sábado, 19 de março de 2011

Depois da Chuva - 17

“O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca.” — Pequeno Princípe.

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Joe's POV

  O sinal já havia tocado há muito tempo e meu nome não parava de ser chamado no Campus para nos reunirmos e finalmente irmos pra viagem de férias. Minhas malas já estavam praticamente prontas e eu também já estava arrumado. Fui para o campus e sentei em um carrinho de golfe junto com demais carrinhos que pareciam já estar lotados e mandei uma mensagem pra Ava, que chegou alguns minutos depois. Notei que ela estava meio abatida, mas não perguntei de imediato. Ela se sentou ao meu lado e colocou a cabeça em meu ombro, suspirando.
  — Ah, não sei porque essa Demi cismou comigo. — Ela bufou.
  Eu ri.
  — Ava, não se preocupe, eu te defendo. — Garanti a ela. — E quanto ao que você me contou da Selena, se alguém perguntar, eu nego tudo.
  Ela me olhou e sorriu, aquele sorriso que bem no fundo me matava de tão lindo.
  — Pena que é proibido, se não eu te enchia de beijos agora. — Ela mordeu os lábios.
  Eu apenas a encarei e ri, a beijando logo em seguida, sem me importar com seguranças ou alunos. Eu nunca havia me importado com isso quando queria fazer algo.

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Nick's POV

  Depois de algum tempo que eu estava com Anthony e Logan, Taylor apareceu e se juntou a nós, também pronta pra viagem. Ela havia se trocado e agora estava usando um vestido roxo curto soltinho com babados no decote, uma blusa de frio fina branca aberta que estava enrolada até seus cotovelos e uma sapatilha preta. Seu cabelo estava solto com os cachos esvoaçando e eu percebi Anthony a olhando, o que me fez rir por um momento.
  De repente um carro parou no meio do campus. Em cima nós víamos a placa de táxi, e uma pessoa saiu do banco de trás. Era um garoto magrelo e esquisito, com óculos fundos de garrafa e um cabelo ridículo liso e usava uma boina e roupas estranhas. Do nada algumas pessoas começaram a reparar nele e um grupinho foi ao seu encontro. Entre eles aquele garoto com que quase arranjei briga duas vezes.
  — E aí, Mason! — Ele gritou. E de repente ele simplesmente empurrou o garoto para o chão, derrubando suas malas e tudo.
  Eu arregalei os olhos para aquilo. E o pior que em vez de ajudarem, as outras pessoas começaram a rir escandalosamente e apontarem para o garoto no chão. O marrento chegou perto de Mason e começou a caçoar dele, chamando-o de trouxa ou de filhinho da mamãe, junto com outros caras que também eram uns imbecis.
  Eu não havia percebido, mas já estava caminhando até eles, cheio de ódio com o que aquele pessoal estava fazendo, a passos firmes. Senti alguém pegar em meu braço e me puxar.
  — Nick, não! — Gritou Anthony. — Não se meta...
  Mas eu me soltei dele agressivamente e fui até o garoto caído no chão. Vendo que aquele grandalhão de antes estava em cima dele, o empurrei com o ombro com toda a força até que o mesmo caísse no chão ao lado do garoto e levantei Mason. Não havia reparado como quando cheguei, as pessoas simplesmente saíram de perto.
  — Está tudo bem? — Perguntei a Mason assim que ele já estava "seguro" de pé. — Foi mal, eu não te vi. — Falei com o grandalhão idiota que havia derrubado no chão, com um sorriso falso. Me virei de volta pra Mason: — Já pegou suas coisas? Já tem um carrinho?
  Ele balançou a cabeça para as duas coisas e eu o puxei para arranjarmos um carrinho pra ele. O grandalhão olhou pra mim com pura raiva e enquanto eu saía com Mason, a multidão ainda o zoava.

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Logan's POV

  Ao assistir a confusão que o tal do Nick havia arrumado, eu me segurei para não começar a rir naquele momento. Como ele pode se achar o defensor das pessoas desse jeito? Se todos estavam zoando o pobre garoto, era porque ele tinha que ser zoado, não? Pelo menos aqui é uma bela democracia. Mas pessoas como o tal Nick não entendiam isso.
  Após ele sair com o tal Mason para longe, fui até o grupinho que havia se formado depois disso, entre eles estava o grandalhão que havia empurrado o garoto e algumas gatas.
  — Mandou bem, cara. — Coloquei a mão no ombro do garoto, que me olhou meio surpreso, mas balançou a cabeça.
  — Que idiota. — Ele resmungou, se lembrando da situação.
  — E aí, gata. — Falei com uma morena ao meu lado, e assim fomos conversando.

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Taylor's POV

  Depois de um tempo, todos começaram a ir atrás de seus carrinhos, para não perderem mais tempo do que perderam rindo do pobre garoto que saiu do carro. Eu ainda estava com Anthony parada, já que o tal do Logan que nos acompanhava havia sumido. Eu ainda não conhecia Anthony muito bem, portanto nós dois não conversávamos muito.
  Mas não dava mais pra esperar Nick, então nós dois começamos a andar, procurando algum carrinho.
  — Eu acho melhor o seu amigo ter seguro de vida. — Comentou ele comigo.
  Eu ri.
  — É o meu herói, o que posso fazer...

Dormitório de Selena
Academia Yancy
Nova York, USA
Selena's POV

  Depois de tudo que havia acontecido na minha vida nessas últimas horas, eu sempre queria contar ao meu pai. Peguei o telefone para ligar pra ele, mas havia me lembrado que não estava falando com ele. Puro orgulho, mas pra mim era um orgulho consciente. Mas havia acabado de me lembrar que ele também não havia me telefonado mais, o que me deixava meio angustiada. Eu precisava saber dele, portanto liguei pra William.
  O que me decepcionou mais ainda.
  — E ele não ligou mais? — Falei em um fio de voz, sabendo da situação. — Tudo bem, William... Tchau.
  Tive vontade de tampar o telefone na parede de tamanha raiva, mas apenas tampei-o na cama. Vi o retrato dele em minha estante, o que me fez lembrar de tudo e ficar com mais raiva.
  — Se você não fosse meu pai, eu nunca mais falaria com você! — Falei, apontando para seu retrato.
  Bufei, decepcionada.
  — Porque faz isso comigo, pai? — Suspirei, me sentando na poltrona branca. — Você sabe como é difícil ser eu, e está me ignorando, e não pode ignorar a minha sensibilidade assim. Porque ele faz isso comigo, Isabella? — Me virei para Isabella, que estava deitada de bruços na cama, mas não obtive resposta. — Isabella!
  — Oi? — Ela pareceu acordar.
  — Não está escutando nada! — Falei entredentes.
  — Eu... Estou sim.
  — Meu pai está me ignorando e você também. — Falei decepcionada. Isso não era possível. — O que você tem?
  Ela suspirou, e baixou os olhos.
  — Ah, é que eu estou muito preocupada. O Nick não pode me ver de maiô.
  Pareceu que uma pedra enorme havia caído sobre minha cabeça. Eu não podia estar ouvindo aquilo, ainda mais de Isabella. Não mesmo.
  — Ai, meu Deus. — Falei. — Não... Meu Deus, me salva. Era só o que me faltava! Isabella, eu já estou cansada desse Nick, ouviu? Isabella, chega!
  Eu já estava quase implorando a ela pra calar a boca sobre esse garoto.

Demi's POV

  Após sair daquele antro de patricinhas, deixei minha mala no quarto de Madison e fui procurar a mesma, pois ela não estava no quarto. Quando iria tomar atitude de fazer isso, ela entrou no quarto e percebi que estava meio abatida e chocada ao mesmo tempo.
  Enquanto andávamos para o Campus, ela me contou tudo que havia acontecido na sala do diretor e tudo que ele havia revelado a ela.
  — Não se preocupe. — Suspirei. — Não pode fazer nada além de aceitar e pronto.
  — Porque? — Perguntou ela. — Eu posso fugir daqui, é só eu não entrar no ônibus.
  — Esses músculos fizeram mal ao seu cérebro. Não acha mais fácil entrar no ônibus e viajar e na volta descobrir quem são os reis magos que pagam essa porra pra você?
  — Não vão querer me dizer. — Ela parou de andar subitamente e percebia-se que estava muito aflita.
  Eu ri irônicamente.
  — E daí? De repente está escrito em algum papel por aí, se acalme. — Olhei pra ela bastante apreensiva. — Não seja idiota, pelo menos aqui você tem teto e comida.
  — Não se trata de teto e comida. — Ela balançou a cabeça. — Também tem uma coisa chamada dignidade.
  Fala sério.
  — Sei, claro. E dignidade pode morrer de fome e de frio na rua. — Falei como se fosse óbvio. — Olha, você precisa de mais jogadores no seu time. — Apontei para a cabeça.
  — Quer saber, minha amiga? Ninguém pediu sua opinião. — Ela me olhou com raiva e saiu de perto.
  Eu dei de ombros.
  — Ok, então faça o que quiser. — Bufei. — Será que aqui não tem gente que pensa?
  Revirei os olhos e recomecei a andar para o Campus, já que pelo jeito achava que Madison havia mesmo desistido de ir. Eu estava quase na entrada, quando sinto alguém puxar meu braço brutalmente e me virar para trás. Era o tal Joe.
  — Era você mesmo que eu estava procurando. — Ele falou em tom de acusação. — Você é filha da stripper, não é?
  Eu me soltei bruscamente de suas mãos e dei um sorrisinho.
  — Pra dizer a verdade, ela não é stripper. E sou sim. Mas se você quer saber de algum teste, se enganou, eu não sei de nenhum. — Dei de ombros. — E autógrafos de famosos eu não consigo, por isso até logo. — Empurrei-o com nojo e me virei para voltar.
  — Não quero autógrafos! — O idiota gritou e me puxou novamente. — Quero que não implique com a Ava.
  Soltei uma gargalhada com o "pedido" dele.
  — E quem você pensa que é, meu filho?! O Chapolin Colorado que veio defender a donzela? Esqueceu as anteninhas, meu amor. — Apontei pra testa e me soltei dele novamente.
  — Já está avisada. — Ele disse em tom de ameaça e passou por mim, quase massacrando meu ombro.
  Eu me ligava agora na situação e percebi o quão ridículo esse garoto era.
  — Quem essa Barbie está pensando que é? — Grunhi.

  Cheguei ao Campus e vi que praticamente todos os carrinhos já haviam sido ocupados. Varri meus olhos para observar e vi Taylor sozinha em um carrinho, então fui direto pra lá. O pior é que o carrinho dela era do lado do carrinho onde Joe também estava com um menino, então nós nos encaramos brutalmente antes que eu virasse as costas pra ele.
  Me sentei ao lado de Taylor e antes que eu pudesse conversar com ela, nós ouvimos gritos. Ao longe, chegando ao Campus, uma aglomeração de meninas vinham caminhando e todas estavam falando ao mesmo tempo. A medida que elas ficavam mais perto, pude ver que elas apontavam pra uma coisa. Depois pude ver Selena e o grupinho dela na frente dessas meninas que gritavam, parecendo as rainhas da Inglaterra e as meninas suas súditas. Era só o que me faltava. Selena agora desfilava na frente dos carrinhos, e o pior que todos paravam pra olhar. Ela usava uma calça azul clara, uma blusa azul mais escura e um colete sem alças azul que ia um pouco abaixo do seio e estava aberto. No pé, ela usava sapatilhas e tudo parecia ser muito caro.
  — Não acredito. — Resmunguei, com nojo.
  — Nossa, ela é linda. — Falou Taylor. — Parece uma princesa.
  Olhei para Taylor como se ela estivesse louca.
  — Tay, ela é ridícula. — Falei. — Deve ser de outro planeta.

Selena's POV

  Eu não aguentava mais os gritos e a falação toda ao mesmo tempo das pessoas que me "perseguiam" pelo campus. Isso era um tratamento que eu e minhas amigas recebíamos constantemente, por vários motivos, tanto seja por causa das roupas que nós usávamos ou dos nossos penteado ou de qualquer outra coisa, mas as pessoas simplesmente olhavam e reparavam muito.
  Eu virei e parei de frente para a multidão, um pouco de saco cheio, mas eu não nego que gostava daquilo. Gostava de ver pessoas me invejando e caindo aos meus pés.
  — Esperem um pouquinho! — Gritei, pra ver se prestavam atenção em mim. — O problema é que a Isabella me pediu primeiro.
  A balbúrdia recomeçou. Tudo por causa de um lugar ao meu lado no ônibus.
  — Não importa! — Gritei novamente. — Tive uma ideia. Você pode ir atrás de mim, você vai na frente, você pode ir do outro lado, assim vamos todas juntinhas, ok?
  As meninas pareceram amolecer um pouco, e fiquei satisfeita com isso. No fundo eu sabia que iria demorar até ter uma oportunidade de cada uma delas se sentarem comigo em algum ônibus, mas não pensei nisso.
  De repente alguém foi se adentrando na pequena multidão a minha frente, atropelando as pessoas e pedindo com licença. Meu coração gelou ao ver o bolsista pelo qual me interessei no corredor e pelo visto o grande amorzinho de Isabella, o Nick. Ele estava usando jeans pretos e coturnos junto uma camisa xadrez roxa que ia até os cotovelos, revelando uma tatuagem em seu braço, e só agora percebi o quanto ele era forte. Quase me derreti com tanta perfeição, mas me recompus assim que ele parou a minha frente.
  — Ah, me desculpe. — Eu falei. — Mas eu não posso te dar atenção agora, eu tenho que ir pro ônibus. Não é, meninas?
  As meninas murmuram concordâncias comigo. Nick apenas abaixou a cabeça e soltou uma risada.
  — Não se preocupe. — Ele me disse. — Eu vim falar com a Isabella.
  Em um impulso, Isabella que estava um pouco atrás de mim disparou á frente para ficar de frente com Nick. Se havia algum sorriso em meu rosto, este murchou completamente. Alguns murmúrios começaram entre as outras meninas, com comentários do tipo dizendo como um garoto lindo e gostoso como este quer falar com Isabella Smith e não com Selena Gomez.
  — Eu queria saber se você queria se sentar comigo no ônibus. — Nick falou com Isabella, e parecia que todos agora prestavam atenção.
  — Mas é claro! — Isabella respondeu sem nem pensar, e seus olhos brilharam. Wtf?
  Olhei para baixo e não fui a única a perceber que ele pegava na mão dela.
  — É que eu não conheço muito bem esse clube, então você poderia me apresentar...
  — Mas é claro...
  — Não, não! — Finalmente interrompi aquela palhaçada. — Ela vai se sentar comigo.
  Isabella torceu os lábios, e eu imaginava o que estava prestes a dizer.
  — Amiga... Você pode se sentar com a Ava?
  Se meu rosto estava impassível, naquela hora assumiu uma expressão de raiva e decepção.
  — Ah, é só por hoje. — Nick sorriu debochado pra mim. — Vamos, Isabella.
  Ele pegou na mão dela e os seguiram para o ônibus.
  Eu bufei alto e peguei na mão de Ava, indo para um outro lado do ônibus.
  O nosso meio de transporte não era lá grandes coisas. Claro que a Academia Yancy poderia conseguir coisa muito melhor do que essa, mas existem pais medíocres e retardados, então não pudemos ir de jatinho ou algo parecido.
  — Argh, eles poderiam ter conseguido algo muito melhor. — Reclamou Ava ao entrarmos no ônibus.
  — Eu não estou acostumada a viajar de ônibus, Ava. — Falei, enquanto ela procurava um lugar pra sentar. — Sério, o avião do papai ta parado no Cansas e eu to aqui sofrendo nesse ônibus horrível. Ninguém merece.
  Nos sentamos em uma fileira do meio e eu desliguei meu celular, guardando-o na bolsa e pegando meu iPod quando levanto a cabeça e vejo Demi parada no corredor, nos olhando com desprezo.
  — Nossa, como você consegue falar tantas besteiras por segundo? — Ela resmungou. — Alguém escreve pra você ou sai naturalmente?
  Ava revirou os olhos e eu ri.
  — Eu não vou te responder. — Levantei as sobrancelhas.
  Ela balançou a cabeça e se retirou.

Demi's POV

  Andei até um pouco atrás do ônibus e vi Taylor sentada sozinha em uma cadeira da janela.
  — Posso? — Perguntei.
  Ela me olhou. Só agora percebi que estava lendo um livro.
  — Pode, claro.
  Sorri pra ela e me sentei, quando de repente Madison sobe no ônibus.
  — E aí. — Ela disse, chegando perto de nós.
  — Você veio. — Falei, meio surpresa e ao mesmo tempo feliz por ela estar ali.
  — Pois é, agora nosso time ta completo. — Ela bateu na minha mão, em nosso cumprimento, e se sentou na cadeira do outro lado.
   De repente um garoto grita nos bancos dos fundos:
  — Aí, já estão todos aqui, o que está esperando?
  Olhei para trás e bufei ao perceber que era o tal Joe.
  — Ainda falta uma aluna. — Respondeu o brutamontes do motorista parado em pé no ônibus.
  — Quem? — Perguntou novamente Joe.
  De repente uma menina sobe no ônibus, e pelos comentários das pessoas via que ela era conhecida entre o pessoal. Ela era da minha altura mais ou menos e tinha cabelos loiros lisos longos e olhos azuis. Era magra e curvilínea e eu admito que era bastante bonita. Ela estava usando uma blusa rosa com roxo que ia até a altura dos cotovelos com uma calça marrom e vans. Estava com um fone de ouvido. Quando ela entrou, eu ouvi comentários machistas e desdenhosos, e também comentários vulgares. Não entendi muito bem, até um garoto também dos fundos falar:
  — Hein, Chloe, já podemos ir?
  Olhei para trás e vi que era um amigo de Joe, que estava sentado ao lado dele. Pela expressão, via-se que ele não ia muito com a cara da garota.
  — Ou vai querer que a gente espere mais um pouco? — Joe levantou as sobrancelhas.
  A garota apenas o encarou e se sentou a duas fileiras atrás de mim, ocupando as duas cadeiras com as pernas. O silêncio reinou no ônibus e o motorista finalmente assumiu seu posto.
  Me virei para trás para tentar ver a garota melhor. Não conseguia ver nada além de seus headfones.
  — Quem é essa que subiu aí? — Perguntei a uma garota morena que estava sentada atrás de mim.
  — Não sabe? É a filha do diretor. — Ela fez uma cara feia ao falar da garota.
  Me virei pra frente e bufei.
  — Tomara que o lugar para onde estamos indo tenha soro antiofídico, porque aqui tem cobras altamente venenosas.
  Taylor riu.
  Depois de algumas horas, que não sei dizer quantas porque me perdi completamente, eu acordei. Não me lembro de ter dormido, mas já era de noite quando abri os olhos e observei o lugar. Todos no ônibus estavam dormindo, e Taylor ressonava serenamente do meu lado, com o rosto na janela. Não havia barulho algum no lugar, o que me deu uma ideia genial.
  Procurei em minha mochila que eu havia levado para o ônibus o foguete que eu havia pegado de um dos shows da minha mãe. Não pretendia usá-lo tão cedo, mas não via cenário melhor do que esse.
  Tirei meu sapato e coloquei minhas meias listradas. Avaliei minha mochila novamente e peguei um fio de barbante preto, com as ideias ainda vindo em minha cabeça. Me levantei com cautela, sem nenhum barulho para não acordar ninguém e fui até o fundo do ônibus. Vi Joe e Ava dormindo de uma forma nada agradável, como ele com a mão na vagina dela, e fiz cara de nojo. Liguei o barbante ao dinamite e fui esticando a cordinha até o começo do ônibus. Por fim, me abaixei e acendi a ponta da cordinha. Com um sorriso no rosto, voltei ao meu lugar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Depois da Chuva - 16

“Primeiro ame a si mesmo, para depois amar alguém.” — Gramaticado. 

