“Fiquei tão complicado, que nem eu sei como me resolver.” — Caio Augusto Leite.
Nick On
Saí com Aiden, andando rápido pelos corredores, ansioso por chegar a próxima aula. Quando entrei na outra sala, vi Josh já sentado, arrumando seus pertences em cima da mesa.
- Josh, preciso falar com você - eu disse, me sentando á sua frente.
- Até mais tarde, Harris - um garoto bateu em seu ombro, e em seguida saiu da sala.
Pedindo cola, é claro. Ninguém falava com o Josh a não ser pra isso.
- Andou contando o meu dinheiro, não foi? - perguntei.
Ele pareceu apavorado.
- Am... Não, não... Cl-claro que não... - respondeu ele.
- Cara, eu não vou te fazer nada, só me responde. - ele abaixou a cabeça e pareceu pensar - Responde! - levantei o tom de voz.
- Ér... - ele assentiu.
- É claro, por isso me vendeu o uniforme só por 15 pratas. - eu o encarei. - Por que sabia que eu não tinha grana. Não é? Por que?
- Am... Por que eu queria te dar, mas... Mas eu sabia que você não ia querer...
- Mas eu não aceito esmola de ninguém! - quase gritei - O que acha disso?
Eu me levantei.
- E agora mesmo vou devolver o seu uniforme! - fui até a porta.
- Por você é assim? Por que é tão complicado aceitar uma coisa dos outros? - Josh gritou e eu percebi que ele havia se levantado. - Aceita como pagamento por ter me defendido!
Fui até ele.
- Não preciso que você me pague nada, cara.
- Será que é tão difícil pra você se colocar 1 segundo no lugar dos outros? - ele me encarou, se aproximando de mim.
- Espera aí - disse Aiden, dando passos até nós - O que você quer dizer com isso, Josh?
- Que todo tempo que eu passei nessa escola, eu só me dei mal. E fazer uma coisa pelo Nick foi a úncia coisa boa que eu pude fazer nesses anos. - respondeu ele. - Eu me senti útil.
- Mas eu não quero ficar conhecido...
- Não me negue isso! - ele me interrompeu - Por favor. - ele suspirou.
Ouvimos batidas na porta e o professor entrou na sala.
- Com licença, estava procurando por vocês. - ele sorriu - Aqui estão a chave dos seus armários, pra que guardem todas as suas coisas.
Ele foi distribuindo as chaves a nós três, mas eu ainda encarava Josh. Qual era a desse garoto? Qual era o problema dele?
- Inclusive o uniforme de educação física, ok? - disse o professor e nós assentimos. - Com licença. - ele se retirou da sala.
- Até mais, Josh - dessa vez, eu sorri. Não adiantava de nada discutir com ele.
Nick Off
Miley On
O corredor estava aglomerado de novo, cheia de alunos procurando sua sala da próxima aula. Mas eu só queria saber de uma coisa. Avistei Madison o mais próximo e corri até ela.
- Olha aqui - puxei seu braço -, deixa de ser orgulhosa. - suspirei - Escuta, Madison, você sabe perfeitamente que não se pode ir pro dormitório na hora da aula.
- É? Eu não to nem aí se a gente pode ir ou não. - ela deu um sorriso irônico.
- Vem cá, é por causa da Demi? - perguntei.
- É, é por ela! Eu estou preocupada, sou amiga dela.
- Tudo bem, olha, aconteceu alguma coisa? Me fala!
Ela bufou.
- Acusaram ela de ladra. Acha isso pouco? E eu não vou deixá-la justo agora.
- Eu também não. - trinquei os dentes.
- Ah, que ótimo.
Nós duas começamos a andar pelo corredor, mas senti alguém me puxar.
Quando me viro, dou de cara com Isabella.
- Miley! Você tem ensaio de coreografia, vamos! - ela me puxava.
- Ah... Mas... Mas... - eu olhei pra Madison, que estava olhando incrédula pra mim.
Miley Off
Demi On
Eu não sei porque, mas havia vestido o uniforme. Eu sabia que já estava expulsa dessa maldita escola, mas qual é, o uniforme é bonitinho. Eu juro que vou me vingar de todos aqueles bonequinhos de plástico, eu juro ; @ '
Ouvi alguém entrando no quarto.
- E aí - disse Madison.
- O que ta fazendo aqui? - perguntei.
- Olha, o Joe contou pra todo mundo que você roubou a carteira. - ela disse, largando a mochila com violência no chão.
- Que novidade. E o Jacob disse mais um monte de mentiras sobre mim.
- Que cachorro, né? Por que? - ela suspirou.
- Não sei, mas tudo tem a ver com o Joe. O menino não disse que ia se vingar de mim, agora está se vingando. - dei de ombros.
- Vem cá, e o que o Jacob disse?
Bufei.
- "Eram quinze para as seis de uma tarde de outono, quando Demi Lovato entrou no dormitório e saiu, enfiando algumas coisas no bolso" - imitei Jacob, com completo nojo.
- Olha Demi, faz alguma coisa. Claro que ele deve ter se enganado.
- Vejamos - levei um susto com a recente voz na porta de meu quarto. Miley estava entrando -, a que horas você disse que te viu?
Suspirei.
- Eram quinze pras seis.
- Mas a essa hora... Você não estava comigo quando eu fui pra me trocarem de quarto?
- Ai Miley, eu não sei, eu não me lembro.
- Ah, mas eu me lembro - ela sorriu - Por que toda hora eu ficava olhando pro relógio, vocês ficaram esperando lá um tempão. - ela parou por um momento, parecendo raciocinar - Meninas, eu sei! A testemunha é a secretária.
