quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Depois da Chuva - 89

"A tempos esperando por algo melhor mas não tenho certeza por onde devo começar. Devo começar dizendo que te amo? Ou que os dias que passei com você foram, os mais felizes da minha vida? De nada sei, poderia dizer todas essas coisas e tudo seria verdade, mas, enquanto releio essas palavras a única coisa que passa pela minha cabeça é que queria estar com você agora."

Garagem, Upper East Side 
15h57min 
‘ Por Demi 

Eu e Madison trememos. O diretor não podia estar ali naquela hora e ainda mais com aquela pergunta. Minha cabeça não conseguia pensar em nenhuma resposta, e com certeza a de Madison também não. Eu bufei. Não podia me meter em encrenca, naquela hora não. Só que não saía voz da minha boca, eu não conseguia dizer nada, fiquei muito nervosa.
Ethan suspirou, balançando a cabeça. Não obtivera resposta nenhum vinda de eu e Madison. Ele pegou novamente a sacola e vasculhou-a novamente.

Ethan: Olha só! – Ele deu uma risada. – Um carrinho! – Ele retirou um carrinho vermelho de plástico da sacola. – É de fricção, não é? – Ele se abaixou no chão, mexendo com o carrinho. – Ah, não é de fricção! – Ele fez um biquinho.

Eu sinceramente não estava entendendo aonde ele queria chegar com aquela idiotice. Ta legal, aquelas coisas e brinquedos eram para o Samuel sim. Poxa, eu me importava com o garoto, estava cuidando dele. E ele precisava de roupas e brinquedos, não só ficar trancado naquele caminhão o tempo inteiro sem fazer nada. O diretor ainda estava agachado no chão, parecendo “brincar” com o carrinho.

Ethan: Demi, você não acha que os seus colegas estão muito grandinhos para brincar com isso? – Ele estendeu o carrinho, dessa vez com uma expressão séria. Que homem fingido, vou te dizer!
Demi: Eu sei, claro que sim. Mas explique isso pra minha mãe, porque ela gosta de diminuir a idade dela e a de todo mundo! – Dei um sorriso. E ele também pareceu rir e se levantou.
Ethan: Como piada não foi tão ruim, não é? – Ele ria. – Mas sua mãe não é uma retardada mental, Demi! – Desapareceu o sorriso. – Por favor, não me tome por um idiota.
Demi: Idiota?! – Arregalei meus olhos. – Por favor, o senhor? Que isso, o senhor é super inteligente! – Ele sorriu. Beleza. – Olha, vamos fazer uma coisa. Deixa eu ir, eu devolvo as coisas pra minha mãe e pronto!
Ethan: Ah é? – Ele arqueou as sobrancelhas e começou a guardar as coisas novamente na sacola. – Não. Pior que não. Acho que não será necessário.
Demi: Não, estou falando sério. Assim o senhor fica tranqüilo e acaba compreendendo que essas coisas não são pra nenhum menino inventado pelo Walker – Dei uma piscadinha ao dizer isso. O rosto dele ficou sério. – Deixa eu ir?

Ele cruzou os braços, me avaliando. Cara, como eu iria conseguir me livrar dele? Parecia mais uma missão impossível. Madison bufava, impaciente. E eu já quase pulava no pescoço daquele homem.

Quarto de Joe, Upper East Side 
16h10min 
‘ Por Joe 

Me deitei na cama, após o cansativo dia que eu tive. Ainda mais, da pior conversa que tive com meu pai. O pior é que ele queria se meter na minha vida, enquanto eu podia e posso muito bem cuidar da Demi sozinho. Não preciso que ele se meta aqui, logo na escola, onde não posso sujar a minha reputação. Me deitei na cama e Jacob e Logan entraram no quarto, quase ao mesmo tempo. Não me importei e peguei meu maço de cigarros no bolso, arranquei meu casaco e dei uma tragada.
Não fumo a muito tempo. Na verdade, comecei praticamente a 1 mês. É bom pra refrigerar a cabeça, dá calma na alma... Agora entendo porque meu pai não larga o cigarro dele. Não é bem um vício, é só uma maneira de não me estressar.
Depois de alguns minutos, Jacob se deitou na cama dele. E Logan rodeava o quarto, falando merda com merda, coisas que eu não entendia e também não queria prestrar atenção. Mas sabia que ele falava de Selena. Como sempre.

Logan: Não, não, assim não é possível, eu não entendo – Dizia ele, com um livro nas mãos. – Eu não entendo como o meu plano fracassou. E se eu fingir que ela não me interessa mais? Talvez a Selena se interessasse, não é?
Jacob: Porque você não para de arrumar confusão? – Ele se sentou na cama. – Olha, eu vou naquela boate, ok?
Joe: O que?! – Arregalei meus olhos, surpreso. Larguei o cigarro no cinzeiro e me levantei da cama. – Não. Jacob, eu contava com você, mano!
Jacob: Ah, seria muito melhor se me dissesse isso antes – Ele se levantou. – O que você quer comigo, fala aí!

Eu bufei e me sentei na outra cama. Jacob se sentou ao meu lado. Como ele não percebia o que eu queria? Normalmente Jacob era capaz de me ler, eu era como um livro aberto pra ele.

Joe: Olha, essa é a chance de mostrar pro meu pai que eu posso cuidar da Demi – Expliquei.
Jacob: Ta bom, e o que eu faço?
Joe: Bom, parceiro, quero que cuide da Emily – Passei meu braço em seu ombro.
Jacob: O que?! – Ele arregalou os olhos, e por um momento juro que ficou pálido. – Não, eu não!
Joe: Porque? – Perguntei, confuso. – Não consegue fazer isso?
Jacob: Ah não! – Ele retirou meu braço de seu ombro e foi se sentar em outra cama, se afastando de mim. Joe: Ah, é claro! – Me levantei. – Esqueci que ta saindo com a Chloe.

Eu suspirei. Havia esquecido realmente desse detalhe e não queria manchar o meu parceiro. Fui até Logan, que ainda estava em pé em um canto lendo algum livro e passei meu braço pelo seu ombro.

Joe: E você, Logan? – Perguntei, e ele me olhou assustado, tirando sua atenção do livro. – Pode me fazer esse favor? Cuidar da Emily?
Jacob: Não não! – Gritou ele, se levantando da cama rapidamente. – Logan quer ficar com... Quer ficar com a Selena! A Selena vai ficar na festa e se o Logan quiser ficar o tempo todo com a Selena, a Emily não vai dar importância pra ele.
Logan: Bom, mas talvez se a Selena não quiser ou eu não tiver mais vontade, de repente assim eu posso ficar acompanhado – Ele deu um sorriso.
Jacob: Eu acho melhor a gente não ir! – Deu as costas e voltou a se sentar na cama.
Joe: Mano, eu não me importo! – Disse a Jacob. – Essa é a minha oportunidade. To com tanta vontade de pegar a Demi! E já tenho tudo planejado.
Jacob: Olha, Joe, ta difícil. Vão brigar com a gente se descobrirem que nós fugimos.
Logan: Não, não vai acontecer nada. Além disso, vai ser muito divertido – Nós rimos. Jacob se levantou.
Jacob: Olha, e se de repente a Selena quiser ficar com você?
Logan; Bom... Obviamente não é a primeira vez que eu fico com duas mulheres! – Eu e ele rimos. As vezes eu realmente achava Logan demais! Percebi que Jacob não havia gostado nada daquilo.
Jacob: Do que está rindo? – Me perguntou.
Joe: Nada – Respondi, passando meu braços nos ombros deles. – É que nós vamos nos divertir bastante. Vai ser muito legal, não é?

Quarto de Selena, Upper East Side 
16h38min 
‘ Por Selena 

Voltei ao meu quarto. Nem sabia o porque direito de eu ter saído daquele jeito. Mas não sei, saber que Nick havia falado aquilo de mim me causava uma extrema raiva. Na verdade, eu nem sabia direito o porque. Mas o Jonas era tão... Argh! Odiava ele. Com certeza o odiava. E queria meter isso na minha cabeça eternamente. Isabella não se encontrava mais no quarto, e eu também não estava interessada em saber pra onde ela havia ido. Sentei na cama e peguei meu notbook, tentando me distrair. Fui procurar novidades no site do meu pai, novidades de desfiles Fashion Week ou qualquer outra coisa, que com certeza eu iria.
Estava dispersa navegando quando a porta do quarto se abriu, e vi Emily entrando. Aquilo apertou o meu coração. Ainda estávamos brigadas.

Emily: Eu estava te procurando – Disse ela, entrando no quarto. Eu suspirei, e fingi que ela não estava ali. – Eu preciso falar com você! – Ela caminhou até a minha cama.

Eu bufei, olhando para a tela do computador com uma concentração desnecessária. Mas precisava mostrar que era superior. Não queria olhar pra ela, nem queria falar com ela.

Emily: Selena, não faz isso comigo, eu não posso ficar brigada, eu gosto muito de você!
Selena: Pelo visto, você mente pra todo mundo que você gosta, Emily! – Falei, sem tirar os olhos do computador.
Emily: Porque você ta dizendo isso? – Ela sussurrou.
Selena: Pelo Joe! – Olhei pra ela. – Por mim. E não sei, de repente por mais alguém – Dei de ombros.
Emily: Ah, deixa de ser injusta, Selena!
Selena: Eu não sei se sou injusta, Emily. A única coisa que eu sei é que estou dizendo as coisas que eu sinto – Quase gritei. Aquilo me deixava estressada com facilidade. Ela suspirou e se sentou nos pés da cama.
Emily: Porque você não me dá uma oportunidade?
Selena: Porque quem me garante que você não mentiu pra mim a vida inteira? Talvez seja a primeira mentira que eu descubro!

Ela olhou pra mim com olhos arregalados, espantada. Mas o que eu dizia era verdade. Não sabia que essa foi a primeira vez ou foi mais uma de muitas. Aquilo me dominava por dentro, ia me desintegrando. Eu e Emily sempre fomos amigas, e ver nossa amizade assim... Cara, aquilo doía. Eu não queria acreditar.

Emily: Eu juro que eu nunca menti – Ela suspirou. – Eu só queria me vingar do Joe porque ele é o culpado! Ele não me respeita nunca.
Selena: Está bem, está bem, o Joe! Mas e eu? Que culpa eu tenho? Porque mentiu pra mim?
Emily: É que... – Ela bufou, e cessou a fala. Parecia pensar muito antes de falar. – Eu não queria comprometer o Jacob. Que foi com quem realmente eu me encontrei.

Minhas mãos tremeram. Meu estômago revirou. O que essa maluca estava me contando? Sabia que Emily era capaz de fazer loucuras, mas ela sempre foi fiel aos namorados dela. Com o Joe não achei que fosse diferente. Coitado dele. Fechei meus olhos, esperando que as vibrações ruins passassem e todo o choque pudesse ser cessado. Logo mais, abri-os.

Selena: Você está ficando com os dois? – Perguntei, com a voz falha. Ela assentiu.
Emily: Eu te disse que o Joe iria me pagar!
Selena: Não, não, não! – Dei um gritinho. – Emily, eu não gosto nada disso, o que está fazendo? Porque está fazendo isso?
Emily: O problema é que você não entende! Não te trocaram por outra família!
Selena: Você também não! – Gritei. – Escutou? O seu pai largou a sua mãe, e não você.
Emily: Não, não, ele abandonou todos nós. Porque a nova namorada dele não quer que ele veja a gente! Está vendo, Selena? Esse é o problema!
Selena: Emily, não pode ser – Me acalmei um pouco. – Você está vivendo uma vida que não é sua. Você tem que se preocupar em viver a sua. Nunca vai ser feliz assim!
Emily: Sabe o que é? Eu não sou idiota como a minha mãe! – Gritou. – A minha mãe aceitou ser humilhada sem fazer nada, só que ninguém vai me enganar, e era o que o Joe estava fazendo!

Percebi que se continuássemos falando, ela iria chorar. Mas não podia acabar com aquilo ali, sem mais nem menos. Emily sempre precisou de ajuda. Nunca se deu bem sozinha, nunca soube cuidar da própria vida. Sempre precisou de amigos a seu lado, precisava de pessoas. Só que só teve essas pessoas agora, porque antes, quando ela precisava realmente de uma família, ela não teve. Quando ela precisou de um pai, ela não teve. E ela carregava essa mágoa. Isso doía até em mim.

Selena: Sabe o que mais me preocupa em tudo isso? – Eu sussurrei, depois de um tempo em silêncio.
Emily: Sei, o Joe! – Ela respondeu, quase sem voz. – Ele é seu amigo.
Selena: Não. É você, Emily – Apontei pra ela. – Você é minha melhor amiga. E você é quem mais me preocupa.

E sem mais delongas, puxei-a para um abraço. Não sei como Emily não chorou naquela hora. Talvez não quisesse mais. Acariciei os cabelos loiros dela, querendo mais e mais a minha amiga perto de mim. Não iria suportar ficar longe de Emily. Ela havia me ajudado muito.

Emily: Ah, Selena. Por favor, não conte nada disso pra ninguém, ta legal? – Ela pediu, em meio ao braço.
Selena: Não, não. Não vou contar pra ninguém, eu juro.
Emily: Não vai contar nem pra Isabella, ok?
Selena: Ok.

Área de lazer, Upper East Side 
16h47min 
‘ Por Nick 

Eu e Isabella fomos a área de lazer e nos sentamos em uma mesa de frente ao gramado. Eu realmente não estava interessado em saber o que ela queria, mas não poderia negar, porque ainda estávamos “namorando”, digamos. Ela me pediu pra ficar sentado enquanto ela ia buscar umas coisas. Na volta, ela trazia consigo uma caixa enorme de papelão.