Dormitório de Selena
Academia Yancy
Nova York, USA
Selena's POV

  Eu não sabia o que estava acontecendo. Eu só sabia que eu não conseguia parar de olhar em seus olhos. Não pensei em como ele entrara em meu quarto ou porque fizera aquilo, mas meu coração também não estava se aguentando. O que ele estava fazendo aqui?
 Nick. Agora eu sabia seu nome, graças a Isabella.
 Ele me olhou por um tempo também, mas depois olhou para outra coisa. Olhou para o objeto que estava em minhas mãos, o que eu segurava. O pedaço de papel que Isabella havia me dado. Ele juntou as sobrancelhas confuso, gentilmente se aproximou e pegou o papel de minhas mãos, e eu não sei como não intervi. Meu corpo parecia geleia naquele momento, eu não conseguia fazer nada. Ele olhou o conteúdo da folha, juntando as sobrancelhas.
  — O que é isso? — Perguntou ele, virando a folha para mim.
  Eu engasguei naquele momento, muito nervosa. Eu não tinha resposta para aquilo.
  — De quem é esse coração? — Ele observou novamente o desenho.
  — Não... Não, eu... Eu... — Minhas palavras não saíam.
  — Não, não se preocupe. — Ele me interrompeu, ainda olhando o desenho. Ele olhou em meus olhos. — Eu já vi que você gostou e...
  — O que?! — Interrompi, agora conseguindo formar uma palavra inteira. — Claro que não!
  Ele agora me olhava confuso.
  — Então sabe de quem é? — Perguntou.
  — Eu não fiz isso. — Respondi, meio atônita, ainda pensando em como me livrar daquela. — Não é meu...
  — Então responda, de quem é o coração? — Ele perguntou novamente, dessa vez me mostrando o desenho.
  Eu não sabia o que fazer e de repente me lembrei de que não podia entregar Isabella daquele jeito. Mas também não podia fazer o garoto pensar que eu fizera aquilo, nunca. As palavras sumiram da minha boca e de repente vi que Isabella havia entrado no quarto novamente. Nick estava de costas para a porta, e Isabella se assustou ao vê-lo. Ele continuava insistindo para saber quem fizera o desenho e Isabella logo balançou a cabeça em silêncio, em seus olhos via que ela implorava para que eu não a entregasse.
  Olhei novamente para ele, que ainda esperava a resposta.
  — Não se preocupe, não vou fazer nada. — Ele deu um sorriso encorajador, que me destruiu por dentro. Droga.
  Olhei para Isabella novamente. Não acreditava que iria fazer isso.
  — Foi... — Eu suspirei. — Tudo bem, é meu.
  — É seu? — Ele riu.
  — Mas ainda não está terminado! — Eu rapidamente peguei o desenho de sua mão e a caneta colorida de Isabella jogada em cima da mesa. — Faltava isso aqui... E isso... — Falei enquanto rabiscava o papel. — Porque era uma brincadeira que eu ia deixar no seu quarto. — Entreguei a folha novamente pra ele.
  Ele olhou confuso o desenho.
  — Chifres? — Disse ele. — Mas... Porque?
  — Porque era uma brincadeira. — Disse como se fosse meio óbvio. — Era só uma brincadeirinha.
  — Brincadeira de que? — Seu sorriso havia sumido completamente.
  — Uma brincadeira! — Gritei, e de repente notei que havia perdido a paciência com aquele garoto. — Você é um chato, me deixe em paz!
  Tentei passar por ele, mas o mesmo agarrou em meus braços e me puxou de volta, me deixando cara a cara com ele. Meu coração disparou ao perceber o quão perto de repente nós estávamos. Eu olhava seus olhos e de repente olhei para sua boca tão perto que de repente me esqueci que ele era um garoto e estava em meu quarto e que minha melhor amiga estava atrás dele nos observando.
  — Você vai me explicar essa brincadeira. — Ele falou baixo, olhando em meus olhos. — Porque eu não estou entendendo nada.
  Suas palavras ecoavam em minha cabeça, mas eu não as escutava direito. Me lembro de que minhas mãos relaxaram a seu toque, mas algo me fez acordar e me soltei repentinamente dele.
  — É pra você ver que... Eu não gosto de caipiras feito você. — Meu tom de voz não era tão firme, mas consegui falar olhando em seus olhos. Ele me olhou confuso, como se não estivesse entendendo a situação.
  Ele era um caipira, tudo bem. E eu o devia odiar.
  De repente não percebi que Isabella havia se aproximado de nós dois.
  — É, é isso. — Ela disse, olhando para Nick. Mas ele não a olhava, ele apenas me encarava. — É que ela é assim.
  Ele olhou repetinamente para Isabella e voltou a me olhar, com uma certa apreensão. Eu não o entendia, mas queria que ele saísse daqui o mais rápido possível.
  — Quer saber? Eu não acredito. — Ele disse firmemente. — Afinal de contas, eu sei perfeitamente que você vai gostar de mim.
  Eu abaixei a cabeça, soltando um riso que era pra ter sido de deboche e verdadeiro. Eu queria ridiculariza-lo por dizer uma coisa daquelas. Mas não conseguia mentir tanto assim.
  — Se lembra disso. — Ele disse em tom de aviso, afastando-se aos poucos.
  — Adeus! — Eu disse entredentes, querendo que ele sumisse.
  — Tchau, Isabella. — Ele a olhou depois de tempos e se retirou do meu quarto.
  Nós duas o observamos até ele sair e fechar a porta. Depois, tive vontade socar o meu espelho enquanto Isabella se jogava na poltrona, sorrindo feliz.
  — Ah, Isabella, eu não sei como consigo falar tanta besteira ao mesmo tempo! — Falei, grunhindo, me arrependendo de cada palavra que havia saído da minha boca.
  — Ah, obrigada, Selena, eu te amo, você é a melhor amiga do mundo! — Isabella se levantou da poltrona e me abraçou forte. Pelo menos ela estava feliz. — Você se sacrificou por mim! — Disse depois de me soltar.
  Eu bufei, não achando nada heroico naquilo tudo.
  — Isabella, por favor, nunca mais vai desenhar coraçõezinhos pra esse idiota! — Falei, claramente aborrecida.
  — Selena, ele não é um idiota. Além disso, dá pra ver que ele tem caráter. — Ela sorriu, ainda sonhando acordada com ele. — Ele não ficou calado, você viu?
  — É! Não ficou calado, falou coisas horríveis, é um grosso! — Bufei mais uma vez, querendo que Isabella partisse para outro assunto.
  — Ele não é assim, não é como os outros que se assustam por qualquer coisa. — Ela deu de ombros e suspirou. — Olha, por outro lado, eu estava procurando o seu cara no 5º ano, mas... Não entrou nenhum menino novo no 5º ano.
  — Ah, o que tem isso? — Falei cansada, não imaginando que ela ainda estava preocupada com ESSE tipo de assunto. Eu não estava nem um pouco interessada nos meninos do 5º ano.
  — Eu não encontrei o menino que você gosta. — Ela disse um tanto decepcionada.
  Fechei os olhos, me odiando eternamente por dentro. Eu não podia continuar pensando nesse garoto, mas também tinha que convencer Isabella que eu não gostava de ninguém.
  — Ér... Eu acho que era irmão mais velho de um aluno novo, mas esqueça isso, ok? Isso não tem a menor importância.
  Isabella deu de ombros, e eu me sentei novamente em frente ao espelho, pensando na criatura horrível que eu estava me sentindo naquele momento.

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Nick's POV

  Saí do quarto das meninas e fui direto para o Campus I, da entrada, onde Anthony me esperava. Nada do que eu imaginava havia acontecido naquele quarto, e me deixou confuso. Eu finalmente pude ver claramente que a filha do Gomez era extremamente desprezível, apesar de ser linda.
  Encontrei Anthony, que estava conversando com umas meninas e começamos a falar de assuntos aleatórios, como a escola e afins. De repente um garoto parou ao nosso lado com uma mala que era quase maior do que ele. Ele usava óculos escuros e umas roupas que eram claramente caras.
  — Olá. — Ele nos cumprimentou, tirando seus óculos escuros e revelando seus olhos azuis.
  — E aí. — Anthony respondeu.
  — Eu sou Logan Lerman. Vocês sabem quem é Anthony Jackson?
  — Sou eu. — Disse Anthony. — Algum problema?
  — Não, nada. — Logan deu de ombros. — Acontece que nós vamos ser colegas de quarto.
  — Ah, que legal. — Anthony sorriu, parecendo feliz com a ideia de finalmente conhecer um de seus colegas.
  Logan olhou pra mim, dos pés a cabeça. Notei um certo desprezo em seu olhar, porque eu usava apenas jeans e uma camiseta xadrez com um vans.
  — E você é o Jacob da família Johnson, não é?
  — Não, cara. — Respondi, confuso. — Acho que você se enganou. Pelo que eu me lembro, não escutamos o nome de nenhum Jacob. Não é? — Olhei para Anthony.
  — Não chamaram Jacob. — Anthony concordou.
  — Nick Jonas, muito prazer. — Estendi minha mão pra ele, que a apertou. Talvez ele não seja tão idiota quanto os outros.
  Eu e Anthony nos despedimos dele com acenos de cabeça e pegamos nossas bolsas que estavam aos nossos pés, pois havia finalmente chegado o momento daquela viagem. Nós seguimos para a aglomeração de pessoas que começava a se formar.
  — Quer dizer que vocês são os bolsistas? — Ouvimos Logan perguntar e nos viramos, e vimos que ele nos seguia.
  — Ham... Sim. — Anthony respondeu. — Porque?
  — Por nada não. — Logan deu de ombros, mas ainda estava trás de nós.

Dormitório de Selena
Academia Yancy
Nova York, USA
Selena's POV

  Depois de algum tempo, quando minha cabeça já havia esfriado depois do incidente que havia acontecido, parei para finalmente me preocupar com Ava. Ela havia sumido há um tempo, e eu achava que sabia onde estava, mas agora começava a pensar onde ela havia se metido. Quando ia tomar a decisão de procurá-la, a mesma entrou no quarto aos saltos, com um sorriso no rosto.
  — Meninas! — Gritou ela, indo para a cama. — Eu tenho uma novidade pra contar! — Ela se sentou.
  Ela ainda estava com a mesma roupa de antes, um short jeans escuro e uma camisa preta de alcinhas colada com um jaleco sem mangas jeans. Então eu sabia que ela não havia vindo aqui quando eu não estava.
  Eu e Isabella corremos até ela, curiosas.
  — Eu achei um namorado! — Disse ela.
  Eu e Isabella levamos a mão á boca, chocadas. Ava pegou um bloquinho minúsculo de sua gaveta e anotou algo nele.
  — 16, 17... Ah, ele é o número 18! — Ela riu, anotando.
  — Porque você anota? — Perguntou Isabella.
  — Ah, porque eu quero chegar aos 300, então eu tenho que ter o controle de todos, querida! — Ela sorriu para Isabella.
  — Ava, você é doida! — Eu disse, mas estava rindo e por dentro feliz por ela. — Mas anda logo, me diz quem é.
  — Ah, ele é o mais gato do colégio inteiro! Joe Collins!
  — Não. — Meus olhos se arregalaram com a notícia, que literalmente me pegou desprevenida. — Eu não posso acreditar!
  Isabella estava tão incrédula quanto eu.
  — Mas ele é o carinha da Selena. — Disse ela.
  — Isabella, cale a boca. — Falei.
  — Eu perguntei pra Selena se ela estava afim dele e ela disse que não, não é? — Ava deu de ombros.
  — Claro que eu não gosto dele. — Eu ri, me sentando na cama em frente as meninas.
  Isabella não estava rindo e nem parecia tão feliz com a notícia quanto eu e Ava, e eu comecei a estranhar isso. Ela se levantou e se sentou ao meu lado, ficando de frente para Ava.
  — Espera aí, me esclarece uma coisa. — Ela disse, encarando Ava. — O que você disse pro Joe sobre a Selena?
  Ava pareceu ter sido pega de surpresa.
  — Eu nada. — Ela respondeu, se levantando.
  — Não foi isso que a Demi me disse. — Disse Isabella, se levantando.
  — Ah, com certeza ela inventou. — Ava revirou os olhos, olhando seu bloquinho.
  — Ah é mesmo? — Isabella semicerrou os olhos para Ava, como se desconfiasse dela.
  Eu estava perdida na situação, quando Demi entrou no quarto de repente.
  — Olá, meninas. — Ela disse, e até ela reparou no clima estranho que havia se formado no quarto do nada. — Estou interrompendo? — Ela levantou as sobrancelhas.
  — Ah não, que ótimo que chegou. — Isabella falou. — Esclarece de uma vez o que você disse da Ava.
  Todas olharam para Demi, e eu continuava sem entender. Ela riu e caminhou até a cama, empurrando Ava assim que passou por ela dizendo um "Sai fora, loirinha." e se virando para nós.
  — Olha, me perdoem mas eu não sou nenhuma fofoqueira. — Ela disse em uma voz fingidamente doce. — E vocês?
  Ava bufou alto.
  — Ta vendo?! — Ela se virou para Isabella. — Ela ta zoando com você.
  Demi riu e se abaixou para pegar sua mala. Depois, virou-se para Ava.
  — Não se faça de idiota. — Ela disse com nojo.
  — Garota, você que é idiota! — Ava gritou, empurrando Demi, e via-se que ela estava muito nervosa.
  Demi passou as mãos por seus braços cheios de tatuagem e riu.
  — Nossa, que medo. — Ela continuava rindo. — Hoje você estava aqui transando com o Joe! Aí a secretária chegou e pegou os dois.
  Meus olhos se arregalaram diante daquilo. Isabella também não sabia o que dizer. O rosto de Ava continuava impassível enquanto Demi falava com toda a certeza do mundo.
  — Olha só, eu não tenho porque responder. Você pra mim não é nada, você não existe! — Ava falou com nojo para Demi.
  Demi riu mais uma vez.
  — Ok, tudo bem, então pergunte pra Emma, porque ela existe. — Ela piscou para mim.
  Eu e Isabella olhamos para Ava, que pela primeira vez nos encarou. Demi continuava rindo, olhando para todas nós. Ava bufou e disse:
  — Ok, tudo bem. — Ela olhou de relance para Demi. — Eu estava aqui com ele sim. Mas eu acho que isso não tem nada a ver.
  — Ah, tente se lembrar! — Continuou Demi. — Antes de se comer com o Joe, não falou nada da Selena? — Ava encarou Demi com raiva. — Hein? Use a sua memória, menina.
  — Ava, o que você falou de mim? — Falei, pela primeira vez desde que essa confusão havia começado.
  Ava me encarou e eu não conseguia ler o que se passava em seus olhos. Como minha amiga havia falado coisas sobre mim?

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Nick's POV

  Havíamos chegado ao meio de alguns alunos, mas paramos para esperar dar a hora certa. Logan ainda estava conosco, e ás vezes falava algo comigo e com Anthony, que não prestávamos muita atenção.
  De repente me lembrei de algo. E vi que Logan era um cara que sabia de muita coisa, pois ele não parava de falar sobre as viagens a Las Vegas e Itália que havia feito. Então tomei coragem e perguntei.
  — Ei, cara, sabe algo da Selena Gomez?
  Por incrível que pareça, Logan não foi pego de surpresa com a pergunta. Pelo contrário, estava tão tranquilo que parecia que lhe perguntavam a mesma coisa o tempo todo.
  — Sim, porque? — Ele deu de ombros. — Se te interessa, eu te dou a ficha todinha.
  — Não, não. — Balancei a cabeça. — Só quero saber o que você sabe dela.
  — Bom... Eu sei que ela é filha do Jayden Gomez, um empresário muito importante, é a líder das meninas e da escola, na verdade... E claro, é linda e gostosa demais e todos querem ficar com ela. — Ele deu de ombros mais uma vez, como se aquilo fosse entediante. Mas não acreditei muito.
  Anthony riu.
  — Será que ela não tem uma irmã também? — Perguntou ele. — Pelo menos um prêmio de consolação.
  — Não, ela é filha única. — Falei meio avoado, pensando no que Logan havia falado.
  — Como você sabe? — Perguntou Anthony.
  Só naquele momento percebi que havia falado demais. Não podia dar pinta que pesquisava sobre a vida da família Gomez desde a morte de meu pai.
  — Ham... É que eu li numa revista. — Falei despreocupado. — Uma revista importante que falava sobre economia, finanças... Essas coisas assim.
  Eles pareceram acreditar e todos nós voltamos a andar.

Dormitório de Selena
Academia Yancy
Nova York, USA
Selena's POV

  — Vocês não estão vendo que ela está mentindo?! — Ava gritou, apontando para Demi, e pude sentir seu ódio inalando. — Ela quer provocar confusão entre a gente!
  — Pode ser, Ava, mas tem uma coisa que eu não entendo... — Eu falei, quase sussurrando. Eu sabia que não dava pra confiar nela se isso fosse verdade.
  — Selena, como você pode acreditar mais nela?! — Ava parecia pasma.
  — Demi, fala alguma coisa, você acabou de provocar um incêndio! — Interviu Isabella.
  Ela riu.
  — Ah, sinto muito. — Demi olhou para todas nós. — Mas eu já disse tudo que eu tinha pra dizer. Além disso, o problema é de vocês, não é mesmo? — Ela deu de ombros. — Vocês vão ficar na dúvida.
  Ela se virou para pegar sua mala, mas novamente se virou para me olhar.
  — Pobre, Selena. — Ela balançou a cabeça. — Quem será que está dizendo a verdade? Sua amiguinha do coração ou eu?
  Ela me olhou com desprezo, pegou sua mala e caminhou para fora do quarto.
  Quando a vi saindo, peguei meus sapatos e tive vontade de atirar na cabeça dela, por causa da raiva que do nada apareceu. Eu odiava essa garota, ela havia colocado um incêndio enorme agora, pensando que eu iria acreditar nela.
  — Se os meus sapatos não fossem tão caros, eu jogava na cabeça dela! — Grunhi, tamanha era minha raiva.

Gabinete do diretor
Academia Yancy
Nova York, USA
Madison's POV

  Aproveitei que Demi havia ido em seu quarto para pegar sua mala e fui sozinha para tentar falar com o diretor. Dessa vez consegui entrar e o vi sentado em sua mesa. Ele escutou tudo que eu tinha pra dizer e finalmente quis saber como eu havia entrado naquele colégio, já que eu não tinha um mísero centavo no bolso. Dava pra ver que ele não me esperava na sala dele, mas permaneceu calmo ao falar comigo.
  — É verdade. — Ele disse, me olhando. — Você não ganhou bolsa.
  Meu coração disparou e de repente senti um aperto enorme. O que eu estava fazendo aqui? Que lugar era esse?
  — Então porque me disseram que eu ganhei? — Perguntei entredentes, uma raiva subindo em mim.
  — Esse foi o pedido da pessoa que cuidou de você. — Respondeu ele.
  — E quem é? — Eu queria saber aquilo mais do que tudo.
  Ethan suspirou, baixando os olhos.
  — Essa informação eu não posso dar, Madison.
  — Porra... — Levei as mãos aos cabelos, uma aflição me corroendo. Agora eu não sabia o que estava acontecendo, e nem o que havia acontecido.
  — Mas é uma pessoa que se preocupa com o seu futuro. — Ele tentou me tranquilizar. — Esse é o melhor colégio do país.
  — Eu preciso saber quem é, por favor, diz pra mim! Por favor! — Implorei.
  Ethan suspirou e se levantou, me encarando.
  — Basta saber que está te ajudando. Milhares de jovens queriam estar no seu lugar.
  — Eu não aceito receber esmolas!
  — Você vai ter que aceitar! — Gritou ele. — Se não, você vai voltar pro orfanato.
  O impacto das palavras dele me deixaram calada e eu me retirei as pressas de sua sala.

terça-feira, 15 de março de 2011

Depois da Chuva - 15

“Os olhos dela sorriam.” — Gramaticado.

  Depois da reunião no saguão, Demi e Madison decidiram ir falar com o diretor sobre a situação de Madison. As duas passaram no quarto antes para se trocarem. Como Demi estava odiando estar no quarto em que foi posta com Selena, pegou algumas roupas e foi para o quarto da amiga. Demi tomou banho e colocou uma saia preta longa e uma blusa rosa, que estavam caindo bem com seu cabelo negro. Acrescentou com uma sandália baixa e suas unhas sempre com o inseparável esmalte negro.
 Madison colocou apenas um vestido longo cinza com um cinto grosso na cintura, e também com uma sandália baixa.
 As duas chegaram á frente de Emma, que parecia ocupada demais olhando o laptop. Emma também parecia ter mudado de roupa depois do saguão. Agora usava uma saia longa estampada laranja e uma blusa branca de alcinhas de renda. Parecia estar indo para uma matinê de carnaval, pensaram as duas meninas.
 — Retirem-se, por favor. — falou Emma, sem ao menos levantar os olhos. — Eu tenho muita coisa pra fazer.
 Demi bufou.
 — Olha, não vamos sair daqui enquanto não falarmos com o diretor. Minhas amigas querem perguntar uma coisa.
 — O senhor Ethan não pode atendê-las. — Emma olhou para as duas, tentando não perder a paciência.
 — Porque? — perguntou Demi.
 — Porque o senhor Ethan não se incomoda com idiotices. — ela deu de ombros.
 Demi riu irônica.
 — Está vendo? Vamos embora. — sussurrou Madison.
 — Não...
 — É, retirem-se. — falou Emma.
 — Espera aí, eu sei que a Selena foi atendida. — Demi bufou. — Qual é a diferença entre ela e nós duas? Eu tenho que vestir Gucci pra conseguir falar com ele?
 — Por favor, não seja impertinente. — Emma a ironizou — O senhor Ethan não está. E vai demorar muito a voltar, por isso retirem-se e me deixem trabalhar sossegada.
 Emma voltou a olhar o laptop e a ignorar as meninas. Demi queria tampar alguma coisa nela.
 — Vamos, Demi... — Madison pegou nos braços da amiga.
 — Tudo bem, tudo bem... — Demi se soltou, rindo falsamente — Não tem nenhum problema. Temos dez unhas pra retocar e todo tempo do mundo.
 Ela tirou um esmalte vermelho do bolso da saia e o mostrou a Emma, que a olhou meio chocada. De repente, um "Não, não e não!" foi ouvido claramente pelas três, e era a voz do diretor vindo de sua sala. Demi olhou e riu.
 — Ah, não disse que ele não estava? — Demi perguntou, se sentando no sofá de couro branco com Madison.
 Emma suspirou.
 — É, ele está, mas está muito ocupado. E vai demorar bastante tempo, senhorita.
 — Porque? Com quem ele está?

...

 O rosto de Ethan já estava vermelho de tanto gritar. Suas narinas estavam infladas de tamanha impaciência. Ele estava de pé em sua sala, encarando sua filha que estava sentada á sua cadeira giratória, olhando para o pai de modo entediado.
 — Você é minha filha e vai fazer o que eu mandar! — ele gritou novamente para a menina.
 — Pai, não é justo, não é justo! Eu não quero ir pra esse clube de verão! — gritou ela, se levantando da cadeira.
 — Escute muito bem, Chloe: como filha do diretor, você tem que dar o exemplo!
 Chloe bufou, revirando os olhos. Ela era a filha do diretor e odiava esse rótulo. A garota tinha cabelos ruivos e olhos amendoados castanhos. Vestia um vestido curto xadrez amarelo com salto alto plataforma e era linda. Mas considerava sua vida uma droga.
 — Pai, eu já faço muito suportando esses imbecis o ano todo, nas férias eu não quero ver nenhum deles!
 — Mas você não pode ficar o dia todo grudada no computador, filha! Como é possível que não tenha amigas?!
 — Amigas?! — Chloe arregalou os olhos — Espera aí, pai, pensa! Como quer que eu tenha amigas se eu fico trancada em um colégio cheio de imbecis? Hein? Como?
 — Meu amor, imbecis tem em todos os lugares, filha.
 — Ok, pai, mas acontece que esses imbecis falam mal de mim pelas costas e me suportam só porque eu sou sua filha! — gritou ela — Eu odeio esse colégio, pai, odeio! Todos se acham superiores, todos!
 — E são! — Ethan gritou mais — São filhos das famílias mais distintas do país! e você, um dia, vai conviver com elas.
 — Nem morta!
 — Não temos mais nada a discutir, Chloe! VOCÊ VAI COM ELES PARA O CLUBE!
 Chloe olhou com desprezo para o pai. Em seguida, saiu ás turras de sua sala.

...

 Nick chegou com Anthony á um corredor central do colégio, que ficava muito mais afastado do saguão e um pouco mais perto dos quartos. Anthony estava quieto o caminho todo, desde que puxara Nick para longe dos garotos perto da piscina, e sua expressão era incompreensível.
 — E então? Qual é o lance? — perguntou Nick, não entendendo sua intenção.
 Ele se virou pra ele, suspirando.
 — Aquilo que eu disse era mentira pra você não ter que brigar. — respondeu ele — Hoje é o primeiro dia e você já está brigando. Não vacila. — ele deu de ombros.
 Nick suspirei.
 — É, tem razão. — concordou — Olha, Anthony, eu acabei de me lembrar. Eu tenho que fazer uma ligação muito importante, será que você tem um celular?
 — Tenho, claro. — Anthony retirou seu iPhone do bolso, dando para Nick.
 — Obrigado. — ele agradeceu — Como eu faço pra ligar?
 — Só você teclar o número como se estivesse em um telefone normal. — Anthony respondeu como se fosse óbvio — É assim mesmo, ok? Eu vou tomar uma água e já volto. — disse ele, se retirando.
 — Ok,tudo bem. — Nick esperou Anthony sair e discou o número da mãe.
 — Alô? — a mãe de Nick atendeu.
 — Oi, mãe.
 — Nick! — A voz dela mudou, arfando de surpresa e felicidade. — Até que enfim você ligou, já estava preocupada!
 Nick fechou os olhos por alguns instantes, apenas para apreciar a voz dela. Estava longe a menos de 2 dias, mas a saudades já estava o estava apertando.
 — Desculpa. — Ele suspirou. — É que eu não tive muito tempo.
 — Como você está? Como chegou? — Percebia-se claramente a ansiedade em sua voz.
 — Ah, muito bem. Amanhã já começam as aulas.
 Nick agradeceu internamente por não estar olhando para a mãe naquele momento. Por não estar mentindo na cara dura para ela naquele momento.
 — E o que achou da escola? — Perguntou ela.
 — Ah... É muito legal. — Ele revirou os olhos, como se não fosse daquilo que queria falar. — E vocês, como estão? Já mudaram de apartamento?
 — Já, filho, já estamos nos instalando. Você me deixou muito angustiada, sem saber nada sobre você. Onde está dormindo, meu filho?
 Nick fechou os olhos, tentando pensar na primeira coisa que lhe vinha á cabeça.
 — Com um colega meu. — Respondeu.
 — Me dá o número da casa dele. — Pediu sua mãe.
 — É que... Eu to ligando daqui da casa de um vizinho.
 — Me dá o telefone do vizinho, meu filho. — Ela insistiu.
 Nick passou a mão no cabelo, não sabendo o que fazer.
 — Olha, mãe, não adianta nada eu dar o telefone do vizinho, porque eu vou ficar pouco tempo. Então eu... Só decidi ligar pra ver como vocês estavam.
 — Sim, meu filho, estamos bem. Mas estaríamos melhor se estivéssemos todos juntos.
 — Ok, mãe. — Ele suspirou. — Eu tenho que desligar porque o telefone não é meu, e eu to ligando de um celular e é interurbano... Mas manda um beijo pra baixinha e diz a ela que a amo muito, ok?
 — Está bem, meu filho, mas... Como você está de dinheiro?
 — Bem, mãe. Não se preocupe. Eu tenho que desligar, ok? Se cuida, tchau.
 Nick desligou o telefone, e de repente viu que sua vida havia tomado um novo rumo.

