quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Depois da Chuva - 92

"Você surgiu assim do nada, sem hora marcada, sem lugar certo, como apenas uma garota tímida, o seu jeito me encantou. Acho que foi amor a primeira vista, no momento em que te vi, foi como se tudo ao meu redor não existisse mais nada, mas vi naquele momento que eu e você não estávamos lá por uma simples coincidência, mas sim pelo destino."


Sala do diretor, Upper East Side, Nova York

 Após Madison sair do caminhão onde Samuel se encontrava, o garoto não retirou aqueles papeis da cabeça. Não que quisesse ajudar Madison, mas ver o rosto da garota ao falar sobre quem pagava seu colégio, aquilo intrigava Samuel. Madison não conseguia roubar aqueles papeis, mas ele acreditava que ele sim conseguia. Ele esperou alguns minutos e foi para o colégio, mesmo sabendo que era perigoso ele aparecer por lá.
 Ao chegar á sala do diretor, ele percebeu que não havia ninguém. A sala estava vazia e silenciosa. Os corredores também pareciam estar silenciosos naquela área. Ele se abaixou sorrateiramente, e percebeu que a porta estava aberta. Ele olhou de soslaio para fora e percebeu que haviam mulheres passando naquele momento na frente da sala. Ele se encolheu ainda mais e se escondeu, enquanto as mulheres que falavam alto passavam. Depois, ele decidiu não fechar a porta. Aquilo ficaria estranho. Aproveitou o momento de silêncio do corredor e, com suas pernas minúsculas, escalou o enorme armário á sua frente, onde ele sabia que estavam os papeis que Madison procurava.
 - Sophia, traga o grampeador para separar todo esse material aqui - ouviu-se a voz de Ethan.
 Samuel tremeu. O garoto pareceu ficar pálido e ao mesmo tempo apavorado. A voz do homem se aproximava da sala, e ele percebeu que precisava se apressar. Ele sabia que Ethan iria punir qualquer um, mesmo que fosse um aluno, por estar na sala dele, mas se Ethan o pegasse ali, ele iria mesmo para um abrigo, um orfanato. E se bem que ele não ouvia história boas sobre o orfanato. Ele rapidamente subiu mais uns "degraus" do armário e se enfiou em cima dele, na superfície, e se deitou de bruços, torcendo para que o diretor não o visse.
 Depois de algum tempo, ele viu o diretor entrar na sala. Ele parecia estar de mal humor, como sempre, e usava sempre aquele terno impecável. Atrás dele vinha uma mulher, provavelmente a Sophia, a secretária. Com roupas formais, Samuel percebeu que a mulher era realmente bonita. Tinha cabelos castanhos claros, presos em um rabo de cavalo, e olhos meio cinzas. Tinha realmente uma cara jovem.
 - Vem cá, isso aqui é da equipe de manutenção? - perguntou Ethan, apontando para a corda e a lanterna no chão.
 Samuel queria dar um tapa em si mesmo naquele momento. Como poderia ter esquecido sua corda e sua lanterna no chão? Aquilo estava claro que alguém esteve na sala do diretor sem ser convidado. Ele prendeu a respiração para não ter que bufar alto.
 - Porque eles largaram isso aqui? - disse Ethan, pegando os objetos do chão.
 - Eu vou reclamar, se o senhor quiser - falou Sophia, pegando as coisas das mãos de Ethan.
 - Eu quero que chame a atenção deles, por favor.
 - Pode deixar.
 Ethan começou a caminhar pela sala, e parou logo em frente ao armário onde Samuel estava escondido. O garoto fez o possível para ficar completamente parado, mas não se segurou em dar uma olhadinha para baixo, para ver Sophia e Ethan.
 - O mais importante agora é essa reunião - continuou Ethan, pegando um pequeno livro no armário.
 - Quer que eu chame todo o conselho ou só os indispensáveis? - perguntou Sophia.
 - Não, não, chame até mesmo o último. Está no regulamento, está vendo? - ele apontou para o livro. - Eu preciso de todos eles aqui amanhã. Eu quero falar sobre esse menino que anda solto por aí.
 Samuel tremeu. Sophia olhou para Ethan, juntando as sobrancelhas, confusa.
 - E o senhor tem certeza de que esse menino existe? - perguntou ela, sussurrando.
 Ethan deu de ombros.
 - Bom, eu não tenho certeza absoluta, mas eu tenho que acabar com as dúvidas. Eu vou pedir que façam uma inspeção, centímetro por centímetro desse colégio.
 - Faz bem, senhor diretor - concordou Sophia. - Então vou marcar pra amanhã á noite.
 - Por favor.
 - Com licença.
 Sophia se retirou. O diretor ainda continuava concentrado em seu livro de regulamentos e Samuel não via a hora de sair dali. Talvez outro dia tentasse ajudar Madison, mas estar ali naquela hora o deixava enjoado.
 - Ninguém vai rir da minha cara - ele escitou Ethan sussurrar.

Corredor principal, Upper East Side, Nova York

 A situação de Nick não era nada boa. Ninguém tem noção do quanto ele estava se odiando naquele momento. Ele havia se deixado vencer pela Seita, havia se rendido. E Nick Jonas não se rendia pra ninguém. Ele chegou ao quarto, e praticamente teve vontade se socar, e agradeceu que não havia ninguém. Tomou um banho e trocou de uniforme, e seguiu rapidamente para a enfermaria, onde saiu de lá com o braço enfaixado, curativo na sobrancelha e com vários pequenos cortes pelo rosto. Ele não sabia como iria explicar aquilo tudo a quem quer que perguntasse, mas pensaria em algo. Ele tinha que pensar em algo.
 Agora ele andava pelos corredores com medo. Agora, ao sair do quarto, ele se sentia observado. Ele estava completamente em pânico, e se odiava por isso. Mas ele tinha que contar á alguém, ele tinha que soltar isso. Rapidamente ele se encontrou com Aiden, e os dois se sentaram na poltrona vermelha do corredor principal, onde não havia ninguém, por sorte de Nick. Aiden, ao ver o amigo, soltou uma torrente de perguntas. O estado de nick era deplorável. Em que briga ele havia se metido daquela vez?
 Então Nick contou toda a história. Tudo sobre a Seita.
 - Então essa história de Seita não é nada legal? - sussurrou Aiden, o medo estampado em seu rosto.
 Nick balançou a cabeça, se aproximando mais do amigo para ter que sussurrar.
 - Não, é muito sério - respondeu ele. - É tudo real.
 Aiden tremeu e ficou pálido. Quase se esquecere de que também era bolsista, e que se Nick sofreu aquilo tudo, ele também era capaz de sofrer e passar pela mesma coisa. Aiden não era forte, não era como Nick. Mas ele percebera que se essa Seita foi capaz de fazer Nick ficar com medo, ele então morreria! Aiden já estava em pânico.
 - Estamos ferrados, Nick! - a voz de Aiden tremia de medo. - Nós somos bolsistas.
 Nick bufou, abaixando a cabeça, parecendo pensar. Em seguida, balançou a cabeça.
 - Alguém vai ter que acabar enfrentando esses imbecis! - ele bufou, se odiando por ele mesmo não ter enfrentado.
 Aiden suspirou.
 - Eu não to acostumado a brigar - disse ele, num fio de voz. - Eu acho que também vou embora.
 Nick o olhou como se fosse louco. Enquanto isso, os dois não imaginavam que mais um integrante da Seita estava os observando conversar. Nick olhava para todos os lados a qualquer minuto, mas o membro da Seita estava os observando, e é claro, estava ouvindo toda a conversa.
 - Como você pode largar tudo por medo? - disse Nick, pasmo. - Você não pode fazer isso, Aiden. Além disso, o lance não é com você!
 - Por enquanto não! - falou Aiden. - Além disso, se você sair da escola, eu fico sem amigos.
 - Shhhh! - disse Nick, susurrando. - E quem disse que eu vou sair da escola?
 Aiden o olhou, agora confuso.
 - Não disse pra eles que ia embora sexta feira?
 Nick balançou a cabeça, e bufou, se aproximando mais de Aiden.
 - Uma coisa é o que eu disse - ele sussurrou mais ainda. - E outra coisa bem diferente é o que eu vou fazer.
 O membro da Seita espionava, e nessa hora ele arregalou os olhos de surpresa. Então tudo que haviam feito a Nick não rendera de nada, o garoto não sairia da escola como havia dito aos integrantes da Seita.
 - Entendeu? - disse Nick.
 O garoto estava tão interessado ainda mais na conversa que se aproximou ainda mais da porta, que mantinha uma fresta aberta. Só que ao se aproximar, levou um leve escorregão, fazendo um som minúsculo na porta, mas como só haviam Nick e Aiden no corredor completamente vazio, foi um barulho alto. Nick e Aiden rapidamente olharam para a fresta aberta da porta e perceberam que havia alguém olhando.
 Rapidamente, o membro da Seita correu, tão rápido que parecia um vulto.
 - Ei! - gritou Aiden. - Tem alguém olhando! - ele arfou e se virou para Nick.
 Só que Nick já havia se levantado e corrido atrás do garoto, que mal vira quem era. Mas Nick sabia exatamente que era um integrante da Seita, sabia que o garoto estava encapuzado, e sabia muito bem caracterizar os membros da Seita. Aiden ainda arfava, e não sabia do que tinha mais medo no momento.