Isabella: Bom, são duas coisas – Disse ela enquanto se sentava. – Uma é que eu queria responder o que você me disse... Sobre nós dois.
Nick: Sim? – Perguntei, olhando atentamente pra ela. Lembrava-me com clareza desse dia do corredor, após ela ter me contado da Seita. Realmente, achava que Isabella era uma garota que precisava de tempo pra pensar. Eu dera á ela esse tempo.
Isabella: E... Tudo que eu sei é que eu gosto mais de você do que ninguém! – Ela abriu um lindo sorriso. – Não importa se você diz que nós somos de mundos diferentes, e... Mesmo que me dissesse que é um extraterrestre, não conseguiria deixar de amar você.

Eu balancei a cabeça, abrindo um sorrisinho. Porque isso tinha que estar acontecendo comigo? Meu propósito aqui não é esse, nunca foi. Vim pra cá com um único objetivo e acabei distorcendo as coisas. Fiz com que Isabella gostasse de mim, e agora estamos namorando. Não era isso que eu queria, não é pra isso que eu vim pra cá. E depois, que Isabella não faz idéia de que eu e Selena nos beijamos no meu quarto. Ok, isso é uma lembrança que eu tenho que esquecer, e que com certeza ela já esqueceu... Mas devo admitir que sempre antes de dormir eu penso naquele beijo. Parece um deja vú, e eu odeio isso. Mas olhar pra esse sorriso de Isabella, seus olhos brilhando quando me vêem... Parece impossível dizer não.

Nick: Isabella, eu só quero que tenha certeza disso.
Isabella: Mas eu tenho certeza absoluta – Ela sorriu, e se virou para a caixa. – E olha, eu trouxe isso. Pra você.

Eu olhei pra caixa, querendo me matar. O povo insistia em fazer isso comigo.

Nick: Isabella, eu já disse que não gosto de presentes.
Isabella: Mas isso aqui não é um presente, é uma reposição.

Abri a caixa.

Nick: Mas isso é material escolar!
Isabella: Ta vendo? Eu não teria o mal gosto de te dar qualquer material escolar – Ela deu um sorriso de canto. – Por favor, não despreza isso.
Nick: Ta bom, ta bom – Eu bufei. – Não vou devolver. Mas o que acha da gente levar isso lá pra boate e doar para os bolsistas?
Isabella: Você que sabe – Ela arqueou as sobrancelhas, e revirou os olhos.
Nick; Ta legal.

Continua.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Depois da Chuva - 88

"Dessa sociedade suicida que cria rótulos pra tudo, eu tenho uma vontade louca de fazer o que dé na telha , e que se dane o mundo, que se dane tudo! Ás vezes eu tenho vontade de matar aula, sair pelo mundo sem dar satisfação a ninguém, falar a primeira coisa que me vier à cabeça sem me importar com o que vão dizer, encarar a realidade com naturalidade."

Salão de Olívia, Califórnia
12h00min
‘ Por Miley


Acho que, sinceramente, não agüentava mais chorar. Me levantei do chão onde estava e enxuguei meu rosto por completo. Ao mesmo tempo me sentia idiota por me comover com aquilo, mas parecia justo. Por algum momento parecia justo. Balancei um pouco meus cabelos e me deparei com uma vassoura em minha frente, encostada na parede. Peguei-a no mesmo instante e comecei a varrer o chão do salão, comecei a limpar tudo que via, porque assim por alguns segundos alivia meu tormento. Ainda soluçava enquanto varria, não conseguia parar de chorar. Isso me causava um certo tipo de fraqueza.
Minha tia entrou novamente no salão, dessa vez com os cabelos arrumados e com outra roupa. Estava arrumada demais, mas sabia que não iria sair, e era sinal de que havia retocado muito a maquiagem. Ela me olhou e me viu chorando. Droga, não gosto quando ela me vê desse jeito. Me sinto muito fraca. Só que ela me olhou e simplesmente me ignorou. Só apareceu no salão, pegou um de seus cremes de pele e voltou novamente ao gabinete. Voltou novamente pelo mesmo lugar de onde havia entrado. Como se eu simplesmente não estivesse, como se eu não existisse.
Não sei o que me deu naquela hora, mas me deu uma vasta vontade de gritar e de espernear. Que coisa estúpida. Comecei a me sentir como se não fosse dali mesmo. Quem diria! Minha tia, a minha segunda mãe, que tinha me ajudado em tudo, estava virando a cara pra mim, em vez de me ajudar e me apoiar. Não sei bem o que eu fiz, só sei que não me segurei. Larguei a vassoura no chão e corri para dentro do gabinete.
Quando entrei, ela estava se olhando no espelho. Simplesmente se olhando. Nada havia em sua expressão, nada. Corri para trás dela, e pude ver nossos reflexos.

Miley: Eu sei que você não quer olhar pra mim! – Eu ainda chorava. – Mas mesmo assim eu vou falar o que eu sinto! Eu sei que você quebrou a cara pra que eu entrasse pro internato! O tempo que você se dedicou, que pagou aos professores! Mas, tia, entenda, eu não posso! Eu não posso! Eu não pertenço a esse lugar!
Minha voz falhava. Eu mal conseguia falar. E o silêncio dela me incomodava. Havia tanta coisa entalada na minha garganta, tantas verdades. Aquilo nem era o começo. Ela tinha que me entender, entender o que eu sinto.
Olívia: Não é isso que me incomoda! – Ela gritou, se virando pra mim.
Miley: O que é?
Olívia: Se mostre ao mundo, menina! – Ela gritou, se afastando de mim, voltando ao salão. Fui atrás dela.
Miley: E quem te falou isso?
Olívia: Não é preciso ninguém me dizer, eu vejo! – Nós andamos até finalmente pararmos na porta do salão, na calçada. – Sua mãe a convenceu de que o mundo é o quarto de sua mãe. E não é!
Eu chorava, não sabia porque. E de alguma forma não conseguia concordar com minha tia, não conseguia! Algo me impedia de pensar diferente.
Miley: Não, não – Discordei. – Eu estou com ela porque a amo! – Falávamos de Abigail.
Olívia: Tem muitas formas de amar. Não é só essa! Não tem porque ficar trancada em casa e nem nesse salão desgraçado! – Aponta para dentro do salão. – Sai daqui! Sai dessa cidade! Vai por aí, grita, se diverte, VIVE!
Miley: Mas esse é o meu mundo!
Olívia: Esse é o seu esconderijo! – Gritou, já enfurecida. – Lá fora tem um universo para explorar e você tem tudo para conquista-lo! Não pode ficar assim, eu tenho raiva de ver você assim, eu não posso suportar!
Miley: Mas eu tentei... – Eu já começava a soluçar novamente.
Olívia: Isso não é verdade, não tentou nada! Insista, não desista!
Eu não conseguia descrever o que se passava na minha cabeça naquele momento. Eram tantas coisas que queriam gritar, e tantas outras pressões. Dos dois lados haviam idéias, opiniões e outras coisas. As vezes eu pensava que essa “implicância” da minha tia comigo era porque ela queria decidir a minha vida por mim. Eu sempre fui uma menina quieta, certinha, caseira, ingênua... Muitas vezes intitulada a “santa” por todos. Nunca consegui cometer erros por livre e espontânea vontade. Na verdade eu fugia dos erros. Minha tia se consagrou, fez do possível ao impossível para me colocar no UPE e, quando cheguei para sentir a experiência, não era o que eu esperava. Mas ela insistia que era aquilo que era pra mim! Que lá era o meu lugar! E eu não conseguia pensar desse jeito. Algo me bloqueava de pensar assim.
Olívia: Porque se dar por vencida tão facilmente? – Perguntou ela, quase gritando. Eu ainda chorava.
Miley: Porque eu não consigo! – Gritei em resposta. – Poxa, eu não consigo! Pra mim dá muito trabalho!
Olívia: Você está pensando que não aceitam você, está pensando naqueles imbecis?! – Gritou ela, dessa vez estava realmente furiosa. – Eu mudo você de colégio, mas que ELES não sejam essa desculpa! Porque você não pode ficar aqui, POR FAVOR! Você tem que entender isso.
Miley: O problema não são os outros alunos, o problema sou eu.
Olívia: Você?! – Ela perguntou, pasma, abaixando o tom de voz. – Mas porque você, filha? Você é uma santa!

Dessa vez, minhas lágrimas caíam em jorrões. Lembranças más sempre me fazem isso.

Miley: Porque... Porque eu não sou igual aos outros! Eu tenho alguma coisa errada!
Olívia: Não, está errado! – Ela me interrompeu. – Quem está errada é você.

O telefone logo então tocou. Minha tia olhou pra mim com olhos arregalados, ainda pasma, e caminhou para dentro do salão. Eu sequei minhas lágrimas e tentei abafar os soluços, pois também queria saber quem havia ligado. Ela chegou ao telefone, respirando fundo.

Olívia: Alô? – Atendeu. – Sim, quem quer falar? – 1 minuto depois, ela me olhou, franzindo as sobrancelhas. – Demi?
Miley: Não! – Eu sussurrei, balançando as mãos, implorando pra que ela não falasse que eu estava ali. Pra aliviar, corri para o gabinete.
Olívia: Não... Desculpe, é que eu acabei de chegar e... Se quiser ligue um pouco mais tarde – Ela deu a desculpa.
“Está bem. Então, peça a ela pra me ligar, está bem? Preciso falar com ela. E... Também diga que estou com saudade. Ok? Obrigada.”

Ouvi minha tia batendo o telefone o gancho e pude perceber que havia desligado. Não estava muito afim de falar com Demi e nem com ninguém da UPE, não queria dar explicações. Na verdade, sabia que Demi iria me procurar, mas queria fugir meus pensamentos da UPE e de tudo que a envolvia.

Olívia: Miley, filha! – Ela gritou. – Desliguei! Filha, venha cá, por favor!

Salão principal, Upper East Side
12h30min
‘ Por Demi


Desliguei o telefone. Havia acabado de falar com a tia de Miley, a qual não lembrava o nome agora. Mas não agüentava mais ficar sem notícias de Miley. Ela havia sumido, sem mais nem menos, e nem deixado notícias. Isso me angustiava. Enquanto guardava meu iPhone no bolso, fui surpreendida pelo professor John, o qual parou na minha frente, segurando uma folha de papel nas mãos.
John: Você e eu temos uma conversa pendente – Ele sorriu, encostando seus ombros na parede. E que sorriso! Eu apenas suspirei.
Demi: Não. Se é por causa do trabalho, não sei, se quiser eu faço outro – Revirei os olhos. – Me dê 5, tanto faz, dá na mesma – Dei de ombros.

Ele apenas balançou a cabeça, me olhando como se eu realmente não fosse normal. Mas que sorriso é esse, meu Deus? Porque esse professor gatão não pode parar com isso? É um assédio pscicológico, e eu não posso mais me envolver com isso, já beijei um professor, se lembram? Pois então.

John: No trabalho você tirou um 10! – Ele sorriu. Meus olhos se arregalaram.
Demi: É verdade?! – Perguntei, surpresa.
John: Claro. Um 10 pelo conteúdo e pela sua valentia! – Ele me estendeu o papel em suas mãos, que quando vi era meu próprio trabalho.

Eu ainda não conseguia acreditar. Achava sinceramente que ele me daria um 5... Ou quem sabe um 0 logo! Essa simpatia dele o tornava ainda mais gato, que droga! Logo em seguida, ele pegou no meu ombro e me encaminhou até um dos bancos do salão, que no momento se encontrava com poucas pessoas.

John: Agora o que eu quero, Demi, que com a mesma valentia e franqueza, me diga o que estava fazendo naquele terreno abandonado.

Minhas pernas tremeram. Como assim ele me viu? Isso não podia estar acontecendo! Minha mente girou e a primeira coisa que consegui pensar foi em Samuel, e se ele havia visto vestígios ou havia visto o próprio Samuel. Senti minha língua embolar e tremer.

Demi: É... Era que eu estava tentando lembrar, professor... E sabe o que é? É que eu já tinha esquecido desse incidente e não sei porque... Acho que eu estava andando – Nunca gaguejei tanto na minha vida. Ele me olhava com uma cara de desconfiado. Normal. – Fazendo cooper... Qualquer coisa.
John: E porque você não prova e diz a verdade? É melhor.
Demi: Professor, eu juro de verdade que não lembro! – Tentei convencê-lo da melhor forma possível. – Sério! Qualquer coisa que eu disser vai parecer mentira, porque agora eu não lembro.

Ele assentiu com a cabeça, e mexeu nos cabelos. Isso é golpe baixo!

John: Olha, Demi, eu não dou conselhos, não sou ninguém de verdade. Mas eu posso compartilhar experiências. E nesse lugar eu digo que... Tem coisas que não valem a pena! – Ele suspirou. Eu juntei as sobrancelhas, confusa. – Tem coisas que não tem sentido.
Demi: O que quer dizer? – Perguntei, confusa.
John: É muito bonito ser valente. Pra mim é perfeito, lutar contra a injustiça, muito bem. Mas num lugar proibido, onde é perigoso só pra poder descumprir uma norma, pra mim é idiotice! Principalmente pra alguém como você. Que eu considero muito inteligente.

Ele simplesmente deu um sorriso de canto e se levantou, se retirando. Eu ainda processava as palavras dele. Com certeza ele não sabia de nada, nadinha do Samuel. Nem sabia o que eu iria fazer lá no terreno. Mas o que ele quis dizer? Que quebrar regras era idiotice? Principalmente aqui? Eu não conseguia analisar, não conseguia achar lógica. Teria que conversar com ele mais vezes, é claro. E seria um prazer enorme!
Olhei-o subindo as escadas e me levantei do banco. Agora tudo parecia ganhar um pouco mais de lógica. Um pouquinho, apenas.

Demi: Valeu, professor – Falei a mim mesma. – Eu vou me lembrar disso.

E sorri comigo mesma.

Quarto de Selena, Upper East Side
13h30min
‘ Por Selena


Voltei ao quarto, já que não havia encontrado Miley lá fora. Aproveitei o caminho e joguei o panfleto do “Inferno” no lixo. É claro, rasgado em mil pedaços. Só loucos iriam nessa festa, ainda mais organizada pela Demi. Iria me desculpar com Chloe depois, mas não iria mesmo. Cheguei ao quarto, me jogando na cama. Isabella ainda estava lá, dessa vez sentada á escrivaninha, rodeada de livros, o que me deixou confusa.