...

 Ao chegar ao quarto, Selena correu imediatamente pro chuveiro. Sem dúvidas, queria passar a eternidade ali embaixo, depois da tarde horrível que tivera. Colocou um vestido curto meio rodado de alcinhas estampado rosa com flores. Se sentou em frente ao espelho e começou a escovar os cabelos com certa agressividade, xingando-se interiormente por não conseguir parar de pensar em Nick.
 Isabella também chegou, mas Selena mal a percebeu. A garota também foi para o chuveiro, mas estava sorrindo, diferente de Selena. Saiu do banho e colocou uma calça jeans preta cintura alta com uma blusa rosa de mangas com um vans vermelho nos pés. Ela se sentou na poltrona ao lado do espelho onde Selena se escovava, com uma folha de papel nas mãos.
 — Não, não, não! — Selena gritou, jogando a escova de cabelos no chão e dando um soco na mesinha á frente.
 — Você está bem, Selena? — Isabella se levantou, olhando preocupada.
 Selena suspirou, olhando assustada para o reflexo de Isabella.
 — Estou. — Respondeu, ainda atônita. O que estava acontecendo com ela?
 Isabella sorriu, se aproximando.
 — Ah, então me conta! — Sua voz adquiriu um novo tom. — O que você achou do Nick?
 — Ah... Se chama Nick? — Selena adquiriu uma postura nova, parecendo não se importar quando Isabella falava do garoto.
 — Ele não é o menino mais lindo que você já viu na vida? — Os olhos da menina brilharam.
 — Não. — Selena respondeu de imediato. — Sinceramente não. Ele é feio e não faz o meu tipo, nada a ver.
 — Ah, ainda bem! — Isabella deu um beijo no rosto de Selena. — Porque eu jamais poderia competir com você. Agora posso te contar uma coisa? O Nick veio da Flórida e vai estudar na nossa turma!
 — Na nossa turma? — Selena arregalou os olhos.
 — É, na nossa turma! Sabe o que eu adoro nele? Ele é lindo e... E quando sorri ele mostra os dentinhos, perfeitos... Ah, eu amei ele. Olha só o que eu fiz. — ela estendeu a folha de papel para Selena.
 Havia o nome Nick escrito dentro de um coração enorme com vários corações pequenos em volta.
 — Isabella, acho que você está exagerando um pouquinho! — falou Selena, largando o papel.
 — Ah, não fala isso. — Isabella pegou de volta. — É que... Eu acho que foi amor a primeira vista. Sabe? Eu estou com o coração a mil por hora. — Ela suspirou. — E você? Encontrou o que você gosta?
 — Ah... Não.
 — Então vamos procurar!
 — Não, não. Pra que? Ele era muito mais velho. Deixa pra lá...
 — Mas você disse que gostava dos mais velhos. Vamos ver se não entrou ninguém novo no 5º ano...
 — Eu acho que não quero saber, sério.
 — Ah, não fala isso. É como um sonho. As duas amigas apaixonadas ao mesmo tempo.
 Selena baixou os olhos. Não queria escutar mais.
 — Ok, continua aí arrumando seu cabelo que eu vejo se acho o seu gatinho, ok? Ah, e cuida disso? — ela deu o desenho para Selena — É o meu tesouro.
 — E-está bem... — Selena gaguejou, pegando o papel enquanto Isabella saía do quarto.
 Selena encarou aquele nome a sua frente. Nick. Esse nome nunca mais saíria de sua cabeça. E muito menos o dono dele.
 — Oi.
 Selena ouviu uma voz masculina, mas não se virou. Apenas ficou olhando o desenho, hipnotizada.
 — Você fala. — ela sussurrou.
 — Desde os dois anos de idade.
 De repente ela se levantou da cadeira assustada e se deparou com ele. Ele estava na sua frente.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Depois da Chuva - 14

“Amar dói, mas nem sempre é igual. Na maioria dos dias, ele não queima. Aquece.” — Gabito Nunes.

  — E o último candidato é Joshua White, que entrará para o 5º ano!
 Meu mundo pareceu cair naquele momento. Minha cabeça pesou tanto que eu pareci não estar no planeta terra. Todo meu esforço havia sido em vão, eu não havia conseguido. tudo que consegui fazer foi afundar minha cabeça no tampo da mesa, já sem esperança alguma. Automaticamente, comecei a pedir perdão ao meu pai em pensamento, e ainda prometi que daria outro jeito.
 — Isso é tudo, pessoal. Com licença.
 O diretor se encaminhou para a porta, se preparando para sair. Já vai tarde. Não vi ninguém me olhando, mas também pra que? Fiquei feliz por Miley ter conseguido, vejo que ela batalhou muito pra isso, mas ao que parece meu esforço não foi o bastante.
 — Senhor diretor! — do nada, a secretária apareceu na porta antes do diretor sair, meio esbaforida e exausta — Este candidato também foi aprovado. Eu acabei de corrigir pessoalmente.
 — Tem certeza? — o diretor pegou a pasta com as informações da mão de Emma, confuso.
 — Absoluta. — ela suspirou.
 O diretor a encarou por um tempo, ainda cético. Quando ouvi aquilo, agarrei de lá do fundo o meu último fiapo de esperança que tinha. Nada estava acabado ainda, tudo podia mudar. Fé, Nick. Se lembra do que seus pais sempre te ensinaram? Fé. Você foi bem. Isso basta.
 Ele foi até na frente da sala novamente, enchendo todos de esperança e ansiedade mais uma vez.
 — Nick Jonas também está aprovado e vai para o 4º ano!
 Parei de respirar.
 No começo achei que havia ouvido errado, mas não. Era eu. Eu havia passado! O diretor saiu como um jato da sala junto com todos os outros professores, e eu nem conseguia sorrir de tão aliviado que me sentia. Pareceu que um peso de 187362837 quilos saísse de minhas contas e eu já havia engolido o choro por achar que não havia passado.
 Eu suspirei e só depois de alguns minutos eu podia escutar Miley gritando:
 — Nick! Você passou! — ela gritou animada, se levantando de seu lugar e me abraçando.
 Eu mal podia sentir os seus braços me envolvendo, tamanho era meu nervosismo. Eu deveria estar tremendo, mas não conseguia sentir.
 Era agora. Era hoje. Finalmente, em tanto tempo, tinha certeza que uma nova etapa da minha vida estava começando.

Joe Collins.
 Depois da tremenda confusão no quarto de Ava, arrastei-a para longe de lá antes que algo mais grave acontecesse. Não era possível que Emma havia chegado tão rápido, eu nem a vi. E comer a Ava estava tão bom... Mas eu não podia levá-la até meu quarto, chega de confusões por hoje. Fomos até a academia do colégio depois que me certifiquei que ela estava vazia. Conseguimos um "espaço" entre os colchonetes, mas não transamos mais, apesar de ela ficar insistindo. Aqui não, tenho uma reputação importantíssima a zelar. E Ava era — por enquanto — só uma peguete. Uma peguete que eu tinha a hora que eu queria, e não é de hoje. *roupa de Ava*
 Depois de alguns minutos ali, me levantei um pouco cansado.
 — Anda, vamos aproveitar que não tem ninguém. — falei, agora mostrando um pouco menos de interesse. Não iria ser bom se me vissem saindo da academia vazia com Ava.
 — Ah, se bem que a gente podia ficar mais um pouquinho. — ela riu, me puxando de volta — Eu me sinto tão bem quando fico com você.
 Bufei. Mais uma apaixonada por mim, me diz, porque sou tão lindo?
 — Ava, você sabe que eu também fico numa boa, mas vamos!
 — Ah, espera! — ela me puxou mais uma vez, sorrindo — Vem cá, eu posso contar para as minhas amigas que eu tenho namorado?
 — O que?! — engasguei — Não, namorado é uma palavra muito forte. — fui caminhando até a entrada da academia.
 — Ai, Joe, por favor, entende! — ela falou alto, aparentemente nervosa.
 Eu não mereço isso agora, uma briga agora ninguém merece!
 — Ava, Ava, me escuta! — parei na frente dela — Com esse acidente e tudo que aconteceu, eu não estou bem, entendeu?
 Ela suspirou, parecendo decepcionada com a minha frase.
 — Tudo bem. — ela passou a mão em meus cabelos — Eu vou cuidar de você, meu amor, não se preocupe. Vai ver como vamos ficar juntinhos numa boa.
 Dei um sorriso fraco pra ela. Ava era linda e nós nos pegávamos a um tempo, mas nada sério. Talvez eu pudesse pensar em dar um passo adiante.
 — Joe!
 Me virei e vi Jacob correndo e entrando pela porta da academia, completamente esbaforido. Revirei os olhos. Não havia alguém melhor nesse momento.
 — Ainda bem que te encontrei, cara! — ele disse ao chegar perto de mim — Faz tempo que eu estava te procurando.
 — Porque? — dei de ombros.
 — Porque um dos bolsistas, pobre coitado... Pisou na bola. — ele disse com ar enojado.
 — O que?!

Nick Jonas.
 Com meu corpo mais leve, eu saí da sala, sorrindo. Não havia coisa melhor para se pensar. Eu estava feliz, e isso era certeza. Finalmente conseguia já sentir a mudança e o renovo chegando em minha vida, e apenas porque soube que passei em uma prova. Mas aquilo era muito mais. Eu estava cada a um passo a frente de tudo que eu planejei, e eu pretendia fazer dar certo até o fim. Por mim mesmo, e pelo meu pai, principalmente... O plano de acabar com ELE não iria ter tréguas.
 O corredor estava abarrotado de pessoas, principalmente de bolsistas e agora já se podia ver estudantes da Academia Yancy inseridos ali. Muitos passavam com seus narizes em pé, parecendo olhar com receio para os "pobres", que agora a maioria já não estava tão feliz assim. Miley fora falar com algumas pessoas, ou com seu jeito doce de sempre, consolar os que não passaram.
 Eu sinceramente não sabia o que fazer. Estava alegre e contente, claro, havia passado na prova para estudar na melhor escola dos Estados Unidos, mas no meio de toda aquela gente, eu só conseguia pensar no meu objetivo principal.
 Fui tirado de meus pensamentos quando alguém chamou meu nome no meio daquela multidão. Olhei e vi que era o diretor Ethan que estava com Emma um pouco mais de 3 metros de mim, e ele me chamava para me juntar a ele. *roupa de Emma*
 — Nick Jonas. — ele deu um sorriso, apertando minha mão.
 Ele não queria mais nada além de agradecer simplesmente o que eu havia feito. De acordo com ele, passar naquela prova era algo para pessoas esforçadas e de completo nível, e que uma coisa dessas não deveria ser ignorada.  Por fora fiquei feliz. Por dentro, sinceramente, tanto faz.

Selena Gomez.
 — Anda logo, Selena!
 Isabella gritou enquanto me puxava com violência para o corredor, que a essa altura já estava abarrotado de gente. Fiquei até assustada. Nós duas já havíamos trocado de roupa e preparado o make, (roupa de Selena, roupa de Isabella) como eu já havia dito, e eu finalmente havia conseguido colocar algum ânimo em Isabella. Mas sinceramente, meu foco aqui era encontrá-lo...
 Eu não sabia onde ele estava e nem nada dele. Será que é possível isso? Você gostar de uma pessoa assim? Do nada? Minha barriga até agora fica gelada quando lembro do jeito que ele me olhou a um momento atrás, e minha cabeça começa a revirar, parece que fico tonta. Como deve ser seus olhos de perto? E seu cheiro? Seu sorriso? Tenho que parar de viajar, estou em público.
 Eu e Isabella fomos até o andar de cima para fugirmos um pouco da abarrotação de pessoas que enchia o corredor principal. De lá, podíamos ver todos, e estava uma falação enorme. Mas eu não o via, e isso estava me enlouquecendo...
 — Isabella, calma. Não pode dar tanta pinta, tem que disfarçar um pouquinho. — suspirei, me apoiando no corrimão e varrendo os olhos por aquele corredor. Isabella parecia aflita para encontrar esse garoto, e isso estava um tédio — Cadê a Ava, hein?
 — Cadê ele? — ela sussurrou para si mesma, colocando quase todo o corpo para frente, quase caindo do segundo andar.
 Eu bufei, e decidi procurar junto com ela. Amigas são pra isso, certo? Comecei a olhar para a mesma direção de Isabella e em poucos minutos meu coração parou. Avistei o diretor Ethan e Emma e meus joelhos tremeram quando vi com quem eles falavam.
 Era ele. Eu tinha certeza. Era ele. Meu coração bateu mais forte e minha barriga parecia uma pista de gelo. Ele conversava com o diretor muito sorridente, o que me fez pensar por um segundo que ele poderia ser bolsista, mas não pensei muito, pois Isabella me deu uma cotovelada.
 — Ali! — ela falou um pouco alto, brotando um sorriso no rosto — Olha, Selena! Ele é lindo, meu Deus...
 Meu coração parou. Pareceu que eu havia sido atingida por um raio. O dedo de Isabella apontou exatamente para ELE e pareceu que ela estava me dando uma facada no coração. Uma facada brusca. Eu não queria acreditar, queria retirar aquela hipótese da minha mente, mas era o que eu estava vendo. Bufei, balançando a cabeça, ajeitando a bagunça que eu havia feito.
 — Qual? Aquele ali? — apontei para ELE, agarrada ao último fio de esperança que me restava. Porque aquilo não podia estar acontecendo, não mesmo.
 — Sim, é aquele! — ela estava tão radiante, o que partia ainda mais meu coração.
 Fechei meus olhos, tentando absorver a ideia. Sim, aquilo estava realmente acontecendo. Não acredito que pude gostar do mesmo garoto que Isabella. Como isso pode? Nunca gostávamos das mesmas pessoas, eu particularmente nunca havia gostado de ninguém assim, só de ver pela primeira vez. Isabella sempre foi de cair de cabeça, se entregar, e eu sempre fechada nesses assuntos, nunca queria compromisso, só queria curtir... Isso não pode estar acontecendo.
 — Olha aquele sorriso, aquela boca, aqueles músculos... — ela murmurava ao meu lado, completamente derretida. Eu queria tapar meus ouvidos e sair correndo. Naquela hora seria bom estar no monte Everest e dar uns gritos — Parece que ele conseguiu a bolsa, deve ter conseguido mesmo, estão dando os parabéns a ele.
 Bolsista. Lá veio a confirmação. Porque não pensei naquilo antes? Mas era óbvio. Eu nunca o tinha visto aqui na escola, e do nada ele parece justo no dia da prova. Os alunos novos geralmente não aparecem assim. Mas eu realmente não podia discordar de Isabella, ele era lindo. Lindo demais. Tinha olhos e boca perfeito, que me faziam me derreter ainda mais por ele. Será possível? Seu sorriso era encantador, fazia eu me perder naquilo por horas, ou podia até por anos... Mas o pior é que Isabella sentia a mesma coisa. E estava sentindo tudo isso naquele momento.
 Mas tudo aconteceu rápido demais. Mal tinha percebido que estava olhando demais pra ele perdi a noção do tempo. De repente ele levantou o rosto e seus olhos se encontraram com os meus. Meu coração disparou. A mesma sensação que senti quando isso aconteceu pela primeira vez. Senti minhas mãos tremendo e odiei isso, Isabella estava ao meu lado. E ele estava olhando pra mim, quase consegui sentir Isabella surtar.
 Mas o fez meus joelhos tremerem foi quando ele se despediu do diretor e Emma e foi indo em direção as escadas para o segundo andar, exatamente onde eu e Isabella estávamos. Bufei, fechando os meus olhos. Isso não pode estar acontecendo. Isso não vai acontecer. Droga, o que eu faço? Ele não pode vir pra cá, sem cogitação.
 — Ai, ele está vindo pra cá! — falou Isabella, parecendo me tirar de um transe.
 Ele mal havia começado a subir as escadas, mas eu tinha a plena certeza de que ele estava se aproximando.
 — Eu vou desmaiar, me ajuda, Selena. — Isabella respirava forte, literalmente parecia desesperada.
 E ele estava mesmo vindo em nossa direção. Não pensei duas vezes, balancei a cabeça e comecei a correr no mesmo caminho que vim, comecei a recuar.
 — Eu já volto! — gritei e corri, lutando para não ouvir os gritos de Isabella atrás de mim.

Nick Jonas.
 — Olá!
 Cumprimentei a garota em minha frente, a gordinha que estava com a outra... Aliás, onde ela estava? Quando eu a vi novamente no segundo andar, eu não soube dizer novamente o que senti. Já a havia visto a algumas horas, mas vê-la de novo parece que me causou um impacto ainda maior em meu coração. Odeio falar desse jeito. Mas ela realmente esbanjou atração para mim, e quando percebi já havia subido para conhecê-la. Sei que o último dos meus focos nesse lugar era garotas, mas não sei dizer o que aconteceu quando eu a vi, foi indescritível.
 Mas quando cheguei não a vi. Estranho. Ela estava exatamente aqui em cima, eu não estou enganado. Ou será que eu fiquei tão louco com ela que agora a estou vendo em qualquer lugar? Também não vamos exagerar. A garota que estava com ela me deu um abraço como sinal de cumprimento e vi que ela mastigava algo.
 — Olá, eu sou... — ela suspirou, balançando a cabeça. Parecia muito nervosa, e eu via que aquilo não era o normal dela — Eu sou a Isabella. — disse e apertou minha mão — Sou do 4º ano.
 — Ah, eu também vou estudar no 4º ano, acabaram de me dizer que eu passei na prova. — dei um sorriso satisfatório. Ela me avaliava com seu olhar, e eu sentia isso — Muito prazer, vamos ser colegas.
 — Meus parabéns! Sério, seja bem vindo. — ela deu um sorriso e seus pequenos olhos azuis ficaram menores. Ela era bem bonita. Mas nada me tirava a outra da cabeça, e até agora eu me perguntava onde ela havia se metido.
 Pensei nisso por alguns instantes.
 — Escuta, a garota que estava aqui com você... Ela vai ser nossa colega também? — perguntei, dando de ombros, não parecendo nem um pouco desinteressado.
 — Ah sim! Aquela menina é a minha melhor amiga, se chama Selena Gomez.
 Naquele momento pareceu que eu havia tomado um banho de água fria. Não só um, uns 34 banhos de água fria. Não podia ser. Era inacreditável. Gomez! Não, isso não. Não podia ser Gomez, ela devia estar confundindo... Ou eu não era acreditar. Meus olhos pareceram saltar das órbitas e eu fiquei paralisado, sem nem saber o que pensar. Isabella me olhou como se eu fosse louco, e eu parecia não conseguir me mexer.
 — O que foi? — perguntou ela, e eu vi preocupação em seus olhos.
 Consegui respirar e sentir novamente minhas pálpebras.
 — Gomez? — perguntei, em um sussurro, com a voz falhada. Meu tom de voz era de uma completa descrença.
 — É... Você conhece? — ela perguntava cautelosamente, como eu não entendesse suas palavras.
 Então é verdade. Ela é uma Gomez. Aliás, ela é a Gomez! Selena... Meu Deus, como não podia ter me tocado disso antes?! Selena é a filha dele! Como posso ter me distraído tanto a ponto de achar que não me esbarraria com ela por aqui? Me distraí tanto a ponto de achar que ela nem estivesse por aqui hoje... Como não posso ter pensado em ter visto uma foto dela antes? Ter pesquisado mais sobre isso, sobre ela...
 Mas me odeio mais ainda por, em algum momento, me sentir tão atraído por ela a ponto de me esquecer de tudo. Até de me esquecer do que eu realmente vim fazer aqui.
 De repente me lembrei da existência de Isabella a minha frente, que me olhava agora com certo "medo". Nossa, o que eu devia estar parecendo pra ela?
 — Não, não. — respondi depois de um tempo — Eu achei que ela fosse conhecida, mas... Não conheço o sobrenome, então não tem nada a ver.
 — Nick! — olhei para o lado das escadas e vi Miley vindo até mim, sorrindo, e se jogando para me dar um abraço. *roupa de Miley*
 — Como vai, Miley? — sorri, a abraçando de volta — Ei, essa aqui é a Miley, ela também vai entrar pro 4º ano. — falei com Isabella.
 — E aí? Tudo bem? — Miley estendeu as mãos para Isabella, que só agora havia percebido que não estava sorrindo mais. Pegou de leve nas mãos de Miley, a cumprimentando com um sorriso de lado.
 — E aí, o que você acha? — falei para Isabella. Esperava mesmo que todas as minhas amizades fossem a de Miley, e vice-versa.
 — Que sorte! — Isabella revirou os olhos. Senti um certo tom de desprezo em sua voz, mas descartei.
 — Nossa, o que é isso? — Miley riu, passando a mão em minha bochecha — Está sujo aqui. É chocolate.
 Passei a mão em meu rosto e olhei Isabella. Ela repentinamente havia abaixado a cabeça. Eu dei um sorriso fraco ao sentir ela envergonhada.
 — Ah, é que está... — fiz um gesto de mãos para anunciar que sua boca estava suja de chocolate.
 Não iria ser tão difícil ser amigo das pessoas por aqui.

