar o meu filho, como vão votar em mim para controlar o país?
Ethan riu, constrangido.
— Vamos encontrá-lo, senhor. Estamos ligando pra casa de todos os alunos, dos que saíram do colégio, ele tem que estar em alguma.
— Procure no céu e na terra. Mas tem uma coisa... — ele se aproximou de Ethan agora falando mais baixo — Com muita discrição. Entendeu?
Ethan engoliu em seco.
Selena agora estava completamente sozinha no quarto. Isabella já havia ido e ela parecia andar de um lado a outro no aposento. Ela havia tomado um banho e ajeitado toda a desgraça que havia ficado seu cabelo por causa da nova aluna encrenqueira, a qual esperava nunca mais ver em sua vida. (roupa)
Havia se passado apenas umas 2 horas após esse terrível fato, e Selena estava sentada em frente do espelho na parte de cima do quarto, ainda ajeitando alguns estragos em seu cabelo. É claro que ele voltara a ficar impecável como sempre, mas Selena era famosa por seus caprichos.
Ela falava ao celular, ao mesmo tempo em que mexia nos cabelos.
— Eu juro, Ava, eu nunca vi ninguém assim. — disse ela, se referindo á Demi — E ta na cara que ela não vai poder ficar no colégio, porque aqui não admitem idiotas como essa. — ela bufa — Ninguém merece!
— Espera aí, ela também é bolsista? — perguntou Ava do outro lado da linha.
Ava Wilson era uma das melhores amigas de Selena. O trio era inseparável e inabalável: Selena, Isabella e Ava. A garota parecia possuir a mesma história que Isabella, em questão de começo de amizade com Selly. A garota viu como Ava era nova e acanhada na escola e decidiu transformá-la, e não deu outra, Ava era uma das garotas mais desejadas e lindas da Yancy, depois de Selena, é claro.
Ava era alta e magra, quase escultural. Tinha cabelos pretos muito lisos, que chegavam um pouco abaixo dos ombros. Seus olhos negros e brilhantes eram grandes e chamavam a atenção junto com suas bochechas, sempre rosadas.
Ava era o oposto de tudo que Selena e Isabella eram. A garota era atirada e festeira, gostava de ter os garotos a seus pés e dava mole pra qualquer um. Gostava de roupas curtas e provocantes e nunca estava sem namorado. Fazia uma listinha de todos que ela pegava em um pequeno caderno, que parecia super confidencial para todas, até para Selena e Isabella.
A cama vazia no quarto de Selena pertencia a Ava. A garota já tinha ido viajar e passar as férias com a família antes de quase todos, e na sua ausência, o quarto e o colégio pareciam sem vida para Selena, pois ela era a alegria de qualquer grupo.
— Não, Ava, não é isso. — Selena suspirou, se levantando da mesinha que continha o espelho e começando a descer as escadas — Olha só, você é bolsista e eu amo muito você. O problema é que essa menina... Ah, não sei, essa menina é ignorante. Mas tudo bem, não vamos mais falar dela porque eu estou ficando enjoada. Agora me fala de você, como está tudo na sua casa? — ela sorriu e se jogou em sua cama.
Ava suspirou.
— Como sempre, uma chatice. Selena, vem cá, quando você vai viajar?
Selena baixou os olhos, de repente sentiu um aperto no peito e a mágoa novamente chegando. Queria eliminar aquele assunto de sua mente.
— Não, eu não vou mais. — ela revirou os olhos, se lembrando das palavras do pai — Eu tive uma discussão com o meu ex-pai e ele cancelou a viajem. Não tem jeito, vou ficar as férias inteiras aqui. — ela deu um grande suspiro, em seguida levantou a cabeça e sorriu — Ah não, eu juro que não me importo... É, a Isabella acabou de ir embora... Mas está tudo bem, amiga...
O telefone piscou e deu um barulhinho. Selena pareceu quase saltar de susto.
— Espera, tem outra ligação. — ela atendeu a outra chamada — Alô?
— Alô, Selena. — ela imediatamente reconheceu a voz do pai — Selena, sou eu...
Selena apertou o botão para encerrar a chamada imediatamente.
— Desculpe, Ava. — ela continuou, bufando — Alguém ligou errado. Só Deus sabe pra onde. Mas enfim, amiga, eu tenho que desligar... — ela suspirou — É, eu juro pela minha última calça Armani que eu estou bem, eu estou bem! Tchau.