Selena: O que é isso? – Perguntei, me sentando na cama.
Isabella: Ah, eu comprei algumas coisas para o Nick – Respondeu ela, sorridente. – Tadinho! Não deixaram nada.

Aquele nome me dava náuseas, literalmente. Não queria pensar naquele garoto, estava muito bem me distraindo e não pensar naquele rosto. Eu já havia ficado sabendo do que a Seita fez no quarto dele... O que me causava calafrios. Não sabia porque Isabella insistia naquele garoto.

Selena: Algumas coisinhas? – Disse irônicamente. Não eram poucas coisas, não mesmo. – Eu sempre achei que eram os meninos que compravam coisinhas para as meninas – Mandei indireta.
Isabella: Tavez no seu caso. Mas no meu não. Porque com você eles podem fazer filas e tudo, mas comigo... – Ela respirou fundo. – Além do mais, não se usa mais isso.
Selena: Não se usa mais isso? – Arqueei as sobrancelhas. – Só se for na sua terra que não se usa mais isso.
Isabella: Ah! – Ela bufou, se levantando da escrivaninha. – Nick tem razão, viu?
Selena: Tem razão em que? – Perguntei, bufando. Odiava quando ela dava razão áquele ser desprezível.
Isabella: Sobre a sua histeria! – Respondeu ela, colocando as “coisinhas” numa caixa. – Sua loucura.
Selena: O QUE?! – Gritei. – Espera, como ele tem razão sobre a minha histeria? Do que está falando? – Eu queria gritar mais. Não acreditava no que ouvia. Isabella suspirou.
Isabella: Você é uma histérica! É por isso que não tem namorado – Ela se sentou na outra cama, com a caixa no colo.
Selena: Como aquele idiota disse isso, Isabella? – Gritei, me levantando da cama, ainda irritada. – Você tem que dizer a ele que eu não sou uma histérica! Como ele se atreve?! COMO ASSIM HISTÉRICA? Por favor, me explica!

Não sei o que deu em mim. Sinceramente, foi automático. Bem lá no fundo, estava com um ódio de Nick Jonas. Ódio por ele ter tirado essas conclusões sobre mim, queria espancá-lo naquele momento por ter dito isso sobre mim. Mas por outro lado, não queria que ele realmente pensasse que eu era uma histérica. Que droga, o que esse garoto causava em mim?

Isabella: Ele disse que você é uma histérica! – Disse ela, abrindo um livro. – Que você é muito imatura pra ter um namorado. Primeiro você se insinua pra depois nada!

Arregalei meus olhos. Agora sim eu estava com ódio! Agora sim estava com realmente vontade de matá-lo! Como ele pode dizer isso?! Respirei fundo e, não sabendo o que tinha dado nas minhas pernas, corri para a porta.

Isabella: Mas ele disse isso pro seu bem! – Gritou ela antes que eu saísse ás pressas do quarto.

Sala de jogos, Upper East Side
14h05min
‘ Por Nick


Eu e Aiden ainda olhávamos para Demi de longe. Estávamos atrás da mesa de sinuca enquanto ela estava sentada em uma das mesas da lanchonete, com apenas um copo de suco ao seu lado e escrevendo algo. Estava tão perdida em seu pequeno pedaço de papel que achei meio falta de educação interromper, mas precisava ter o que queria com ela. Demi era minha amiga, não iria se estressar como outras comigo.

Aiden: É melhor a gente ir perguntar de uma vez – Apontou para Demi, enquanto me empurrava até ela.

Eu não disse nada, apenas fui com ele. Chegamos lá e Demi levantou os olhos para nos ver, e deu um sorrisinho. O máximo de sorriso que ela podia dar.

Nick: Então, Demi, vem cá, me explica uma coisa. Que história é essa de que tem que levar material escolar pra entrar na boate?
Demi: É isso aí – Ela sorriu. – Acabou de dizer. O que mais você queria saber? – Ela abaixou a cabeça e voltou a se concentrar em sua escrita. Pois é, Demi estava sem tempo.

De alguma forma, eu já sacava o que ela queria fazer. E não estava gostando.

Nick: Olha, se está fazendo isso por mim, eu juro que...
Demi: Ah querido, não venha fazer uma ceninha de macho orgulhoso, por favor! – Ela me interrompeu. – Somos amigos ou não?
Nick: Somos! – Eu abri um sorriso involuntariamente. Demi causava isso em mim. – Mas... Eu imagino, pra que o material e...
Demi: Eu estou fazendo isso por todos os bolsistas, então é melhor pedirem alguma pra lanchar e sentarem comigo! – Ela apontou para as duas cadeiras a sua frente.

Eu dei de ombros. Demi era maravilhosa. Não que ela fosse normal e jeitosa. Ela era diferente. Uma das melhores amigas que eu podia imaginar encontrar nesse antro de escola.

Nick: Pode ser – Dei de ombros e eu e Aiden nos sentamos. – Olha, se é pra todos os bolsistas ta legal, ok?
Demi: Além do mais, eu te devia uma. Pelo grupo de dança, lembra? – Eu ri.
Nick: Sabe... Gosto de você! Porque o que tem de boazinha tem de maluca! – Nós rimos e trocamos toques de mãos.

No mesmo instante que minhas mãos de Demi se separaram, Isabella apareceu em nosso meio. E parecia com a expressão cansada, ao mesmo tempo irritada.

Isabella: Nick, preciso falar com você – Ela falou diretamente comigo, como se Demi e Aiden não estivessem ali. – Urgente!
Nick: O que foi? – Eu ainda ria de Demi. – Ok, claro que sim. Com muito prazer – Me levantei. – Já volto, gente!
Demi: Tchau.
Sala de jogos, Upper East Side
14h20min
‘ Por Demi


Nick havia acabado de sair, e eu ainda permanecia na mesa com Aiden. Na verdade, não éramos muito de conversar. Na verdade, parece que nunca conversamos. Trocávamos algumas palavras por causa de Nick e essas coisas. Enquanto escrevia no meu caderno, que na verdade estava fazendo um dever de casa, Aiden olhava muito para baixo. Em alguns momentos pensei que ele estava cabisbaixo com algo. Foi quando percebi que ele estava mesmo olhando para as minhas pernas.

Demi: E você? – Perguntei, praticamente gritando, fazendo ele tirar sua atenção e olhar para mim. – Perdeu alguma coisa?
Aiden: É... Olha só, você pode me explicar a... – Ele apontava para o meu caderno.
Demi: A matéria? – Perguntei. – Quer que eu explique?
Aiden: Sim.

E lá se foi umas boas 2 horas.

Garagem, Upper East Side
15h45min


Saí da sala de jogos após explicar umas lorotas para Aiden. Eu sei que, na verdade, ele não queria saber de matéria nenhuma, foi só uma desculpa para não apanhar. E ele fez muito bem, só não sei se serei boazinha assim da próxima vez. Logo após, eu e Madison já estávamos na garagem da escola, esperando o Matthew chegar. Matthew iria me trazer algumas coisas que pedi á minha mãe, com certeza coisas para a festa, que eu não via a hora de chegar logo. Iria bombar completamente.
Eu e Madison conversávamos quando vimos a limusine de minha mãe chegar e Matthew saindo do carro as pressas.

Demi: Graças a Deus, até que enfim você chegou. Então, trouxe as coisas?
Matthew: Claro, senhorita! – Ele rapidamente foi abrir uma das últimas portas do carro enorme.
Madison: Que bom – Sussurrou.
Demi: Rápido, por favor!
Matthew: Olha, eu trouxe aqui essas bolsas que a sua mãe mandou! – Ele saiu do carro com milhares de bolsas nos braços.
Demi: Deixa eu ver – Peguei rapidamente as bolsas, com a ajuda de Madison.
Matthew: Desejam mais alguma coisa?
Demi: Espera! – Eu verifiquei as bolsas. – Perfeito! Muito obrigada. Pode ir, obrigada.

Ele me surpreendeu, dando uma risada.

Matthew: Meninas, quando eu era menino eu sabia de todas as coisas! – Ele dizia enquanto ia ao porta malas. – Mas agora que eu sou velho...
Madison: Tudo isso quem mandou foi a sua mãe?
Demi: Ela trouxe até mais – Eu sorri. – Agora o que você tem que fazer é achar o Samuel o mais rápido possível e eu tenho que sair daqui de qualquer maneira.
Madison: Ta bom, me dá – Ela pegou uma de minhas sacolas.

Nós estávamos entrando novamente no colégio quando de repente nos deparamos com o diretor Ethan. Na boa, não há nada pior para estragar meu dia.

Ethan: Parece que as mocinhas foram as compras! – Ele sorriu. Isso me dava nojo.
Demi: Não – Dei um sorriso. – Pior que não fomos. São umas besteiras que a minha mãe me mandou.
Ethan: Ah é? – Ele arqueou as sobrancelhas. – Posso ver? – Ele esticou os braços e pegou uma sacola. Tive uma vontade louca de arrancar aqueles dedos fora, mas não podia mais aprontar nenhuma. Pelo menos até o dia da festa.

Dei um sorriso forçado enquanto ele pegava uma bola de plástico amarela e uma camisa de marinheiro para meninas. Sim, fantasia. E o pior que Ethan era desconfiado com tudo.

Ethan: Pra quem é tudo isso, senhoritdas?

Continua.

Depois da Chuva - 87

"E mais uma vez eu poderia passar dias escrevendo sobre como eu me sinto tão protegido por ter você, por ter alguém pra chamar e ligar no final do dia, eu poderia escrever quantos sorrisos você já colocou no meu rosto, quantas inúmeras risadas nós fomos capaz de dar juntos, e sobre como eu gosto de te olhar sem dizer nada. Mas isso não faria a mínima diferença, sabendo que você entende tudo que eu quero dizer só de olhar pra mim."

Quarto de Demi – 17:40 P.M
Demi e Madison deitavam-se na cama, enquanto Demi discava o número de Emma, querendo dizer algo para seu plano. Depois de bons minutos de conversa, parecia que conseguira convencer a mãe a fazer mais uma de suas vontades.
- Mãezinha, é sério, obrigada pela boa ação e juro que Deus vai te pagar e os glúteos vão levantar. Vão ficar lindos! Agora é sério, obrigada mãe, juro que você me salvou! –disse Demi ao telefone.
Emma estava no meio de uma massagem, feita pelo seu Benjamin, e falava com Demi ao telefone. Adorava ouvir a voz da filha, em qualquer ocasião.
- Ah, filha, estou sim –disse ela- Filha, você sabe que eu faço isso porque eu gosto muito de você, não sabe?
- É, eu sei, claro.
- Ah filha, mas fala direito, vai. Diz que você me ama também. Vai, diz!
- Ai mãe, ta bom.. também te amo, ok? –suspira- Tchau!
- Até logo, meu amorzinho –faz biquinho- Mas antes.. me mande um beijinho de despedida, ok? Olha, eu vou te mandar um! –faz um sonzinho de beijo.
Demi já perdia a paciência.
- Ai mãe, na boa, como você é babona! Você faz uma coisa direito e eu ainda tenho que te aturar! –bufa- Lá vai o seu beijo! –faz um barulho de beijo.
Emma ficou sorridente.
- Tchau.
Demi desligou o telefone e se sentou na cama. Ela e Madison sorriam, agora mais do que nunca.
- E aí? –perguntou Madison.
- Demais! Ela me botou em contato com um amigo que faz festas muito boas numa boate chamada “O Inferno”. Muito garoto vai lá.
- E daí?
- É boa demais –disse como se fosse “óbvio”.
- Mas o que tem isso?
- Você não entende, se você não vai ao “Inferno”, você não é ninguém!
Madison suspira, ainda confusa.
- Legal, ta tudo muito bonito, mas.. o que isso tem a ver com ajudar o Nick?
- Bom, você não viu quantos garotos e garotas tem nesse colégio? Todo mundo vai querer ir no “Inferno.” É a boate da moda –ri.
- Ah, muito bem, muito bem, eu fui mordida pelo cachorro e você ta com raiva? –perguntou Madison, irônica.
Demi ficou confusa.
- Porque?
- Como porque? Porque você está maluca!
- Maluca? –disse Demi, sorrindo- Então eu vou te morder! –abre a boca e imita um rugido, e tenta morder Madison, a qual foge da cama, rindo.
Sala do diretor – Upper East Side – 17:45 P.M
- Cafezinho?- pergunta Ethan ao professor John, que acabava se de sentar.
- Sim, por favor- agradece John.
Ethan serve o café e se senta.
- Olha, eu mandei chama-lo porque preciso que tenha mão firme com a aluna Demi Lovato.
- Hmm, eu não entendi bem. O que quer dizer?- perguntou, confuso.
- Acho que fui suficientemente claro. Terá que cuidar da Demi Lovato. Açúcar?- ofereceu.
- Não, obrigado- suspirou o professor- Mas eu cuido de todos os meus alunos, senhor Johnson. Não faço distinções.
- Não, tudo bem, ninguém está falando de distinções, é outra coisa. Essa menina é nova, e estou sendo muito tolerante com ela.- tomou um pouco de seu café.
- É?
- Mas acho que tudo tem um limite.
John sorriu.
- Isso é verdade.
- Está vendo? Concordamos, professor- sorriu- Quero que você me ajude pra que ela entenda as normas desse colégio.
- Ér.. ela é muito inteligente, eu acho que entende perfeitamente.
- Perdão, professor. O problema com essa menina é que.. não vem de uma casa normal. –sussurra- Entendeu?
- Não –sorriu o professor- O que é uma casa normal?
Ethan fechou seu sorriso, vendo como John era debochado.
- É onde falta disciplina, ela tem o vírus da rebeldia e temos que vacina-la! –exclamou o diretor.
- Me desculpe, mas eu não vim aqui pra vacinar ninguém!
Ethan sorriu forçado.
- Você como professor dessa instituição sabe que nossa especialidade é mudar os instintos rebeldes, não é? Até corrigi-los.
- Sabe o que é? É que eu tenho que preparar uma aula. Com licença –se levanta.
- Vá, pode ir –se levanta também e aperta a mão de John- Mas por favor, lembre-se de tudo que conversamos, professor.
- Claro.
- Boa tarde.
- Boa tarde –retribui e sai da sala. 