Quarto de Nick, Upper East Side, Nova York

 Enquanto isso, Josh Harris, o mané do UES, saía de seu quarto, que como todos sabem, era junto com Nick e Aiden. Mas estranhamente o garoto estava vestido com um macacão das cores do exército, exatamente como os integrantes da Seita. Mas ele parecia meio distraído, parecia nem se ligar se estava parecido com os membros da Seita ou não. Enquanto limpava seus óculos na porta do quarto, dois garotos chegaram até ele: um estava vestido da marinha e o outro de policial.
 E começaram um papo sobre aulas.
 - É que eu botei isso pra peça de teatro - explicou Josh, ao ser perguntado sobre a sua roupa. - O professor mandou e...
 - Ah, mas não vai dar nada - disse um deles, interrompendo Josh.
 - Vamos logo! - chamou o outro, começando a caminhar para longe de Josh.
 - Só um instantinho - pediu Josh, enquanto amarrava sua gravata.
 - Nos vemos lá!
 Os garotos sumiram de perto de Josh, e agora o garoto se encontrava sozinho. Nick, por um tempo, havia desistido de procurar a pessoa misteriosa que estava o ouvindo no corredor. Mas quando passava pelo corredor em frente á porta de seu quarto, ele viu Josh. Na verdade, ele nem se importou com isso. O que o fez parar repentinamente foi a roupa do garoto.
 Um ódio tomou conta do corpo de Nick ao ver o outro garoto com a roupa. Igual as do membro da Seita, era totalmente igual. Vários pensamentos se passaram em sua cabeça naquela hora. Sabia que não podia julgar ninguém assim de cara, ainda mais sem provas, e ainda mais por um assunto que todos temiam, mas que de qualquer maneira nunca tinham visto nada da Seita. Agora que Nick sabia exatamente o que era a Seita, ele se sentia observado, se sentia seguido... Era uma paranóia sem fim! Talvez precisasse de tempo para superar o trauma que passara no depósito, mas enquanto ainda não se superava, ele se sentia como nunca quisesse se sentir.
 E odiou pensar tal coisa de Josh. O garoto que podia até ser o garoto mais babaca e mais ridículo da escola, mas ele havia o ajudado. Nick havia o defendido nas férias, até não via problema nenhum em Josh. E mil pensamentos horríveis se passaram na mente de Nick naquele momento ao ver Josh com aquela roupa, e ele pensava seriamente que Josh poderia ser um integrante da Seita!
 Nick rapidamente correu ao garoto, deixando a raiva que estava nele se instalar pra valer, pegando no colarinho da roupa do garoto e o encostando na parede, fazendo Josh olhar confuso e assustado para Nick. Normal, metade daquela escola se apavorava ao ver Nick. O garoto realmente tinha uma cara de assustador e de bad boy, enquanto a metade dos garotos corriam dele, todas as garotas caíam de amores.
 - Tá pensando o que?! - falou Nick, entredentes, os olhos cheios de raiva. Ele estava quase sendo capaz de erguer Josh do chão.
 - O qu-qu-que é isso? - gaguejou Josh, completamente apavorado.
 - Você estava me espiando, não mente! - gritou Nick.
 Josh olhava confuso pra Nick. Seu olhar implorava por piedade. Ele sabia que não existia coisa pior do que apanhar, ainda mais de Nick Jonas.
 - Não, não - disse ele rapidamente. - Eu estava me arrumando pra peça de teatro!
 - Ah, Josh, por favor, não se faça de vítima! - gritou Nick, balançando o corpo do garoto.
 - Não, não...
 - O que é isso?! - disse Nick, olhando pra roupa de Josh.
 - É pra peça de teatro, o professor mandou! - respondeu o garoto, quase fechando os olhos, prevendo o soco de Nick. - Eu não sei de nada, calma.
 Nick balançou a cabeça, olhando de um modo ridículo para Josh. Nick era tão orgulhoso que não sabia confiar em ninguém. Muito menos nos mais "santinhos", pois pra ele todo mundo era humano, todo mundo enganava todo mundo, não existia essa de quem não pecava e de quem era anjo. Pra ele, todos eram uma sociedade suicida.
 Ele rapidamente engajou Josh ainda mais na parede, cerrando os dentes.
 - Se eu descobrir que você é da Seita - disse ele, sussurrando. -, eu acabo com você!
 Josh tremeu. Literalmente, naquela hora o garoto se surpreendeu por não ter chorado.
 - Para com isso - pediu ele, num fio de voz.
 Nick suspirou, e largou Josh, que só percebeu que seus pés não estavam mais tocando no chão. Nick era muito forte. Josh respirou fundo várias vezes, com a respiração cortada, e quando se viu lire o garoto correu, simplesmente correu para longe de Nick. Agora sim entendia porque todos tinham medo do garoto, agora ele sabia que passaria a ter medo também.
 Nick, ao ver Josh longe, correu para ver onde o garoto seguia. Nick chegou á ver Josh correndo no meio do salão principal, esbarrando nos alunos, parecendo suar frio e apavorado. E ele seguia perfeitamente na direção da sala de teatro, mas Nick não se arrependeu. Iria julgar quem é que fosse pra descobrir um integrante sequer da Seita. Ele não queria mais uma vingança no topo da pilha de sua vingança principal, mas se fosse preciso, ele colocaria.