Anthony Jackson.
 — Não, mãe, não posso deixar o celular o tempo todo ligado! — gritei mais uma vez ao telefone, já quase perdendo a paciência.
 Eu estava em meu "novo quarto". Pareceu que eu havia demorado séculos para chegar até aqui, de tão grande que era a escola. Minha mãe havia surtado após eu a contar que havia passado na prova, e eu também estava feliz. Feliz demais. Parecia a primeira vez que eu iria finalmente atravessar a rua sozinha, andar pelas ruas sozinho e fazer minhas próprias coisas e escolhas. Aqui eu podia errar. Errar e aprender, errar de novo... Aquilo era demais, eu estaria longe dos meus pais e da super proteção deles. Eu finalmente iria viver minha própria vida.
 — É proibido usar aqui. — continuei a falar com ela enquanto eu rodava por aquele quarto gigante. Era realmente gigante — Ta bom, eu te ligo assim que puder... Ok, eu vou descobrir se tem alguma sinagoga aqui perto. — revirei os olhos.
 Eu era judeu. Pode até parecer que não simplesmente pelo meu jeito de pensar, mas eu não tinha como fugir. Nasci em um lar judeu e era assim que eu tinha que viver pelo resto da minha vida. Pelo menos era assim que meus pais faziam questão de me lembrar quase todos os dias. Por isso sempre a super proteção de meus pais, por isso eu quase não tinha vida. Essa era a minha grande chance de chutar o balde por pelo menos algumas horas, era o mínimo que eu pedia.
 Parei subitamente quando ouvi vozes vindo pelo corredor, e tinha certeza que estavam vindo para o quarto. Falei um "tchau" rápido para minha mãe e desliguei o telefone, logo no momento em que a porta se abriu e dois garotos entraram rindo.
 — Não, a menina estava na sua frente... — um deles parou de falar ao me ver. Eu rapidamente havia sentado na cama e olhava para os dois, como se eu os estivesse esperando a muito tempo.
 O outro olhou para mim, confuso.
 — Oi. — ele me cumprimentou.
 — E aí?
 — Oi, eu sou Anthony! — me levantei de imediato ao ver que eles não expulsariam. Trocamos apertos de mãos — Me mandaram pra esse quarto.
 — Ah sim... E é Anthony de que? — um deles me perguntou, parecendo me avaliar.
 — Anthony Jackson.
 — Ah, legal. E escuta, você é judeu?
 Juntei as sobrancelhas.
 — Sou. — respondi — Porque?
 Haviam me investigado? Mas já?
 — Porque no gabinete do meu pai tinha um sub-secretário, um que tinha o sobrenome Jackson, e ele era judeu. — respondeu o outro que mal havia falado. Admito que ele tinha a maior cara de galã e não duvido nada que era o mais pegador de todos.
 — É parente seu? — perguntou o mais baixo.
 Com certeza não.
 — Não, acho que não. — dei de ombros — Gabinete? Não, não mesmo.
 — Hm, entendo! E escuta, é o seu pai que paga o colégio?
 — Não, eu entrei de bolsista.
 Eu posso estar louco, mas senti o olhar deles mudar sobre mim. Principalmente o do mais baixo, que o senti me avaliar desde a hora que pisou no quarto. Ele me olhou com um certo olhar de repulsa, mas não pude decifrar direito. O outro com cara de galã apenas me observou, como se tivesse lido meu futuro inteiro e não estava nem aí. Mas um arrepio cortante passou por mim ao olhar do mais baixo.
 — Não tem muitos judeus bolsistas nessa escola. — ele disse, dando de ombros, como se também não estivesse se importando — Que estranho, não é? Mas tudo bem, valeu, a gente se vê... — ele me deu mais um aperto de mão e se virou para a porta com o outro.
 — Am... Qual é a sua cama? — perguntei.
 — Aquela é a minha e essa é do Joe. — ele apontou para as camas e depois para o garoto com cara de galã — E eu sou Jacob.

Demi Lovato.
 — Puxa, não veio ninguém. — suspirei enquanto me sentava em uma das camas do quarto de Madison — Que inveja, você vai ficar aqui sozinha. Na minha jaula de zoológico, não vou sobreviver sem matar alguém logo.
 Ela inicialmente não me deu a mínima atenção, já que estava ocupada demais fazendo flexões. Quantos músculos o corpo dela ainda aguentaria ter?
 — Ou quem sabe, talvez uma das suas colegas de quarto chegue depois. Elas estão viajando, mas depois vão voltar. — dei uma risada, sentando em borboleta. *roupa de Demi*
 — Escuta, sabe se é obrigatório ir nessa viagem? Essa viagem aí da escola... Ou quem quiser pode ficar?
 — Não. — respondi, dando de ombros — Você tem que ir e ponto final.
 — Caramba. — ela balançou a cabeça de forma negativa, notando-se claramente sua repugnação por se juntar áquelas pessoas — Cara, eu queria ficar pra treinar mais a fundo. E se aparecer um intercolegial? Eu tenho que estar preparada.
 Revirei os olhos, rindo. Madison era uma peça completamente nova em minha vida, nela eu via tantas surpresas que nunca imaginei. *roupa de Madison*
 — Ah, só que aquelas minas me disseram que aqui não tem intercolegial... Me disseram que aqui não tem. — só pelo tom de sua voz já pude perceber que ela falava de Selena e seu grupinho. Tive nojo só de pensar nas três novamente.
 — E porque você acredita naquelas idiotas? São umas coitadas, pergunte isso ao diretor, já disse pra você. — falei, me levantando.
 De repente ouvimos um barulho. Na verdade, um imenso barulho, parecido com um alarme de incêndio, mas parecíamos estar dentro de um corpo de bombeiros. Olhei para Madison confusa.
 — Ué, que som é esse? — perguntou ela, parando suas flexões.
 — Não sei. — respondi, indo para a porta. Ao abrir a mesma, vi dezenas de pessoas passando no corredor, indo para a mesma direção, que era a que vinhemos.
 Puxei uma garota qualquer que passava em minha frente.
 — O que é isso, hein? Alarme de incêndio? — perguntei.
 — Ai, como você é burra, é o alarme que anuncia a reunião no saguão! Vem! — ela me olhou com desprezo e saiu rebolando. Juro que se ela não fosse tão ágil, já teria levado um tapa.
 — Burra é a tua vó! — gritei, mas ela já havia ido.
 Madison saiu do quarto, se pondo ao meu lado.
 — Você sabe onde fica o saguão? — perguntei a ela.
 — Não. — ela deu de ombros, fechando a porta atrás de si.
 Começamos a andar para frente, quando uma garota parou em nosso caminho. Ela tinha cabelos até o meio das costas cor de mel e olhos azuis. Tinha roupas simples e estava cheia de malas.
 — Ham, olá, meninas! — ela nos cumprimentou com um sorriso — Eu sou a Miley... Bom, me mandaram pra este quarto.
 — Bem vinda, My. — eu sorri, dando-lhe um aperto de mão — Essa é Madison, a dona do quarto, e eu sou Demi, a vizinha. — apontei para o quarto da frente.
 — Ah, que legal! Bom, eu vou entrar pra guardar as minhas coisas... — ela abriu a porta do quarto com dificuldade, já que estava cheia de malas.
 — Não, não, deixa isso pra depois, querida, agora temos uma reunião urgente, como aparenta! Deixa isso aí que arrumamos depois. — deti Miley antes que ela pudesse pisar dentro do quarto. Madison pegou suas malas e as jogou dentro do quarto, e em seguida, nós três estávamos descendo para o saguão.

Nick Jonas.
 — Ei, olá!
 Olhei para trás enquanto havia acabado de chegar ao saguão. Um garoto, que me recordava pouco dele, corria em minha direção, parecia um louco. Ele parecia atropelar as pessoas muito desajeitadamente, já que naquele momento uma aglomeração de pessoas já começava a surgir. Ele chegou até mim, ofegante.
 — Eu sou Anthony. — ele disse após alguns minutos — Sou da sua galera. Digo isso porque vi você fazendo a prova, também sou bolsista.
 Dei um sorriso satisfatório. Havia acabado de me lembrar dele, estávamos a poucas horas atrás em uma sala fazendo prova.
 — E aí, beleza, Anthony? — trocamos apertos de mão.
 Na mesma hora, ouvimos a voz da secretária chamando todos os alunos para se reunir. Eu puxei Anthony comigo e percebemos que estávamos fora da aglomeração de pessoas. Corremos entre a multidão, e sinto que atropelei mais gente do que as que pedi um "com licença". Nos instalamos em um lugar perto da piscina, antes da secretária começar a falar.
 — Senhor diretor. — ela sorriu, parecendo passar a palavra para Ethan, que já estava a seu lado.
 — Obrigado, Emma. — ele suspirou — Tudo bem, pessoal? Reuni vocês aqui porque, somos poucos, como vocês podem ver. E bom, esse lugar que tem um ambiente mais familiar, não é? Quero dizer que o nosso colégio é como uma grande família, não é verdade? — alguns alunos gritaram afirmando — Bom, eu quero aproveitar para dar as boas vindas aos alunos que acabaram de entrar e peço para eles uma salva de palmas, por favor. — todas as pessoas aplaudiram — Bem vindos! E chegou a hora, pessoal... Todos devem preparar as suas malas porque vão para o clube no Havaí! — algumas pessoas vibraram com a notícia, que não parecia tão velha assim — Eu queria lembrar aos jovens, aos novos alunos, que a ida de vocês a esse lugar é para que se conheçam, para que destravem alguma conversa, e tenham um relacionamento com os seus colegas. Os alunos novos e os alunos que já estão a anos nessa escola. Eu agradeço e, por favor, aplausos para os novos alunos do colégio.
 Mais aplausos. Mais gritos. Mais euforia. Eu dei um riso fraco. Pra mim, nada daquilo importava, eu já havia passado dessa fase de 16 anos, já havia conhecido bastante coisa do mundo. Seria apenas reviver, meu objeto e foco aqui era outro.
 Eu e Anthony começamos a voltar para dentro do colégio, assim como os outros alunos. Esperei a maioria entrar para não ficar esbarrando em muita gente. Passávamos na borda da piscina quando senti um impacto em meu ombro, como se alguém tivesse me empurrado com força. Me virei e vi um garoto parado em minha frente, com os braços cruzados, me encarando. Eu não o conhecia, na verdade nunca o havia visto na vida...
 — Qual é o problema? Cuidado aí! — perguntei, meio alto. Ele parecia estar querendo arrumar uma confusão comigo, e aquilo havia me deixado nervoso.
 — Algum problema? — ele ergueu as sobrancelhas.
 — Não, eu não. — dei de ombros.
 — Mas eu tenho! — ele se aproximou de mim — Não gosto de alunos novos que se acham os maiorais. Isso aqui não é uma favela, aonde você deve ter sido criado! Aqui tem gente que não é pro seu bico, entendeu? Procura andar na linha pra não ter mais problema, falou?
 — Olha aqui, eu não sei o seu nome, mas acabou de arranjar um problema, entendeu? — sem pensar, avancei para ele, mas não cheguei a tocá-lo, pois senti Anthony puxar meu braço e me levar para não sei aonde.
 Mas eu pude ver nitidamente que, ao lado do valentão que queria brigar comigo, estava aquele garoto de touca que eu havia esbarrado ao sair da sala de prova. Tinha certeza absoluta.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Depois da Chuva - 13

“Na minha ferida mais profunda vi sua glória, E isso me surpreendeu.” — St. Augustine.

 Esperei algum tempo até eles saírem do quarto. Mas não saí da onde estava de imediato, vai que eles voltavam depois de alguns segundos? Pelo que eu vi daqueles dois, não duvidava de nada. Eles podiam voltar pra mais um sexozinho rápido, quem sabe.
 Mas quem entrou em seguida no quarto foi Isabella, a gordinha amiga de Selena. Olhar pra ela me deu ânsias de vômito, mas na verdade quem estava com ânsias era ela ao ver a decoração que havia feito na minha parte do quarto.
 Me levantei e soltei uma risada.
 — E aí, como vai? — chamei sua atenção, descendo as escadas — Ficou linda a minha decoração, não é?
 Ela me olhou chocada, como se não acreditasse que eu ainda estava em seu ambiente.
 — Ficou uma porcaria! — falou ela finalmente — Você não pode fazer isso, o quarto não é só seu!
 — Por favor, se acalma, ta? — bufei, subindo em minha cama — Meu Deus, que homem! — suspirei, beijando um pôster do Jared Leto que havia colado na parede — Olha, acredite, eu também gosto das suas coisas.
 Ela revirou os olhos, com certeza me achando uma completa imbecil. Eu a entendia.
 — Nós temos que entrar em um acordo. — disse ela, rangendo os dentes.
 Desci da cama, a encarando.
 — Eu não, falou? — ergui as sobrancelhas — Já vou avisando.
 — Não pense que vai poder fazer o que quiser! Minhas amigas e eu somos as mais populares do colégio, se quisermos em 5 minutos você vai embora!
 Tive vontade de dar gargalhadas. Na verdade, foi isso que eu fiz. Eu simplesmente ri da cara dela. O que era aquilo? Eu estava em um filme das patricinhas de Beverly Hills? Eu estava infurnada em algum shopping ambulante? Não era possível... Em um impulso, empurrei Isabella Golfinho na cama, ainda rindo.
 — Ui, que medo. — ri alto — As mais populares querem me tirar do colégio...
 — O que está fazendo? — ela arfou — E tem mais... Para com isso... Selena já foi falar com o diretor pra tirar você do quarto!
 — Não me diga! — dei um riso irônico, dando um aperto em seu nariz — Acho que você é a mais popular sim, mas entre os elefantes. — ri.
 — Me solta, sua abusada! — ela retirou minhas mãos de seu nariz.
 — É claro.
 Eu ri e me levantei, tentando pensar mais uma vez o que eu faria pra me livrar daquelas garotas.
 — Espera só até as minhas amigas chegarem! — gritou ela, se levantando.
 — Ui, belas amigas você tem, falam horrores umas das outras quando ninguém está escutando. — dei de ombros.
 — Isso é mentira! — ela bufou, se levantando. Tive a leve impressão de que tinha tocado em um ponto fraco dela.
 — Ah é? — levantei as sobrancelhas — Então pergunta pra loirinha o que ela disse pro bonequinho de plástico da Selena. Só por curiosidade, não é? — peguei um elefantezinho rosa de pelúcia em cima da mesinha de cabeceira e joguei em Isabella — Olha só a sua irmãzinha.
 Me levantei e saí do quarto, sentindo um alívio tremendo. Não seria fácil aguentar essa gente, não mesmo. Iria ter que rezar muito.

 — Credo, até senti falta de ar lá dentro! — murmurei a mim mesma quando cheguei ao gramado, do lado de fora da escola. Me sentei embaixo de uma árvore, cada vez mais sentindo um ódio tremendo — Tudo por culpa daquele velho asqueroso. Tomara que ele tenha um problema de próstata e vá logo pro inferno de uma vez por todas!
 De repente alguém caiu em cima de mim. Sem brincadeira, eu sentada reclamando da vida e algum ser pareceu que pulou - ou se jogou - da árvore acima de mim. Me levantei rapidamente e me deparei com uma menina. Ela era loira e usava uma touca na cabeça. Seus olhos eram fortemente azuis e ela tinha roupas surradas.
 — Ai, calma. — bufei — Está pensando o que? Se quer se suicidar, avisa! Se não você pode cair na minha cabeça.
 Ela não disse nada, apenas me olhou. Não ouvi e nem vi nenhum pedido de desculpas. Ela não parecia nem um pouco arrependida de quase ter me matado.
 — Será que nessa escola são todos loucos? — levantei as sobrancelhas, como se fosse óbvio.
 Me surpreendi ao ouvir uma risada dela.
 — Eu não sei, eu sou nova. — ela riu — Prazer, sou Madison. — ela estendeu a mão.
 Fizemos um toque de mãos, o que me surpreendeu. Achava que aqui dentro só tinham garotas engomadinhas cheias de não-me-toque.
 — Prazer, eu também sou nova. Eu sou a Demi. — me encostei na árvore — O que fazia ali em cima?
 — Eu estava tomando ar, porque lá dentro não dá nem pra respirar. — ela deu de ombros.
 Eu abri um sorriso. Impressão minha ou eu finalmente havia achado alguém com neurônios aqui nesse lugar?
 — É isso aí, bem vinda ao clube! — eu ri.
 — Po, é difícil ser nova, não é? Em qualquer lugar.
 — E aqui é pior. — bufei.
 — Porque entrou pra essa escola? — perguntou ela.
 Minha cabeça queimou naquele momento.
 — Porque o imbecil do meu pai me obrigou. — respondi. — E você?
 — Eu fui mandada do orfanato pra cá. — ela deu de ombros.
 Meus olhos brilharam. Eu tinha mesmo acabado de ouvir aquilo? Madison era muito mais do que eu pensava.
 — Então você é órfã? Ai, que legal! — abri um enorme sorriso.
 Ela me olhou como se eu fosse louca. Normal, não é? Quem iria comemorar por ser órfão? Aquilo nem ela estava entendendo.
 — Você está maluca?
 — Não estou maluca, eu te emprestaria um mês os meus pais e garanto que você daria graças a Deus de ser órfã. — dei um sorriso fraco — Então o orfanato está pagando seus estudos aqui?
 — Não, não, eu vim pra cá porque eu ganhei uma bolsa de atleta, mas umas meninas lá dentro me disseram que não disputam competições. — ela deu de ombros.
 — Então alguém paga o colégio pra você?
 — Não, que nada! Esse lugar aqui é caríssimo. Eu não tenho um centavo, então...
 — Então tem alguma coisa errada. — a interrompi — Alguém tem que falar com o diretor.
 Madison revirou os olhos para um carrinho de golfe que se aproximava de nós naquele momento. Dentro dele havia um garoto de cabelos escuros e olhos tão azuis que se via de longe. Era bonitinho, e parecia estar olhando diretamente pra nós.
 — Quem é esse aí? — perguntei, sussurrando, enquanto ouvia o carrinho se aproximar.
 — Logan Wade Lerman, um cara que sismou comigo desde que eu cheguei. É insuportável! — ela bufou.
 No momento em que ela disse isso, o tal Logan estacionou a nossa frente. O garoto sorriu maroto para nós e saltou do carrinho.
 — Não, eu sou James Bond. — ele sorriu, se aproximando de mim. Argh! — Olá, eu sou Lo...
 — Logan! — eu o empurrei para longe de mim, antes que ele encostasse aquela mãozinhas onde não deveria — Eu já sei!
 Ele se afastou de mim, me olhando assustado. Como se eu acabasse de ter dado um golpe mortal em seu peito, e eu só lhe dei um "empurrãozinho". Ele riu nervoso, meio sem graça.
 — Vocês deviam estar falando de mim, não é? — ele riu, convencido até demais. Dei uma olhada para Madison, rindo do quão idiota aquele garoto era — Eu já estou acostumado. E vocês são meninas de sorte, sabem porque? Eu acabei de comprar uns vinhos melhores do que os franceses, e eu vou ficar sozinho no meu quarto, então... Porque não? Eu que sou tão gente fina vim aqui convidar vocês...
 — Não, muito obrigada! — o interrompi antes que ele falasse mais alguma coisa — Sabe o que é? Nós duas preferimos beber caipirinha de cachaça com limão, ok? Passe bem, meu filho!
 Revirei os olhos e saí andando, e Madison me seguiu.

Selena's POV

 Meu coração ainda batia rápido quando entrei praticamente correndo no quarto! Bati a porta atrás de mim, respirando com dificuldade. Também, eu parecia ter estado sem respirar por 2 horas. Vi Isabella deitada em sua cama, mas não me importei muito, meu pensamento voava tanto. Sentei em minha escrivaninha, dando sorrisos involuntários.
 Mas o que eu vou vestir?! Preciso pensar nisso...
 — Isabella, depressa! Precisamos ir ao refeitório! — falei.
 Não obtive resposta no começo. De repente ouvi um soluço. Rapidamente me virei e vi que Isabella chorava.
 — Isabella! Isabella, o que você tem?
 Bufei.
 — Isabella, não liga pra ela! — me levantei e fui até ela — Não fica assim por isso.
 — Eu não to chorando só por isso... — ela falou em meio aos soluços.
 — E porque então?
 — É um menino.
 — Um menino? — juntei as sobrancelhas — Espera aí, quem te fez alguma coisa?
 — A natureza me fez gorda. — ela se sentou na cama, secando as lágrimas que ainda caíam. — E agora que eu conheci o menino dos meus sonhos... Não acredito que ele vá querer um elefante como eu.
 — Isabella, não exagera, ok?!
 — Essa barriga não é um exagero! — ela apontou para sua barriga abaixo da blusa amarela. Eu suspirei.
 — Olha só, vou te dizer uma coisa: as mulheres não atraem só pelo visual. Tem muitas outras coisas. E você é uma menina que tem sentimentos maravilhosos! E se esse menino é tão maravilhoso como você está achando que ele é, com certeza vai perceber quem é você. — dei um sorriso sincero. Ela parou de chorar e olhou em meus olhos.
 — Você acha? — perguntou ela.
 — Claro, sua boba! — passei a mão em seus cabelos — Olha, vamos fazer uma coisa. Você para de chorar e eu te conto uma coisinha! — eu ri animada, mais uma vez me lembrando do episódio maravilhoso que havia passado no corredor.
 — O que foi? — ela perguntou, brotando um sorrisinho de seu rosto.
 — Você lembra que eu disse que não gostava de ninguém daqui da escola? — ela assentiu — Ai, Isabella, eu não sei o que aconteceu, mas hoje eu vi alguém que eu gostei muito! — eu dei um enorme sorriso e eu vi o brilho nos olhos de Isabella. Aquilo realmente era uma novidade tremenda.
 — E ele é um dos bolsistas? perguntou ela, curiosa.
 — Ah, eu não sei. Eu acho que não. É aluno novo, mas eu não sei... Eu não sei... — eu suspirei, sorrindo involuntariamente mais uma vez ao lembrar daqueles olhos e daquele rosto. Podia jurar que estava mordendo os lábios só de lembrar.
 — E vai estudar na nossa turma?
 — Eu também não sei! — falei um pouco mais alto com Isabella, mas ainda rindo — Ele parece ser mais velho, mas não sei, só o vi no corredor rapidamente. — Isabella riu da situação — Ai, Isabella! Chega, ok? Vamos ficar bem bonitas e vamos dar as boas-vindas aos novos gatinhos! — me levantei da cama — Chega, eu não quero ver mais tristeza, ok? Agora eu vou maquiar você e você vai ficar linda.

Nick's POV

 — Quanto tempo mais vão demorar para dar os resultados? — perguntava Miley impaciente ao meu lado, enquanto todos os outros bolsistas quase morriam de tanto nervosismo.
 Eu balancei a cabeça, suspirando.
 — Não sei, não faço ideia. Mas você viu quantas provas eles tinham pra corrigir? Tomara que a gente tenha se dado bem e que entreguem logo os resultados.
 — Eu sei, mas tinham muitos professores para corrigir. — bufou Miley. Apertei meus olhos, assustado com a dor de cabeça e confusão que me vinham naquele momento. De repente eu pensava no pior. Pensava no péssimo.
 — Sabe, Miley? Acho que respondi rápido muitas perguntas, entreguei a prova muito rápido.
 — Fiquem tranquilos! — falou um dos bolsistas que me lembrava vagamente do rosto dele — Vai correr tudo bem, vocês vão ver.
 Dei um sorriso em resposta. Dois segundos depois ouvimos passos na escada e vimos o diretor Ethan junto com uma penca de professores descendo as escadas, com papeis nas mãos. Meu coração bateu mais forte. Era agora.
 — Façam o favor de entrar na sala. — disse o diretor, e entramos novamente naquela sala. Não sabia o quanto estava tremendo, mas sabia que estava. Isso era minha meta, eu tinha que entrar nessa escola de qualquer jeito — Trouxe os resultados da prova, pessoal. Lamentavelmente, não foram muitos os que alcançaram o nível. Por isso, são poucos os candidatos que entrarão esse ano para o Highland Private School. Vou dar o nome dos 4 candidatos admitido. — ele pegou uma folha com uma das pessoas ao lado — Madison Taylor entrará para o 4º ano.
 O diretor observou a sala, para ver se localizava a tal da Madison. Eu também rolei meus olhos, mas pelo visto, a tal da Madison não estava lá. Estranho.
 O diretor continuou:
 — Anthony Jackson entrará para o 4º ano!
 O mesmo garoto que havia falado comigo a uns minutos atrás fora da sala dera um salto da cadeira, dando um grito animado e logo depois se sentando constrangido.
 Já haviam sido dois, meu coração pulava mais do que tudo.
 — Miley Cyrus entrará para o 4º ano!
 O rosto de Miley saiu do pálido para a cor normal. Ela fechou os olhos e deu um sorriso fraco; eu quase podia sentir o alívio que ela sentia de longe.
 O último nome. Eu não conseguia me conter...
 — E o último aluno é...