Quarto de Selena – Upper East Side – 18:00 P.M 
Selena se deitou na cama, de bruços, enquanto Isabella a fazia uma massagem nos ombros.
- Quer saber? Ela nunca foi sincera –disse Isa.- Eu disse, é uma falsa! Eu não acredito que você considerava ela sua amiga.
- Eu não sei, acho que devia escutar você.
- Todo colégio fala mal dela. E tem mais, tem uma fama! Eu fiquei sabendo que os meninos chamavam ela de carroça, sabe porque? –ri.
- Não.
- Porque qualquer boi puxava! –Isabella riu.
- Ai Isabella, não fica me contando isso! Essas coisas são fofocas, não me interessam. 
- Mas deviam! Olha, você concorda que se ela ficar no grupo vai prejudicar a todas nós?
- Mas porque? Olha, a Emily pode sair com todo o colégio se ela tiver afim. O que me aborrece é que ela ficou falando mentira, isso é o que me irrita muito.
- E outra que tem cara de mosquinha morta é essa Miley. A qualquer momento, BUM! Não acha? Te dá uma apunhalada pelas costas.
- Isabella, é claro que não! A Miley não vai fazer mal a ninguém.
- Olha, no seu lugar, eu jamais daria as costas pra ela.
- Olha, o que eu vou fazer é transformar a Miley numa menina como nós. Uma senhorita, princesinha da sociedade! É o meu projeto esse ano e eu já repeti isso em todos os idiomas.
- Eu acho que isso vai ser muito difícil.
- Não. O que vai ser muito difícil é fazer com que deixe de ser amiga da idiota da Demi, mas eu vou conseguir!
Selena se levanta da cama.
- Aonde você vai? –perguntou Isa.
- Eu vou procura-la!
- Até isso?!
Pátio, Upper East Side
18h10min

- Chloe, o que é isso? –perguntou Selena ao seu aproximar de Chloe e Madison, que distribuíam papeis no meio do pátio. – Outra carta anônima?
- Não, são convites pra uma festa.
- Festa? Quem ta organizando? –pega um folheto.
- Demi!
- Ai, que nojo! O que aquela idiota quer agora? –começa a ler- “Bem vindos ao Inferno. Bebidas, músicas e algo mais. Na sexta feira.” Ai, como ela é burra! Como sexta feira? Isso é impossível.
- Porque?
- Chloezinha, estamos em um internato, querida.
- Eu sei, mas a Demi está organizando uma fuga coletiva.
- O que? –ri- A idiotice dela não tem limites, não é? Fala sério!
- Não, não fica azarando a idéia, é por uma boa causa.
- Que boa causa? –retorna a ler- “Requisitos para entrar: canetas, livros, qualquer material de escola.” Ah, ela quer fazer uma arrecadação pra fazer uma cirurgia plástica! Deve estar querendo colocar o que a gente tem de sobra. Mas por não ter dinheiro, ela tem que juntar!
- Quer saber? Eu acho uma idéia sensacional.
- Ah é? Eu acho o contrário, a idéia mais burra dessa Demizinha!
- Não, a gente devia ir, sei lá.
- Você é a primeira da lista, não é?
- Tudo bem, fica com isso! –dá um folheto pra Sel- Eu quero ver você lá!
- Ah, pode deixar, eu já to na porta! –fala irônicamente.

- E aí, gatinha, eu quero falar com você um minuto! –disse Logan, chegando em Selena.
- Pode falar.
- Acontece que eu estava vendo essa propaganda e na hora eu pensei: Selena tem que ir com Logan, e Logan obviamente tem que ir com Selena. Então eu pensei, o que a gente vai fazer?
- Querido, olha só: você sabe que eu faço muitas obras beneficentes, mas.. eu faço tipo, almoços internacionais da Cruz Vermelha, coisas assim. Não é nada pessoal, mas isso aqui –aponta pro folheto- problema é seu se for! Sério, quem organizou foi a Demi. Foi mal, Logan, mas fica pra próxima!

- Escuta, Madison. Sabe onde eu posso encontrar a Miley? – perguntou Selena.
- Sim. Na casa dela.
- E quanto tempo ela vai ficar na casa dela?
- Olha, não sei, mas acho que vai ficar pelos próximos 50 anos.
- Como?!
- É que ela não agüenta o ambiente desse colégio. Aqui tem muita garota fresca.

Continua.

Depois da Chuva - 86

“Acho que esqueceram de me dizer que faz parte do amor esses ataques emocionais no meio do dia. É uma dependência de você que chega a me assustar. E chega a ser estranho também, esse modo esquisito de te querer loucamente a cada segundo do meu dia.” — Giovanna, Bullyss. 

 Jacob, mais uma vez, esperava por Emily no porão, nos fundos da escola. Os dois ainda continuavam com esses encontros as escondidas, e Jacob pensava se algum dia eles iriam ser flagrados... mas quando estava com Emily nada mais importava. Não sabia se estava se apaixonando pela patricinha, mas seus problemas sumiam de sua mente quando se encontrava ao lado da mesma. Emily entrou no porão, e Jacob se levantou. Observou a garota enquanto se aproximava: seus cabelos loiros e curtos davam um certo charme, e seu sorriso era magnífico.
Jacob: Ah, Emily.. eu não sei qual é o meu problema.
E, em um instante, já agarrava a garota pela cintura e a beijava com precisão, com vontade. A mesma soltou um enorme sorriso enquanto beijava o amante, sempre com bastante mordidinhas e carinhos.
Jacob: Eu precisava te ver.. não consigo mais parar de pensar em você.
Emily: Comigo é a mesma coisa, eu fico o tempo todo pensando em você.
Jacob suspirou, beijando a garota mais uma vez.
Jacob: Eu falei com o Joe.. ele não pretende terminar com você.
Emily: Não se preocupe, vou dar um jeito dele me mandar pro inferno.
Jacob: Tá, mas.. não é fácil dizer a ele de uma vez.
Emily: É, eu sei, mas.. acho que vai dar confusão entre vocês e..
Não terminou a frase, pois Jacob não resistiu ao sorriso lindo e perfeito da garota, a agarrou mais uma vez, não conseguindo resistir a tentação. Emily se separou.
Emily: Ele vai descobrir que eu troquei ele por você e aí você vai se dar mal.
Jacob: (suspira) Você tem toda razão, então..
Emily: Vamos devagar! Eu vou ficar toda ignorante e fria com ele, não se preocupe, o Joe é tão orgulhoso que ele vai me mandar pro inferno - sorriu e beijou Jacob.
Jacob: Tá, e enquanto isso?
Emily: - beijando o garoto - A gente vai continuar se encontrando escondido.
Jacob sorriu em meio aos beijos. Não gostava de ter que ser obrigado a esconder Emily dos outros, mas era preciso. Em tempos, não acreditava que podia ser capaz de trair o melhor amigo, mas quando estava com Emily, esse sentimento de culpa desaparecia totalmente. A carne era mais forte do que a confiança e a lealdade. O coração também o comandava.. então ele não se importava com isso, pelo menos quando estava com Emily, sendo guiado pelo seu veneno.
Jacob: Eu quero ficar com você o tempo todo - disse, apaixonado - Eu não vou te deixar. Eu vou pegar leve.
Emily: - sorrindo em meio aos beijos - Quanto menos a gente se encontrar, mais o desejo vai aumentar.
Jacob sorriu, imaginando tantas e mais tantas fantasias com Emily. O garoto a beijou com mais vontade, passando os beijos para seu pescoço. Logo mais, os dois estavam deitados sobre a cama, com roupas íntimas e trocando carícias. Jacob remexeu no bolso da calça a procura de camisinha, enquanto Emily arrancava o resto de pano que ainda tinha. E ali, mais uma vez, eles tiveram um momento sexual selvagem, e Jacob já ficava louco de desejo ao imaginar a próxima. Pra Emily era só uma transa, é claro.

Refeitório - Upper East Side, 14:00 P.M
Joe: Não sei do que está falando. (disse ele á Demi)
Demi: Ah, não sabe? (levantou as sobrancelhas) O seu paizinho não te contou que mandou ameaçar a gente? E ainda que soltou um monte de cachorros? Olha pra ela! - apontou para Madison, que estava atrás dela.
Demi bufou, olhando com nojo para Joe. Ele olhava para as garotas com um olhar de desprezo. Demi balançou a cabeça e saiu, acompanhada por Madison. Joe bufou, quase prestes a pular no pescoço de Demi. "Fechou o tempo, hein" disse um garoto, batendo no ombro de Joe.
Selena: Ah, não liga pra ela - se aproximou de Joe.
Joe: Eu não sei do que ela tá falando! - gritou - Eu não mandei meu pai fazer nada!
Selena: Bom, eu sei mas... Vem cá, não tinha que estar com a Emily?
Joe: Não - juntou as sobrancelhas.
Selena: Você não mandou uma carta chamando ela? - perguntou, confusa.
Joe: Claro que não. 
Selena arregalou os olhos, e os piores pensamentos se passaram em sua cabeça.
Selena: Ah... Eu acho que me confundi - riu, nervosa.

Sala do diretor - Upper East Side - 15:25 P.M
Ethan: Obrigado, senhor secretário, e como eu já disse, esqueça a Demi. Cuidarei pra que ela não incomode mais. E só pro senhor saber...
Joe: - entrando na sala - Pai! - Alex se virou pra ele na porta - Preciso falar com você! A sós!
Ethan: - ri - A vontade. Pode usar a diretoria, por favor. Fiquem a vontade. - se encaminha até a porta - Com licença. - e sai.
Joe: Pai, porque se meteu com a Demi?! - gritou, se sentando na cadeira.
Alex: - frio - Temos que corrigi-la! E espero que você faça.
Joe: Eu ia fazer da minha maneira, pai.
Alex: Tudo bem, mas qual é a sua maneira? Batendo nela? - levanta as sobrancelhas - Joe, você não tem inteligência! O primeiro passo para ganhar uma batalha é conhecer o seu adversário, depois agir.
Joe: - bufou, estressado - Pai, conheço ela muito bem!
Alex: - ri irônicamente - O que você sabe? Você não sabe nada. Tem que estudar bem os passos, conhecer ela. Eu proíbo você de se aproximar dela. Está ouvindo? Estou falando com você!
Joe: Tá bom, tá bom, pai! - grita - Eu estou escutando! Mas não concordo com o que diz. Esse é o meu mundo! Por favor, não se meta, eu sei como resolver!
Alex: - balança a cabeça, debochando - Ah Joe... Joezinho... Olha o que acontece quando você resolve. Uma mulher está atormentando você! Então não me venha com reclamações. – suspira, dando uma tragada no cigarro – A propósito, estude! Você precisa muito. Estude.
O pai de Joe saiu da sala, enquanto o mesmo quase se difurcava de raiva. Como podia ter um pai tão desprezível? Um pai que nem ao menos confiava nele, sabia que ele capaz de fazer algo. Joe sofria com isso, mas não podia fazer nada. Tinha medo do pai apesar de tudo. E agora que estava proibido de chegar perto de Demi, tudo iria se tornar mais difícil.
Joe: Você vai ver que vou resolver isso sozinho! – grita para si mesmo. – Vou cuidar da Demi! Ela vai ver. 

Quarto de Demi – 16:00 P.M
Madison: AI! (gritou quando Demi mexia em seu curativo)
Demi: Calma...
Madison: Não... Espera... Não... (bufa) Eu prefiro agüentar um pouco a dor a deixar que apanhassem o Samuel.
Demi: Eu sei, mas é sério, muita coragem a sua, eu não ia querer ser mordida por cachorro nem em sonho!
Madison: Não, a dor física a gente agüenta. Mas... a outra não! – se senta na cama – Eu sei como são os centros pra menores, amiga. E... eu juro que eu faria qualquer coisa pro Samuel não parar lá!
Demi: (suspira) Você me surpreende de verdade. Não sabe como.. como eu te admiro.
Madison: Ta bom, mas agora é melhor a gente virar essa página porque eu não desejo a ninguém o que eu não quero pra mim! E isso é tudo, já passou. Melhor assim, não é?
Demi: É, você tem razão e.. tem ainda o Nick e tem ainda a Miley, que..
Madison: Não, não, a Miley nem é bom mencionar! Fugiu como uma covarde! É melhor se preocupar com o Nick, tem alguma idéia?
Demi: (sorri) É óbvio!

Quarto de Selena – 17:30 P.M 
Emily chega ao quarto, sorridente. Selena a observa, ainda desconfiada.
Selena: E aí, Emily. Como foi com o Joe?
Emily: Ah, como sempre maravilhoso! Toda vez que eu fico com ele, eu fico louca! (ri)
Selena: (irônica) Escuta, como se sente tendo um namorado virtual?
Emily: O que você quer dizer com isso?
Selena: É que o Joe estava comigo, Emily! E a não ser que tenha um clone, não sei como ele fez pra estar em dois lugares ao mesmo tempo. (Emily suspira) E ele também me disse que vocês não tem nenhum encontro! Emily, com quem você estava?!

Selena: Porque está mentindo pra mim?! Porque disse que ia se encontrar com o Joe?
Emily: Porque eu não posso te contar com quem eu estava até agora! (grita)
Selena: Tudo bem, eu pensei que éramos amigas!
Emily: Mas nós somos! O fato de eu não querer dizer com quem eu estava até agora não quer dizer que nós não somos amigas!
Selena: Não, Emily, me perdoa. Mas você e eu não vamos poder continuar sendo as mesmas. Porque duas amigas, como éramos você e eu, Emily.. não ficam mentindo! (sai do quarto)
Emily: Selena, espera, por favor!