Sala de jogos, Upper East Side, Nova York

 Logan ainda continuava com a dúvida de como iria ficar com Selena na festa de sexta. O garoto ainda não sabia o que sentia pela bonequinha da escola, mas estava quase se convencendo de que realmente estava apaixonado pela garota. Ele não se apaixonava, ele sabia muito bem disso. Queria mesmo era farrear, e pretendia pegar o máximo de garotos daquela escola. Mas ele entendia que não era bem assim, precisava conquistá-las. Mas seu único objetivo, a garota que sempre lhe aparecia a mente nesse momento era sempre Selena Gomez. E ele precisava esquecer isso ou partir pro ataque, e pretendia pensar bastante.
 Enquanto ele se distraía jogando sinuca, Chloe chegou perto do garoto de olhos azuis, que nem percebeu a chegada da garota. Na verdade, ele queria distância de Chloe. Os dois haviam brigado por causa da carta anônima, Chloe havia escrito sobre Logan, e o garoto não gostou nada. Mas Chloe sabia um jeito de fazer ele olhar pra ela do mesmo jeito antigo: desejo e amizade.
 - Oi - ela cumprimentou-o e sorriu.
 Logan levantou os olhos e olhou a garota. Chloe rapidamente percebeu o desprezo em seu olhar.
 - Oi - ele respondeu, seco, voltando sua atenção ao jogo.
 Chloe não iria desistir. Naquele momento precisava de Logan, e uma briguinha não iria estragar isso.
 - Escuta - começou ela. -, você quer ir comigo a festa?
 Logan rapidamente tirou sua atenção da sinuca e encarou a garota ao seu lado, que agora o olhava sorrindo. A cabeça de Logan girou naquele momento. Ele não podia negar que Chloe era realmente bonita. Apesar da filha do diretor ser detestável, ninguém poderia dizer que não era linda de um jeito estranho. Seus cabelos curtos e ruivos davam um certo charme, e com um corpão de tirar o fôlego de todos do colégio.
 - Quer? - repetiu ela, vendo que Logan demorou a responder.
 O garoto não conseguia responder. Várias coisas se passaram em sua cabeça e ele se sentiu tentado, mas um pensamento finalmente pareceu piscar em sua mente.
 - Espera aí - disse ele -, você não tá ficando com o Jacob?
 O sorriso de Chloe desapareceu no mesmo instante. A garota realmente pensara que iria conseguir se refazer após o fora que recebera do suposto "ficante" de faxada. Ela bufou, forçando um sorriso e revirando os olhos.
 - É, mas... A gente é um casal liberal - respondeu Chloe, tentando forçar algum tom para tornar mais realista. Ela sabia que, de qualquer forma, Logan não era a pessoa mais inteligente que ela conhecia.
 Logan levantou as sobrancelhas, desconfiado.
 - Ah é?
 - Sim - respondeu ela. - E além disso, o Joe pediu pra ele cuidar da Emily, então eu tenho o terreno livre - ela deu uma mordiscada sexy na boca.
 Aquilo mudou completamente os sentidos de Logan. Pareceu que seu plano para Selena, que não lhe saía da mente, virar fumaça. Ok, ele sempre achou Chloe atraente, sempre quis realmente dar uns pegas na garota, mas achou que nunca teria oportunidade, ainda mais quando descobriu sua paixão por Selena. Mas naquele momento ele realmente viu a chance de uma brecha, ele viu uma chance de dar uns bons beijos em alguém, ou talvez uma noite de sexo, sem ter que subornar a garota. Não que Logan fosse o garoto mais feio da face da terra, não mesmo. Mas por não saber chegar nas garotas, ele acabava no fundo do poço, sem nenhuma.
 - Hmmm - ele pareceu pensar. - Ok. Eu acho que dá sim, porque não? - ele sorriu.
 Chloe abriu um grande sorriso, e logo abraçou o garoto.
 - A gente vai se divertir muito - disse ela. - Você vai ver.
 - Ah, Chloezinha...

Salão principal, Upper East Side, Nova York

 Adentrando no colégio, podiam-se ver Selena, Demi e Miley. Miley carregava uma enorme mala consigo, junto com uma bolsa, as três sem nem ao menos trocarem de roupa. Selena estava se sentindo nojenta, é claro, mas Demi e Miley nem se importavam. O movimento na escola não estava tão grande, portanto ninguém percebeu a chegada das três. E Demi não conseguia conter seu sorriso por ter a amiga de volta.
 - Vamos celebrar a sua volta em grande estilo! - disse Demi, com um sorriso enorme. - A maior festa na melhor boate.
 Miley balançou a cabeça.
 - Ah, Demi, mas o diretor não vai dar permissão.
 - É claro que não vamos pedir permissão, aí é que está a graça - Demi levantou os olhos, como se fosse "óbvio".
 Miley arregalou os olhos.
 - Não - discordou ela, e olhou de Demi para Selena. - Espera aí, eu não posso ir. Eu não tenho coragem de fugir do colégio.
 Selena riu, irônicamente.
 - Claro que não, Miley - falou ela, mexendo nos cabelos. - Eu e você vamos ficar aqui, como gente decente.
 Selena lançou um olhar desafiador para Demi, que retribuiu com um olhar de nojo.
 - E não temos que fazer essa idiotice de fugir do colégio! - continuou ela.
 Demi riu. Na verdade gargalhou, e olhou para Selena com graça.
 - Ah, Selena! - ela ria. - Você não por ser idiotice, mas porque você não tem coragem suficiente pra fugir do colégio!
 Selena a olhou, por alguns momentos incrédula. Não era nenhuma novidade que Demi soltava o verbo com Selena, mas ela odiava quando a garota jogava certas coisas na cara. Coisas que Selena queria discordar, mas não podia. Talvez podia ser mesmo verdade que Selena não conseguiria fugir. Aliás, aquilo era realmente verdade. Selena era a princesinha da escola, sua reputação não podia se sujar daquele jeito, mas ela se sentia tão desafiada por Demi.
 - Vamos, Miley! - falou Demi, puxando Miley na direção de seu quarto.
 Miley suspirou.
 - Tchau! - ela acenou para Selena, enquanto seguia, sendo puxada por Demi,para o quarto.
 Selena bufou.
 - Então você vai com ela? Tudo bem! - ela gritou, vendo Miley se distanciar. - Tudo bem...
 Selena suspirou, baixando seus olhos. Será que Demi tinha alguma razão? Ela odiava pensar do mesmo jeito que Demi, também que a garota era meio selvagem e bruta do jeito dela. Mas Selena não gostava quando a rotulavam de algum tipo de medo. Que ela não tinha coragem. Aquilo realmente mexeu dentro dela. Selena tentava afastar aqueles pensamentos, mas tudo o que ela conseguia pensar era que teria que ir aquela festa no dia seguinte. Não sabia se era pra jogar na cara de Demi que não era medrosa ou se era pra provar alguma coisa, mas tinha que ir áquela festa.