CONTINUA!

sábado, 19 de março de 2011

Depois da Chuva - 17

“O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca.” — Pequeno Princípe.

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Joe's POV

  O sinal já havia tocado há muito tempo e meu nome não parava de ser chamado no Campus para nos reunirmos e finalmente irmos pra viagem de férias. Minhas malas já estavam praticamente prontas e eu também já estava arrumado. Fui para o campus e sentei em um carrinho de golfe junto com demais carrinhos que pareciam já estar lotados e mandei uma mensagem pra Ava, que chegou alguns minutos depois. Notei que ela estava meio abatida, mas não perguntei de imediato. Ela se sentou ao meu lado e colocou a cabeça em meu ombro, suspirando.
  — Ah, não sei porque essa Demi cismou comigo. — Ela bufou.
  Eu ri.
  — Ava, não se preocupe, eu te defendo. — Garanti a ela. — E quanto ao que você me contou da Selena, se alguém perguntar, eu nego tudo.
  Ela me olhou e sorriu, aquele sorriso que bem no fundo me matava de tão lindo.
  — Pena que é proibido, se não eu te enchia de beijos agora. — Ela mordeu os lábios.
  Eu apenas a encarei e ri, a beijando logo em seguida, sem me importar com seguranças ou alunos. Eu nunca havia me importado com isso quando queria fazer algo.

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Nick's POV

  Depois de algum tempo que eu estava com Anthony e Logan, Taylor apareceu e se juntou a nós, também pronta pra viagem. Ela havia se trocado e agora estava usando um vestido roxo curto soltinho com babados no decote, uma blusa de frio fina branca aberta que estava enrolada até seus cotovelos e uma sapatilha preta. Seu cabelo estava solto com os cachos esvoaçando e eu percebi Anthony a olhando, o que me fez rir por um momento.
  De repente um carro parou no meio do campus. Em cima nós víamos a placa de táxi, e uma pessoa saiu do banco de trás. Era um garoto magrelo e esquisito, com óculos fundos de garrafa e um cabelo ridículo liso e usava uma boina e roupas estranhas. Do nada algumas pessoas começaram a reparar nele e um grupinho foi ao seu encontro. Entre eles aquele garoto com que quase arranjei briga duas vezes.
  — E aí, Mason! — Ele gritou. E de repente ele simplesmente empurrou o garoto para o chão, derrubando suas malas e tudo.
  Eu arregalei os olhos para aquilo. E o pior que em vez de ajudarem, as outras pessoas começaram a rir escandalosamente e apontarem para o garoto no chão. O marrento chegou perto de Mason e começou a caçoar dele, chamando-o de trouxa ou de filhinho da mamãe, junto com outros caras que também eram uns imbecis.
  Eu não havia percebido, mas já estava caminhando até eles, cheio de ódio com o que aquele pessoal estava fazendo, a passos firmes. Senti alguém pegar em meu braço e me puxar.
  — Nick, não! — Gritou Anthony. — Não se meta...
  Mas eu me soltei dele agressivamente e fui até o garoto caído no chão. Vendo que aquele grandalhão de antes estava em cima dele, o empurrei com o ombro com toda a força até que o mesmo caísse no chão ao lado do garoto e levantei Mason. Não havia reparado como quando cheguei, as pessoas simplesmente saíram de perto.
  — Está tudo bem? — Perguntei a Mason assim que ele já estava "seguro" de pé. — Foi mal, eu não te vi. — Falei com o grandalhão idiota que havia derrubado no chão, com um sorriso falso. Me virei de volta pra Mason: — Já pegou suas coisas? Já tem um carrinho?
  Ele balançou a cabeça para as duas coisas e eu o puxei para arranjarmos um carrinho pra ele. O grandalhão olhou pra mim com pura raiva e enquanto eu saía com Mason, a multidão ainda o zoava.

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Logan's POV

  Ao assistir a confusão que o tal do Nick havia arrumado, eu me segurei para não começar a rir naquele momento. Como ele pode se achar o defensor das pessoas desse jeito? Se todos estavam zoando o pobre garoto, era porque ele tinha que ser zoado, não? Pelo menos aqui é uma bela democracia. Mas pessoas como o tal Nick não entendiam isso.
  Após ele sair com o tal Mason para longe, fui até o grupinho que havia se formado depois disso, entre eles estava o grandalhão que havia empurrado o garoto e algumas gatas.
  — Mandou bem, cara. — Coloquei a mão no ombro do garoto, que me olhou meio surpreso, mas balançou a cabeça.
  — Que idiota. — Ele resmungou, se lembrando da situação.
  — E aí, gata. — Falei com uma morena ao meu lado, e assim fomos conversando.

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Taylor's POV

  Depois de um tempo, todos começaram a ir atrás de seus carrinhos, para não perderem mais tempo do que perderam rindo do pobre garoto que saiu do carro. Eu ainda estava com Anthony parada, já que o tal do Logan que nos acompanhava havia sumido. Eu ainda não conhecia Anthony muito bem, portanto nós dois não conversávamos muito.
  Mas não dava mais pra esperar Nick, então nós dois começamos a andar, procurando algum carrinho.
  — Eu acho melhor o seu amigo ter seguro de vida. — Comentou ele comigo.
  Eu ri.
  — É o meu herói, o que posso fazer...

Dormitório de Selena
Academia Yancy
Nova York, USA
Selena's POV

  Depois de tudo que havia acontecido na minha vida nessas últimas horas, eu sempre queria contar ao meu pai. Peguei o telefone para ligar pra ele, mas havia me lembrado que não estava falando com ele. Puro orgulho, mas pra mim era um orgulho consciente. Mas havia acabado de me lembrar que ele também não havia me telefonado mais, o que me deixava meio angustiada. Eu precisava saber dele, portanto liguei pra William.
  O que me decepcionou mais ainda.
  — E ele não ligou mais? — Falei em um fio de voz, sabendo da situação. — Tudo bem, William... Tchau.
  Tive vontade de tampar o telefone na parede de tamanha raiva, mas apenas tampei-o na cama. Vi o retrato dele em minha estante, o que me fez lembrar de tudo e ficar com mais raiva.
  — Se você não fosse meu pai, eu nunca mais falaria com você! — Falei, apontando para seu retrato.
  Bufei, decepcionada.
  — Porque faz isso comigo, pai? — Suspirei, me sentando na poltrona branca. — Você sabe como é difícil ser eu, e está me ignorando, e não pode ignorar a minha sensibilidade assim. Porque ele faz isso comigo, Isabella? — Me virei para Isabella, que estava deitada de bruços na cama, mas não obtive resposta. — Isabella!
  — Oi? — Ela pareceu acordar.
  — Não está escutando nada! — Falei entredentes.
  — Eu... Estou sim.
  — Meu pai está me ignorando e você também. — Falei decepcionada. Isso não era possível. — O que você tem?
  Ela suspirou, e baixou os olhos.
  — Ah, é que eu estou muito preocupada. O Nick não pode me ver de maiô.
  Pareceu que uma pedra enorme havia caído sobre minha cabeça. Eu não podia estar ouvindo aquilo, ainda mais de Isabella. Não mesmo.
  — Ai, meu Deus. — Falei. — Não... Meu Deus, me salva. Era só o que me faltava! Isabella, eu já estou cansada desse Nick, ouviu? Isabella, chega!
  Eu já estava quase implorando a ela pra calar a boca sobre esse garoto.

Demi's POV

  Após sair daquele antro de patricinhas, deixei minha mala no quarto de Madison e fui procurar a mesma, pois ela não estava no quarto. Quando iria tomar atitude de fazer isso, ela entrou no quarto e percebi que estava meio abatida e chocada ao mesmo tempo.
  Enquanto andávamos para o Campus, ela me contou tudo que havia acontecido na sala do diretor e tudo que ele havia revelado a ela.
  — Não se preocupe. — Suspirei. — Não pode fazer nada além de aceitar e pronto.
  — Porque? — Perguntou ela. — Eu posso fugir daqui, é só eu não entrar no ônibus.
  — Esses músculos fizeram mal ao seu cérebro. Não acha mais fácil entrar no ônibus e viajar e na volta descobrir quem são os reis magos que pagam essa porra pra você?
  — Não vão querer me dizer. — Ela parou de andar subitamente e percebia-se que estava muito aflita.
  Eu ri irônicamente.
  — E daí? De repente está escrito em algum papel por aí, se acalme. — Olhei pra ela bastante apreensiva. — Não seja idiota, pelo menos aqui você tem teto e comida.
  — Não se trata de teto e comida. — Ela balançou a cabeça. — Também tem uma coisa chamada dignidade.
  Fala sério.
  — Sei, claro. E dignidade pode morrer de fome e de frio na rua. — Falei como se fosse óbvio. — Olha, você precisa de mais jogadores no seu time. — Apontei para a cabeça.
  — Quer saber, minha amiga? Ninguém pediu sua opinião. — Ela me olhou com raiva e saiu de perto.
  Eu dei de ombros.
  — Ok, então faça o que quiser. — Bufei. — Será que aqui não tem gente que pensa?
  Revirei os olhos e recomecei a andar para o Campus, já que pelo jeito achava que Madison havia mesmo desistido de ir. Eu estava quase na entrada, quando sinto alguém puxar meu braço brutalmente e me virar para trás. Era o tal Joe.
  — Era você mesmo que eu estava procurando. — Ele falou em tom de acusação. — Você é filha da stripper, não é?
  Eu me soltei bruscamente de suas mãos e dei um sorrisinho.
  — Pra dizer a verdade, ela não é stripper. E sou sim. Mas se você quer saber de algum teste, se enganou, eu não sei de nenhum. — Dei de ombros. — E autógrafos de famosos eu não consigo, por isso até logo. — Empurrei-o com nojo e me virei para voltar.
  — Não quero autógrafos! — O idiota gritou e me puxou novamente. — Quero que não implique com a Ava.
  Soltei uma gargalhada com o "pedido" dele.
  — E quem você pensa que é, meu filho?! O Chapolin Colorado que veio defender a donzela? Esqueceu as anteninhas, meu amor. — Apontei pra testa e me soltei dele novamente.
  — Já está avisada. — Ele disse em tom de ameaça e passou por mim, quase massacrando meu ombro.
  Eu me ligava agora na situação e percebi o quão ridículo esse garoto era.
  — Quem essa Barbie está pensando que é? — Grunhi.

  Cheguei ao Campus e vi que praticamente todos os carrinhos já haviam sido ocupados. Varri meus olhos para observar e vi Taylor sozinha em um carrinho, então fui direto pra lá. O pior é que o carrinho dela era do lado do carrinho onde Joe também estava com um menino, então nós nos encaramos brutalmente antes que eu virasse as costas pra ele.
  Me sentei ao lado de Taylor e antes que eu pudesse conversar com ela, nós ouvimos gritos. Ao longe, chegando ao Campus, uma aglomeração de meninas vinham caminhando e todas estavam falando ao mesmo tempo. A medida que elas ficavam mais perto, pude ver que elas apontavam pra uma coisa. Depois pude ver Selena e o grupinho dela na frente dessas meninas que gritavam, parecendo as rainhas da Inglaterra e as meninas suas súditas. Era só o que me faltava. Selena agora desfilava na frente dos carrinhos, e o pior que todos paravam pra olhar. Ela usava uma calça azul clara, uma blusa azul mais escura e um colete sem alças azul que ia um pouco abaixo do seio e estava aberto. No pé, ela usava sapatilhas e tudo parecia ser muito caro.
  — Não acredito. — Resmunguei, com nojo.
  — Nossa, ela é linda. — Falou Taylor. — Parece uma princesa.
  Olhei para Taylor como se ela estivesse louca.
  — Tay, ela é ridícula. — Falei. — Deve ser de outro planeta.

Selena's POV

  Eu não aguentava mais os gritos e a falação toda ao mesmo tempo das pessoas que me "perseguiam" pelo campus. Isso era um tratamento que eu e minhas amigas recebíamos constantemente, por vários motivos, tanto seja por causa das roupas que nós usávamos ou dos nossos penteado ou de qualquer outra coisa, mas as pessoas simplesmente olhavam e reparavam muito.
  Eu virei e parei de frente para a multidão, um pouco de saco cheio, mas eu não nego que gostava daquilo. Gostava de ver pessoas me invejando e caindo aos meus pés.
  — Esperem um pouquinho! — Gritei, pra ver se prestavam atenção em mim. — O problema é que a Isabella me pediu primeiro.
  A balbúrdia recomeçou. Tudo por causa de um lugar ao meu lado no ônibus.
  — Não importa! — Gritei novamente. — Tive uma ideia. Você pode ir atrás de mim, você vai na frente, você pode ir do outro lado, assim vamos todas juntinhas, ok?
  As meninas pareceram amolecer um pouco, e fiquei satisfeita com isso. No fundo eu sabia que iria demorar até ter uma oportunidade de cada uma delas se sentarem comigo em algum ônibus, mas não pensei nisso.
  De repente alguém foi se adentrando na pequena multidão a minha frente, atropelando as pessoas e pedindo com licença. Meu coração gelou ao ver o bolsista pelo qual me interessei no corredor e pelo visto o grande amorzinho de Isabella, o Nick. Ele estava usando jeans pretos e coturnos junto uma camisa xadrez roxa que ia até os cotovelos, revelando uma tatuagem em seu braço, e só agora percebi o quanto ele era forte. Quase me derreti com tanta perfeição, mas me recompus assim que ele parou a minha frente.
  — Ah, me desculpe. — Eu falei. — Mas eu não posso te dar atenção agora, eu tenho que ir pro ônibus. Não é, meninas?
  As meninas murmuram concordâncias comigo. Nick apenas abaixou a cabeça e soltou uma risada.
  — Não se preocupe. — Ele me disse. — Eu vim falar com a Isabella.
  Em um impulso, Isabella que estava um pouco atrás de mim disparou á frente para ficar de frente com Nick. Se havia algum sorriso em meu rosto, este murchou completamente. Alguns murmúrios começaram entre as outras meninas, com comentários do tipo dizendo como um garoto lindo e gostoso como este quer falar com Isabella Smith e não com Selena Gomez.
  — Eu queria saber se você queria se sentar comigo no ônibus. — Nick falou com Isabella, e parecia que todos agora prestavam atenção.
  — Mas é claro! — Isabella respondeu sem nem pensar, e seus olhos brilharam. Wtf?
  Olhei para baixo e não fui a única a perceber que ele pegava na mão dela.
  — É que eu não conheço muito bem esse clube, então você poderia me apresentar...
  — Mas é claro...
  — Não, não! — Finalmente interrompi aquela palhaçada. — Ela vai se sentar comigo.
  Isabella torceu os lábios, e eu imaginava o que estava prestes a dizer.
  — Amiga... Você pode se sentar com a Ava?
  Se meu rosto estava impassível, naquela hora assumiu uma expressão de raiva e decepção.
  — Ah, é só por hoje. — Nick sorriu debochado pra mim. — Vamos, Isabella.
  Ele pegou na mão dela e os seguiram para o ônibus.
  Eu bufei alto e peguei na mão de Ava, indo para um outro lado do ônibus.
  O nosso meio de transporte não era lá grandes coisas. Claro que a Academia Yancy poderia conseguir coisa muito melhor do que essa, mas existem pais medíocres e retardados, então não pudemos ir de jatinho ou algo parecido.
  — Argh, eles poderiam ter conseguido algo muito melhor. — Reclamou Ava ao entrarmos no ônibus.
  — Eu não estou acostumada a viajar de ônibus, Ava. — Falei, enquanto ela procurava um lugar pra sentar. — Sério, o avião do papai ta parado no Cansas e eu to aqui sofrendo nesse ônibus horrível. Ninguém merece.
  Nos sentamos em uma fileira do meio e eu desliguei meu celular, guardando-o na bolsa e pegando meu iPod quando levanto a cabeça e vejo Demi parada no corredor, nos olhando com desprezo.
  — Nossa, como você consegue falar tantas besteiras por segundo? — Ela resmungou. — Alguém escreve pra você ou sai naturalmente?
  Ava revirou os olhos e eu ri.
  — Eu não vou te responder. — Levantei as sobrancelhas.
  Ela balançou a cabeça e se retirou.

Demi's POV

  Andei até um pouco atrás do ônibus e vi Taylor sentada sozinha em uma cadeira da janela.
  — Posso? — Perguntei.
  Ela me olhou. Só agora percebi que estava lendo um livro.
  — Pode, claro.
  Sorri pra ela e me sentei, quando de repente Madison sobe no ônibus.
  — E aí. — Ela disse, chegando perto de nós.
  — Você veio. — Falei, meio surpresa e ao mesmo tempo feliz por ela estar ali.
  — Pois é, agora nosso time ta completo. — Ela bateu na minha mão, em nosso cumprimento, e se sentou na cadeira do outro lado.
   De repente um garoto grita nos bancos dos fundos:
  — Aí, já estão todos aqui, o que está esperando?
  Olhei para trás e bufei ao perceber que era o tal Joe.
  — Ainda falta uma aluna. — Respondeu o brutamontes do motorista parado em pé no ônibus.
  — Quem? — Perguntou novamente Joe.
  De repente uma menina sobe no ônibus, e pelos comentários das pessoas via que ela era conhecida entre o pessoal. Ela era da minha altura mais ou menos e tinha cabelos loiros lisos longos e olhos azuis. Era magra e curvilínea e eu admito que era bastante bonita. Ela estava usando uma blusa rosa com roxo que ia até a altura dos cotovelos com uma calça marrom e vans. Estava com um fone de ouvido. Quando ela entrou, eu ouvi comentários machistas e desdenhosos, e também comentários vulgares. Não entendi muito bem, até um garoto também dos fundos falar:
  — Hein, Chloe, já podemos ir?
  Olhei para trás e vi que era um amigo de Joe, que estava sentado ao lado dele. Pela expressão, via-se que ele não ia muito com a cara da garota.
  — Ou vai querer que a gente espere mais um pouco? — Joe levantou as sobrancelhas.
  A garota apenas o encarou e se sentou a duas fileiras atrás de mim, ocupando as duas cadeiras com as pernas. O silêncio reinou no ônibus e o motorista finalmente assumiu seu posto.
  Me virei para trás para tentar ver a garota melhor. Não conseguia ver nada além de seus headfones.
  — Quem é essa que subiu aí? — Perguntei a uma garota morena que estava sentada atrás de mim.
  — Não sabe? É a filha do diretor. — Ela fez uma cara feia ao falar da garota.
  Me virei pra frente e bufei.
  — Tomara que o lugar para onde estamos indo tenha soro antiofídico, porque aqui tem cobras altamente venenosas.
  Taylor riu.
  Depois de algumas horas, que não sei dizer quantas porque me perdi completamente, eu acordei. Não me lembro de ter dormido, mas já era de noite quando abri os olhos e observei o lugar. Todos no ônibus estavam dormindo, e Taylor ressonava serenamente do meu lado, com o rosto na janela. Não havia barulho algum no lugar, o que me deu uma ideia genial.
  Procurei em minha mochila que eu havia levado para o ônibus o foguete que eu havia pegado de um dos shows da minha mãe. Não pretendia usá-lo tão cedo, mas não via cenário melhor do que esse.
  Tirei meu sapato e coloquei minhas meias listradas. Avaliei minha mochila novamente e peguei um fio de barbante preto, com as ideias ainda vindo em minha cabeça. Me levantei com cautela, sem nenhum barulho para não acordar ninguém e fui até o fundo do ônibus. Vi Joe e Ava dormindo de uma forma nada agradável, como ele com a mão na vagina dela, e fiz cara de nojo. Liguei o barbante ao dinamite e fui esticando a cordinha até o começo do ônibus. Por fim, me abaixei e acendi a ponta da cordinha. Com um sorriso no rosto, voltei ao meu lugar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Depois da Chuva - 16

“Primeiro ame a si mesmo, para depois amar alguém.” — Gramaticado. 