Selena desligou o iPhone, o jogando de qualquer jeito na cama. Sozinha novamente, pensou ela, sentindo uma depressão horrível. Chega! Calminha, Selena. Não importa se você está sozinha, ok? Não tem que se importar, está tudo bem. Está tudo bem..., pensou ela e se sentou na cama, com o rosto entre as mãos.
A porta se abriu repentinamente antes que Selena pudesse começar a chorar de raiva. Lá estava Emma, com seu cabelo preso e óculos enormes.
— Perdão, Selena. Com licença. — ela entrou no quarto.
— Emma, muito obrigada, mas é sério, não precisa me pedir desculpas, ta tudo bem, de verdade, eu não me importo. — Selena falou rápido, fazendo Emma a olhar como sempre olhou: uma louca histérica.
Emma apenas levantou as sobrancelhas e se virou a porta, sem dizer nada.
— Demi? — ela chamou.
Demi surgiu na porta, o que fez Selena quase ter um surto.
— Ah, não! Pode ir tirando essa daí do meu quarto, porque só de olhar pra ela eu fico enjoada, por favor! — gritou Selena, parecendo um tanto apavorada.
Emma suspirou.
— Demi vai ficar aqui enquanto a mãe dela fala com o diretor.
— Mas porque aqui?! — Selena choramingou.
Emma ajeitou os óculos em cima do nariz, e encarou Selena.
— Porque este vai ser o quarto dela, caso seja aceita. — ela deu um sorriso triunfante.
Selena pareceu ter levado um banho de água fria.
— Bom, com licença. — falou Emma mais uma vez, caminhando até a porta — Demi, pode entrar.
— Espera, espera! — gritou Selena, mas a secretária já havia ido.
Demi olhou para todos os lados antes de pisar no dormitório. Seu estômago revirou só de olhar o tanto de enfeites que o cobriam, fazendo-o parecer realmente um quarto de meninas mimadinhas. Aquele era mesmo um quarto com cara de Selena.
Selena encarou a garota enquanto ela entrava, sua expressão era de pura raiva.
— Olha aqui, eu já vou avisando: nem pense em ficar nesse colégio, porque é outro mundo, você não tem lugar aqui. — ela grunhiu.
Demi a olhou entediada e se jogou na cama de Isabella, que ficava na frente de Selena.
— Calma, ok? — ela sussurrou calmamente — Eu não quero ficar nesse internato de merda. Deixa eu só falar com o diretor e eu te garanto que não vai nem aceitar a minha inscrição.
O alívio tomou conta de Selena, pelo menos por um tempo.
— É o que eu espero.
Na Flórida, a sra. Jonas empacotava as últimas coisas antes de se mudar de vez daquela velha casa que tinham. A filha mais nova estava em seu antigo quarto, guardando tudo que era possível guardar da velha casa para não se desprender tanto assim das lembranças. Ela sabia que não ia ser fácil.
Chegou a hora de ir ao quarto de Nick. Ao acordar áquela manhã, ela ainda não havia visto o filho, mas não estranhou. Desde a morte do pai, Nick tinha uns surtos de sair de casa antes do sol nascer para afogar algumas mágoas. Mas naquele dia foi diferente.
Ela pegou mais uma caixa de papelão e entrou no quarto. Ele estava intacto e arrumado. A cama estava completamente impecável, como se ninguém tivesse a tocado. Estranho. Nick nunca arrumava sua cama.
A sra. Jonas tirou isso da cabeça. Deveria querer fazer um agrado, pensou ela. Colocou a caixa em cima da cama, se preparando para pegar as outras coisas quando viu algo em cima do travesseiro do filho. Era uma carta.
Ela juntou as sobrancelhas, mas se apressou em pegar o papel. "Pra minha mãe e pra minha baixinha", dizia na frente. De repente, ela teve um aperto no coração. Não podia ser aquilo. Tudo menos aquilo. Ela abriu a carta.
"Mãe, baixinha... Espero que possam me perdoar por sumir assim de repente, mas eu queria evitar uma nova discussão."
Ela parou de ler, com as mãos trêmulas. E de repente ela já entendera tudo, já sabia.
Emma abriu a porta do gabinete do diretor, o encontrando vazio. Ela suspirou e entrou, com Sophia atrás dela.
— Sente-se, por favor. — pediu ela, apontando para a poltrona no fundo da sala — Ah, eu já ia chamá-la de Sophia. É que eu estou acostumada a vê-la na TV, nas revistas...