Quarto de Demi, Upper East Side, Nova York
22h34

 Miley havia se instalado novamente no quarto. Não foi assim tão prazeroso voltar ao UES, mas ela tinha que admitir que não podia deixar o lugar. Precisava dos estudos, e tinha a chance de estudar no melhor colégio. Ela nunca mais iria sair da realidade, tinha se prometido isso. Ela encontrou Madison, que não foi lá um encontro tão bom, mas ela superava. Tinha que superar seus limites, ela era bem capaz. Tinha que pensar que era.
 Já de noite, Demi, Miley e Madison se vestiram com seus pijamas, e se deitaram. Demi mexia em seu iPhone, apagando as luzes.
 - Vamos, meninas. Vamos repôr as energias, porque o dia de amanhã promete! - falou ela, deixando seu iPhone em cima da escrivaninha e se deitando.
 - Boa noite - disse Miley.
 - Boa noite - falou Demi.
 Um momento de puro silêncio se instalou pelo quarto. Demi suspirou, olhando por alguns minutos para o teto, parecendo pensar em alguma coisa. Ela não queria dormir naquela hora, na verdade estava sem um pingo de sono e seu abajur era o único do quarto a ainda estar aceso.
 Demi se surpreendeu ao, de repente, seu pensamento ir para Joe. Do nada a garota se perguntou se o bonequinho de plástico de repente poderia estar na festa. Ela balançou a cabeça, mandando esse pensamento pra longe. Desde quando ela pensava em Joe? E desde quando se importava se ele ia ou não ia a tais lugares? Ela riu de si mesma e se esticou até o abajur, para apagá-lo.
 Mas sua surpresa logo apareceu. Antes de conseguir apagar o abajur, uma figura minúscula surgiu por debaixo da cama, pulando em cima dela num impacto. Demi soltou um berro, e logo tapou a boca ao ver que era Samuel em cima dela.
 - O que você está fazendo aqui?! - Demi quase gritou. A garota respirava abafado.
 Miley e Madison acordaram na hora, e viram Demi sentada na cama, e Samuel logo a sua frente. O coração de Demi batia acelerado. Sua maior precoupação agora era de que se alguém a tivesse escutado o grito.
 - Samuel! - gritou Miley, se levantando da cama, com um enorme sorriso.
 - Miley! - gritou Samuel, correndo até a garota, pulando nos braços dela.
 Demi olhou aquela cena com nojo e se levantou, arrumando os cabelos.
 - Parem com isso! - disse ela, e os dois se afastaram. - Deixem desse romance sem graça. Vai, menino. Vai direto pro seu esconderijo! - Demi puxou os braços de Samuel. - Alguém podia ter visto você.
 Samuel revirou os olhos. Parecia que Demi não conhecia sua capacidade incrível de se virar sozinho.
 - Eu tive que esperar todos dormirem - falou ele.
 Demi bufou, entendiada. Queria Samuel o mais longe possível dali, não queria correr mais riscos por causa dele, estava quase sendo expulsa. A garota fechou os olhos, tentando se acalmar, amaldiçoando mentalmente Ryan Allen por ter "dado" temporariamente aquele garoto á ela. Ela não levava o menor jeito.
 - Porque você veio aqui? - perguntou ela, tentando se acalmar.
 - Vim pra agradecer por tudo que você me deu de presente - ele deu um sorriso inocente, sincero.
 Demi olhou para o garoto como se fosse louco. Ou talvez tivesse sérios problemas. Em vez de dar um sorriso como "de nada", a garota queria esganá-lo ali mesmo.
 - Isso é jeito de me agradecer? - disse ela, gesticulando com os braços. - Botando a gente em perigo?
 - Não - respondeu ele, confuso. - Assim!
 Samuel correu novamente para debaixo da cama de Demi.
 - Ele me deu um susto danado - disse ela ás garotas, e Miley soltar um riso.
 Logo Samuel se levantou, com um objeto estranho nas mãos. O garoto trazia consigo um livro branco, grande e parecia pesado para seus braços minúsculos. O que chamou a atenção de todas foi que, na capa branca do livro, havia o emblema do Upper East Side. Era um livro da escola.
 - O que você não podia roubar! - ele estendeu o livro para Demi, com um enorme sorriso.
 Finalmente, Madison caiu na real. Aquele era o livro que ela tanto procurava. Que havia falado com Samuel no caminhão, e que tinha deixado bem claro para o garoto não mexer um dedo sequer para resolver nada. Demi também conhecia o livro, e Miley mais ainda. Se lembrava exatamente do dia em que ela e Madison haviam ido clandestinamente á sala do diretor para tentar roubá-lo. Vários pontos de interrogação se passavam na cabeça das garotas naquele momento.
 Mas enfim, acabou que todas deram um sorriso enorme, apesar de confusas. Jamais conseguiram pegar aquele livro, e Samuel, tão pequeno e tão desajeitado, havia conseguido pra elas. Madison e Miley correram para perto de Demi, enquanto a mesma se sentava na beirada de sua cama.
 - Anderson, olha logo isso aqui! - disse Demi á Madison, a chamando pelo sobrenome, como ás vezes costumava chamar. Ela entregou o livro á Madison.
 Madison mal podia acreditar. Parecia que um de seus sonhos estava sendo realizado. Seu coração batia a mil por hora.
 - Hoje a tarde eu entrei lá na diretoria e peguei tudo isso - disse Samuel, com um sorriso glorioso.
 Demi olhou para o garoto, incrédula. Por um momento ela pensou que nada do que tentava ensiná-lo dava certo, o garoto parecia não escutar e principalmente não obedecer ás varias regras que Demi o proporcionava tantas vezes.
 - Como assim hoje á tarde? - disse ela, ainda pasma. - Tá maluco?! Menino, hoje a tarde todo mundo estava andando pelo colégio.
 - Ah ta, fica fria! - ele revirou os olhos. - Eu já sou muito experiente nisso.
 Demi olhou para o garoto, soltando um riso. Na verdade, ela queria rir agora. A cada dia se surpreendia cada vez mais com o moleque que estava cuidando, a cada dia parecia aprender mais com o garoto. Ela era intitulada como a mais rebelde, a mais errada, mas nada se comparava com as artimanhas que Samuel arrumava. O garoto era bem mais sagaz do que ela.
 - De qualquer maneira é muito perigoso fazer isso a tarde - comentou ela, bagunçando os cabelos de Samuel. - Ouviu?
 Samuel novamente revirou os olhos. Gostava do jeito que Demi cuidava dele, apesar de ser um pouco diferente, mas não gostava que ela exagerasse tanto. Achava realmente que já tinha mostrado que podia se virar sozinho.
 - E daí? Queria que eu pegasse isso amanhã a noite? - falou ele. - Quando vai ter uma reunião muito importante.
 Demi arregalou os olhos, incrédula. Agora sim parecia que a garota havia levado um tapa na cara. Amanhã era o dia de sua gloriosa festa.
 - Amanhã a noite?! - ela disse, pasma. - Como você sabe?!
 - Eu escutei quando o diretor mandou aquela magrela chamar todos do... Como é que é... Acho que é... - ele parecia tentar se lembrar. - Comitê, ou coisa assim. Mandou que me procurassem em todo o colégio.
 Demi bufou, querendo bater sua cabeça em algum lugar naquele momento. Tanto planejamento para aquela festa, e agora? E ainda tinha que arranjar um jeito de proteger Samuel, tinha que guardá-lo, não podia deixá-lo no colégio quando o grande grupo de conselhos iriam vasculhar cada centímetro do internato.
 - Que ótimo! - ela ironizou. - Justo amanhã a noite eles vão se reunir!
 - Se é assim, esquece a sua festa - falou Madison, concentrada no livro.
 Demi balançou a cabeça, negando. Não iria se dar por vencida, ela nunca fazia isso. Ainda mais pro diretor e um simples grupo de velhos, na opinião dela. Demi Lovato não era vencida, ela não iria cancelar a festa e havia decidido assim.
 - Não, temos que pensar em alguma coisa - falou ela.
 Madison deu um riso irônico.
 - Bom, então acrescente á sua lista de planejamento: como é que nós vamos fazer pra devolver isso aqui? - ela apontou para o enorme livro em seu colo.
 Samuel deu leves passos para trás. O garoto, ao pegar o livro, não havia pensado em possibilidade de devolução. Apenas queria entregá-lo as garotas e cair fora, não ter mais nada a ver com isso.
 - Ah ta! - ele disse. - Tchau!
 E rapidamente o garoto seguiu para a janela. Demi olhou para as amigas, com a pior cara do mundo.
 - E agora? - ela sussurrou. Ela parecia desolada, sem ter pra onde ir.
 - Ah ta! - disse Samuel, se virando para as garotas. - É verdade, vocês ficam bonitas com essa roupinha!
 E correu novamente para a janela, dessa vez saindo por ela. Miley deu um riso. Como sentia saudade daquele garoto, apesar dos desentimentos. Já Demi e Madison não acharam graça e estavam com uma grande ruga de preocupação. Como sairiam daquela? A festa já era no dia seguinte.
 Decidiram ir dormir. Iria acalmá-las, por enquanto.

Continua.