Dormitório de Selena
Academia Yancy
Nova York, USA
Selena's POV

  Eu não sabia o que estava acontecendo. Eu só sabia que eu não conseguia parar de olhar em seus olhos. Não pensei em como ele entrara em meu quarto ou porque fizera aquilo, mas meu coração também não estava se aguentando. O que ele estava fazendo aqui?
 Nick. Agora eu sabia seu nome, graças a Isabella.
 Ele me olhou por um tempo também, mas depois olhou para outra coisa. Olhou para o objeto que estava em minhas mãos, o que eu segurava. O pedaço de papel que Isabella havia me dado. Ele juntou as sobrancelhas confuso, gentilmente se aproximou e pegou o papel de minhas mãos, e eu não sei como não intervi. Meu corpo parecia geleia naquele momento, eu não conseguia fazer nada. Ele olhou o conteúdo da folha, juntando as sobrancelhas.
  — O que é isso? — Perguntou ele, virando a folha para mim.
  Eu engasguei naquele momento, muito nervosa. Eu não tinha resposta para aquilo.
  — De quem é esse coração? — Ele observou novamente o desenho.
  — Não... Não, eu... Eu... — Minhas palavras não saíam.
  — Não, não se preocupe. — Ele me interrompeu, ainda olhando o desenho. Ele olhou em meus olhos. — Eu já vi que você gostou e...
  — O que?! — Interrompi, agora conseguindo formar uma palavra inteira. — Claro que não!
  Ele agora me olhava confuso.
  — Então sabe de quem é? — Perguntou.
  — Eu não fiz isso. — Respondi, meio atônita, ainda pensando em como me livrar daquela. — Não é meu...
  — Então responda, de quem é o coração? — Ele perguntou novamente, dessa vez me mostrando o desenho.
  Eu não sabia o que fazer e de repente me lembrei de que não podia entregar Isabella daquele jeito. Mas também não podia fazer o garoto pensar que eu fizera aquilo, nunca. As palavras sumiram da minha boca e de repente vi que Isabella havia entrado no quarto novamente. Nick estava de costas para a porta, e Isabella se assustou ao vê-lo. Ele continuava insistindo para saber quem fizera o desenho e Isabella logo balançou a cabeça em silêncio, em seus olhos via que ela implorava para que eu não a entregasse.
  Olhei novamente para ele, que ainda esperava a resposta.
  — Não se preocupe, não vou fazer nada. — Ele deu um sorriso encorajador, que me destruiu por dentro. Droga.
  Olhei para Isabella novamente. Não acreditava que iria fazer isso.
  — Foi... — Eu suspirei. — Tudo bem, é meu.
  — É seu? — Ele riu.
  — Mas ainda não está terminado! — Eu rapidamente peguei o desenho de sua mão e a caneta colorida de Isabella jogada em cima da mesa. — Faltava isso aqui... E isso... — Falei enquanto rabiscava o papel. — Porque era uma brincadeira que eu ia deixar no seu quarto. — Entreguei a folha novamente pra ele.
  Ele olhou confuso o desenho.
  — Chifres? — Disse ele. — Mas... Porque?
  — Porque era uma brincadeira. — Disse como se fosse meio óbvio. — Era só uma brincadeirinha.
  — Brincadeira de que? — Seu sorriso havia sumido completamente.
  — Uma brincadeira! — Gritei, e de repente notei que havia perdido a paciência com aquele garoto. — Você é um chato, me deixe em paz!
  Tentei passar por ele, mas o mesmo agarrou em meus braços e me puxou de volta, me deixando cara a cara com ele. Meu coração disparou ao perceber o quão perto de repente nós estávamos. Eu olhava seus olhos e de repente olhei para sua boca tão perto que de repente me esqueci que ele era um garoto e estava em meu quarto e que minha melhor amiga estava atrás dele nos observando.
  — Você vai me explicar essa brincadeira. — Ele falou baixo, olhando em meus olhos. — Porque eu não estou entendendo nada.
  Suas palavras ecoavam em minha cabeça, mas eu não as escutava direito. Me lembro de que minhas mãos relaxaram a seu toque, mas algo me fez acordar e me soltei repentinamente dele.
  — É pra você ver que... Eu não gosto de caipiras feito você. — Meu tom de voz não era tão firme, mas consegui falar olhando em seus olhos. Ele me olhou confuso, como se não estivesse entendendo a situação.
  Ele era um caipira, tudo bem. E eu o devia odiar.
  De repente não percebi que Isabella havia se aproximado de nós dois.
  — É, é isso. — Ela disse, olhando para Nick. Mas ele não a olhava, ele apenas me encarava. — É que ela é assim.
  Ele olhou repetinamente para Isabella e voltou a me olhar, com uma certa apreensão. Eu não o entendia, mas queria que ele saísse daqui o mais rápido possível.
  — Quer saber? Eu não acredito. — Ele disse firmemente. — Afinal de contas, eu sei perfeitamente que você vai gostar de mim.
  Eu abaixei a cabeça, soltando um riso que era pra ter sido de deboche e verdadeiro. Eu queria ridiculariza-lo por dizer uma coisa daquelas. Mas não conseguia mentir tanto assim.
  — Se lembra disso. — Ele disse em tom de aviso, afastando-se aos poucos.
  — Adeus! — Eu disse entredentes, querendo que ele sumisse.
  — Tchau, Isabella. — Ele a olhou depois de tempos e se retirou do meu quarto.
  Nós duas o observamos até ele sair e fechar a porta. Depois, tive vontade socar o meu espelho enquanto Isabella se jogava na poltrona, sorrindo feliz.
  — Ah, Isabella, eu não sei como consigo falar tanta besteira ao mesmo tempo! — Falei, grunhindo, me arrependendo de cada palavra que havia saído da minha boca.
  — Ah, obrigada, Selena, eu te amo, você é a melhor amiga do mundo! — Isabella se levantou da poltrona e me abraçou forte. Pelo menos ela estava feliz. — Você se sacrificou por mim! — Disse depois de me soltar.
  Eu bufei, não achando nada heroico naquilo tudo.
  — Isabella, por favor, nunca mais vai desenhar coraçõezinhos pra esse idiota! — Falei, claramente aborrecida.
  — Selena, ele não é um idiota. Além disso, dá pra ver que ele tem caráter. — Ela sorriu, ainda sonhando acordada com ele. — Ele não ficou calado, você viu?
  — É! Não ficou calado, falou coisas horríveis, é um grosso! — Bufei mais uma vez, querendo que Isabella partisse para outro assunto.
  — Ele não é assim, não é como os outros que se assustam por qualquer coisa. — Ela deu de ombros e suspirou. — Olha, por outro lado, eu estava procurando o seu cara no 5º ano, mas... Não entrou nenhum menino novo no 5º ano.
  — Ah, o que tem isso? — Falei cansada, não imaginando que ela ainda estava preocupada com ESSE tipo de assunto. Eu não estava nem um pouco interessada nos meninos do 5º ano.
  — Eu não encontrei o menino que você gosta. — Ela disse um tanto decepcionada.
  Fechei os olhos, me odiando eternamente por dentro. Eu não podia continuar pensando nesse garoto, mas também tinha que convencer Isabella que eu não gostava de ninguém.
  — Ér... Eu acho que era irmão mais velho de um aluno novo, mas esqueça isso, ok? Isso não tem a menor importância.
  Isabella deu de ombros, e eu me sentei novamente em frente ao espelho, pensando na criatura horrível que eu estava me sentindo naquele momento.

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Nick's POV

  Saí do quarto das meninas e fui direto para o Campus I, da entrada, onde Anthony me esperava. Nada do que eu imaginava havia acontecido naquele quarto, e me deixou confuso. Eu finalmente pude ver claramente que a filha do Gomez era extremamente desprezível, apesar de ser linda.
  Encontrei Anthony, que estava conversando com umas meninas e começamos a falar de assuntos aleatórios, como a escola e afins. De repente um garoto parou ao nosso lado com uma mala que era quase maior do que ele. Ele usava óculos escuros e umas roupas que eram claramente caras.
  — Olá. — Ele nos cumprimentou, tirando seus óculos escuros e revelando seus olhos azuis.
  — E aí. — Anthony respondeu.
  — Eu sou Logan Lerman. Vocês sabem quem é Anthony Jackson?
  — Sou eu. — Disse Anthony. — Algum problema?
  — Não, nada. — Logan deu de ombros. — Acontece que nós vamos ser colegas de quarto.
  — Ah, que legal. — Anthony sorriu, parecendo feliz com a ideia de finalmente conhecer um de seus colegas.
  Logan olhou pra mim, dos pés a cabeça. Notei um certo desprezo em seu olhar, porque eu usava apenas jeans e uma camiseta xadrez com um vans.
  — E você é o Jacob da família Johnson, não é?
  — Não, cara. — Respondi, confuso. — Acho que você se enganou. Pelo que eu me lembro, não escutamos o nome de nenhum Jacob. Não é? — Olhei para Anthony.
  — Não chamaram Jacob. — Anthony concordou.
  — Nick Jonas, muito prazer. — Estendi minha mão pra ele, que a apertou. Talvez ele não seja tão idiota quanto os outros.
  Eu e Anthony nos despedimos dele com acenos de cabeça e pegamos nossas bolsas que estavam aos nossos pés, pois havia finalmente chegado o momento daquela viagem. Nós seguimos para a aglomeração de pessoas que começava a se formar.
  — Quer dizer que vocês são os bolsistas? — Ouvimos Logan perguntar e nos viramos, e vimos que ele nos seguia.
  — Ham... Sim. — Anthony respondeu. — Porque?
  — Por nada não. — Logan deu de ombros, mas ainda estava trás de nós.

Dormitório de Selena
Academia Yancy
Nova York, USA
Selena's POV

  Depois de algum tempo, quando minha cabeça já havia esfriado depois do incidente que havia acontecido, parei para finalmente me preocupar com Ava. Ela havia sumido há um tempo, e eu achava que sabia onde estava, mas agora começava a pensar onde ela havia se metido. Quando ia tomar a decisão de procurá-la, a mesma entrou no quarto aos saltos, com um sorriso no rosto.
  — Meninas! — Gritou ela, indo para a cama. — Eu tenho uma novidade pra contar! — Ela se sentou.
  Ela ainda estava com a mesma roupa de antes, um short jeans escuro e uma camisa preta de alcinhas colada com um jaleco sem mangas jeans. Então eu sabia que ela não havia vindo aqui quando eu não estava.
  Eu e Isabella corremos até ela, curiosas.
  — Eu achei um namorado! — Disse ela.
  Eu e Isabella levamos a mão á boca, chocadas. Ava pegou um bloquinho minúsculo de sua gaveta e anotou algo nele.
  — 16, 17... Ah, ele é o número 18! — Ela riu, anotando.
  — Porque você anota? — Perguntou Isabella.
  — Ah, porque eu quero chegar aos 300, então eu tenho que ter o controle de todos, querida! — Ela sorriu para Isabella.
  — Ava, você é doida! — Eu disse, mas estava rindo e por dentro feliz por ela. — Mas anda logo, me diz quem é.
  — Ah, ele é o mais gato do colégio inteiro! Joe Collins!
  — Não. — Meus olhos se arregalaram com a notícia, que literalmente me pegou desprevenida. — Eu não posso acreditar!
  Isabella estava tão incrédula quanto eu.
  — Mas ele é o carinha da Selena. — Disse ela.
  — Isabella, cale a boca. — Falei.
  — Eu perguntei pra Selena se ela estava afim dele e ela disse que não, não é? — Ava deu de ombros.
  — Claro que eu não gosto dele. — Eu ri, me sentando na cama em frente as meninas.
  Isabella não estava rindo e nem parecia tão feliz com a notícia quanto eu e Ava, e eu comecei a estranhar isso. Ela se levantou e se sentou ao meu lado, ficando de frente para Ava.
  — Espera aí, me esclarece uma coisa. — Ela disse, encarando Ava. — O que você disse pro Joe sobre a Selena?
  Ava pareceu ter sido pega de surpresa.
  — Eu nada. — Ela respondeu, se levantando.
  — Não foi isso que a Demi me disse. — Disse Isabella, se levantando.
  — Ah, com certeza ela inventou. — Ava revirou os olhos, olhando seu bloquinho.
  — Ah é mesmo? — Isabella semicerrou os olhos para Ava, como se desconfiasse dela.
  Eu estava perdida na situação, quando Demi entrou no quarto de repente.
  — Olá, meninas. — Ela disse, e até ela reparou no clima estranho que havia se formado no quarto do nada. — Estou interrompendo? — Ela levantou as sobrancelhas.
  — Ah não, que ótimo que chegou. — Isabella falou. — Esclarece de uma vez o que você disse da Ava.
  Todas olharam para Demi, e eu continuava sem entender. Ela riu e caminhou até a cama, empurrando Ava assim que passou por ela dizendo um "Sai fora, loirinha." e se virando para nós.
  — Olha, me perdoem mas eu não sou nenhuma fofoqueira. — Ela disse em uma voz fingidamente doce. — E vocês?
  Ava bufou alto.
  — Ta vendo?! — Ela se virou para Isabella. — Ela ta zoando com você.
  Demi riu e se abaixou para pegar sua mala. Depois, virou-se para Ava.
  — Não se faça de idiota. — Ela disse com nojo.
  — Garota, você que é idiota! — Ava gritou, empurrando Demi, e via-se que ela estava muito nervosa.
  Demi passou as mãos por seus braços cheios de tatuagem e riu.
  — Nossa, que medo. — Ela continuava rindo. — Hoje você estava aqui transando com o Joe! Aí a secretária chegou e pegou os dois.
  Meus olhos se arregalaram diante daquilo. Isabella também não sabia o que dizer. O rosto de Ava continuava impassível enquanto Demi falava com toda a certeza do mundo.
  — Olha só, eu não tenho porque responder. Você pra mim não é nada, você não existe! — Ava falou com nojo para Demi.
  Demi riu mais uma vez.
  — Ok, tudo bem, então pergunte pra Emma, porque ela existe. — Ela piscou para mim.
  Eu e Isabella olhamos para Ava, que pela primeira vez nos encarou. Demi continuava rindo, olhando para todas nós. Ava bufou e disse:
  — Ok, tudo bem. — Ela olhou de relance para Demi. — Eu estava aqui com ele sim. Mas eu acho que isso não tem nada a ver.
  — Ah, tente se lembrar! — Continuou Demi. — Antes de se comer com o Joe, não falou nada da Selena? — Ava encarou Demi com raiva. — Hein? Use a sua memória, menina.
  — Ava, o que você falou de mim? — Falei, pela primeira vez desde que essa confusão havia começado.
  Ava me encarou e eu não conseguia ler o que se passava em seus olhos. Como minha amiga havia falado coisas sobre mim?

Campus I
Academia Yancy
Nova York, USA
Nick's POV

  Havíamos chegado ao meio de alguns alunos, mas paramos para esperar dar a hora certa. Logan ainda estava conosco, e ás vezes falava algo comigo e com Anthony, que não prestávamos muita atenção.
  De repente me lembrei de algo. E vi que Logan era um cara que sabia de muita coisa, pois ele não parava de falar sobre as viagens a Las Vegas e Itália que havia feito. Então tomei coragem e perguntei.
  — Ei, cara, sabe algo da Selena Gomez?
  Por incrível que pareça, Logan não foi pego de surpresa com a pergunta. Pelo contrário, estava tão tranquilo que parecia que lhe perguntavam a mesma coisa o tempo todo.
  — Sim, porque? — Ele deu de ombros. — Se te interessa, eu te dou a ficha todinha.
  — Não, não. — Balancei a cabeça. — Só quero saber o que você sabe dela.
  — Bom... Eu sei que ela é filha do Jayden Gomez, um empresário muito importante, é a líder das meninas e da escola, na verdade... E claro, é linda e gostosa demais e todos querem ficar com ela. — Ele deu de ombros mais uma vez, como se aquilo fosse entediante. Mas não acreditei muito.
  Anthony riu.
  — Será que ela não tem uma irmã também? — Perguntou ele. — Pelo menos um prêmio de consolação.
  — Não, ela é filha única. — Falei meio avoado, pensando no que Logan havia falado.
  — Como você sabe? — Perguntou Anthony.
  Só naquele momento percebi que havia falado demais. Não podia dar pinta que pesquisava sobre a vida da família Gomez desde a morte de meu pai.
  — Ham... É que eu li numa revista. — Falei despreocupado. — Uma revista importante que falava sobre economia, finanças... Essas coisas assim.
  Eles pareceram acreditar e todos nós voltamos a andar.

Dormitório de Selena
Academia Yancy
Nova York, USA
Selena's POV

  — Vocês não estão vendo que ela está mentindo?! — Ava gritou, apontando para Demi, e pude sentir seu ódio inalando. — Ela quer provocar confusão entre a gente!
  — Pode ser, Ava, mas tem uma coisa que eu não entendo... — Eu falei, quase sussurrando. Eu sabia que não dava pra confiar nela se isso fosse verdade.
  — Selena, como você pode acreditar mais nela?! — Ava parecia pasma.
  — Demi, fala alguma coisa, você acabou de provocar um incêndio! — Interviu Isabella.
  Ela riu.
  — Ah, sinto muito. — Demi olhou para todas nós. — Mas eu já disse tudo que eu tinha pra dizer. Além disso, o problema é de vocês, não é mesmo? — Ela deu de ombros. — Vocês vão ficar na dúvida.
  Ela se virou para pegar sua mala, mas novamente se virou para me olhar.
  — Pobre, Selena. — Ela balançou a cabeça. — Quem será que está dizendo a verdade? Sua amiguinha do coração ou eu?
  Ela me olhou com desprezo, pegou sua mala e caminhou para fora do quarto.
  Quando a vi saindo, peguei meus sapatos e tive vontade de atirar na cabeça dela, por causa da raiva que do nada apareceu. Eu odiava essa garota, ela havia colocado um incêndio enorme agora, pensando que eu iria acreditar nela.
  — Se os meus sapatos não fossem tão caros, eu jogava na cabeça dela! — Grunhi, tamanha era minha raiva.

Gabinete do diretor
Academia Yancy
Nova York, USA
Madison's POV

  Aproveitei que Demi havia ido em seu quarto para pegar sua mala e fui sozinha para tentar falar com o diretor. Dessa vez consegui entrar e o vi sentado em sua mesa. Ele escutou tudo que eu tinha pra dizer e finalmente quis saber como eu havia entrado naquele colégio, já que eu não tinha um mísero centavo no bolso. Dava pra ver que ele não me esperava na sala dele, mas permaneceu calmo ao falar comigo.
  — É verdade. — Ele disse, me olhando. — Você não ganhou bolsa.
  Meu coração disparou e de repente senti um aperto enorme. O que eu estava fazendo aqui? Que lugar era esse?
  — Então porque me disseram que eu ganhei? — Perguntei entredentes, uma raiva subindo em mim.
  — Esse foi o pedido da pessoa que cuidou de você. — Respondeu ele.
  — E quem é? — Eu queria saber aquilo mais do que tudo.
  Ethan suspirou, baixando os olhos.
  — Essa informação eu não posso dar, Madison.
  — Porra... — Levei as mãos aos cabelos, uma aflição me corroendo. Agora eu não sabia o que estava acontecendo, e nem o que havia acontecido.
  — Mas é uma pessoa que se preocupa com o seu futuro. — Ele tentou me tranquilizar. — Esse é o melhor colégio do país.
  — Eu preciso saber quem é, por favor, diz pra mim! Por favor! — Implorei.
  Ethan suspirou e se levantou, me encarando.
  — Basta saber que está te ajudando. Milhares de jovens queriam estar no seu lugar.
  — Eu não aceito receber esmolas!
  — Você vai ter que aceitar! — Gritou ele. — Se não, você vai voltar pro orfanato.
  O impacto das palavras dele me deixaram calada e eu me retirei as pressas de sua sala.

terça-feira, 15 de março de 2011

Depois da Chuva - 15

“Os olhos dela sorriam.” — Gramaticado.

  Depois da reunião no saguão, Demi e Madison decidiram ir falar com o diretor sobre a situação de Madison. As duas passaram no quarto antes para se trocarem. Como Demi estava odiando estar no quarto em que foi posta com Selena, pegou algumas roupas e foi para o quarto da amiga. Demi tomou banho e colocou uma saia preta longa e uma blusa rosa, que estavam caindo bem com seu cabelo negro. Acrescentou com uma sandália baixa e suas unhas sempre com o inseparável esmalte negro.
 Madison colocou apenas um vestido longo cinza com um cinto grosso na cintura, e também com uma sandália baixa.
 As duas chegaram á frente de Emma, que parecia ocupada demais olhando o laptop. Emma também parecia ter mudado de roupa depois do saguão. Agora usava uma saia longa estampada laranja e uma blusa branca de alcinhas de renda. Parecia estar indo para uma matinê de carnaval, pensaram as duas meninas.
 — Retirem-se, por favor. — falou Emma, sem ao menos levantar os olhos. — Eu tenho muita coisa pra fazer.
 Demi bufou.
 — Olha, não vamos sair daqui enquanto não falarmos com o diretor. Minhas amigas querem perguntar uma coisa.
 — O senhor Ethan não pode atendê-las. — Emma olhou para as duas, tentando não perder a paciência.
 — Porque? — perguntou Demi.
 — Porque o senhor Ethan não se incomoda com idiotices. — ela deu de ombros.
 Demi riu irônica.
 — Está vendo? Vamos embora. — sussurrou Madison.
 — Não...
 — É, retirem-se. — falou Emma.
 — Espera aí, eu sei que a Selena foi atendida. — Demi bufou. — Qual é a diferença entre ela e nós duas? Eu tenho que vestir Gucci pra conseguir falar com ele?
 — Por favor, não seja impertinente. — Emma a ironizou — O senhor Ethan não está. E vai demorar muito a voltar, por isso retirem-se e me deixem trabalhar sossegada.
 Emma voltou a olhar o laptop e a ignorar as meninas. Demi queria tampar alguma coisa nela.
 — Vamos, Demi... — Madison pegou nos braços da amiga.
 — Tudo bem, tudo bem... — Demi se soltou, rindo falsamente — Não tem nenhum problema. Temos dez unhas pra retocar e todo tempo do mundo.
 Ela tirou um esmalte vermelho do bolso da saia e o mostrou a Emma, que a olhou meio chocada. De repente, um "Não, não e não!" foi ouvido claramente pelas três, e era a voz do diretor vindo de sua sala. Demi olhou e riu.
 — Ah, não disse que ele não estava? — Demi perguntou, se sentando no sofá de couro branco com Madison.
 Emma suspirou.
 — É, ele está, mas está muito ocupado. E vai demorar bastante tempo, senhorita.
 — Porque? Com quem ele está?

...

 O rosto de Ethan já estava vermelho de tanto gritar. Suas narinas estavam infladas de tamanha impaciência. Ele estava de pé em sua sala, encarando sua filha que estava sentada á sua cadeira giratória, olhando para o pai de modo entediado.
 — Você é minha filha e vai fazer o que eu mandar! — ele gritou novamente para a menina.
 — Pai, não é justo, não é justo! Eu não quero ir pra esse clube de verão! — gritou ela, se levantando da cadeira.
 — Escute muito bem, Chloe: como filha do diretor, você tem que dar o exemplo!
 Chloe bufou, revirando os olhos. Ela era a filha do diretor e odiava esse rótulo. A garota tinha cabelos ruivos e olhos amendoados castanhos. Vestia um vestido curto xadrez amarelo com salto alto plataforma e era linda. Mas considerava sua vida uma droga.
 — Pai, eu já faço muito suportando esses imbecis o ano todo, nas férias eu não quero ver nenhum deles!
 — Mas você não pode ficar o dia todo grudada no computador, filha! Como é possível que não tenha amigas?!
 — Amigas?! — Chloe arregalou os olhos — Espera aí, pai, pensa! Como quer que eu tenha amigas se eu fico trancada em um colégio cheio de imbecis? Hein? Como?
 — Meu amor, imbecis tem em todos os lugares, filha.
 — Ok, pai, mas acontece que esses imbecis falam mal de mim pelas costas e me suportam só porque eu sou sua filha! — gritou ela — Eu odeio esse colégio, pai, odeio! Todos se acham superiores, todos!
 — E são! — Ethan gritou mais — São filhos das famílias mais distintas do país! e você, um dia, vai conviver com elas.
 — Nem morta!
 — Não temos mais nada a discutir, Chloe! VOCÊ VAI COM ELES PARA O CLUBE!
 Chloe olhou com desprezo para o pai. Em seguida, saiu ás turras de sua sala.

...

 Nick chegou com Anthony á um corredor central do colégio, que ficava muito mais afastado do saguão e um pouco mais perto dos quartos. Anthony estava quieto o caminho todo, desde que puxara Nick para longe dos garotos perto da piscina, e sua expressão era incompreensível.
 — E então? Qual é o lance? — perguntou Nick, não entendendo sua intenção.
 Ele se virou pra ele, suspirando.
 — Aquilo que eu disse era mentira pra você não ter que brigar. — respondeu ele — Hoje é o primeiro dia e você já está brigando. Não vacila. — ele deu de ombros.
 Nick suspirei.
 — É, tem razão. — concordou — Olha, Anthony, eu acabei de me lembrar. Eu tenho que fazer uma ligação muito importante, será que você tem um celular?
 — Tenho, claro. — Anthony retirou seu iPhone do bolso, dando para Nick.
 — Obrigado. — ele agradeceu — Como eu faço pra ligar?
 — Só você teclar o número como se estivesse em um telefone normal. — Anthony respondeu como se fosse óbvio — É assim mesmo, ok? Eu vou tomar uma água e já volto. — disse ele, se retirando.
 — Ok,tudo bem. — Nick esperou Anthony sair e discou o número da mãe.
 — Alô? — a mãe de Nick atendeu.
 — Oi, mãe.
 — Nick! — A voz dela mudou, arfando de surpresa e felicidade. — Até que enfim você ligou, já estava preocupada!
 Nick fechou os olhos por alguns instantes, apenas para apreciar a voz dela. Estava longe a menos de 2 dias, mas a saudades já estava o estava apertando.
 — Desculpa. — Ele suspirou. — É que eu não tive muito tempo.
 — Como você está? Como chegou? — Percebia-se claramente a ansiedade em sua voz.
 — Ah, muito bem. Amanhã já começam as aulas.
 Nick agradeceu internamente por não estar olhando para a mãe naquele momento. Por não estar mentindo na cara dura para ela naquele momento.
 — E o que achou da escola? — Perguntou ela.
 — Ah... É muito legal. — Ele revirou os olhos, como se não fosse daquilo que queria falar. — E vocês, como estão? Já mudaram de apartamento?
 — Já, filho, já estamos nos instalando. Você me deixou muito angustiada, sem saber nada sobre você. Onde está dormindo, meu filho?
 Nick fechou os olhos, tentando pensar na primeira coisa que lhe vinha á cabeça.
 — Com um colega meu. — Respondeu.
 — Me dá o número da casa dele. — Pediu sua mãe.
 — É que... Eu to ligando daqui da casa de um vizinho.
 — Me dá o telefone do vizinho, meu filho. — Ela insistiu.
 Nick passou a mão no cabelo, não sabendo o que fazer.
 — Olha, mãe, não adianta nada eu dar o telefone do vizinho, porque eu vou ficar pouco tempo. Então eu... Só decidi ligar pra ver como vocês estavam.
 — Sim, meu filho, estamos bem. Mas estaríamos melhor se estivéssemos todos juntos.
 — Ok, mãe. — Ele suspirou. — Eu tenho que desligar porque o telefone não é meu, e eu to ligando de um celular e é interurbano... Mas manda um beijo pra baixinha e diz a ela que a amo muito, ok?
 — Está bem, meu filho, mas... Como você está de dinheiro?
 — Bem, mãe. Não se preocupe. Eu tenho que desligar, ok? Se cuida, tchau.
 Nick desligou o telefone, e de repente viu que sua vida havia tomado um novo rumo.