 Continua.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Depois da Chuva - 89

"A tempos esperando por algo melhor mas não tenho certeza por onde devo começar. Devo começar dizendo que te amo? Ou que os dias que passei com você foram, os mais felizes da minha vida? De nada sei, poderia dizer todas essas coisas e tudo seria verdade, mas, enquanto releio essas palavras a única coisa que passa pela minha cabeça é que queria estar com você agora."

Garagem, Upper East Side 
15h57min 
‘ Por Demi 

Eu e Madison trememos. O diretor não podia estar ali naquela hora e ainda mais com aquela pergunta. Minha cabeça não conseguia pensar em nenhuma resposta, e com certeza a de Madison também não. Eu bufei. Não podia me meter em encrenca, naquela hora não. Só que não saía voz da minha boca, eu não conseguia dizer nada, fiquei muito nervosa.
Ethan suspirou, balançando a cabeça. Não obtivera resposta nenhum vinda de eu e Madison. Ele pegou novamente a sacola e vasculhou-a novamente.

Ethan: Olha só! – Ele deu uma risada. – Um carrinho! – Ele retirou um carrinho vermelho de plástico da sacola. – É de fricção, não é? – Ele se abaixou no chão, mexendo com o carrinho. – Ah, não é de fricção! – Ele fez um biquinho.

Eu sinceramente não estava entendendo aonde ele queria chegar com aquela idiotice. Ta legal, aquelas coisas e brinquedos eram para o Samuel sim. Poxa, eu me importava com o garoto, estava cuidando dele. E ele precisava de roupas e brinquedos, não só ficar trancado naquele caminhão o tempo inteiro sem fazer nada. O diretor ainda estava agachado no chão, parecendo “brincar” com o carrinho.

Ethan: Demi, você não acha que os seus colegas estão muito grandinhos para brincar com isso? – Ele estendeu o carrinho, dessa vez com uma expressão séria. Que homem fingido, vou te dizer!
Demi: Eu sei, claro que sim. Mas explique isso pra minha mãe, porque ela gosta de diminuir a idade dela e a de todo mundo! – Dei um sorriso. E ele também pareceu rir e se levantou.
Ethan: Como piada não foi tão ruim, não é? – Ele ria. – Mas sua mãe não é uma retardada mental, Demi! – Desapareceu o sorriso. – Por favor, não me tome por um idiota.
Demi: Idiota?! – Arregalei meus olhos. – Por favor, o senhor? Que isso, o senhor é super inteligente! – Ele sorriu. Beleza. – Olha, vamos fazer uma coisa. Deixa eu ir, eu devolvo as coisas pra minha mãe e pronto!
Ethan: Ah é? – Ele arqueou as sobrancelhas e começou a guardar as coisas novamente na sacola. – Não. Pior que não. Acho que não será necessário.
Demi: Não, estou falando sério. Assim o senhor fica tranqüilo e acaba compreendendo que essas coisas não são pra nenhum menino inventado pelo Walker – Dei uma piscadinha ao dizer isso. O rosto dele ficou sério. – Deixa eu ir?

Ele cruzou os braços, me avaliando. Cara, como eu iria conseguir me livrar dele? Parecia mais uma missão impossível. Madison bufava, impaciente. E eu já quase pulava no pescoço daquele homem.

Quarto de Joe, Upper East Side 
16h10min 
‘ Por Joe 

Me deitei na cama, após o cansativo dia que eu tive. Ainda mais, da pior conversa que tive com meu pai. O pior é que ele queria se meter na minha vida, enquanto eu podia e posso muito bem cuidar da Demi sozinho. Não preciso que ele se meta aqui, logo na escola, onde não posso sujar a minha reputação. Me deitei na cama e Jacob e Logan entraram no quarto, quase ao mesmo tempo. Não me importei e peguei meu maço de cigarros no bolso, arranquei meu casaco e dei uma tragada.
Não fumo a muito tempo. Na verdade, comecei praticamente a 1 mês. É bom pra refrigerar a cabeça, dá calma na alma... Agora entendo porque meu pai não larga o cigarro dele. Não é bem um vício, é só uma maneira de não me estressar.
Depois de alguns minutos, Jacob se deitou na cama dele. E Logan rodeava o quarto, falando merda com merda, coisas que eu não entendia e também não queria prestrar atenção. Mas sabia que ele falava de Selena. Como sempre.

Logan: Não, não, assim não é possível, eu não entendo – Dizia ele, com um livro nas mãos. – Eu não entendo como o meu plano fracassou. E se eu fingir que ela não me interessa mais? Talvez a Selena se interessasse, não é?
Jacob: Porque você não para de arrumar confusão? – Ele se sentou na cama. – Olha, eu vou naquela boate, ok?
Joe: O que?! – Arregalei meus olhos, surpreso. Larguei o cigarro no cinzeiro e me levantei da cama. – Não. Jacob, eu contava com você, mano!
Jacob: Ah, seria muito melhor se me dissesse isso antes – Ele se levantou. – O que você quer comigo, fala aí!

Eu bufei e me sentei na outra cama. Jacob se sentou ao meu lado. Como ele não percebia o que eu queria? Normalmente Jacob era capaz de me ler, eu era como um livro aberto pra ele.

Joe: Olha, essa é a chance de mostrar pro meu pai que eu posso cuidar da Demi – Expliquei.
Jacob: Ta bom, e o que eu faço?
Joe: Bom, parceiro, quero que cuide da Emily – Passei meu braço em seu ombro.
Jacob: O que?! – Ele arregalou os olhos, e por um momento juro que ficou pálido. – Não, eu não!
Joe: Porque? – Perguntei, confuso. – Não consegue fazer isso?
Jacob: Ah não! – Ele retirou meu braço de seu ombro e foi se sentar em outra cama, se afastando de mim. Joe: Ah, é claro! – Me levantei. – Esqueci que ta saindo com a Chloe.

Eu suspirei. Havia esquecido realmente desse detalhe e não queria manchar o meu parceiro. Fui até Logan, que ainda estava em pé em um canto lendo algum livro e passei meu braço pelo seu ombro.

Joe: E você, Logan? – Perguntei, e ele me olhou assustado, tirando sua atenção do livro. – Pode me fazer esse favor? Cuidar da Emily?
Jacob: Não não! – Gritou ele, se levantando da cama rapidamente. – Logan quer ficar com... Quer ficar com a Selena! A Selena vai ficar na festa e se o Logan quiser ficar o tempo todo com a Selena, a Emily não vai dar importância pra ele.
Logan: Bom, mas talvez se a Selena não quiser ou eu não tiver mais vontade, de repente assim eu posso ficar acompanhado – Ele deu um sorriso.
Jacob: Eu acho melhor a gente não ir! – Deu as costas e voltou a se sentar na cama.
Joe: Mano, eu não me importo! – Disse a Jacob. – Essa é a minha oportunidade. To com tanta vontade de pegar a Demi! E já tenho tudo planejado.
Jacob: Olha, Joe, ta difícil. Vão brigar com a gente se descobrirem que nós fugimos.
Logan: Não, não vai acontecer nada. Além disso, vai ser muito divertido – Nós rimos. Jacob se levantou.
Jacob: Olha, e se de repente a Selena quiser ficar com você?
Logan; Bom... Obviamente não é a primeira vez que eu fico com duas mulheres! – Eu e ele rimos. As vezes eu realmente achava Logan demais! Percebi que Jacob não havia gostado nada daquilo.
Jacob: Do que está rindo? – Me perguntou.
Joe: Nada – Respondi, passando meu braços nos ombros deles. – É que nós vamos nos divertir bastante. Vai ser muito legal, não é?

Quarto de Selena, Upper East Side 
16h38min 
‘ Por Selena 

Voltei ao meu quarto. Nem sabia o porque direito de eu ter saído daquele jeito. Mas não sei, saber que Nick havia falado aquilo de mim me causava uma extrema raiva. Na verdade, eu nem sabia direito o porque. Mas o Jonas era tão... Argh! Odiava ele. Com certeza o odiava. E queria meter isso na minha cabeça eternamente. Isabella não se encontrava mais no quarto, e eu também não estava interessada em saber pra onde ela havia ido. Sentei na cama e peguei meu notbook, tentando me distrair. Fui procurar novidades no site do meu pai, novidades de desfiles Fashion Week ou qualquer outra coisa, que com certeza eu iria.
Estava dispersa navegando quando a porta do quarto se abriu, e vi Emily entrando. Aquilo apertou o meu coração. Ainda estávamos brigadas.

Emily: Eu estava te procurando – Disse ela, entrando no quarto. Eu suspirei, e fingi que ela não estava ali. – Eu preciso falar com você! – Ela caminhou até a minha cama.

Eu bufei, olhando para a tela do computador com uma concentração desnecessária. Mas precisava mostrar que era superior. Não queria olhar pra ela, nem queria falar com ela.

Emily: Selena, não faz isso comigo, eu não posso ficar brigada, eu gosto muito de você!
Selena: Pelo visto, você mente pra todo mundo que você gosta, Emily! – Falei, sem tirar os olhos do computador.
Emily: Porque você ta dizendo isso? – Ela sussurrou.
Selena: Pelo Joe! – Olhei pra ela. – Por mim. E não sei, de repente por mais alguém – Dei de ombros.
Emily: Ah, deixa de ser injusta, Selena!
Selena: Eu não sei se sou injusta, Emily. A única coisa que eu sei é que estou dizendo as coisas que eu sinto – Quase gritei. Aquilo me deixava estressada com facilidade. Ela suspirou e se sentou nos pés da cama.
Emily: Porque você não me dá uma oportunidade?
Selena: Porque quem me garante que você não mentiu pra mim a vida inteira? Talvez seja a primeira mentira que eu descubro!

Ela olhou pra mim com olhos arregalados, espantada. Mas o que eu dizia era verdade. Não sabia que essa foi a primeira vez ou foi mais uma de muitas. Aquilo me dominava por dentro, ia me desintegrando. Eu e Emily sempre fomos amigas, e ver nossa amizade assim... Cara, aquilo doía. Eu não queria acreditar.

Emily: Eu juro que eu nunca menti – Ela suspirou. – Eu só queria me vingar do Joe porque ele é o culpado! Ele não me respeita nunca.
Selena: Está bem, está bem, o Joe! Mas e eu? Que culpa eu tenho? Porque mentiu pra mim?
Emily: É que... – Ela bufou, e cessou a fala. Parecia pensar muito antes de falar. – Eu não queria comprometer o Jacob. Que foi com quem realmente eu me encontrei.

Minhas mãos tremeram. Meu estômago revirou. O que essa maluca estava me contando? Sabia que Emily era capaz de fazer loucuras, mas ela sempre foi fiel aos namorados dela. Com o Joe não achei que fosse diferente. Coitado dele. Fechei meus olhos, esperando que as vibrações ruins passassem e todo o choque pudesse ser cessado. Logo mais, abri-os.

Selena: Você está ficando com os dois? – Perguntei, com a voz falha. Ela assentiu.
Emily: Eu te disse que o Joe iria me pagar!
Selena: Não, não, não! – Dei um gritinho. – Emily, eu não gosto nada disso, o que está fazendo? Porque está fazendo isso?
Emily: O problema é que você não entende! Não te trocaram por outra família!
Selena: Você também não! – Gritei. – Escutou? O seu pai largou a sua mãe, e não você.
Emily: Não, não, ele abandonou todos nós. Porque a nova namorada dele não quer que ele veja a gente! Está vendo, Selena? Esse é o problema!
Selena: Emily, não pode ser – Me acalmei um pouco. – Você está vivendo uma vida que não é sua. Você tem que se preocupar em viver a sua. Nunca vai ser feliz assim!
Emily: Sabe o que é? Eu não sou idiota como a minha mãe! – Gritou. – A minha mãe aceitou ser humilhada sem fazer nada, só que ninguém vai me enganar, e era o que o Joe estava fazendo!

Percebi que se continuássemos falando, ela iria chorar. Mas não podia acabar com aquilo ali, sem mais nem menos. Emily sempre precisou de ajuda. Nunca se deu bem sozinha, nunca soube cuidar da própria vida. Sempre precisou de amigos a seu lado, precisava de pessoas. Só que só teve essas pessoas agora, porque antes, quando ela precisava realmente de uma família, ela não teve. Quando ela precisou de um pai, ela não teve. E ela carregava essa mágoa. Isso doía até em mim.

Selena: Sabe o que mais me preocupa em tudo isso? – Eu sussurrei, depois de um tempo em silêncio.
Emily: Sei, o Joe! – Ela respondeu, quase sem voz. – Ele é seu amigo.
Selena: Não. É você, Emily – Apontei pra ela. – Você é minha melhor amiga. E você é quem mais me preocupa.

E sem mais delongas, puxei-a para um abraço. Não sei como Emily não chorou naquela hora. Talvez não quisesse mais. Acariciei os cabelos loiros dela, querendo mais e mais a minha amiga perto de mim. Não iria suportar ficar longe de Emily. Ela havia me ajudado muito.

Emily: Ah, Selena. Por favor, não conte nada disso pra ninguém, ta legal? – Ela pediu, em meio ao braço.
Selena: Não, não. Não vou contar pra ninguém, eu juro.
Emily: Não vai contar nem pra Isabella, ok?
Selena: Ok.

Área de lazer, Upper East Side 
16h47min 
‘ Por Nick 

Eu e Isabella fomos a área de lazer e nos sentamos em uma mesa de frente ao gramado. Eu realmente não estava interessado em saber o que ela queria, mas não poderia negar, porque ainda estávamos “namorando”, digamos. Ela me pediu pra ficar sentado enquanto ela ia buscar umas coisas. Na volta, ela trazia consigo uma caixa enorme de papelão.