Emma deu um sorriso constrangido. Aquilo não era normal pra ela, como também não era normal receber artistas de grande porte na escola.
— Claro... — Sophia deu um sorriso simpático enquanto se sentava.
— Eu sinto como se já a conhecesse.
— Não se preocupe, pode me chamar de Sophia. Está tudo bem.
Emma deu mais um sorriso sem graça e se encaminhou para a mesa do diretor.
— Eu te servir um café, ok? — ela já pegava as xícaras — Sem açúcar, não é?
— Isso, sem açúcar. — concordou Sophia — Eu tenho que cuidar, não é?
Emma levou apenas instantes para estar entregando uma das xícaras nas mãos de Sophia.
— Aqui está. — ela sorriu mais uma vez — Dentro de uns minutinhos o senhor Ethan virá recebê-la.
— Obrigada, você é muito gentil.
— Eu vou estar aqui fora, qualquer coisa.
Emma desapareceu para fora da sala. Sophia mexia lentamente em seu café, suspirando. Torcia mentalmente para que Demi entrasse, aquilo não era uma causa boba. Se ela não entrasse, Sophia podia nunca mais vê-la, e isso a apavorava.
Alguns passos ecoaram no corredor e a porta se abriu, entrando o diretor.
— Desculpe a demora... — falou o diretor enquanto entrava e ia imediatamente para sua mesa, sem nem olhar para quem estava sentado na poltrona — Estava me despedindo de alguns pais de alunos, e...
Ethan se virou e congelou. Um tremor percorreu a espinha de Sophia, e ela se levantou, quase jogando a xícara de café no chão, tanto que suas mãos tremeram.
— Você?! — ela disse, com a voz falha.
Nick chegou ao aeroporto a tempo de carona com alguns amigos. Ele olhava para o relógio com grande insistência, como se tivesse medo de alguém o perseguir e estragar completamente com seus planos de ir á Nova York. Ele entrou no estabelecimento com mais 3 amigos.
A bagagem de Nick não era grande coisa. Na verdade, ele não levava quase nada. Estava com a roupa do corpo — uma blusa preta de botões de mangas compridas, as quais ele dobrou até os cotovelos, um jeans igualmente preto largos e tênis — e uma mochila grande, onde carregava algumas roupas, e alguns itens necessários.
Os 3 amigos não estavam muito felizes com a partida de Nick.
— Ah, qual é, não fiquem com essas caras. — Nick parou abruptamente, se virando para eles — Eu não vou embora pra sempre.
Um deles, que era alto e meio gordinho, com cabelos claros e olhos azuis, falou:
— Não deve ser fácil se vingar de alguém tão poderoso como esse velho.
Nick revirou os olhos, como se já tivesse explicado aquela história mil vezes á eles.
— Sabe de uma coisa? — ele cerrou os olhos — Vou atingir aonde mais dói nele.
Um outro cara, que era meio baixinho e tinha cabelos cacheados, olhou pra Nick como se este fosse meio louco.
— Espera, mas como você vai fazer isso?
Nick parou por um instante, parecendo tentar se lembrar de algo.
— Ele tem uma filha. — falou baixo.
— E como vai fazer pra se aproximar dela? — perguntou o do olhos claros.
— O mais provável é que a menina nem te dê moral. — o do cabelos cacheados riu.
Nick deu de ombros.
— E porque não vai dar bola pra um colega de colégio? — falou ele.
Todos pareceram sem palavras por um momento, parecendo absorver a informação.
— E como vocês vão se relacionar no colégio? — perguntou um deles.
— Olha, eu andei pesquisando em tudo quanto é lugar e já investiguei a escola onde estuda essa mimadinha milionária. — ele disse com certo tom de nojo.
— E o que você vai fazer? Vai pedir um trabalho de porteiro, de faxineiro? — perguntou o de cabelos cacheados, rindo mais uma vez.
Nick riu e deu um soco de leve no ombro do garoto.
— Não, cara! Eu pedi uma bolsa pra estudar no mesmo ano que essa menina.
— Ta maluco, Nick? — o de olhos claros pareceu chocado — Vai voltar pro segundo grau?
— Vai logo. — disse o garoto do meio pela primeira vez, um garoto forte com a pele morena e cabelos escuros e repicados — Você vai perder o avião.
Nick o olhou com firmeza.
— Não vou te decepcionar. — ele sussurrou.
O garoto sorriu.
— Tenho certeza que não.