...

 Ao chegar ao quarto, Selena correu imediatamente pro chuveiro. Sem dúvidas, queria passar a eternidade ali embaixo, depois da tarde horrível que tivera. Colocou um vestido curto meio rodado de alcinhas estampado rosa com flores. Se sentou em frente ao espelho e começou a escovar os cabelos com certa agressividade, xingando-se interiormente por não conseguir parar de pensar em Nick.
 Isabella também chegou, mas Selena mal a percebeu. A garota também foi para o chuveiro, mas estava sorrindo, diferente de Selena. Saiu do banho e colocou uma calça jeans preta cintura alta com uma blusa rosa de mangas com um vans vermelho nos pés. Ela se sentou na poltrona ao lado do espelho onde Selena se escovava, com uma folha de papel nas mãos.
 — Não, não, não! — Selena gritou, jogando a escova de cabelos no chão e dando um soco na mesinha á frente.
 — Você está bem, Selena? — Isabella se levantou, olhando preocupada.
 Selena suspirou, olhando assustada para o reflexo de Isabella.
 — Estou. — Respondeu, ainda atônita. O que estava acontecendo com ela?
 Isabella sorriu, se aproximando.
 — Ah, então me conta! — Sua voz adquiriu um novo tom. — O que você achou do Nick?
 — Ah... Se chama Nick? — Selena adquiriu uma postura nova, parecendo não se importar quando Isabella falava do garoto.
 — Ele não é o menino mais lindo que você já viu na vida? — Os olhos da menina brilharam.
 — Não. — Selena respondeu de imediato. — Sinceramente não. Ele é feio e não faz o meu tipo, nada a ver.
 — Ah, ainda bem! — Isabella deu um beijo no rosto de Selena. — Porque eu jamais poderia competir com você. Agora posso te contar uma coisa? O Nick veio da Flórida e vai estudar na nossa turma!
 — Na nossa turma? — Selena arregalou os olhos.
 — É, na nossa turma! Sabe o que eu adoro nele? Ele é lindo e... E quando sorri ele mostra os dentinhos, perfeitos... Ah, eu amei ele. Olha só o que eu fiz. — ela estendeu a folha de papel para Selena.
 Havia o nome Nick escrito dentro de um coração enorme com vários corações pequenos em volta.
 — Isabella, acho que você está exagerando um pouquinho! — falou Selena, largando o papel.
 — Ah, não fala isso. — Isabella pegou de volta. — É que... Eu acho que foi amor a primeira vista. Sabe? Eu estou com o coração a mil por hora. — Ela suspirou. — E você? Encontrou o que você gosta?
 — Ah... Não.
 — Então vamos procurar!
 — Não, não. Pra que? Ele era muito mais velho. Deixa pra lá...
 — Mas você disse que gostava dos mais velhos. Vamos ver se não entrou ninguém novo no 5º ano...
 — Eu acho que não quero saber, sério.
 — Ah, não fala isso. É como um sonho. As duas amigas apaixonadas ao mesmo tempo.
 Selena baixou os olhos. Não queria escutar mais.
 — Ok, continua aí arrumando seu cabelo que eu vejo se acho o seu gatinho, ok? Ah, e cuida disso? — ela deu o desenho para Selena — É o meu tesouro.
 — E-está bem... — Selena gaguejou, pegando o papel enquanto Isabella saía do quarto.
 Selena encarou aquele nome a sua frente. Nick. Esse nome nunca mais saíria de sua cabeça. E muito menos o dono dele.
 — Oi.
 Selena ouviu uma voz masculina, mas não se virou. Apenas ficou olhando o desenho, hipnotizada.
 — Você fala. — ela sussurrou.
 — Desde os dois anos de idade.
 De repente ela se levantou da cadeira assustada e se deparou com ele. Ele estava na sua frente.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Depois da Chuva - 14

“Amar dói, mas nem sempre é igual. Na maioria dos dias, ele não queima. Aquece.” — Gabito Nunes.

  — E o último candidato é Joshua White, que entrará para o 5º ano!
 Meu mundo pareceu cair naquele momento. Minha cabeça pesou tanto que eu pareci não estar no planeta terra. Todo meu esforço havia sido em vão, eu não havia conseguido. tudo que consegui fazer foi afundar minha cabeça no tampo da mesa, já sem esperança alguma. Automaticamente, comecei a pedir perdão ao meu pai em pensamento, e ainda prometi que daria outro jeito.
 — Isso é tudo, pessoal. Com licença.
 O diretor se encaminhou para a porta, se preparando para sair. Já vai tarde. Não vi ninguém me olhando, mas também pra que? Fiquei feliz por Miley ter conseguido, vejo que ela batalhou muito pra isso, mas ao que parece meu esforço não foi o bastante.
 — Senhor diretor! — do nada, a secretária apareceu na porta antes do diretor sair, meio esbaforida e exausta — Este candidato também foi aprovado. Eu acabei de corrigir pessoalmente.
 — Tem certeza? — o diretor pegou a pasta com as informações da mão de Emma, confuso.
 — Absoluta. — ela suspirou.
 O diretor a encarou por um tempo, ainda cético. Quando ouvi aquilo, agarrei de lá do fundo o meu último fiapo de esperança que tinha. Nada estava acabado ainda, tudo podia mudar. Fé, Nick. Se lembra do que seus pais sempre te ensinaram? Fé. Você foi bem. Isso basta.
 Ele foi até na frente da sala novamente, enchendo todos de esperança e ansiedade mais uma vez.
 — Nick Jonas também está aprovado e vai para o 4º ano!
 Parei de respirar.
 No começo achei que havia ouvido errado, mas não. Era eu. Eu havia passado! O diretor saiu como um jato da sala junto com todos os outros professores, e eu nem conseguia sorrir de tão aliviado que me sentia. Pareceu que um peso de 187362837 quilos saísse de minhas contas e eu já havia engolido o choro por achar que não havia passado.
 Eu suspirei e só depois de alguns minutos eu podia escutar Miley gritando:
 — Nick! Você passou! — ela gritou animada, se levantando de seu lugar e me abraçando.
 Eu mal podia sentir os seus braços me envolvendo, tamanho era meu nervosismo. Eu deveria estar tremendo, mas não conseguia sentir.
 Era agora. Era hoje. Finalmente, em tanto tempo, tinha certeza que uma nova etapa da minha vida estava começando.

Joe Collins.
 Depois da tremenda confusão no quarto de Ava, arrastei-a para longe de lá antes que algo mais grave acontecesse. Não era possível que Emma havia chegado tão rápido, eu nem a vi. E comer a Ava estava tão bom... Mas eu não podia levá-la até meu quarto, chega de confusões por hoje. Fomos até a academia do colégio depois que me certifiquei que ela estava vazia. Conseguimos um "espaço" entre os colchonetes, mas não transamos mais, apesar de ela ficar insistindo. Aqui não, tenho uma reputação importantíssima a zelar. E Ava era — por enquanto — só uma peguete. Uma peguete que eu tinha a hora que eu queria, e não é de hoje. *roupa de Ava*
 Depois de alguns minutos ali, me levantei um pouco cansado.
 — Anda, vamos aproveitar que não tem ninguém. — falei, agora mostrando um pouco menos de interesse. Não iria ser bom se me vissem saindo da academia vazia com Ava.
 — Ah, se bem que a gente podia ficar mais um pouquinho. — ela riu, me puxando de volta — Eu me sinto tão bem quando fico com você.
 Bufei. Mais uma apaixonada por mim, me diz, porque sou tão lindo?
 — Ava, você sabe que eu também fico numa boa, mas vamos!
 — Ah, espera! — ela me puxou mais uma vez, sorrindo — Vem cá, eu posso contar para as minhas amigas que eu tenho namorado?
 — O que?! — engasguei — Não, namorado é uma palavra muito forte. — fui caminhando até a entrada da academia.
 — Ai, Joe, por favor, entende! — ela falou alto, aparentemente nervosa.
 Eu não mereço isso agora, uma briga agora ninguém merece!
 — Ava, Ava, me escuta! — parei na frente dela — Com esse acidente e tudo que aconteceu, eu não estou bem, entendeu?
 Ela suspirou, parecendo decepcionada com a minha frase.
 — Tudo bem. — ela passou a mão em meus cabelos — Eu vou cuidar de você, meu amor, não se preocupe. Vai ver como vamos ficar juntinhos numa boa.
 Dei um sorriso fraco pra ela. Ava era linda e nós nos pegávamos a um tempo, mas nada sério. Talvez eu pudesse pensar em dar um passo adiante.
 — Joe!
 Me virei e vi Jacob correndo e entrando pela porta da academia, completamente esbaforido. Revirei os olhos. Não havia alguém melhor nesse momento.
 — Ainda bem que te encontrei, cara! — ele disse ao chegar perto de mim — Faz tempo que eu estava te procurando.
 — Porque? — dei de ombros.
 — Porque um dos bolsistas, pobre coitado... Pisou na bola. — ele disse com ar enojado.
 — O que?!

Nick Jonas.
 Com meu corpo mais leve, eu saí da sala, sorrindo. Não havia coisa melhor para se pensar. Eu estava feliz, e isso era certeza. Finalmente conseguia já sentir a mudança e o renovo chegando em minha vida, e apenas porque soube que passei em uma prova. Mas aquilo era muito mais. Eu estava cada a um passo a frente de tudo que eu planejei, e eu pretendia fazer dar certo até o fim. Por mim mesmo, e pelo meu pai, principalmente... O plano de acabar com ELE não iria ter tréguas.
 O corredor estava abarrotado de pessoas, principalmente de bolsistas e agora já se podia ver estudantes da Academia Yancy inseridos ali. Muitos passavam com seus narizes em pé, parecendo olhar com receio para os "pobres", que agora a maioria já não estava tão feliz assim. Miley fora falar com algumas pessoas, ou com seu jeito doce de sempre, consolar os que não passaram.
 Eu sinceramente não sabia o que fazer. Estava alegre e contente, claro, havia passado na prova para estudar na melhor escola dos Estados Unidos, mas no meio de toda aquela gente, eu só conseguia pensar no meu objetivo principal.
 Fui tirado de meus pensamentos quando alguém chamou meu nome no meio daquela multidão. Olhei e vi que era o diretor Ethan que estava com Emma um pouco mais de 3 metros de mim, e ele me chamava para me juntar a ele. *roupa de Emma*
 — Nick Jonas. — ele deu um sorriso, apertando minha mão.
 Ele não queria mais nada além de agradecer simplesmente o que eu havia feito. De acordo com ele, passar naquela prova era algo para pessoas esforçadas e de completo nível, e que uma coisa dessas não deveria ser ignorada.  Por fora fiquei feliz. Por dentro, sinceramente, tanto faz.

Selena Gomez.
 — Anda logo, Selena!
 Isabella gritou enquanto me puxava com violência para o corredor, que a essa altura já estava abarrotado de gente. Fiquei até assustada. Nós duas já havíamos trocado de roupa e preparado o make, (roupa de Selena, roupa de Isabella) como eu já havia dito, e eu finalmente havia conseguido colocar algum ânimo em Isabella. Mas sinceramente, meu foco aqui era encontrá-lo...
 Eu não sabia onde ele estava e nem nada dele. Será que é possível isso? Você gostar de uma pessoa assim? Do nada? Minha barriga até agora fica gelada quando lembro do jeito que ele me olhou a um momento atrás, e minha cabeça começa a revirar, parece que fico tonta. Como deve ser seus olhos de perto? E seu cheiro? Seu sorriso? Tenho que parar de viajar, estou em público.
 Eu e Isabella fomos até o andar de cima para fugirmos um pouco da abarrotação de pessoas que enchia o corredor principal. De lá, podíamos ver todos, e estava uma falação enorme. Mas eu não o via, e isso estava me enlouquecendo...
 — Isabella, calma. Não pode dar tanta pinta, tem que disfarçar um pouquinho. — suspirei, me apoiando no corrimão e varrendo os olhos por aquele corredor. Isabella parecia aflita para encontrar esse garoto, e isso estava um tédio — Cadê a Ava, hein?
 — Cadê ele? — ela sussurrou para si mesma, colocando quase todo o corpo para frente, quase caindo do segundo andar.
 Eu bufei, e decidi procurar junto com ela. Amigas são pra isso, certo? Comecei a olhar para a mesma direção de Isabella e em poucos minutos meu coração parou. Avistei o diretor Ethan e Emma e meus joelhos tremeram quando vi com quem eles falavam.
 Era ele. Eu tinha certeza. Era ele. Meu coração bateu mais forte e minha barriga parecia uma pista de gelo. Ele conversava com o diretor muito sorridente, o que me fez pensar por um segundo que ele poderia ser bolsista, mas não pensei muito, pois Isabella me deu uma cotovelada.
 — Ali! — ela falou um pouco alto, brotando um sorriso no rosto — Olha, Selena! Ele é lindo, meu Deus...
 Meu coração parou. Pareceu que eu havia sido atingida por um raio. O dedo de Isabella apontou exatamente para ELE e pareceu que ela estava me dando uma facada no coração. Uma facada brusca. Eu não queria acreditar, queria retirar aquela hipótese da minha mente, mas era o que eu estava vendo. Bufei, balançando a cabeça, ajeitando a bagunça que eu havia feito.
 — Qual? Aquele ali? — apontei para ELE, agarrada ao último fio de esperança que me restava. Porque aquilo não podia estar acontecendo, não mesmo.
 — Sim, é aquele! — ela estava tão radiante, o que partia ainda mais meu coração.
 Fechei meus olhos, tentando absorver a ideia. Sim, aquilo estava realmente acontecendo. Não acredito que pude gostar do mesmo garoto que Isabella. Como isso pode? Nunca gostávamos das mesmas pessoas, eu particularmente nunca havia gostado de ninguém assim, só de ver pela primeira vez. Isabella sempre foi de cair de cabeça, se entregar, e eu sempre fechada nesses assuntos, nunca queria compromisso, só queria curtir... Isso não pode estar acontecendo.
 — Olha aquele sorriso, aquela boca, aqueles músculos... — ela murmurava ao meu lado, completamente derretida. Eu queria tapar meus ouvidos e sair correndo. Naquela hora seria bom estar no monte Everest e dar uns gritos — Parece que ele conseguiu a bolsa, deve ter conseguido mesmo, estão dando os parabéns a ele.
 Bolsista. Lá veio a confirmação. Porque não pensei naquilo antes? Mas era óbvio. Eu nunca o tinha visto aqui na escola, e do nada ele parece justo no dia da prova. Os alunos novos geralmente não aparecem assim. Mas eu realmente não podia discordar de Isabella, ele era lindo. Lindo demais. Tinha olhos e boca perfeito, que me faziam me derreter ainda mais por ele. Será possível? Seu sorriso era encantador, fazia eu me perder naquilo por horas, ou podia até por anos... Mas o pior é que Isabella sentia a mesma coisa. E estava sentindo tudo isso naquele momento.
 Mas tudo aconteceu rápido demais. Mal tinha percebido que estava olhando demais pra ele perdi a noção do tempo. De repente ele levantou o rosto e seus olhos se encontraram com os meus. Meu coração disparou. A mesma sensação que senti quando isso aconteceu pela primeira vez. Senti minhas mãos tremendo e odiei isso, Isabella estava ao meu lado. E ele estava olhando pra mim, quase consegui sentir Isabella surtar.
 Mas o fez meus joelhos tremerem foi quando ele se despediu do diretor e Emma e foi indo em direção as escadas para o segundo andar, exatamente onde eu e Isabella estávamos. Bufei, fechando os meus olhos. Isso não pode estar acontecendo. Isso não vai acontecer. Droga, o que eu faço? Ele não pode vir pra cá, sem cogitação.
 — Ai, ele está vindo pra cá! — falou Isabella, parecendo me tirar de um transe.
 Ele mal havia começado a subir as escadas, mas eu tinha a plena certeza de que ele estava se aproximando.
 — Eu vou desmaiar, me ajuda, Selena. — Isabella respirava forte, literalmente parecia desesperada.
 E ele estava mesmo vindo em nossa direção. Não pensei duas vezes, balancei a cabeça e comecei a correr no mesmo caminho que vim, comecei a recuar.
 — Eu já volto! — gritei e corri, lutando para não ouvir os gritos de Isabella atrás de mim.

Nick Jonas.
 — Olá!
 Cumprimentei a garota em minha frente, a gordinha que estava com a outra... Aliás, onde ela estava? Quando eu a vi novamente no segundo andar, eu não soube dizer novamente o que senti. Já a havia visto a algumas horas, mas vê-la de novo parece que me causou um impacto ainda maior em meu coração. Odeio falar desse jeito. Mas ela realmente esbanjou atração para mim, e quando percebi já havia subido para conhecê-la. Sei que o último dos meus focos nesse lugar era garotas, mas não sei dizer o que aconteceu quando eu a vi, foi indescritível.
 Mas quando cheguei não a vi. Estranho. Ela estava exatamente aqui em cima, eu não estou enganado. Ou será que eu fiquei tão louco com ela que agora a estou vendo em qualquer lugar? Também não vamos exagerar. A garota que estava com ela me deu um abraço como sinal de cumprimento e vi que ela mastigava algo.
 — Olá, eu sou... — ela suspirou, balançando a cabeça. Parecia muito nervosa, e eu via que aquilo não era o normal dela — Eu sou a Isabella. — disse e apertou minha mão — Sou do 4º ano.
 — Ah, eu também vou estudar no 4º ano, acabaram de me dizer que eu passei na prova. — dei um sorriso satisfatório. Ela me avaliava com seu olhar, e eu sentia isso — Muito prazer, vamos ser colegas.
 — Meus parabéns! Sério, seja bem vindo. — ela deu um sorriso e seus pequenos olhos azuis ficaram menores. Ela era bem bonita. Mas nada me tirava a outra da cabeça, e até agora eu me perguntava onde ela havia se metido.
 Pensei nisso por alguns instantes.
 — Escuta, a garota que estava aqui com você... Ela vai ser nossa colega também? — perguntei, dando de ombros, não parecendo nem um pouco desinteressado.
 — Ah sim! Aquela menina é a minha melhor amiga, se chama Selena Gomez.
 Naquele momento pareceu que eu havia tomado um banho de água fria. Não só um, uns 34 banhos de água fria. Não podia ser. Era inacreditável. Gomez! Não, isso não. Não podia ser Gomez, ela devia estar confundindo... Ou eu não era acreditar. Meus olhos pareceram saltar das órbitas e eu fiquei paralisado, sem nem saber o que pensar. Isabella me olhou como se eu fosse louco, e eu parecia não conseguir me mexer.
 — O que foi? — perguntou ela, e eu vi preocupação em seus olhos.
 Consegui respirar e sentir novamente minhas pálpebras.
 — Gomez? — perguntei, em um sussurro, com a voz falhada. Meu tom de voz era de uma completa descrença.
 — É... Você conhece? — ela perguntava cautelosamente, como eu não entendesse suas palavras.
 Então é verdade. Ela é uma Gomez. Aliás, ela é a Gomez! Selena... Meu Deus, como não podia ter me tocado disso antes?! Selena é a filha dele! Como posso ter me distraído tanto a ponto de achar que não me esbarraria com ela por aqui? Me distraí tanto a ponto de achar que ela nem estivesse por aqui hoje... Como não posso ter pensado em ter visto uma foto dela antes? Ter pesquisado mais sobre isso, sobre ela...
 Mas me odeio mais ainda por, em algum momento, me sentir tão atraído por ela a ponto de me esquecer de tudo. Até de me esquecer do que eu realmente vim fazer aqui.
 De repente me lembrei da existência de Isabella a minha frente, que me olhava agora com certo "medo". Nossa, o que eu devia estar parecendo pra ela?
 — Não, não. — respondi depois de um tempo — Eu achei que ela fosse conhecida, mas... Não conheço o sobrenome, então não tem nada a ver.
 — Nick! — olhei para o lado das escadas e vi Miley vindo até mim, sorrindo, e se jogando para me dar um abraço. *roupa de Miley*
 — Como vai, Miley? — sorri, a abraçando de volta — Ei, essa aqui é a Miley, ela também vai entrar pro 4º ano. — falei com Isabella.
 — E aí? Tudo bem? — Miley estendeu as mãos para Isabella, que só agora havia percebido que não estava sorrindo mais. Pegou de leve nas mãos de Miley, a cumprimentando com um sorriso de lado.
 — E aí, o que você acha? — falei para Isabella. Esperava mesmo que todas as minhas amizades fossem a de Miley, e vice-versa.
 — Que sorte! — Isabella revirou os olhos. Senti um certo tom de desprezo em sua voz, mas descartei.
 — Nossa, o que é isso? — Miley riu, passando a mão em minha bochecha — Está sujo aqui. É chocolate.
 Passei a mão em meu rosto e olhei Isabella. Ela repentinamente havia abaixado a cabeça. Eu dei um sorriso fraco ao sentir ela envergonhada.
 — Ah, é que está... — fiz um gesto de mãos para anunciar que sua boca estava suja de chocolate.
 Não iria ser tão difícil ser amigo das pessoas por aqui.