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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Depois da Chuva - 92

"Você surgiu assim do nada, sem hora marcada, sem lugar certo, como apenas uma garota tímida, o seu jeito me encantou. Acho que foi amor a primeira vista, no momento em que te vi, foi como se tudo ao meu redor não existisse mais nada, mas vi naquele momento que eu e você não estávamos lá por uma simples coincidência, mas sim pelo destino."


Sala do diretor, Upper East Side, Nova York

 Após Madison sair do caminhão onde Samuel se encontrava, o garoto não retirou aqueles papeis da cabeça. Não que quisesse ajudar Madison, mas ver o rosto da garota ao falar sobre quem pagava seu colégio, aquilo intrigava Samuel. Madison não conseguia roubar aqueles papeis, mas ele acreditava que ele sim conseguia. Ele esperou alguns minutos e foi para o colégio, mesmo sabendo que era perigoso ele aparecer por lá.
 Ao chegar á sala do diretor, ele percebeu que não havia ninguém. A sala estava vazia e silenciosa. Os corredores também pareciam estar silenciosos naquela área. Ele se abaixou sorrateiramente, e percebeu que a porta estava aberta. Ele olhou de soslaio para fora e percebeu que haviam mulheres passando naquele momento na frente da sala. Ele se encolheu ainda mais e se escondeu, enquanto as mulheres que falavam alto passavam. Depois, ele decidiu não fechar a porta. Aquilo ficaria estranho. Aproveitou o momento de silêncio do corredor e, com suas pernas minúsculas, escalou o enorme armário á sua frente, onde ele sabia que estavam os papeis que Madison procurava.
 - Sophia, traga o grampeador para separar todo esse material aqui - ouviu-se a voz de Ethan.
 Samuel tremeu. O garoto pareceu ficar pálido e ao mesmo tempo apavorado. A voz do homem se aproximava da sala, e ele percebeu que precisava se apressar. Ele sabia que Ethan iria punir qualquer um, mesmo que fosse um aluno, por estar na sala dele, mas se Ethan o pegasse ali, ele iria mesmo para um abrigo, um orfanato. E se bem que ele não ouvia história boas sobre o orfanato. Ele rapidamente subiu mais uns "degraus" do armário e se enfiou em cima dele, na superfície, e se deitou de bruços, torcendo para que o diretor não o visse.
 Depois de algum tempo, ele viu o diretor entrar na sala. Ele parecia estar de mal humor, como sempre, e usava sempre aquele terno impecável. Atrás dele vinha uma mulher, provavelmente a Sophia, a secretária. Com roupas formais, Samuel percebeu que a mulher era realmente bonita. Tinha cabelos castanhos claros, presos em um rabo de cavalo, e olhos meio cinzas. Tinha realmente uma cara jovem.
 - Vem cá, isso aqui é da equipe de manutenção? - perguntou Ethan, apontando para a corda e a lanterna no chão.
 Samuel queria dar um tapa em si mesmo naquele momento. Como poderia ter esquecido sua corda e sua lanterna no chão? Aquilo estava claro que alguém esteve na sala do diretor sem ser convidado. Ele prendeu a respiração para não ter que bufar alto.
 - Porque eles largaram isso aqui? - disse Ethan, pegando os objetos do chão.
 - Eu vou reclamar, se o senhor quiser - falou Sophia, pegando as coisas das mãos de Ethan.
 - Eu quero que chame a atenção deles, por favor.
 - Pode deixar.
 Ethan começou a caminhar pela sala, e parou logo em frente ao armário onde Samuel estava escondido. O garoto fez o possível para ficar completamente parado, mas não se segurou em dar uma olhadinha para baixo, para ver Sophia e Ethan.
 - O mais importante agora é essa reunião - continuou Ethan, pegando um pequeno livro no armário.
 - Quer que eu chame todo o conselho ou só os indispensáveis? - perguntou Sophia.
 - Não, não, chame até mesmo o último. Está no regulamento, está vendo? - ele apontou para o livro. - Eu preciso de todos eles aqui amanhã. Eu quero falar sobre esse menino que anda solto por aí.
 Samuel tremeu. Sophia olhou para Ethan, juntando as sobrancelhas, confusa.
 - E o senhor tem certeza de que esse menino existe? - perguntou ela, sussurrando.
 Ethan deu de ombros.
 - Bom, eu não tenho certeza absoluta, mas eu tenho que acabar com as dúvidas. Eu vou pedir que façam uma inspeção, centímetro por centímetro desse colégio.
 - Faz bem, senhor diretor - concordou Sophia. - Então vou marcar pra amanhã á noite.
 - Por favor.
 - Com licença.
 Sophia se retirou. O diretor ainda continuava concentrado em seu livro de regulamentos e Samuel não via a hora de sair dali. Talvez outro dia tentasse ajudar Madison, mas estar ali naquela hora o deixava enjoado.
 - Ninguém vai rir da minha cara - ele escitou Ethan sussurrar.

Corredor principal, Upper East Side, Nova York

 A situação de Nick não era nada boa. Ninguém tem noção do quanto ele estava se odiando naquele momento. Ele havia se deixado vencer pela Seita, havia se rendido. E Nick Jonas não se rendia pra ninguém. Ele chegou ao quarto, e praticamente teve vontade se socar, e agradeceu que não havia ninguém. Tomou um banho e trocou de uniforme, e seguiu rapidamente para a enfermaria, onde saiu de lá com o braço enfaixado, curativo na sobrancelha e com vários pequenos cortes pelo rosto. Ele não sabia como iria explicar aquilo tudo a quem quer que perguntasse, mas pensaria em algo. Ele tinha que pensar em algo.
 Agora ele andava pelos corredores com medo. Agora, ao sair do quarto, ele se sentia observado. Ele estava completamente em pânico, e se odiava por isso. Mas ele tinha que contar á alguém, ele tinha que soltar isso. Rapidamente ele se encontrou com Aiden, e os dois se sentaram na poltrona vermelha do corredor principal, onde não havia ninguém, por sorte de Nick. Aiden, ao ver o amigo, soltou uma torrente de perguntas. O estado de nick era deplorável. Em que briga ele havia se metido daquela vez?
 Então Nick contou toda a história. Tudo sobre a Seita.
 - Então essa história de Seita não é nada legal? - sussurrou Aiden, o medo estampado em seu rosto.
 Nick balançou a cabeça, se aproximando mais do amigo para ter que sussurrar.
 - Não, é muito sério - respondeu ele. - É tudo real.
 Aiden tremeu e ficou pálido. Quase se esquecere de que também era bolsista, e que se Nick sofreu aquilo tudo, ele também era capaz de sofrer e passar pela mesma coisa. Aiden não era forte, não era como Nick. Mas ele percebera que se essa Seita foi capaz de fazer Nick ficar com medo, ele então morreria! Aiden já estava em pânico.
 - Estamos ferrados, Nick! - a voz de Aiden tremia de medo. - Nós somos bolsistas.
 Nick bufou, abaixando a cabeça, parecendo pensar. Em seguida, balançou a cabeça.
 - Alguém vai ter que acabar enfrentando esses imbecis! - ele bufou, se odiando por ele mesmo não ter enfrentado.
 Aiden suspirou.
 - Eu não to acostumado a brigar - disse ele, num fio de voz. - Eu acho que também vou embora.
 Nick o olhou como se fosse louco. Enquanto isso, os dois não imaginavam que mais um integrante da Seita estava os observando conversar. Nick olhava para todos os lados a qualquer minuto, mas o membro da Seita estava os observando, e é claro, estava ouvindo toda a conversa.
 - Como você pode largar tudo por medo? - disse Nick, pasmo. - Você não pode fazer isso, Aiden. Além disso, o lance não é com você!
 - Por enquanto não! - falou Aiden. - Além disso, se você sair da escola, eu fico sem amigos.
 - Shhhh! - disse Nick, susurrando. - E quem disse que eu vou sair da escola?
 Aiden o olhou, agora confuso.
 - Não disse pra eles que ia embora sexta feira?
 Nick balançou a cabeça, e bufou, se aproximando mais de Aiden.
 - Uma coisa é o que eu disse - ele sussurrou mais ainda. - E outra coisa bem diferente é o que eu vou fazer.
 O membro da Seita espionava, e nessa hora ele arregalou os olhos de surpresa. Então tudo que haviam feito a Nick não rendera de nada, o garoto não sairia da escola como havia dito aos integrantes da Seita.
 - Entendeu? - disse Nick.
 O garoto estava tão interessado ainda mais na conversa que se aproximou ainda mais da porta, que mantinha uma fresta aberta. Só que ao se aproximar, levou um leve escorregão, fazendo um som minúsculo na porta, mas como só haviam Nick e Aiden no corredor completamente vazio, foi um barulho alto. Nick e Aiden rapidamente olharam para a fresta aberta da porta e perceberam que havia alguém olhando.
 Rapidamente, o membro da Seita correu, tão rápido que parecia um vulto.
 - Ei! - gritou Aiden. - Tem alguém olhando! - ele arfou e se virou para Nick.
 Só que Nick já havia se levantado e corrido atrás do garoto, que mal vira quem era. Mas Nick sabia exatamente que era um integrante da Seita, sabia que o garoto estava encapuzado, e sabia muito bem caracterizar os membros da Seita. Aiden ainda arfava, e não sabia do que tinha mais medo no momento.