Num ato, eu e Madison nos levantamos, parecendo surpresas.
- Se você estava lá, não tem lógica que você estivesse saindo do quarto dos meninos. - ela sorriu.
- Ok - eu susupirei, parecendo completamente estupefata - Vocês duas vão pra sala que eu vou agora mesmo falar com a secretária - eu me virei pra Miley - Smiley, obrigada! - eu a abracei.
- Então vamos, agora! - disse Madison e nós três saímos correndo.
Joe On
Depois de várias aulas, estava na hora do almoço. Eu e Jacob estávamos sentado em uma das mesas do refeitório. Só sabíamos rir, enquanto ele me contava como tinha sido com a Demi na sala do diretor.
- Você tinha que ter visto a cara dela, Joe. - ele riu.
- Hum... De amanhã não passa. - eu sorri. - Adeus, Demi.
- É, enfim. - ele sorriu.
Ouvimos o sinal tocar.
- Aff. Vai pra aula, Jacob, eu pago.
- Tudo bem. - ele bebeu um gole de suco e se levantou, indo pra onde a montoeira de alunos ia.
Eu estava me levantando, quando vi Emily passando.
- Emily! - chamei e ela se virou - O que foi, to invisível por acaso?
- Já tocou o sinal - respondeu, fria.
- Então a gente se vê no jardim? - me levantei, colocando a mão em sua cintura. - To com saudade de você. - fui me aproximando.
- Eu acho que não - ela sorriu, me afastando - Ontem você não me procurou, não perguntou por mim e nem nada.
- Emily, eu tava fazendo outras coisas...
- É, com outra garota, você quer dizer.
- Não, não, como assim? Não tem nada a ver.
- É sim! Foi por isso que você desaparecia tanto no Vacation Club, e no colégio você ficou o dia todo...
- Emily, Emily! - gritei, a interrompendo - Não gosto que você fique em cima de mim, entendeu? Me irritada, ta ligada ?
E depois, do nada, ela me deu um enorme... selinho. É isso mesmo, ela me deu um selinho daqueles bem demorados e sorriu, me deu um tchau e saiu, assim, do nada.
Voltei á sala, meio atrasado. Quando botei o pé na sala, ouvi uma voz familiar:
- Estamos um pouco atrasados, não é?
Me virei e gelei completamente.
- Pai? - eu disse, surpreso.
- O diretor deixou isso com a secretária - ele estendeu a minha carteira -, pra que entregasse a você.
Suspirei e peguei a carteira.
- Ainda bem que apareceu. Pensei que tinha perdido pra sempre.
Ele revirou os olhos, balançando a cabeça, completamente entediado.
- É, junto com a vergonha.
- Pai, se é pelo roubo...
- Não, não é pelo roubo, não é nada disso. É por uma coisa muito mais grave. E eu quero escutar de você. - disse ele, com firmeza. - É verdade que se embriagou?
Meus músculos pararam.
Qual é, era o meu pai. Não existia nada pior do que ele.
Olhei pro lado, já tremendo. Estávamos na porta da sala de aula e todos olhavam pra nós, com uma extrema atenção.
- Responda o que eu perguntei! - ele aumentou o tom de voz - Você se embriagou ou não?
- Foi a primeira vez. - respondi, com a voz trêmula.
- Não seja hipócrita - ele deu um sorriso desdenhoso - Há quanto tempo você bebe?
- Não muito, pai, já disse que foi a primeira vez. Eu nunca tinha bebido. - menti. - Não to acostumado.
- Como você é arrogante - ele me interrompeu, e olhou para as pessoas dentro da sala - Eu estou cansado de você. Então me diga a verdade. Eu não creio que você tenha ideia do que é ser um homem, ser responsável pelas coisas.
- Pai - eu disse, olhando para as pessoas dentro da sala -, podemos conversar em outro lugar?
- Qual é o problema? Você tem vergonha dos seus colegas? - ele riu - Pior é se embriagar. E eu não vou pra outro lugar! - ele olhou para as pessoas - Eu quero que todos vejam o quanto você é problemático.
- Por favor, pai...
- Cala boca! - ele apontou o dedo pra mim - Olha filho, eu não quero ver você esse fim de semana lá em casa, ok? E eu vou avisar só uma coisa: se eu souber que você voltou a beber álcool, eu mando você pra uma escola militar no México. É o último aviso que eu te dou! Eu fui claro?
- Pai, juro que não vou mais beber. - eu abaixei a cabeça. - O que o diretor vai fazer?
- Não sei. Eu não falei com ele. - ele bufou - Primeiro eu queria saber se o meu filho é tão idiota a ponto de se embriagar no colégio. Pelo visto, era sim.
- Pai, me perdoa, por favor...
- Olha, seus dois irmão mais velhos estudaram aqui. Eu nunca tive que vir aqui por nada. E por você, eu vivo aqui dentro.
- Não é assim, pai...
- Você está querendo destruir a minha vida, é isso?
- Eu juro que não é isso...
- Claro que é isso, não seja idiota. Você se acha superior, acha que sabe de tudo. - ele bufou - Tem uma coisa que você não sabe - ele se aproximou de mim, com um olhar matador - Eu sou muito mais forte do que você. E se você tiver alguma coisa, um mínimo de inteligência, não provoque situações como essa.
Ele me olhou com certa expressão de nojo e deu as costas, saindo.
- Pai! Pai, espera... - gritei, mas ele já havia desaparecido.
Percebi, com um ódio profundo, que meus olhos estavam molhados.
Continua.
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