Anthony Jackson.
 — Não, mãe, não posso deixar o celular o tempo todo ligado! — gritei mais uma vez ao telefone, já quase perdendo a paciência.
 Eu estava em meu "novo quarto". Pareceu que eu havia demorado séculos para chegar até aqui, de tão grande que era a escola. Minha mãe havia surtado após eu a contar que havia passado na prova, e eu também estava feliz. Feliz demais. Parecia a primeira vez que eu iria finalmente atravessar a rua sozinha, andar pelas ruas sozinho e fazer minhas próprias coisas e escolhas. Aqui eu podia errar. Errar e aprender, errar de novo... Aquilo era demais, eu estaria longe dos meus pais e da super proteção deles. Eu finalmente iria viver minha própria vida.
 — É proibido usar aqui. — continuei a falar com ela enquanto eu rodava por aquele quarto gigante. Era realmente gigante — Ta bom, eu te ligo assim que puder... Ok, eu vou descobrir se tem alguma sinagoga aqui perto. — revirei os olhos.
 Eu era judeu. Pode até parecer que não simplesmente pelo meu jeito de pensar, mas eu não tinha como fugir. Nasci em um lar judeu e era assim que eu tinha que viver pelo resto da minha vida. Pelo menos era assim que meus pais faziam questão de me lembrar quase todos os dias. Por isso sempre a super proteção de meus pais, por isso eu quase não tinha vida. Essa era a minha grande chance de chutar o balde por pelo menos algumas horas, era o mínimo que eu pedia.
 Parei subitamente quando ouvi vozes vindo pelo corredor, e tinha certeza que estavam vindo para o quarto. Falei um "tchau" rápido para minha mãe e desliguei o telefone, logo no momento em que a porta se abriu e dois garotos entraram rindo.
 — Não, a menina estava na sua frente... — um deles parou de falar ao me ver. Eu rapidamente havia sentado na cama e olhava para os dois, como se eu os estivesse esperando a muito tempo.
 O outro olhou para mim, confuso.
 — Oi. — ele me cumprimentou.
 — E aí?
 — Oi, eu sou Anthony! — me levantei de imediato ao ver que eles não expulsariam. Trocamos apertos de mãos — Me mandaram pra esse quarto.
 — Ah sim... E é Anthony de que? — um deles me perguntou, parecendo me avaliar.
 — Anthony Jackson.
 — Ah, legal. E escuta, você é judeu?
 Juntei as sobrancelhas.
 — Sou. — respondi — Porque?
 Haviam me investigado? Mas já?
 — Porque no gabinete do meu pai tinha um sub-secretário, um que tinha o sobrenome Jackson, e ele era judeu. — respondeu o outro que mal havia falado. Admito que ele tinha a maior cara de galã e não duvido nada que era o mais pegador de todos.
 — É parente seu? — perguntou o mais baixo.
 Com certeza não.
 — Não, acho que não. — dei de ombros — Gabinete? Não, não mesmo.
 — Hm, entendo! E escuta, é o seu pai que paga o colégio?
 — Não, eu entrei de bolsista.
 Eu posso estar louco, mas senti o olhar deles mudar sobre mim. Principalmente o do mais baixo, que o senti me avaliar desde a hora que pisou no quarto. Ele me olhou com um certo olhar de repulsa, mas não pude decifrar direito. O outro com cara de galã apenas me observou, como se tivesse lido meu futuro inteiro e não estava nem aí. Mas um arrepio cortante passou por mim ao olhar do mais baixo.
 — Não tem muitos judeus bolsistas nessa escola. — ele disse, dando de ombros, como se também não estivesse se importando — Que estranho, não é? Mas tudo bem, valeu, a gente se vê... — ele me deu mais um aperto de mão e se virou para a porta com o outro.
 — Am... Qual é a sua cama? — perguntei.
 — Aquela é a minha e essa é do Joe. — ele apontou para as camas e depois para o garoto com cara de galã — E eu sou Jacob.

Demi Lovato.
 — Puxa, não veio ninguém. — suspirei enquanto me sentava em uma das camas do quarto de Madison — Que inveja, você vai ficar aqui sozinha. Na minha jaula de zoológico, não vou sobreviver sem matar alguém logo.
 Ela inicialmente não me deu a mínima atenção, já que estava ocupada demais fazendo flexões. Quantos músculos o corpo dela ainda aguentaria ter?
 — Ou quem sabe, talvez uma das suas colegas de quarto chegue depois. Elas estão viajando, mas depois vão voltar. — dei uma risada, sentando em borboleta. *roupa de Demi*
 — Escuta, sabe se é obrigatório ir nessa viagem? Essa viagem aí da escola... Ou quem quiser pode ficar?
 — Não. — respondi, dando de ombros — Você tem que ir e ponto final.
 — Caramba. — ela balançou a cabeça de forma negativa, notando-se claramente sua repugnação por se juntar áquelas pessoas — Cara, eu queria ficar pra treinar mais a fundo. E se aparecer um intercolegial? Eu tenho que estar preparada.
 Revirei os olhos, rindo. Madison era uma peça completamente nova em minha vida, nela eu via tantas surpresas que nunca imaginei. *roupa de Madison*
 — Ah, só que aquelas minas me disseram que aqui não tem intercolegial... Me disseram que aqui não tem. — só pelo tom de sua voz já pude perceber que ela falava de Selena e seu grupinho. Tive nojo só de pensar nas três novamente.
 — E porque você acredita naquelas idiotas? São umas coitadas, pergunte isso ao diretor, já disse pra você. — falei, me levantando.
 De repente ouvimos um barulho. Na verdade, um imenso barulho, parecido com um alarme de incêndio, mas parecíamos estar dentro de um corpo de bombeiros. Olhei para Madison confusa.
 — Ué, que som é esse? — perguntou ela, parando suas flexões.
 — Não sei. — respondi, indo para a porta. Ao abrir a mesma, vi dezenas de pessoas passando no corredor, indo para a mesma direção, que era a que vinhemos.
 Puxei uma garota qualquer que passava em minha frente.
 — O que é isso, hein? Alarme de incêndio? — perguntei.
 — Ai, como você é burra, é o alarme que anuncia a reunião no saguão! Vem! — ela me olhou com desprezo e saiu rebolando. Juro que se ela não fosse tão ágil, já teria levado um tapa.
 — Burra é a tua vó! — gritei, mas ela já havia ido.
 Madison saiu do quarto, se pondo ao meu lado.
 — Você sabe onde fica o saguão? — perguntei a ela.
 — Não. — ela deu de ombros, fechando a porta atrás de si.
 Começamos a andar para frente, quando uma garota parou em nosso caminho. Ela tinha cabelos até o meio das costas cor de mel e olhos azuis. Tinha roupas simples e estava cheia de malas.
 — Ham, olá, meninas! — ela nos cumprimentou com um sorriso — Eu sou a Miley... Bom, me mandaram pra este quarto.
 — Bem vinda, My. — eu sorri, dando-lhe um aperto de mão — Essa é Madison, a dona do quarto, e eu sou Demi, a vizinha. — apontei para o quarto da frente.
 — Ah, que legal! Bom, eu vou entrar pra guardar as minhas coisas... — ela abriu a porta do quarto com dificuldade, já que estava cheia de malas.
 — Não, não, deixa isso pra depois, querida, agora temos uma reunião urgente, como aparenta! Deixa isso aí que arrumamos depois. — deti Miley antes que ela pudesse pisar dentro do quarto. Madison pegou suas malas e as jogou dentro do quarto, e em seguida, nós três estávamos descendo para o saguão.

Nick Jonas.
 — Ei, olá!
 Olhei para trás enquanto havia acabado de chegar ao saguão. Um garoto, que me recordava pouco dele, corria em minha direção, parecia um louco. Ele parecia atropelar as pessoas muito desajeitadamente, já que naquele momento uma aglomeração de pessoas já começava a surgir. Ele chegou até mim, ofegante.
 — Eu sou Anthony. — ele disse após alguns minutos — Sou da sua galera. Digo isso porque vi você fazendo a prova, também sou bolsista.
 Dei um sorriso satisfatório. Havia acabado de me lembrar dele, estávamos a poucas horas atrás em uma sala fazendo prova.
 — E aí, beleza, Anthony? — trocamos apertos de mão.
 Na mesma hora, ouvimos a voz da secretária chamando todos os alunos para se reunir. Eu puxei Anthony comigo e percebemos que estávamos fora da aglomeração de pessoas. Corremos entre a multidão, e sinto que atropelei mais gente do que as que pedi um "com licença". Nos instalamos em um lugar perto da piscina, antes da secretária começar a falar.
 — Senhor diretor. — ela sorriu, parecendo passar a palavra para Ethan, que já estava a seu lado.
 — Obrigado, Emma. — ele suspirou — Tudo bem, pessoal? Reuni vocês aqui porque, somos poucos, como vocês podem ver. E bom, esse lugar que tem um ambiente mais familiar, não é? Quero dizer que o nosso colégio é como uma grande família, não é verdade? — alguns alunos gritaram afirmando — Bom, eu quero aproveitar para dar as boas vindas aos alunos que acabaram de entrar e peço para eles uma salva de palmas, por favor. — todas as pessoas aplaudiram — Bem vindos! E chegou a hora, pessoal... Todos devem preparar as suas malas porque vão para o clube no Havaí! — algumas pessoas vibraram com a notícia, que não parecia tão velha assim — Eu queria lembrar aos jovens, aos novos alunos, que a ida de vocês a esse lugar é para que se conheçam, para que destravem alguma conversa, e tenham um relacionamento com os seus colegas. Os alunos novos e os alunos que já estão a anos nessa escola. Eu agradeço e, por favor, aplausos para os novos alunos do colégio.
 Mais aplausos. Mais gritos. Mais euforia. Eu dei um riso fraco. Pra mim, nada daquilo importava, eu já havia passado dessa fase de 16 anos, já havia conhecido bastante coisa do mundo. Seria apenas reviver, meu objeto e foco aqui era outro.
 Eu e Anthony começamos a voltar para dentro do colégio, assim como os outros alunos. Esperei a maioria entrar para não ficar esbarrando em muita gente. Passávamos na borda da piscina quando senti um impacto em meu ombro, como se alguém tivesse me empurrado com força. Me virei e vi um garoto parado em minha frente, com os braços cruzados, me encarando. Eu não o conhecia, na verdade nunca o havia visto na vida...
 — Qual é o problema? Cuidado aí! — perguntei, meio alto. Ele parecia estar querendo arrumar uma confusão comigo, e aquilo havia me deixado nervoso.
 — Algum problema? — ele ergueu as sobrancelhas.
 — Não, eu não. — dei de ombros.
 — Mas eu tenho! — ele se aproximou de mim — Não gosto de alunos novos que se acham os maiorais. Isso aqui não é uma favela, aonde você deve ter sido criado! Aqui tem gente que não é pro seu bico, entendeu? Procura andar na linha pra não ter mais problema, falou?
 — Olha aqui, eu não sei o seu nome, mas acabou de arranjar um problema, entendeu? — sem pensar, avancei para ele, mas não cheguei a tocá-lo, pois senti Anthony puxar meu braço e me levar para não sei aonde.
 Mas eu pude ver nitidamente que, ao lado do valentão que queria brigar comigo, estava aquele garoto de touca que eu havia esbarrado ao sair da sala de prova. Tinha certeza absoluta.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Depois da Chuva - 13

“Na minha ferida mais profunda vi sua glória, E isso me surpreendeu.” — St. Augustine.

 Esperei algum tempo até eles saírem do quarto. Mas não saí da onde estava de imediato, vai que eles voltavam depois de alguns segundos? Pelo que eu vi daqueles dois, não duvidava de nada. Eles podiam voltar pra mais um sexozinho rápido, quem sabe.
 Mas quem entrou em seguida no quarto foi Isabella, a gordinha amiga de Selena. Olhar pra ela me deu ânsias de vômito, mas na verdade quem estava com ânsias era ela ao ver a decoração que havia feito na minha parte do quarto.
 Me levantei e soltei uma risada.
 — E aí, como vai? — chamei sua atenção, descendo as escadas — Ficou linda a minha decoração, não é?
 Ela me olhou chocada, como se não acreditasse que eu ainda estava em seu ambiente.
 — Ficou uma porcaria! — falou ela finalmente — Você não pode fazer isso, o quarto não é só seu!
 — Por favor, se acalma, ta? — bufei, subindo em minha cama — Meu Deus, que homem! — suspirei, beijando um pôster do Jared Leto que havia colado na parede — Olha, acredite, eu também gosto das suas coisas.
 Ela revirou os olhos, com certeza me achando uma completa imbecil. Eu a entendia.
 — Nós temos que entrar em um acordo. — disse ela, rangendo os dentes.
 Desci da cama, a encarando.
 — Eu não, falou? — ergui as sobrancelhas — Já vou avisando.
 — Não pense que vai poder fazer o que quiser! Minhas amigas e eu somos as mais populares do colégio, se quisermos em 5 minutos você vai embora!
 Tive vontade de dar gargalhadas. Na verdade, foi isso que eu fiz. Eu simplesmente ri da cara dela. O que era aquilo? Eu estava em um filme das patricinhas de Beverly Hills? Eu estava infurnada em algum shopping ambulante? Não era possível... Em um impulso, empurrei Isabella Golfinho na cama, ainda rindo.
 — Ui, que medo. — ri alto — As mais populares querem me tirar do colégio...
 — O que está fazendo? — ela arfou — E tem mais... Para com isso... Selena já foi falar com o diretor pra tirar você do quarto!
 — Não me diga! — dei um riso irônico, dando um aperto em seu nariz — Acho que você é a mais popular sim, mas entre os elefantes. — ri.
 — Me solta, sua abusada! — ela retirou minhas mãos de seu nariz.
 — É claro.
 Eu ri e me levantei, tentando pensar mais uma vez o que eu faria pra me livrar daquelas garotas.
 — Espera só até as minhas amigas chegarem! — gritou ela, se levantando.
 — Ui, belas amigas você tem, falam horrores umas das outras quando ninguém está escutando. — dei de ombros.
 — Isso é mentira! — ela bufou, se levantando. Tive a leve impressão de que tinha tocado em um ponto fraco dela.
 — Ah é? — levantei as sobrancelhas — Então pergunta pra loirinha o que ela disse pro bonequinho de plástico da Selena. Só por curiosidade, não é? — peguei um elefantezinho rosa de pelúcia em cima da mesinha de cabeceira e joguei em Isabella — Olha só a sua irmãzinha.
 Me levantei e saí do quarto, sentindo um alívio tremendo. Não seria fácil aguentar essa gente, não mesmo. Iria ter que rezar muito.

 — Credo, até senti falta de ar lá dentro! — murmurei a mim mesma quando cheguei ao gramado, do lado de fora da escola. Me sentei embaixo de uma árvore, cada vez mais sentindo um ódio tremendo — Tudo por culpa daquele velho asqueroso. Tomara que ele tenha um problema de próstata e vá logo pro inferno de uma vez por todas!
 De repente alguém caiu em cima de mim. Sem brincadeira, eu sentada reclamando da vida e algum ser pareceu que pulou - ou se jogou - da árvore acima de mim. Me levantei rapidamente e me deparei com uma menina. Ela era loira e usava uma touca na cabeça. Seus olhos eram fortemente azuis e ela tinha roupas surradas.
 — Ai, calma. — bufei — Está pensando o que? Se quer se suicidar, avisa! Se não você pode cair na minha cabeça.
 Ela não disse nada, apenas me olhou. Não ouvi e nem vi nenhum pedido de desculpas. Ela não parecia nem um pouco arrependida de quase ter me matado.
 — Será que nessa escola são todos loucos? — levantei as sobrancelhas, como se fosse óbvio.
 Me surpreendi ao ouvir uma risada dela.
 — Eu não sei, eu sou nova. — ela riu — Prazer, sou Madison. — ela estendeu a mão.
 Fizemos um toque de mãos, o que me surpreendeu. Achava que aqui dentro só tinham garotas engomadinhas cheias de não-me-toque.
 — Prazer, eu também sou nova. Eu sou a Demi. — me encostei na árvore — O que fazia ali em cima?
 — Eu estava tomando ar, porque lá dentro não dá nem pra respirar. — ela deu de ombros.
 Eu abri um sorriso. Impressão minha ou eu finalmente havia achado alguém com neurônios aqui nesse lugar?
 — É isso aí, bem vinda ao clube! — eu ri.
 — Po, é difícil ser nova, não é? Em qualquer lugar.
 — E aqui é pior. — bufei.
 — Porque entrou pra essa escola? — perguntou ela.
 Minha cabeça queimou naquele momento.
 — Porque o imbecil do meu pai me obrigou. — respondi. — E você?
 — Eu fui mandada do orfanato pra cá. — ela deu de ombros.
 Meus olhos brilharam. Eu tinha mesmo acabado de ouvir aquilo? Madison era muito mais do que eu pensava.
 — Então você é órfã? Ai, que legal! — abri um enorme sorriso.
 Ela me olhou como se eu fosse louca. Normal, não é? Quem iria comemorar por ser órfão? Aquilo nem ela estava entendendo.
 — Você está maluca?
 — Não estou maluca, eu te emprestaria um mês os meus pais e garanto que você daria graças a Deus de ser órfã. — dei um sorriso fraco — Então o orfanato está pagando seus estudos aqui?
 — Não, não, eu vim pra cá porque eu ganhei uma bolsa de atleta, mas umas meninas lá dentro me disseram que não disputam competições. — ela deu de ombros.
 — Então alguém paga o colégio pra você?
 — Não, que nada! Esse lugar aqui é caríssimo. Eu não tenho um centavo, então...
 — Então tem alguma coisa errada. — a interrompi — Alguém tem que falar com o diretor.
 Madison revirou os olhos para um carrinho de golfe que se aproximava de nós naquele momento. Dentro dele havia um garoto de cabelos escuros e olhos tão azuis que se via de longe. Era bonitinho, e parecia estar olhando diretamente pra nós.
 — Quem é esse aí? — perguntei, sussurrando, enquanto ouvia o carrinho se aproximar.
 — Logan Wade Lerman, um cara que sismou comigo desde que eu cheguei. É insuportável! — ela bufou.
 No momento em que ela disse isso, o tal Logan estacionou a nossa frente. O garoto sorriu maroto para nós e saltou do carrinho.
 — Não, eu sou James Bond. — ele sorriu, se aproximando de mim. Argh! — Olá, eu sou Lo...
 — Logan! — eu o empurrei para longe de mim, antes que ele encostasse aquela mãozinhas onde não deveria — Eu já sei!
 Ele se afastou de mim, me olhando assustado. Como se eu acabasse de ter dado um golpe mortal em seu peito, e eu só lhe dei um "empurrãozinho". Ele riu nervoso, meio sem graça.
 — Vocês deviam estar falando de mim, não é? — ele riu, convencido até demais. Dei uma olhada para Madison, rindo do quão idiota aquele garoto era — Eu já estou acostumado. E vocês são meninas de sorte, sabem porque? Eu acabei de comprar uns vinhos melhores do que os franceses, e eu vou ficar sozinho no meu quarto, então... Porque não? Eu que sou tão gente fina vim aqui convidar vocês...
 — Não, muito obrigada! — o interrompi antes que ele falasse mais alguma coisa — Sabe o que é? Nós duas preferimos beber caipirinha de cachaça com limão, ok? Passe bem, meu filho!
 Revirei os olhos e saí andando, e Madison me seguiu.

Selena's POV

 Meu coração ainda batia rápido quando entrei praticamente correndo no quarto! Bati a porta atrás de mim, respirando com dificuldade. Também, eu parecia ter estado sem respirar por 2 horas. Vi Isabella deitada em sua cama, mas não me importei muito, meu pensamento voava tanto. Sentei em minha escrivaninha, dando sorrisos involuntários.
 Mas o que eu vou vestir?! Preciso pensar nisso...
 — Isabella, depressa! Precisamos ir ao refeitório! — falei.
 Não obtive resposta no começo. De repente ouvi um soluço. Rapidamente me virei e vi que Isabella chorava.
 — Isabella! Isabella, o que você tem?
 Bufei.
 — Isabella, não liga pra ela! — me levantei e fui até ela — Não fica assim por isso.
 — Eu não to chorando só por isso... — ela falou em meio aos soluços.
 — E porque então?
 — É um menino.
 — Um menino? — juntei as sobrancelhas — Espera aí, quem te fez alguma coisa?
 — A natureza me fez gorda. — ela se sentou na cama, secando as lágrimas que ainda caíam. — E agora que eu conheci o menino dos meus sonhos... Não acredito que ele vá querer um elefante como eu.
 — Isabella, não exagera, ok?!
 — Essa barriga não é um exagero! — ela apontou para sua barriga abaixo da blusa amarela. Eu suspirei.
 — Olha só, vou te dizer uma coisa: as mulheres não atraem só pelo visual. Tem muitas outras coisas. E você é uma menina que tem sentimentos maravilhosos! E se esse menino é tão maravilhoso como você está achando que ele é, com certeza vai perceber quem é você. — dei um sorriso sincero. Ela parou de chorar e olhou em meus olhos.
 — Você acha? — perguntou ela.
 — Claro, sua boba! — passei a mão em seus cabelos — Olha, vamos fazer uma coisa. Você para de chorar e eu te conto uma coisinha! — eu ri animada, mais uma vez me lembrando do episódio maravilhoso que havia passado no corredor.
 — O que foi? — ela perguntou, brotando um sorrisinho de seu rosto.
 — Você lembra que eu disse que não gostava de ninguém daqui da escola? — ela assentiu — Ai, Isabella, eu não sei o que aconteceu, mas hoje eu vi alguém que eu gostei muito! — eu dei um enorme sorriso e eu vi o brilho nos olhos de Isabella. Aquilo realmente era uma novidade tremenda.
 — E ele é um dos bolsistas? perguntou ela, curiosa.
 — Ah, eu não sei. Eu acho que não. É aluno novo, mas eu não sei... Eu não sei... — eu suspirei, sorrindo involuntariamente mais uma vez ao lembrar daqueles olhos e daquele rosto. Podia jurar que estava mordendo os lábios só de lembrar.
 — E vai estudar na nossa turma?
 — Eu também não sei! — falei um pouco mais alto com Isabella, mas ainda rindo — Ele parece ser mais velho, mas não sei, só o vi no corredor rapidamente. — Isabella riu da situação — Ai, Isabella! Chega, ok? Vamos ficar bem bonitas e vamos dar as boas-vindas aos novos gatinhos! — me levantei da cama — Chega, eu não quero ver mais tristeza, ok? Agora eu vou maquiar você e você vai ficar linda.

Nick's POV

 — Quanto tempo mais vão demorar para dar os resultados? — perguntava Miley impaciente ao meu lado, enquanto todos os outros bolsistas quase morriam de tanto nervosismo.
 Eu balancei a cabeça, suspirando.
 — Não sei, não faço ideia. Mas você viu quantas provas eles tinham pra corrigir? Tomara que a gente tenha se dado bem e que entreguem logo os resultados.
 — Eu sei, mas tinham muitos professores para corrigir. — bufou Miley. Apertei meus olhos, assustado com a dor de cabeça e confusão que me vinham naquele momento. De repente eu pensava no pior. Pensava no péssimo.
 — Sabe, Miley? Acho que respondi rápido muitas perguntas, entreguei a prova muito rápido.
 — Fiquem tranquilos! — falou um dos bolsistas que me lembrava vagamente do rosto dele — Vai correr tudo bem, vocês vão ver.
 Dei um sorriso em resposta. Dois segundos depois ouvimos passos na escada e vimos o diretor Ethan junto com uma penca de professores descendo as escadas, com papeis nas mãos. Meu coração bateu mais forte. Era agora.
 — Façam o favor de entrar na sala. — disse o diretor, e entramos novamente naquela sala. Não sabia o quanto estava tremendo, mas sabia que estava. Isso era minha meta, eu tinha que entrar nessa escola de qualquer jeito — Trouxe os resultados da prova, pessoal. Lamentavelmente, não foram muitos os que alcançaram o nível. Por isso, são poucos os candidatos que entrarão esse ano para o Highland Private School. Vou dar o nome dos 4 candidatos admitido. — ele pegou uma folha com uma das pessoas ao lado — Madison Taylor entrará para o 4º ano.
 O diretor observou a sala, para ver se localizava a tal da Madison. Eu também rolei meus olhos, mas pelo visto, a tal da Madison não estava lá. Estranho.
 O diretor continuou:
 — Anthony Jackson entrará para o 4º ano!
 O mesmo garoto que havia falado comigo a uns minutos atrás fora da sala dera um salto da cadeira, dando um grito animado e logo depois se sentando constrangido.
 Já haviam sido dois, meu coração pulava mais do que tudo.
 — Miley Cyrus entrará para o 4º ano!
 O rosto de Miley saiu do pálido para a cor normal. Ela fechou os olhos e deu um sorriso fraco; eu quase podia sentir o alívio que ela sentia de longe.
 O último nome. Eu não conseguia me conter...
 — E o último aluno é...

CONTINUA!