Quarto de Nick, Upper East Side, Nova York

 Enquanto isso, Josh Harris, o mané do UES, saía de seu quarto, que como todos sabem, era junto com Nick e Aiden. Mas estranhamente o garoto estava vestido com um macacão das cores do exército, exatamente como os integrantes da Seita. Mas ele parecia meio distraído, parecia nem se ligar se estava parecido com os membros da Seita ou não. Enquanto limpava seus óculos na porta do quarto, dois garotos chegaram até ele: um estava vestido da marinha e o outro de policial.
 E começaram um papo sobre aulas.
 - É que eu botei isso pra peça de teatro - explicou Josh, ao ser perguntado sobre a sua roupa. - O professor mandou e...
 - Ah, mas não vai dar nada - disse um deles, interrompendo Josh.
 - Vamos logo! - chamou o outro, começando a caminhar para longe de Josh.
 - Só um instantinho - pediu Josh, enquanto amarrava sua gravata.
 - Nos vemos lá!
 Os garotos sumiram de perto de Josh, e agora o garoto se encontrava sozinho. Nick, por um tempo, havia desistido de procurar a pessoa misteriosa que estava o ouvindo no corredor. Mas quando passava pelo corredor em frente á porta de seu quarto, ele viu Josh. Na verdade, ele nem se importou com isso. O que o fez parar repentinamente foi a roupa do garoto.
 Um ódio tomou conta do corpo de Nick ao ver o outro garoto com a roupa. Igual as do membro da Seita, era totalmente igual. Vários pensamentos se passaram em sua cabeça naquela hora. Sabia que não podia julgar ninguém assim de cara, ainda mais sem provas, e ainda mais por um assunto que todos temiam, mas que de qualquer maneira nunca tinham visto nada da Seita. Agora que Nick sabia exatamente o que era a Seita, ele se sentia observado, se sentia seguido... Era uma paranóia sem fim! Talvez precisasse de tempo para superar o trauma que passara no depósito, mas enquanto ainda não se superava, ele se sentia como nunca quisesse se sentir.
 E odiou pensar tal coisa de Josh. O garoto que podia até ser o garoto mais babaca e mais ridículo da escola, mas ele havia o ajudado. Nick havia o defendido nas férias, até não via problema nenhum em Josh. E mil pensamentos horríveis se passaram na mente de Nick naquele momento ao ver Josh com aquela roupa, e ele pensava seriamente que Josh poderia ser um integrante da Seita!
 Nick rapidamente correu ao garoto, deixando a raiva que estava nele se instalar pra valer, pegando no colarinho da roupa do garoto e o encostando na parede, fazendo Josh olhar confuso e assustado para Nick. Normal, metade daquela escola se apavorava ao ver Nick. O garoto realmente tinha uma cara de assustador e de bad boy, enquanto a metade dos garotos corriam dele, todas as garotas caíam de amores.
 - Tá pensando o que?! - falou Nick, entredentes, os olhos cheios de raiva. Ele estava quase sendo capaz de erguer Josh do chão.
 - O qu-qu-que é isso? - gaguejou Josh, completamente apavorado.
 - Você estava me espiando, não mente! - gritou Nick.
 Josh olhava confuso pra Nick. Seu olhar implorava por piedade. Ele sabia que não existia coisa pior do que apanhar, ainda mais de Nick Jonas.
 - Não, não - disse ele rapidamente. - Eu estava me arrumando pra peça de teatro!
 - Ah, Josh, por favor, não se faça de vítima! - gritou Nick, balançando o corpo do garoto.
 - Não, não...
 - O que é isso?! - disse Nick, olhando pra roupa de Josh.
 - É pra peça de teatro, o professor mandou! - respondeu o garoto, quase fechando os olhos, prevendo o soco de Nick. - Eu não sei de nada, calma.
 Nick balançou a cabeça, olhando de um modo ridículo para Josh. Nick era tão orgulhoso que não sabia confiar em ninguém. Muito menos nos mais "santinhos", pois pra ele todo mundo era humano, todo mundo enganava todo mundo, não existia essa de quem não pecava e de quem era anjo. Pra ele, todos eram uma sociedade suicida.
 Ele rapidamente engajou Josh ainda mais na parede, cerrando os dentes.
 - Se eu descobrir que você é da Seita - disse ele, sussurrando. -, eu acabo com você!
 Josh tremeu. Literalmente, naquela hora o garoto se surpreendeu por não ter chorado.
 - Para com isso - pediu ele, num fio de voz.
 Nick suspirou, e largou Josh, que só percebeu que seus pés não estavam mais tocando no chão. Nick era muito forte. Josh respirou fundo várias vezes, com a respiração cortada, e quando se viu lire o garoto correu, simplesmente correu para longe de Nick. Agora sim entendia porque todos tinham medo do garoto, agora ele sabia que passaria a ter medo também.
 Nick, ao ver Josh longe, correu para ver onde o garoto seguia. Nick chegou á ver Josh correndo no meio do salão principal, esbarrando nos alunos, parecendo suar frio e apavorado. E ele seguia perfeitamente na direção da sala de teatro, mas Nick não se arrependeu. Iria julgar quem é que fosse pra descobrir um integrante sequer da Seita. Ele não queria mais uma vingança no topo da pilha de sua vingança principal, mas se fosse preciso, ele colocaria.