Isabella: Bom, são duas coisas – Disse ela enquanto se sentava. – Uma é que eu queria responder o que você me disse... Sobre nós dois.
Nick: Sim? – Perguntei, olhando atentamente pra ela. Lembrava-me com clareza desse dia do corredor, após ela ter me contado da Seita. Realmente, achava que Isabella era uma garota que precisava de tempo pra pensar. Eu dera á ela esse tempo.
Isabella: E... Tudo que eu sei é que eu gosto mais de você do que ninguém! – Ela abriu um lindo sorriso. – Não importa se você diz que nós somos de mundos diferentes, e... Mesmo que me dissesse que é um extraterrestre, não conseguiria deixar de amar você.

Eu balancei a cabeça, abrindo um sorrisinho. Porque isso tinha que estar acontecendo comigo? Meu propósito aqui não é esse, nunca foi. Vim pra cá com um único objetivo e acabei distorcendo as coisas. Fiz com que Isabella gostasse de mim, e agora estamos namorando. Não era isso que eu queria, não é pra isso que eu vim pra cá. E depois, que Isabella não faz idéia de que eu e Selena nos beijamos no meu quarto. Ok, isso é uma lembrança que eu tenho que esquecer, e que com certeza ela já esqueceu... Mas devo admitir que sempre antes de dormir eu penso naquele beijo. Parece um deja vú, e eu odeio isso. Mas olhar pra esse sorriso de Isabella, seus olhos brilhando quando me vêem... Parece impossível dizer não.

Nick: Isabella, eu só quero que tenha certeza disso.
Isabella: Mas eu tenho certeza absoluta – Ela sorriu, e se virou para a caixa. – E olha, eu trouxe isso. Pra você.

Eu olhei pra caixa, querendo me matar. O povo insistia em fazer isso comigo.

Nick: Isabella, eu já disse que não gosto de presentes.
Isabella: Mas isso aqui não é um presente, é uma reposição.

Abri a caixa.

Nick: Mas isso é material escolar!
Isabella: Ta vendo? Eu não teria o mal gosto de te dar qualquer material escolar – Ela deu um sorriso de canto. – Por favor, não despreza isso.
Nick: Ta bom, ta bom – Eu bufei. – Não vou devolver. Mas o que acha da gente levar isso lá pra boate e doar para os bolsistas?
Isabella: Você que sabe – Ela arqueou as sobrancelhas, e revirou os olhos.
Nick; Ta legal.

Continua.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Depois da Chuva - 88

"Dessa sociedade suicida que cria rótulos pra tudo, eu tenho uma vontade louca de fazer o que dé na telha , e que se dane o mundo, que se dane tudo! Ás vezes eu tenho vontade de matar aula, sair pelo mundo sem dar satisfação a ninguém, falar a primeira coisa que me vier à cabeça sem me importar com o que vão dizer, encarar a realidade com naturalidade."

Salão de Olívia, Califórnia
12h00min
‘ Por Miley


Acho que, sinceramente, não agüentava mais chorar. Me levantei do chão onde estava e enxuguei meu rosto por completo. Ao mesmo tempo me sentia idiota por me comover com aquilo, mas parecia justo. Por algum momento parecia justo. Balancei um pouco meus cabelos e me deparei com uma vassoura em minha frente, encostada na parede. Peguei-a no mesmo instante e comecei a varrer o chão do salão, comecei a limpar tudo que via, porque assim por alguns segundos alivia meu tormento. Ainda soluçava enquanto varria, não conseguia parar de chorar. Isso me causava um certo tipo de fraqueza.
Minha tia entrou novamente no salão, dessa vez com os cabelos arrumados e com outra roupa. Estava arrumada demais, mas sabia que não iria sair, e era sinal de que havia retocado muito a maquiagem. Ela me olhou e me viu chorando. Droga, não gosto quando ela me vê desse jeito. Me sinto muito fraca. Só que ela me olhou e simplesmente me ignorou. Só apareceu no salão, pegou um de seus cremes de pele e voltou novamente ao gabinete. Voltou novamente pelo mesmo lugar de onde havia entrado. Como se eu simplesmente não estivesse, como se eu não existisse.
Não sei o que me deu naquela hora, mas me deu uma vasta vontade de gritar e de espernear. Que coisa estúpida. Comecei a me sentir como se não fosse dali mesmo. Quem diria! Minha tia, a minha segunda mãe, que tinha me ajudado em tudo, estava virando a cara pra mim, em vez de me ajudar e me apoiar. Não sei bem o que eu fiz, só sei que não me segurei. Larguei a vassoura no chão e corri para dentro do gabinete.
Quando entrei, ela estava se olhando no espelho. Simplesmente se olhando. Nada havia em sua expressão, nada. Corri para trás dela, e pude ver nossos reflexos.

Miley: Eu sei que você não quer olhar pra mim! – Eu ainda chorava. – Mas mesmo assim eu vou falar o que eu sinto! Eu sei que você quebrou a cara pra que eu entrasse pro internato! O tempo que você se dedicou, que pagou aos professores! Mas, tia, entenda, eu não posso! Eu não posso! Eu não pertenço a esse lugar!
Minha voz falhava. Eu mal conseguia falar. E o silêncio dela me incomodava. Havia tanta coisa entalada na minha garganta, tantas verdades. Aquilo nem era o começo. Ela tinha que me entender, entender o que eu sinto.
Olívia: Não é isso que me incomoda! – Ela gritou, se virando pra mim.
Miley: O que é?
Olívia: Se mostre ao mundo, menina! – Ela gritou, se afastando de mim, voltando ao salão. Fui atrás dela.
Miley: E quem te falou isso?
Olívia: Não é preciso ninguém me dizer, eu vejo! – Nós andamos até finalmente pararmos na porta do salão, na calçada. – Sua mãe a convenceu de que o mundo é o quarto de sua mãe. E não é!
Eu chorava, não sabia porque. E de alguma forma não conseguia concordar com minha tia, não conseguia! Algo me impedia de pensar diferente.
Miley: Não, não – Discordei. – Eu estou com ela porque a amo! – Falávamos de Abigail.
Olívia: Tem muitas formas de amar. Não é só essa! Não tem porque ficar trancada em casa e nem nesse salão desgraçado! – Aponta para dentro do salão. – Sai daqui! Sai dessa cidade! Vai por aí, grita, se diverte, VIVE!
Miley: Mas esse é o meu mundo!
Olívia: Esse é o seu esconderijo! – Gritou, já enfurecida. – Lá fora tem um universo para explorar e você tem tudo para conquista-lo! Não pode ficar assim, eu tenho raiva de ver você assim, eu não posso suportar!
Miley: Mas eu tentei... – Eu já começava a soluçar novamente.
Olívia: Isso não é verdade, não tentou nada! Insista, não desista!
Eu não conseguia descrever o que se passava na minha cabeça naquele momento. Eram tantas coisas que queriam gritar, e tantas outras pressões. Dos dois lados haviam idéias, opiniões e outras coisas. As vezes eu pensava que essa “implicância” da minha tia comigo era porque ela queria decidir a minha vida por mim. Eu sempre fui uma menina quieta, certinha, caseira, ingênua... Muitas vezes intitulada a “santa” por todos. Nunca consegui cometer erros por livre e espontânea vontade. Na verdade eu fugia dos erros. Minha tia se consagrou, fez do possível ao impossível para me colocar no UPE e, quando cheguei para sentir a experiência, não era o que eu esperava. Mas ela insistia que era aquilo que era pra mim! Que lá era o meu lugar! E eu não conseguia pensar desse jeito. Algo me bloqueava de pensar assim.
Olívia: Porque se dar por vencida tão facilmente? – Perguntou ela, quase gritando. Eu ainda chorava.
Miley: Porque eu não consigo! – Gritei em resposta. – Poxa, eu não consigo! Pra mim dá muito trabalho!
Olívia: Você está pensando que não aceitam você, está pensando naqueles imbecis?! – Gritou ela, dessa vez estava realmente furiosa. – Eu mudo você de colégio, mas que ELES não sejam essa desculpa! Porque você não pode ficar aqui, POR FAVOR! Você tem que entender isso.
Miley: O problema não são os outros alunos, o problema sou eu.
Olívia: Você?! – Ela perguntou, pasma, abaixando o tom de voz. – Mas porque você, filha? Você é uma santa!

Dessa vez, minhas lágrimas caíam em jorrões. Lembranças más sempre me fazem isso.

Miley: Porque... Porque eu não sou igual aos outros! Eu tenho alguma coisa errada!
Olívia: Não, está errado! – Ela me interrompeu. – Quem está errada é você.

O telefone logo então tocou. Minha tia olhou pra mim com olhos arregalados, ainda pasma, e caminhou para dentro do salão. Eu sequei minhas lágrimas e tentei abafar os soluços, pois também queria saber quem havia ligado. Ela chegou ao telefone, respirando fundo.

Olívia: Alô? – Atendeu. – Sim, quem quer falar? – 1 minuto depois, ela me olhou, franzindo as sobrancelhas. – Demi?
Miley: Não! – Eu sussurrei, balançando as mãos, implorando pra que ela não falasse que eu estava ali. Pra aliviar, corri para o gabinete.
Olívia: Não... Desculpe, é que eu acabei de chegar e... Se quiser ligue um pouco mais tarde – Ela deu a desculpa.
“Está bem. Então, peça a ela pra me ligar, está bem? Preciso falar com ela. E... Também diga que estou com saudade. Ok? Obrigada.”

Ouvi minha tia batendo o telefone o gancho e pude perceber que havia desligado. Não estava muito afim de falar com Demi e nem com ninguém da UPE, não queria dar explicações. Na verdade, sabia que Demi iria me procurar, mas queria fugir meus pensamentos da UPE e de tudo que a envolvia.

Olívia: Miley, filha! – Ela gritou. – Desliguei! Filha, venha cá, por favor!

Salão principal, Upper East Side
12h30min
‘ Por Demi


Desliguei o telefone. Havia acabado de falar com a tia de Miley, a qual não lembrava o nome agora. Mas não agüentava mais ficar sem notícias de Miley. Ela havia sumido, sem mais nem menos, e nem deixado notícias. Isso me angustiava. Enquanto guardava meu iPhone no bolso, fui surpreendida pelo professor John, o qual parou na minha frente, segurando uma folha de papel nas mãos.
John: Você e eu temos uma conversa pendente – Ele sorriu, encostando seus ombros na parede. E que sorriso! Eu apenas suspirei.
Demi: Não. Se é por causa do trabalho, não sei, se quiser eu faço outro – Revirei os olhos. – Me dê 5, tanto faz, dá na mesma – Dei de ombros.

Ele apenas balançou a cabeça, me olhando como se eu realmente não fosse normal. Mas que sorriso é esse, meu Deus? Porque esse professor gatão não pode parar com isso? É um assédio pscicológico, e eu não posso mais me envolver com isso, já beijei um professor, se lembram? Pois então.

John: No trabalho você tirou um 10! – Ele sorriu. Meus olhos se arregalaram.
Demi: É verdade?! – Perguntei, surpresa.
John: Claro. Um 10 pelo conteúdo e pela sua valentia! – Ele me estendeu o papel em suas mãos, que quando vi era meu próprio trabalho.

Eu ainda não conseguia acreditar. Achava sinceramente que ele me daria um 5... Ou quem sabe um 0 logo! Essa simpatia dele o tornava ainda mais gato, que droga! Logo em seguida, ele pegou no meu ombro e me encaminhou até um dos bancos do salão, que no momento se encontrava com poucas pessoas.

John: Agora o que eu quero, Demi, que com a mesma valentia e franqueza, me diga o que estava fazendo naquele terreno abandonado.

Minhas pernas tremeram. Como assim ele me viu? Isso não podia estar acontecendo! Minha mente girou e a primeira coisa que consegui pensar foi em Samuel, e se ele havia visto vestígios ou havia visto o próprio Samuel. Senti minha língua embolar e tremer.

Demi: É... Era que eu estava tentando lembrar, professor... E sabe o que é? É que eu já tinha esquecido desse incidente e não sei porque... Acho que eu estava andando – Nunca gaguejei tanto na minha vida. Ele me olhava com uma cara de desconfiado. Normal. – Fazendo cooper... Qualquer coisa.
John: E porque você não prova e diz a verdade? É melhor.
Demi: Professor, eu juro de verdade que não lembro! – Tentei convencê-lo da melhor forma possível. – Sério! Qualquer coisa que eu disser vai parecer mentira, porque agora eu não lembro.

Ele assentiu com a cabeça, e mexeu nos cabelos. Isso é golpe baixo!

John: Olha, Demi, eu não dou conselhos, não sou ninguém de verdade. Mas eu posso compartilhar experiências. E nesse lugar eu digo que... Tem coisas que não valem a pena! – Ele suspirou. Eu juntei as sobrancelhas, confusa. – Tem coisas que não tem sentido.
Demi: O que quer dizer? – Perguntei, confusa.
John: É muito bonito ser valente. Pra mim é perfeito, lutar contra a injustiça, muito bem. Mas num lugar proibido, onde é perigoso só pra poder descumprir uma norma, pra mim é idiotice! Principalmente pra alguém como você. Que eu considero muito inteligente.

Ele simplesmente deu um sorriso de canto e se levantou, se retirando. Eu ainda processava as palavras dele. Com certeza ele não sabia de nada, nadinha do Samuel. Nem sabia o que eu iria fazer lá no terreno. Mas o que ele quis dizer? Que quebrar regras era idiotice? Principalmente aqui? Eu não conseguia analisar, não conseguia achar lógica. Teria que conversar com ele mais vezes, é claro. E seria um prazer enorme!
Olhei-o subindo as escadas e me levantei do banco. Agora tudo parecia ganhar um pouco mais de lógica. Um pouquinho, apenas.

Demi: Valeu, professor – Falei a mim mesma. – Eu vou me lembrar disso.

E sorri comigo mesma.

Quarto de Selena, Upper East Side
13h30min
‘ Por Selena


Voltei ao quarto, já que não havia encontrado Miley lá fora. Aproveitei o caminho e joguei o panfleto do “Inferno” no lixo. É claro, rasgado em mil pedaços. Só loucos iriam nessa festa, ainda mais organizada pela Demi. Iria me desculpar com Chloe depois, mas não iria mesmo. Cheguei ao quarto, me jogando na cama. Isabella ainda estava lá, dessa vez sentada á escrivaninha, rodeada de livros, o que me deixou confusa.