Nick suspirou. De repente ele ganhou uma nova expressão, pela primeira vez se mostrava muito triste por ter de deixar a Flórida.
— Olha... Eu sei que eu nem preciso dizer isso a vocês, mas minha mãe e minha irmã não podem saber por nenhum motivo que eu estou indo a Nova York vingar a morte do meu pai.
— Ah, não se preocupe. A galera aqui e eu vamos cuidar dela e da sua irmãzinha também.
— É, cara, pode ir tranquilo. — o garoto do olhos claros sorriu.
Nick os olhou cheio de gratidão e já estava com saudades. Eles se abraçaram e murmuram um último "Boa sorte" a Nick e foram embora, deixando o garoto ainda mais perdido.
Nick podia estar se sentindo perdido, mas nunca esteve tão determinado em toda sua vida. Ele tinha um objetivo, um foco, que ele mal sabia por onde começar, mas sabia que tinha que tentar. Essa dor não podia durar mais, ele tinha que ter um alívio.
Nick se encaminhou para fora para pegar o avião que já estava saindo, quando ouviu uma voz que o congelou inteiro por dentro:
— Nick!
Ele se virou a tempo de ver sua mãe correndo entre as pessoas do aeroporto, segurando a mão da pequena.
Nick não sabia o que fazer. Ele simplesmente ficou imóvel enquanto sua mãe se aproximava correndo.
A sra. Jonas se aproximou do filho, o que fez Nick ficar preocupado. Ah, ela não vai me impedir de ir, pensou Nick. Nada o impediria, ele já deixara aquilo bem claro.
Ela sorriu, já com os olhos marejados.
— Você tem que me prometer duas coisas. — ela disse, quase em um sussurro, com a voz embargada e abafada — Que você vai se cuidar muito, e que não vai cometer nenhuma estupidez.
Nick foi pego de surpresa. Ele esperava que ela gritasse e o arrastasse para casa, louca de raiva por ele ter fugido. Mas não. Isso mostrava nos olhos da sra. Jonas: ela sabia exatamente como seu filho havia crescido, e que ele sabia se cuidar.
— Eu prometo, mãe. — falou ele, dando um sorriso.
— E por favor, mantenha contato. — ela balançou a cabeça, as lágrimas não contidas.
Nick assentiu, pegando nas mãos dela.
— Vou sentir sua falta. — falou a garotinha, ainda agarrada á mão da mãe.
Nick se agachou até ficar na altura da irmã.
— Eu também, baixinha. Sabe de uma coisa? Vou levar você sempre perto do meu coração. — ele sorriu, e a menina lhe deu um beijo carinhoso na testa.
— Nick, lembre-se do que seu pai sempre exigiu: que você fosse feliz. — a sra. Jonas acariciou o rosto do filho.
— É por isso que eu vou, mãe. — ele suspirou.
— Você vai escrever pra gente? — perguntou a menininha.
— Eu vou escrever muitas cartas! E mandar e-mails também. E você vai ler. Ok?
A garotinha bateu palmas, excitada com a possibilidade de ler todas as cartas e e-mails. Nick deu um beijo na testa da menina, a saudade já começando a fluir.
— Nick, eu sei que você vai dar bem, porque você sabe se virar sozinho. Mas também sei que o seu pai vai estar sempre com você, com essa corrente... — ela aponta para o cordão de prata no pescoço de Nick.
Nick baixou os olhos para ver a corrente. Com certeza, aquilo já se tornava um símbolo sagrado pra ele, aquilo era a lembrança mais vívida do pai. Podia sentir que ele estava ali ao seu lado, lhe dando força e confiança para seguir em frente.
Nick ouviu as últimas chamadas pro seu voô. Ele rapidamente deu um último abraço na mãe e na menina, pegou sua mochila e deu as costas, se obrigando a não olhar pra trás, para a família que estava deixando na Flórida.
Perfeitoo , amei *----*
ResponderExcluirOwn que fofo a Tay e a irmã dela s2
Posta logo meu bem =]
bjim'
Passando pra falar que você ganhou o Selo de Melhor Blog :)
ResponderExcluirhttp://nelenaforever-larimusso.blogspot.com/2011/02/melhor-blog-algumas-palavrinhas.html
Parabéns, ok? Você mereçe xD
Beeijo.
Você ganhou um selo de melhor blog =)
ResponderExcluirhttp://twily-historias.blogspot.com/2011/02/selo-de-melhor-blog.html
Parabéns ;*