Sala de jogos, Upper East Side, Nova York

 Logan ainda continuava com a dúvida de como iria ficar com Selena na festa de sexta. O garoto ainda não sabia o que sentia pela bonequinha da escola, mas estava quase se convencendo de que realmente estava apaixonado pela garota. Ele não se apaixonava, ele sabia muito bem disso. Queria mesmo era farrear, e pretendia pegar o máximo de garotos daquela escola. Mas ele entendia que não era bem assim, precisava conquistá-las. Mas seu único objetivo, a garota que sempre lhe aparecia a mente nesse momento era sempre Selena Gomez. E ele precisava esquecer isso ou partir pro ataque, e pretendia pensar bastante.
 Enquanto ele se distraía jogando sinuca, Chloe chegou perto do garoto de olhos azuis, que nem percebeu a chegada da garota. Na verdade, ele queria distância de Chloe. Os dois haviam brigado por causa da carta anônima, Chloe havia escrito sobre Logan, e o garoto não gostou nada. Mas Chloe sabia um jeito de fazer ele olhar pra ela do mesmo jeito antigo: desejo e amizade.
 - Oi - ela cumprimentou-o e sorriu.
 Logan levantou os olhos e olhou a garota. Chloe rapidamente percebeu o desprezo em seu olhar.
 - Oi - ele respondeu, seco, voltando sua atenção ao jogo.
 Chloe não iria desistir. Naquele momento precisava de Logan, e uma briguinha não iria estragar isso.
 - Escuta - começou ela. -, você quer ir comigo a festa?
 Logan rapidamente tirou sua atenção da sinuca e encarou a garota ao seu lado, que agora o olhava sorrindo. A cabeça de Logan girou naquele momento. Ele não podia negar que Chloe era realmente bonita. Apesar da filha do diretor ser detestável, ninguém poderia dizer que não era linda de um jeito estranho. Seus cabelos curtos e ruivos davam um certo charme, e com um corpão de tirar o fôlego de todos do colégio.
 - Quer? - repetiu ela, vendo que Logan demorou a responder.
 O garoto não conseguia responder. Várias coisas se passaram em sua cabeça e ele se sentiu tentado, mas um pensamento finalmente pareceu piscar em sua mente.
 - Espera aí - disse ele -, você não tá ficando com o Jacob?
 O sorriso de Chloe desapareceu no mesmo instante. A garota realmente pensara que iria conseguir se refazer após o fora que recebera do suposto "ficante" de faxada. Ela bufou, forçando um sorriso e revirando os olhos.
 - É, mas... A gente é um casal liberal - respondeu Chloe, tentando forçar algum tom para tornar mais realista. Ela sabia que, de qualquer forma, Logan não era a pessoa mais inteligente que ela conhecia.
 Logan levantou as sobrancelhas, desconfiado.
 - Ah é?
 - Sim - respondeu ela. - E além disso, o Joe pediu pra ele cuidar da Emily, então eu tenho o terreno livre - ela deu uma mordiscada sexy na boca.
 Aquilo mudou completamente os sentidos de Logan. Pareceu que seu plano para Selena, que não lhe saía da mente, virar fumaça. Ok, ele sempre achou Chloe atraente, sempre quis realmente dar uns pegas na garota, mas achou que nunca teria oportunidade, ainda mais quando descobriu sua paixão por Selena. Mas naquele momento ele realmente viu a chance de uma brecha, ele viu uma chance de dar uns bons beijos em alguém, ou talvez uma noite de sexo, sem ter que subornar a garota. Não que Logan fosse o garoto mais feio da face da terra, não mesmo. Mas por não saber chegar nas garotas, ele acabava no fundo do poço, sem nenhuma.
 - Hmmm - ele pareceu pensar. - Ok. Eu acho que dá sim, porque não? - ele sorriu.
 Chloe abriu um grande sorriso, e logo abraçou o garoto.
 - A gente vai se divertir muito - disse ela. - Você vai ver.
 - Ah, Chloezinha...

Salão principal, Upper East Side, Nova York

 Adentrando no colégio, podiam-se ver Selena, Demi e Miley. Miley carregava uma enorme mala consigo, junto com uma bolsa, as três sem nem ao menos trocarem de roupa. Selena estava se sentindo nojenta, é claro, mas Demi e Miley nem se importavam. O movimento na escola não estava tão grande, portanto ninguém percebeu a chegada das três. E Demi não conseguia conter seu sorriso por ter a amiga de volta.
 - Vamos celebrar a sua volta em grande estilo! - disse Demi, com um sorriso enorme. - A maior festa na melhor boate.
 Miley balançou a cabeça.
 - Ah, Demi, mas o diretor não vai dar permissão.
 - É claro que não vamos pedir permissão, aí é que está a graça - Demi levantou os olhos, como se fosse "óbvio".
 Miley arregalou os olhos.
 - Não - discordou ela, e olhou de Demi para Selena. - Espera aí, eu não posso ir. Eu não tenho coragem de fugir do colégio.
 Selena riu, irônicamente.
 - Claro que não, Miley - falou ela, mexendo nos cabelos. - Eu e você vamos ficar aqui, como gente decente.
 Selena lançou um olhar desafiador para Demi, que retribuiu com um olhar de nojo.
 - E não temos que fazer essa idiotice de fugir do colégio! - continuou ela.
 Demi riu. Na verdade gargalhou, e olhou para Selena com graça.
 - Ah, Selena! - ela ria. - Você não por ser idiotice, mas porque você não tem coragem suficiente pra fugir do colégio!
 Selena a olhou, por alguns momentos incrédula. Não era nenhuma novidade que Demi soltava o verbo com Selena, mas ela odiava quando a garota jogava certas coisas na cara. Coisas que Selena queria discordar, mas não podia. Talvez podia ser mesmo verdade que Selena não conseguiria fugir. Aliás, aquilo era realmente verdade. Selena era a princesinha da escola, sua reputação não podia se sujar daquele jeito, mas ela se sentia tão desafiada por Demi.
 - Vamos, Miley! - falou Demi, puxando Miley na direção de seu quarto.
 Miley suspirou.
 - Tchau! - ela acenou para Selena, enquanto seguia, sendo puxada por Demi,para o quarto.
 Selena bufou.
 - Então você vai com ela? Tudo bem! - ela gritou, vendo Miley se distanciar. - Tudo bem...
 Selena suspirou, baixando seus olhos. Será que Demi tinha alguma razão? Ela odiava pensar do mesmo jeito que Demi, também que a garota era meio selvagem e bruta do jeito dela. Mas Selena não gostava quando a rotulavam de algum tipo de medo. Que ela não tinha coragem. Aquilo realmente mexeu dentro dela. Selena tentava afastar aqueles pensamentos, mas tudo o que ela conseguia pensar era que teria que ir aquela festa no dia seguinte. Não sabia se era pra jogar na cara de Demi que não era medrosa ou se era pra provar alguma coisa, mas tinha que ir áquela festa.