Selena: O que é isso? – Perguntei, me sentando na cama.
Isabella: Ah, eu comprei algumas coisas para o Nick – Respondeu ela, sorridente. – Tadinho! Não deixaram nada.

Aquele nome me dava náuseas, literalmente. Não queria pensar naquele garoto, estava muito bem me distraindo e não pensar naquele rosto. Eu já havia ficado sabendo do que a Seita fez no quarto dele... O que me causava calafrios. Não sabia porque Isabella insistia naquele garoto.

Selena: Algumas coisinhas? – Disse irônicamente. Não eram poucas coisas, não mesmo. – Eu sempre achei que eram os meninos que compravam coisinhas para as meninas – Mandei indireta.
Isabella: Tavez no seu caso. Mas no meu não. Porque com você eles podem fazer filas e tudo, mas comigo... – Ela respirou fundo. – Além do mais, não se usa mais isso.
Selena: Não se usa mais isso? – Arqueei as sobrancelhas. – Só se for na sua terra que não se usa mais isso.
Isabella: Ah! – Ela bufou, se levantando da escrivaninha. – Nick tem razão, viu?
Selena: Tem razão em que? – Perguntei, bufando. Odiava quando ela dava razão áquele ser desprezível.
Isabella: Sobre a sua histeria! – Respondeu ela, colocando as “coisinhas” numa caixa. – Sua loucura.
Selena: O QUE?! – Gritei. – Espera, como ele tem razão sobre a minha histeria? Do que está falando? – Eu queria gritar mais. Não acreditava no que ouvia. Isabella suspirou.
Isabella: Você é uma histérica! É por isso que não tem namorado – Ela se sentou na outra cama, com a caixa no colo.
Selena: Como aquele idiota disse isso, Isabella? – Gritei, me levantando da cama, ainda irritada. – Você tem que dizer a ele que eu não sou uma histérica! Como ele se atreve?! COMO ASSIM HISTÉRICA? Por favor, me explica!

Não sei o que deu em mim. Sinceramente, foi automático. Bem lá no fundo, estava com um ódio de Nick Jonas. Ódio por ele ter tirado essas conclusões sobre mim, queria espancá-lo naquele momento por ter dito isso sobre mim. Mas por outro lado, não queria que ele realmente pensasse que eu era uma histérica. Que droga, o que esse garoto causava em mim?

Isabella: Ele disse que você é uma histérica! – Disse ela, abrindo um livro. – Que você é muito imatura pra ter um namorado. Primeiro você se insinua pra depois nada!

Arregalei meus olhos. Agora sim eu estava com ódio! Agora sim estava com realmente vontade de matá-lo! Como ele pode dizer isso?! Respirei fundo e, não sabendo o que tinha dado nas minhas pernas, corri para a porta.

Isabella: Mas ele disse isso pro seu bem! – Gritou ela antes que eu saísse ás pressas do quarto.

Sala de jogos, Upper East Side
14h05min
‘ Por Nick


Eu e Aiden ainda olhávamos para Demi de longe. Estávamos atrás da mesa de sinuca enquanto ela estava sentada em uma das mesas da lanchonete, com apenas um copo de suco ao seu lado e escrevendo algo. Estava tão perdida em seu pequeno pedaço de papel que achei meio falta de educação interromper, mas precisava ter o que queria com ela. Demi era minha amiga, não iria se estressar como outras comigo.

Aiden: É melhor a gente ir perguntar de uma vez – Apontou para Demi, enquanto me empurrava até ela.

Eu não disse nada, apenas fui com ele. Chegamos lá e Demi levantou os olhos para nos ver, e deu um sorrisinho. O máximo de sorriso que ela podia dar.

Nick: Então, Demi, vem cá, me explica uma coisa. Que história é essa de que tem que levar material escolar pra entrar na boate?
Demi: É isso aí – Ela sorriu. – Acabou de dizer. O que mais você queria saber? – Ela abaixou a cabeça e voltou a se concentrar em sua escrita. Pois é, Demi estava sem tempo.

De alguma forma, eu já sacava o que ela queria fazer. E não estava gostando.

Nick: Olha, se está fazendo isso por mim, eu juro que...
Demi: Ah querido, não venha fazer uma ceninha de macho orgulhoso, por favor! – Ela me interrompeu. – Somos amigos ou não?
Nick: Somos! – Eu abri um sorriso involuntariamente. Demi causava isso em mim. – Mas... Eu imagino, pra que o material e...
Demi: Eu estou fazendo isso por todos os bolsistas, então é melhor pedirem alguma pra lanchar e sentarem comigo! – Ela apontou para as duas cadeiras a sua frente.

Eu dei de ombros. Demi era maravilhosa. Não que ela fosse normal e jeitosa. Ela era diferente. Uma das melhores amigas que eu podia imaginar encontrar nesse antro de escola.

Nick: Pode ser – Dei de ombros e eu e Aiden nos sentamos. – Olha, se é pra todos os bolsistas ta legal, ok?
Demi: Além do mais, eu te devia uma. Pelo grupo de dança, lembra? – Eu ri.
Nick: Sabe... Gosto de você! Porque o que tem de boazinha tem de maluca! – Nós rimos e trocamos toques de mãos.

No mesmo instante que minhas mãos de Demi se separaram, Isabella apareceu em nosso meio. E parecia com a expressão cansada, ao mesmo tempo irritada.

Isabella: Nick, preciso falar com você – Ela falou diretamente comigo, como se Demi e Aiden não estivessem ali. – Urgente!
Nick: O que foi? – Eu ainda ria de Demi. – Ok, claro que sim. Com muito prazer – Me levantei. – Já volto, gente!
Demi: Tchau.
Sala de jogos, Upper East Side
14h20min
‘ Por Demi


Nick havia acabado de sair, e eu ainda permanecia na mesa com Aiden. Na verdade, não éramos muito de conversar. Na verdade, parece que nunca conversamos. Trocávamos algumas palavras por causa de Nick e essas coisas. Enquanto escrevia no meu caderno, que na verdade estava fazendo um dever de casa, Aiden olhava muito para baixo. Em alguns momentos pensei que ele estava cabisbaixo com algo. Foi quando percebi que ele estava mesmo olhando para as minhas pernas.

Demi: E você? – Perguntei, praticamente gritando, fazendo ele tirar sua atenção e olhar para mim. – Perdeu alguma coisa?
Aiden: É... Olha só, você pode me explicar a... – Ele apontava para o meu caderno.
Demi: A matéria? – Perguntei. – Quer que eu explique?
Aiden: Sim.

E lá se foi umas boas 2 horas.

Garagem, Upper East Side
15h45min


Saí da sala de jogos após explicar umas lorotas para Aiden. Eu sei que, na verdade, ele não queria saber de matéria nenhuma, foi só uma desculpa para não apanhar. E ele fez muito bem, só não sei se serei boazinha assim da próxima vez. Logo após, eu e Madison já estávamos na garagem da escola, esperando o Matthew chegar. Matthew iria me trazer algumas coisas que pedi á minha mãe, com certeza coisas para a festa, que eu não via a hora de chegar logo. Iria bombar completamente.
Eu e Madison conversávamos quando vimos a limusine de minha mãe chegar e Matthew saindo do carro as pressas.

Demi: Graças a Deus, até que enfim você chegou. Então, trouxe as coisas?
Matthew: Claro, senhorita! – Ele rapidamente foi abrir uma das últimas portas do carro enorme.
Madison: Que bom – Sussurrou.
Demi: Rápido, por favor!
Matthew: Olha, eu trouxe aqui essas bolsas que a sua mãe mandou! – Ele saiu do carro com milhares de bolsas nos braços.
Demi: Deixa eu ver – Peguei rapidamente as bolsas, com a ajuda de Madison.
Matthew: Desejam mais alguma coisa?
Demi: Espera! – Eu verifiquei as bolsas. – Perfeito! Muito obrigada. Pode ir, obrigada.

Ele me surpreendeu, dando uma risada.

Matthew: Meninas, quando eu era menino eu sabia de todas as coisas! – Ele dizia enquanto ia ao porta malas. – Mas agora que eu sou velho...
Madison: Tudo isso quem mandou foi a sua mãe?
Demi: Ela trouxe até mais – Eu sorri. – Agora o que você tem que fazer é achar o Samuel o mais rápido possível e eu tenho que sair daqui de qualquer maneira.
Madison: Ta bom, me dá – Ela pegou uma de minhas sacolas.

Nós estávamos entrando novamente no colégio quando de repente nos deparamos com o diretor Ethan. Na boa, não há nada pior para estragar meu dia.

Ethan: Parece que as mocinhas foram as compras! – Ele sorriu. Isso me dava nojo.
Demi: Não – Dei um sorriso. – Pior que não fomos. São umas besteiras que a minha mãe me mandou.
Ethan: Ah é? – Ele arqueou as sobrancelhas. – Posso ver? – Ele esticou os braços e pegou uma sacola. Tive uma vontade louca de arrancar aqueles dedos fora, mas não podia mais aprontar nenhuma. Pelo menos até o dia da festa.

Dei um sorriso forçado enquanto ele pegava uma bola de plástico amarela e uma camisa de marinheiro para meninas. Sim, fantasia. E o pior que Ethan era desconfiado com tudo.

Ethan: Pra quem é tudo isso, senhoritdas?

Continua.

Depois da Chuva - 87

"E mais uma vez eu poderia passar dias escrevendo sobre como eu me sinto tão protegido por ter você, por ter alguém pra chamar e ligar no final do dia, eu poderia escrever quantos sorrisos você já colocou no meu rosto, quantas inúmeras risadas nós fomos capaz de dar juntos, e sobre como eu gosto de te olhar sem dizer nada. Mas isso não faria a mínima diferença, sabendo que você entende tudo que eu quero dizer só de olhar pra mim."

Quarto de Demi – 17:40 P.M
Demi e Madison deitavam-se na cama, enquanto Demi discava o número de Emma, querendo dizer algo para seu plano. Depois de bons minutos de conversa, parecia que conseguira convencer a mãe a fazer mais uma de suas vontades.
- Mãezinha, é sério, obrigada pela boa ação e juro que Deus vai te pagar e os glúteos vão levantar. Vão ficar lindos! Agora é sério, obrigada mãe, juro que você me salvou! –disse Demi ao telefone.
Emma estava no meio de uma massagem, feita pelo seu Benjamin, e falava com Demi ao telefone. Adorava ouvir a voz da filha, em qualquer ocasião.
- Ah, filha, estou sim –disse ela- Filha, você sabe que eu faço isso porque eu gosto muito de você, não sabe?
- É, eu sei, claro.
- Ah filha, mas fala direito, vai. Diz que você me ama também. Vai, diz!
- Ai mãe, ta bom.. também te amo, ok? –suspira- Tchau!
- Até logo, meu amorzinho –faz biquinho- Mas antes.. me mande um beijinho de despedida, ok? Olha, eu vou te mandar um! –faz um sonzinho de beijo.
Demi já perdia a paciência.
- Ai mãe, na boa, como você é babona! Você faz uma coisa direito e eu ainda tenho que te aturar! –bufa- Lá vai o seu beijo! –faz um barulho de beijo.
Emma ficou sorridente.
- Tchau.
Demi desligou o telefone e se sentou na cama. Ela e Madison sorriam, agora mais do que nunca.
- E aí? –perguntou Madison.
- Demais! Ela me botou em contato com um amigo que faz festas muito boas numa boate chamada “O Inferno”. Muito garoto vai lá.
- E daí?
- É boa demais –disse como se fosse “óbvio”.
- Mas o que tem isso?
- Você não entende, se você não vai ao “Inferno”, você não é ninguém!
Madison suspira, ainda confusa.
- Legal, ta tudo muito bonito, mas.. o que isso tem a ver com ajudar o Nick?
- Bom, você não viu quantos garotos e garotas tem nesse colégio? Todo mundo vai querer ir no “Inferno.” É a boate da moda –ri.
- Ah, muito bem, muito bem, eu fui mordida pelo cachorro e você ta com raiva? –perguntou Madison, irônica.
Demi ficou confusa.
- Porque?
- Como porque? Porque você está maluca!
- Maluca? –disse Demi, sorrindo- Então eu vou te morder! –abre a boca e imita um rugido, e tenta morder Madison, a qual foge da cama, rindo.
Sala do diretor – Upper East Side – 17:45 P.M
- Cafezinho?- pergunta Ethan ao professor John, que acabava se de sentar.
- Sim, por favor- agradece John.
Ethan serve o café e se senta.
- Olha, eu mandei chama-lo porque preciso que tenha mão firme com a aluna Demi Lovato.
- Hmm, eu não entendi bem. O que quer dizer?- perguntou, confuso.
- Acho que fui suficientemente claro. Terá que cuidar da Demi Lovato. Açúcar?- ofereceu.
- Não, obrigado- suspirou o professor- Mas eu cuido de todos os meus alunos, senhor Johnson. Não faço distinções.
- Não, tudo bem, ninguém está falando de distinções, é outra coisa. Essa menina é nova, e estou sendo muito tolerante com ela.- tomou um pouco de seu café.
- É?
- Mas acho que tudo tem um limite.
John sorriu.
- Isso é verdade.
- Está vendo? Concordamos, professor- sorriu- Quero que você me ajude pra que ela entenda as normas desse colégio.
- Ér.. ela é muito inteligente, eu acho que entende perfeitamente.
- Perdão, professor. O problema com essa menina é que.. não vem de uma casa normal. –sussurra- Entendeu?
- Não –sorriu o professor- O que é uma casa normal?
Ethan fechou seu sorriso, vendo como John era debochado.
- É onde falta disciplina, ela tem o vírus da rebeldia e temos que vacina-la! –exclamou o diretor.
- Me desculpe, mas eu não vim aqui pra vacinar ninguém!
Ethan sorriu forçado.
- Você como professor dessa instituição sabe que nossa especialidade é mudar os instintos rebeldes, não é? Até corrigi-los.
- Sabe o que é? É que eu tenho que preparar uma aula. Com licença –se levanta.
- Vá, pode ir –se levanta também e aperta a mão de John- Mas por favor, lembre-se de tudo que conversamos, professor.
- Claro.
- Boa tarde.
- Boa tarde –retribui e sai da sala. 

Quarto de Selena – Upper East Side – 18:00 P.M 
Selena se deitou na cama, de bruços, enquanto Isabella a fazia uma massagem nos ombros.
- Quer saber? Ela nunca foi sincera –disse Isa.- Eu disse, é uma falsa! Eu não acredito que você considerava ela sua amiga.
- Eu não sei, acho que devia escutar você.
- Todo colégio fala mal dela. E tem mais, tem uma fama! Eu fiquei sabendo que os meninos chamavam ela de carroça, sabe porque? –ri.
- Não.
- Porque qualquer boi puxava! –Isabella riu.
- Ai Isabella, não fica me contando isso! Essas coisas são fofocas, não me interessam. 
- Mas deviam! Olha, você concorda que se ela ficar no grupo vai prejudicar a todas nós?
- Mas porque? Olha, a Emily pode sair com todo o colégio se ela tiver afim. O que me aborrece é que ela ficou falando mentira, isso é o que me irrita muito.
- E outra que tem cara de mosquinha morta é essa Miley. A qualquer momento, BUM! Não acha? Te dá uma apunhalada pelas costas.
- Isabella, é claro que não! A Miley não vai fazer mal a ninguém.
- Olha, no seu lugar, eu jamais daria as costas pra ela.
- Olha, o que eu vou fazer é transformar a Miley numa menina como nós. Uma senhorita, princesinha da sociedade! É o meu projeto esse ano e eu já repeti isso em todos os idiomas.
- Eu acho que isso vai ser muito difícil.
- Não. O que vai ser muito difícil é fazer com que deixe de ser amiga da idiota da Demi, mas eu vou conseguir!
Selena se levanta da cama.
- Aonde você vai? –perguntou Isa.
- Eu vou procura-la!
- Até isso?!
Pátio, Upper East Side
18h10min

- Chloe, o que é isso? –perguntou Selena ao seu aproximar de Chloe e Madison, que distribuíam papeis no meio do pátio. – Outra carta anônima?
- Não, são convites pra uma festa.
- Festa? Quem ta organizando? –pega um folheto.
- Demi!
- Ai, que nojo! O que aquela idiota quer agora? –começa a ler- “Bem vindos ao Inferno. Bebidas, músicas e algo mais. Na sexta feira.” Ai, como ela é burra! Como sexta feira? Isso é impossível.
- Porque?
- Chloezinha, estamos em um internato, querida.
- Eu sei, mas a Demi está organizando uma fuga coletiva.
- O que? –ri- A idiotice dela não tem limites, não é? Fala sério!
- Não, não fica azarando a idéia, é por uma boa causa.
- Que boa causa? –retorna a ler- “Requisitos para entrar: canetas, livros, qualquer material de escola.” Ah, ela quer fazer uma arrecadação pra fazer uma cirurgia plástica! Deve estar querendo colocar o que a gente tem de sobra. Mas por não ter dinheiro, ela tem que juntar!
- Quer saber? Eu acho uma idéia sensacional.
- Ah é? Eu acho o contrário, a idéia mais burra dessa Demizinha!
- Não, a gente devia ir, sei lá.
- Você é a primeira da lista, não é?
- Tudo bem, fica com isso! –dá um folheto pra Sel- Eu quero ver você lá!
- Ah, pode deixar, eu já to na porta! –fala irônicamente.

- E aí, gatinha, eu quero falar com você um minuto! –disse Logan, chegando em Selena.
- Pode falar.
- Acontece que eu estava vendo essa propaganda e na hora eu pensei: Selena tem que ir com Logan, e Logan obviamente tem que ir com Selena. Então eu pensei, o que a gente vai fazer?
- Querido, olha só: você sabe que eu faço muitas obras beneficentes, mas.. eu faço tipo, almoços internacionais da Cruz Vermelha, coisas assim. Não é nada pessoal, mas isso aqui –aponta pro folheto- problema é seu se for! Sério, quem organizou foi a Demi. Foi mal, Logan, mas fica pra próxima!

- Escuta, Madison. Sabe onde eu posso encontrar a Miley? – perguntou Selena.
- Sim. Na casa dela.
- E quanto tempo ela vai ficar na casa dela?
- Olha, não sei, mas acho que vai ficar pelos próximos 50 anos.
- Como?!
- É que ela não agüenta o ambiente desse colégio. Aqui tem muita garota fresca.

Continua.

Depois da Chuva - 86

“Acho que esqueceram de me dizer que faz parte do amor esses ataques emocionais no meio do dia. É uma dependência de você que chega a me assustar. E chega a ser estranho também, esse modo esquisito de te querer loucamente a cada segundo do meu dia.” — Giovanna, Bullyss. 

 Jacob, mais uma vez, esperava por Emily no porão, nos fundos da escola. Os dois ainda continuavam com esses encontros as escondidas, e Jacob pensava se algum dia eles iriam ser flagrados... mas quando estava com Emily nada mais importava. Não sabia se estava se apaixonando pela patricinha, mas seus problemas sumiam de sua mente quando se encontrava ao lado da mesma. Emily entrou no porão, e Jacob se levantou. Observou a garota enquanto se aproximava: seus cabelos loiros e curtos davam um certo charme, e seu sorriso era magnífico.
Jacob: Ah, Emily.. eu não sei qual é o meu problema.
E, em um instante, já agarrava a garota pela cintura e a beijava com precisão, com vontade. A mesma soltou um enorme sorriso enquanto beijava o amante, sempre com bastante mordidinhas e carinhos.
Jacob: Eu precisava te ver.. não consigo mais parar de pensar em você.
Emily: Comigo é a mesma coisa, eu fico o tempo todo pensando em você.
Jacob suspirou, beijando a garota mais uma vez.
Jacob: Eu falei com o Joe.. ele não pretende terminar com você.
Emily: Não se preocupe, vou dar um jeito dele me mandar pro inferno.
Jacob: Tá, mas.. não é fácil dizer a ele de uma vez.
Emily: É, eu sei, mas.. acho que vai dar confusão entre vocês e..
Não terminou a frase, pois Jacob não resistiu ao sorriso lindo e perfeito da garota, a agarrou mais uma vez, não conseguindo resistir a tentação. Emily se separou.
Emily: Ele vai descobrir que eu troquei ele por você e aí você vai se dar mal.
Jacob: (suspira) Você tem toda razão, então..
Emily: Vamos devagar! Eu vou ficar toda ignorante e fria com ele, não se preocupe, o Joe é tão orgulhoso que ele vai me mandar pro inferno - sorriu e beijou Jacob.
Jacob: Tá, e enquanto isso?
Emily: - beijando o garoto - A gente vai continuar se encontrando escondido.
Jacob sorriu em meio aos beijos. Não gostava de ter que ser obrigado a esconder Emily dos outros, mas era preciso. Em tempos, não acreditava que podia ser capaz de trair o melhor amigo, mas quando estava com Emily, esse sentimento de culpa desaparecia totalmente. A carne era mais forte do que a confiança e a lealdade. O coração também o comandava.. então ele não se importava com isso, pelo menos quando estava com Emily, sendo guiado pelo seu veneno.
Jacob: Eu quero ficar com você o tempo todo - disse, apaixonado - Eu não vou te deixar. Eu vou pegar leve.
Emily: - sorrindo em meio aos beijos - Quanto menos a gente se encontrar, mais o desejo vai aumentar.
Jacob sorriu, imaginando tantas e mais tantas fantasias com Emily. O garoto a beijou com mais vontade, passando os beijos para seu pescoço. Logo mais, os dois estavam deitados sobre a cama, com roupas íntimas e trocando carícias. Jacob remexeu no bolso da calça a procura de camisinha, enquanto Emily arrancava o resto de pano que ainda tinha. E ali, mais uma vez, eles tiveram um momento sexual selvagem, e Jacob já ficava louco de desejo ao imaginar a próxima. Pra Emily era só uma transa, é claro.

Refeitório - Upper East Side, 14:00 P.M
Joe: Não sei do que está falando. (disse ele á Demi)
Demi: Ah, não sabe? (levantou as sobrancelhas) O seu paizinho não te contou que mandou ameaçar a gente? E ainda que soltou um monte de cachorros? Olha pra ela! - apontou para Madison, que estava atrás dela.
Demi bufou, olhando com nojo para Joe. Ele olhava para as garotas com um olhar de desprezo. Demi balançou a cabeça e saiu, acompanhada por Madison. Joe bufou, quase prestes a pular no pescoço de Demi. "Fechou o tempo, hein" disse um garoto, batendo no ombro de Joe.
Selena: Ah, não liga pra ela - se aproximou de Joe.
Joe: Eu não sei do que ela tá falando! - gritou - Eu não mandei meu pai fazer nada!
Selena: Bom, eu sei mas... Vem cá, não tinha que estar com a Emily?
Joe: Não - juntou as sobrancelhas.
Selena: Você não mandou uma carta chamando ela? - perguntou, confusa.
Joe: Claro que não. 
Selena arregalou os olhos, e os piores pensamentos se passaram em sua cabeça.
Selena: Ah... Eu acho que me confundi - riu, nervosa.

Sala do diretor - Upper East Side - 15:25 P.M
Ethan: Obrigado, senhor secretário, e como eu já disse, esqueça a Demi. Cuidarei pra que ela não incomode mais. E só pro senhor saber...
Joe: - entrando na sala - Pai! - Alex se virou pra ele na porta - Preciso falar com você! A sós!
Ethan: - ri - A vontade. Pode usar a diretoria, por favor. Fiquem a vontade. - se encaminha até a porta - Com licença. - e sai.
Joe: Pai, porque se meteu com a Demi?! - gritou, se sentando na cadeira.
Alex: - frio - Temos que corrigi-la! E espero que você faça.
Joe: Eu ia fazer da minha maneira, pai.
Alex: Tudo bem, mas qual é a sua maneira? Batendo nela? - levanta as sobrancelhas - Joe, você não tem inteligência! O primeiro passo para ganhar uma batalha é conhecer o seu adversário, depois agir.
Joe: - bufou, estressado - Pai, conheço ela muito bem!
Alex: - ri irônicamente - O que você sabe? Você não sabe nada. Tem que estudar bem os passos, conhecer ela. Eu proíbo você de se aproximar dela. Está ouvindo? Estou falando com você!
Joe: Tá bom, tá bom, pai! - grita - Eu estou escutando! Mas não concordo com o que diz. Esse é o meu mundo! Por favor, não se meta, eu sei como resolver!
Alex: - balança a cabeça, debochando - Ah Joe... Joezinho... Olha o que acontece quando você resolve. Uma mulher está atormentando você! Então não me venha com reclamações. – suspira, dando uma tragada no cigarro – A propósito, estude! Você precisa muito. Estude.
O pai de Joe saiu da sala, enquanto o mesmo quase se difurcava de raiva. Como podia ter um pai tão desprezível? Um pai que nem ao menos confiava nele, sabia que ele capaz de fazer algo. Joe sofria com isso, mas não podia fazer nada. Tinha medo do pai apesar de tudo. E agora que estava proibido de chegar perto de Demi, tudo iria se tornar mais difícil.
Joe: Você vai ver que vou resolver isso sozinho! – grita para si mesmo. – Vou cuidar da Demi! Ela vai ver. 

Quarto de Demi – 16:00 P.M
Madison: AI! (gritou quando Demi mexia em seu curativo)
Demi: Calma...
Madison: Não... Espera... Não... (bufa) Eu prefiro agüentar um pouco a dor a deixar que apanhassem o Samuel.
Demi: Eu sei, mas é sério, muita coragem a sua, eu não ia querer ser mordida por cachorro nem em sonho!
Madison: Não, a dor física a gente agüenta. Mas... a outra não! – se senta na cama – Eu sei como são os centros pra menores, amiga. E... eu juro que eu faria qualquer coisa pro Samuel não parar lá!
Demi: (suspira) Você me surpreende de verdade. Não sabe como.. como eu te admiro.
Madison: Ta bom, mas agora é melhor a gente virar essa página porque eu não desejo a ninguém o que eu não quero pra mim! E isso é tudo, já passou. Melhor assim, não é?
Demi: É, você tem razão e.. tem ainda o Nick e tem ainda a Miley, que..
Madison: Não, não, a Miley nem é bom mencionar! Fugiu como uma covarde! É melhor se preocupar com o Nick, tem alguma idéia?
Demi: (sorri) É óbvio!

Quarto de Selena – 17:30 P.M 
Emily chega ao quarto, sorridente. Selena a observa, ainda desconfiada.
Selena: E aí, Emily. Como foi com o Joe?
Emily: Ah, como sempre maravilhoso! Toda vez que eu fico com ele, eu fico louca! (ri)
Selena: (irônica) Escuta, como se sente tendo um namorado virtual?
Emily: O que você quer dizer com isso?
Selena: É que o Joe estava comigo, Emily! E a não ser que tenha um clone, não sei como ele fez pra estar em dois lugares ao mesmo tempo. (Emily suspira) E ele também me disse que vocês não tem nenhum encontro! Emily, com quem você estava?!

Selena: Porque está mentindo pra mim?! Porque disse que ia se encontrar com o Joe?
Emily: Porque eu não posso te contar com quem eu estava até agora! (grita)
Selena: Tudo bem, eu pensei que éramos amigas!
Emily: Mas nós somos! O fato de eu não querer dizer com quem eu estava até agora não quer dizer que nós não somos amigas!
Selena: Não, Emily, me perdoa. Mas você e eu não vamos poder continuar sendo as mesmas. Porque duas amigas, como éramos você e eu, Emily.. não ficam mentindo! (sai do quarto)
Emily: Selena, espera, por favor!

 Continua.