Quarto de Demi, Upper East Side, Nova York
22h34

 Miley havia se instalado novamente no quarto. Não foi assim tão prazeroso voltar ao UES, mas ela tinha que admitir que não podia deixar o lugar. Precisava dos estudos, e tinha a chance de estudar no melhor colégio. Ela nunca mais iria sair da realidade, tinha se prometido isso. Ela encontrou Madison, que não foi lá um encontro tão bom, mas ela superava. Tinha que superar seus limites, ela era bem capaz. Tinha que pensar que era.
 Já de noite, Demi, Miley e Madison se vestiram com seus pijamas, e se deitaram. Demi mexia em seu iPhone, apagando as luzes.
 - Vamos, meninas. Vamos repôr as energias, porque o dia de amanhã promete! - falou ela, deixando seu iPhone em cima da escrivaninha e se deitando.
 - Boa noite - disse Miley.
 - Boa noite - falou Demi.
 Um momento de puro silêncio se instalou pelo quarto. Demi suspirou, olhando por alguns minutos para o teto, parecendo pensar em alguma coisa. Ela não queria dormir naquela hora, na verdade estava sem um pingo de sono e seu abajur era o único do quarto a ainda estar aceso.
 Demi se surpreendeu ao, de repente, seu pensamento ir para Joe. Do nada a garota se perguntou se o bonequinho de plástico de repente poderia estar na festa. Ela balançou a cabeça, mandando esse pensamento pra longe. Desde quando ela pensava em Joe? E desde quando se importava se ele ia ou não ia a tais lugares? Ela riu de si mesma e se esticou até o abajur, para apagá-lo.
 Mas sua surpresa logo apareceu. Antes de conseguir apagar o abajur, uma figura minúscula surgiu por debaixo da cama, pulando em cima dela num impacto. Demi soltou um berro, e logo tapou a boca ao ver que era Samuel em cima dela.
 - O que você está fazendo aqui?! - Demi quase gritou. A garota respirava abafado.
 Miley e Madison acordaram na hora, e viram Demi sentada na cama, e Samuel logo a sua frente. O coração de Demi batia acelerado. Sua maior precoupação agora era de que se alguém a tivesse escutado o grito.
 - Samuel! - gritou Miley, se levantando da cama, com um enorme sorriso.
 - Miley! - gritou Samuel, correndo até a garota, pulando nos braços dela.
 Demi olhou aquela cena com nojo e se levantou, arrumando os cabelos.
 - Parem com isso! - disse ela, e os dois se afastaram. - Deixem desse romance sem graça. Vai, menino. Vai direto pro seu esconderijo! - Demi puxou os braços de Samuel. - Alguém podia ter visto você.
 Samuel revirou os olhos. Parecia que Demi não conhecia sua capacidade incrível de se virar sozinho.
 - Eu tive que esperar todos dormirem - falou ele.
 Demi bufou, entendiada. Queria Samuel o mais longe possível dali, não queria correr mais riscos por causa dele, estava quase sendo expulsa. A garota fechou os olhos, tentando se acalmar, amaldiçoando mentalmente Ryan Allen por ter "dado" temporariamente aquele garoto á ela. Ela não levava o menor jeito.
 - Porque você veio aqui? - perguntou ela, tentando se acalmar.
 - Vim pra agradecer por tudo que você me deu de presente - ele deu um sorriso inocente, sincero.
 Demi olhou para o garoto como se fosse louco. Ou talvez tivesse sérios problemas. Em vez de dar um sorriso como "de nada", a garota queria esganá-lo ali mesmo.
 - Isso é jeito de me agradecer? - disse ela, gesticulando com os braços. - Botando a gente em perigo?
 - Não - respondeu ele, confuso. - Assim!
 Samuel correu novamente para debaixo da cama de Demi.
 - Ele me deu um susto danado - disse ela ás garotas, e Miley soltar um riso.
 Logo Samuel se levantou, com um objeto estranho nas mãos. O garoto trazia consigo um livro branco, grande e parecia pesado para seus braços minúsculos. O que chamou a atenção de todas foi que, na capa branca do livro, havia o emblema do Upper East Side. Era um livro da escola.
 - O que você não podia roubar! - ele estendeu o livro para Demi, com um enorme sorriso.
 Finalmente, Madison caiu na real. Aquele era o livro que ela tanto procurava. Que havia falado com Samuel no caminhão, e que tinha deixado bem claro para o garoto não mexer um dedo sequer para resolver nada. Demi também conhecia o livro, e Miley mais ainda. Se lembrava exatamente do dia em que ela e Madison haviam ido clandestinamente á sala do diretor para tentar roubá-lo. Vários pontos de interrogação se passavam na cabeça das garotas naquele momento.
 Mas enfim, acabou que todas deram um sorriso enorme, apesar de confusas. Jamais conseguiram pegar aquele livro, e Samuel, tão pequeno e tão desajeitado, havia conseguido pra elas. Madison e Miley correram para perto de Demi, enquanto a mesma se sentava na beirada de sua cama.
 - Anderson, olha logo isso aqui! - disse Demi á Madison, a chamando pelo sobrenome, como ás vezes costumava chamar. Ela entregou o livro á Madison.
 Madison mal podia acreditar. Parecia que um de seus sonhos estava sendo realizado. Seu coração batia a mil por hora.
 - Hoje a tarde eu entrei lá na diretoria e peguei tudo isso - disse Samuel, com um sorriso glorioso.
 Demi olhou para o garoto, incrédula. Por um momento ela pensou que nada do que tentava ensiná-lo dava certo, o garoto parecia não escutar e principalmente não obedecer ás varias regras que Demi o proporcionava tantas vezes.
 - Como assim hoje á tarde? - disse ela, ainda pasma. - Tá maluco?! Menino, hoje a tarde todo mundo estava andando pelo colégio.
 - Ah ta, fica fria! - ele revirou os olhos. - Eu já sou muito experiente nisso.
 Demi olhou para o garoto, soltando um riso. Na verdade, ela queria rir agora. A cada dia se surpreendia cada vez mais com o moleque que estava cuidando, a cada dia parecia aprender mais com o garoto. Ela era intitulada como a mais rebelde, a mais errada, mas nada se comparava com as artimanhas que Samuel arrumava. O garoto era bem mais sagaz do que ela.
 - De qualquer maneira é muito perigoso fazer isso a tarde - comentou ela, bagunçando os cabelos de Samuel. - Ouviu?
 Samuel novamente revirou os olhos. Gostava do jeito que Demi cuidava dele, apesar de ser um pouco diferente, mas não gostava que ela exagerasse tanto. Achava realmente que já tinha mostrado que podia se virar sozinho.
 - E daí? Queria que eu pegasse isso amanhã a noite? - falou ele. - Quando vai ter uma reunião muito importante.
 Demi arregalou os olhos, incrédula. Agora sim parecia que a garota havia levado um tapa na cara. Amanhã era o dia de sua gloriosa festa.
 - Amanhã a noite?! - ela disse, pasma. - Como você sabe?!
 - Eu escutei quando o diretor mandou aquela magrela chamar todos do... Como é que é... Acho que é... - ele parecia tentar se lembrar. - Comitê, ou coisa assim. Mandou que me procurassem em todo o colégio.
 Demi bufou, querendo bater sua cabeça em algum lugar naquele momento. Tanto planejamento para aquela festa, e agora? E ainda tinha que arranjar um jeito de proteger Samuel, tinha que guardá-lo, não podia deixá-lo no colégio quando o grande grupo de conselhos iriam vasculhar cada centímetro do internato.
 - Que ótimo! - ela ironizou. - Justo amanhã a noite eles vão se reunir!
 - Se é assim, esquece a sua festa - falou Madison, concentrada no livro.
 Demi balançou a cabeça, negando. Não iria se dar por vencida, ela nunca fazia isso. Ainda mais pro diretor e um simples grupo de velhos, na opinião dela. Demi Lovato não era vencida, ela não iria cancelar a festa e havia decidido assim.
 - Não, temos que pensar em alguma coisa - falou ela.
 Madison deu um riso irônico.
 - Bom, então acrescente á sua lista de planejamento: como é que nós vamos fazer pra devolver isso aqui? - ela apontou para o enorme livro em seu colo.
 Samuel deu leves passos para trás. O garoto, ao pegar o livro, não havia pensado em possibilidade de devolução. Apenas queria entregá-lo as garotas e cair fora, não ter mais nada a ver com isso.
 - Ah ta! - ele disse. - Tchau!
 E rapidamente o garoto seguiu para a janela. Demi olhou para as amigas, com a pior cara do mundo.
 - E agora? - ela sussurrou. Ela parecia desolada, sem ter pra onde ir.
 - Ah ta! - disse Samuel, se virando para as garotas. - É verdade, vocês ficam bonitas com essa roupinha!
 E correu novamente para a janela, dessa vez saindo por ela. Miley deu um riso. Como sentia saudade daquele garoto, apesar dos desentimentos. Já Demi e Madison não acharam graça e estavam com uma grande ruga de preocupação. Como sairiam daquela? A festa já era no dia seguinte.
 Decidiram ir dormir. Iria acalmá-las, por enquanto.

Continua.

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